Nina..Abro os olhos e me deparo com o escuro. Um escuro tão profundo que não consigo distinguir nada à minha frente. O frio me invade, fazendo-me tremer e arrepiar. Respiro fundo, tentando acalmar o coração que bate descompassado. Será que morri? Será que aqui é o mundo dos mortos? Mas se eu morri, porque meu coração bate?Tantas perguntas que não sei responder.As palavras de Marian ecoam na minha mente, como facas que rasgam o meu peito. Ela me traiu, me enganou, me usou. Ela era uma máscara de bondade, escondendo sua verdadeira face cruel. E o que dizer de Eros? Será que ele também mentiu? Será que o nosso casamento foi apenas um meio de gerar uma cria?Sinto uma dor lancinante ao pensar que ele pode ter apenas obedecido às ordens do pai, e que nunca sentiu nada por mim. Que tudo foi uma farsa, assim como Marian, que só soube mentir.Por um longo tempo, fico ali parada, imersa no silêncio. Um silêncio tão ensurdecedor que me deixa apavorada. Será que estou sozinha nesse lugar? Se
ErosSete meses. Sete meses se passaram desde que Nina não abre os olhos. Sete meses que eu a vigio, dia e noite, sem saber se ela vai acordar. Sete meses que eu me torturo com a culpa de tê-la colocado nesse estado.Por mais que eu tente, eu não sei se saberei lidar com o reino assim, tenho tentado pensar melhor em minhas ações, em tudo. Até Adrian está me ajudando, um pouco contrariado e mais fechado, calado.Depois daquela nossa conversa onde ele expôs seus sentimentos e suas vontades, não falamos mais, nem tocamos mais nesse assunto. Apenas gestões do reino ele conversa comigo. E disse que assim que Nina acordasse ele iria partir.Marian, também sumiu. Estranhei Marian sumir do dia para a noite, não é do feitio dela, mas conheço a prima que tenho e provalvelmente não quis lidar com a situação. Ela já sofre pela perca dos pais que mal conheceu, imagino como deve estar triste sabendo da situação da minha parceira, que é sua amiga.Todos os dias eu fico ao lado da cama de Nina, segur
Adrian..Chego no castelo desanimado, outra vez fui atrás da minha irmã, e não a encontrei. Já se passaram meses e ela sumiu sem deixar rastros, nem seu cheiro eu consigo encontrar mais. E isso não é bom, pois se não tem cheiro é porque está usando magia.Magia antiga e não permitida.Não sai do castelo, mesmo que a vergonha atinja minha face me queimando como o sol, toda vez que vejo meu primo. O castiguei tantas vezes e na verdade minha irmã era a culpada.Recolhi para mim o sentimento por Nina, por mais difícil que seja, não tenho o direito de sentir nada por ela. Principalmente agora depois de tudo que aconteceu. E o pior é não ter coragem de contar ao rei sobre minha irmã, ou sobre o que ela fez. Mas com a atual situação de Nina, Marian foi deixada de lado e ninguém perguntou por ela mais de duas vezes.Abro as portas do castelo, entrando devagar, com o mesmo rosto cansado e sem vontade de antes, encontrando sorrisos alegres a minha frente. Elli abraça Riane que percebo abrir um
Nina.O rei chamou Eros a alguns minutos e ele saiu me deixando com meu filho no quarto, sinto meu corpo diferente, mais leve do que antes e sei que é por causa da minha parte vampira que agora está comigo.Finalmente estou inteira, e curiosa para essa nova vida que terei de hoje em diante.Abrem é lindo, meu filho perfeito. Nem acredito que aconteceu assim, dessa forma e tão rápido. Sinto um pouco de tristeza de não ter visto o crescimento da minha barriga, mas vi minha parte vampira com ele no ventre e pude sentir ele chutar. O importante é ele estar saudável, grande e forte.Coloco meu filho em meu seio para o amamentar, é como se eu soubesse que tenho de fazer isso, mesmo ele sendo um vampiro puro como o Curandeiro disse, e Eros já o ter alimentado com seu sangue, tenho essa certeza dentro de mim que ele precisa de meu leite. Precisa ser amamentado.— Isso meu filho. — Digo ao sentir ele sugar meu seio com força, e perceber que meu corpo está soltando o leite.Eros abre a porta d
Eu observo o sol se pôr no horizonte, hipnotizada pelas cores quentes que tingem o céu. Hoje é o meu último dia na minha pequena aldeia, amanhã eu partirei para Morbóvia, o reino dos vampiros. Suspiro esvaziando a minha mente, tentando ver o lado bom da situação, mas não há nenhum. Eu estava sendo entregue aos vampiros, como um cordeiro ao abate.Morbóvia é um lugar aninhado nas sombras das terras do reino de Meztli, onde o nosso rei Lycan governa. Fica numa pequena vila envolta em mistério e escuridão. Ali, os vampiros encontraram o seu refúgio, uma comunidade onde a noite é eterna e o sangue corre como um rio escarlate. As casas de pedra se erguem em meio a uma paisagem sombria e sinistra, envolvidas por uma névoa perpétua que ocultava os seus segredos do mundo exterior.No centro da vila, se ergue um imponente castelo, lar do rei vampiro e seu cortejo de servos leais. Suas torres góticas se estendem para o céu, desafiando a luz do sol que nunca toca essas terras amaldiçoadas. Dentr
Enquanto caminho em direção à família real, sinto um calafrio percorrer meu corpo. Os olhares intensos e famintos deles me fazem questionar se mamãe está certa e eu vou voltar.Agora acredito que não.Estou prestes a me tornar a próxima fonte de alimento do príncipe Eros, e depois do que ouvi, depois de saber sobre as outras antes de mim, minha perspectiva da morte é quase certa, como se ela pairasse sobre mim. Pensando nisso, olho para o alto, a tempo de ver uma sombra de asas largas entrar no castelo, me arrepiando toda.A cada degrau que subo em direção a eles, minha mente se enche de dúvidas. Será que eu serei capaz de saciar a sede dele? Ou ele vai sugar cada gotinha de mim, mesmo sem necessidade, já que eles bebem em média um copo de sangue por dia.Assim que chego no topo da escadaria onde eles me esperam, sou recebida com o total silêncio. Os olhos vermelhos do rei Vlademir Carliste perfuram minha alma, enquanto sua esposa e seus filhos permanecem imóveis ao seu lado. Sinto qu
Enquanto Eros me guia para dentro do castelo, me sinto cada vez mais afundada em um mundo de escuridão. O som de meus passos ecoa pelos corredores sombrios tentando memorizar o caminho que ele faz comigo. A família real não nos acompanhou, nos deixando a sós, como se esperassem algo, ou soubessem algo que eu ainda não sabia. Eu lutava para assimilar essa nova realidade que eu estava entrando.A cada passo que adentrava no castelo, a atmosfera se tornava mais pesada, as sombras dançavam ao meu redor, como se tivessem vida própria. Algumas se enrolavam em minhas asas e eu jurava sentir um toque frio e carinhoso delas. O cheiro era de mofo, velho e apodrecido pela falta de luz ali.Eros virou em outro corredor, iluminado apenas por algumas velas entre as cavidades das pedras. Seus passos eram silenciosos, como se ele flutuasse sobre o chão de pedra escura. Eu me senti pequena e frágil ao seu lado, eu alcançava seu queixo de altura, minhas asas com toda certeza me deixariam mais altas, ma
ErosDo outro lado da porta escuto Marian falar com a fêmea híbrida sobre oque aconteceu com as outras fêmeas. Sinto uma pontada de culpa pelo meu erro, fiz tudo conforme tem de ser feito, sigo todas as regras, não me excedo na quantidade de sangue, assim como antes, e luto para não fazer isso agora.Tudo bem que minha sede nessa fase de mudança é bem maior, já sou adulto, mas preciso dessa transição para alcançar todo o meu poder. Já sou forte, porém depois serei muito mais.Ainda não consigo atravessar as paredes, me transmutar é fácil isso se aprende nos primeiros anos. Sou forte e rápido, mas na velocidade normal como os outros.No entanto, o meu Dom especial, aquele que apenas os membros nascidos têm, ainda não se manifestou em mim. Não faço ideia do que será e isso me deixa ainda mais ansioso.Saio em passos lentos, não pegaria bem se elas me vissem escutando atrás da porta. Caminho em direção ao salão, onde sei que devem estar todos reunidos.Por pouco não cravo meus caninos na