Eu conheço o meu chefe!

Chelsea 

Declan havia me mandado o endereço e mais algumas informações sobre o sr. Scott e sobre as crianças. Minhas mãos suavam enquanto esperava a porta abrir. Danna, a governanta, me deixou entrar e levou-me até  a sala de estar. 

— Sente-se, por favor. — Ela disse. 

Ela era uma mulher madura. Devia ter sessenta anos. Com cabelos longos esbranquiçados, olhos azuis e um rosto bem conservado, poderia facilmente parecer ter menos. 

— Obrigada. 

Eu sentei no sofá e a vi se dirigir na direção das escadas. 

A casa em que o sr. Scott morava era realmente linda: uma casa grande como as de filmes com cerquinha branca em plena Connecticut. A casa dele era imensa, e cada cômodo era quase o apartamento inteiro de Valerie. Eu sabia que ele era rico, mas não fazia ideia do quanto. Ele pagaria quase dez mil dólares mensalmente para tomar conta de seus filhos. Eu me perguntava o que deveria ter acontecido… era um valor alto até mesmo para os padrões de babá de luxo que a agência oferecia. 

Danna voltou. 

Ela segurava um rapazinho de alguns centímetros de altura e uma garotinha caminhava à sua frente, vestindo uma saia de tule rosa e maria chiquinhas com dois ponpons em cada lado do cabelo. 

Desceram as escadas e se aproximaram. 

— Oi — eu disse. — Eu sou a Chelsea. — A garotinha sentou-se na poltrona à minha frente. Danna ficou logo atrás de si, segurando Matty, suponha. — E você, quem é? — Perguntei. 

Beatrice, deduzi, afundou-se na poltrona. 

— Beatrice — disse Danna por ela. — O nome dela é Beatrice. — Ergui os olhos, desviando-os de Beatrice. Meus lábios descolaram. O tom de Danna era firme. — E este é o Matty. — Ela disse. 

Matty era um pequeno homenzinho. Ele olhou para mim. Eu sorri, depois, ele grunhiu e Danna recostou sua cabecinha em seu ombro. 

— E onde está o sr. Scott? Pensei que ele fosse fazer a entrevista… — eu disse. 

Declan me deixou bem claro que o sr. Scott não gostaria de se mostrar. Aparentemente, ele tinha uma família perfeita e era muito rico. Por qual motivo um homem com tanto não gostaria de se mostrar? Eu não fazia ideia de como poderia ser a sua aparência, e também não fazia ideia de como tudo isso poderia acontecer. 

— O sr. Scott está no trabalho. Na verdade, ele me deixou encarregada de cuidar de você. — Ela disse. Eu assenti e segurei a bolsa. Beatrice olhou para mim, e ela brincava com algo em sua pequenina mão. Era um broche, notei. 

Ela levantou, se aproximou e muda, estendeu a mão para mim. 

— Oh, é lindo! — Eu disse. Era um broche em formato de coração cheio de glitter. — Eu também gosto muito de glitter. — Sorri e ela disse: 

— Deixa eu ver? 

— Claro. 

Eu tirei os braços da frente da bolsa. 

Era uma bolsa comum que customizei; alças longas, cor prata e cheia de glitter. Os olhos de Beatrice quase pularam para fora. 

— É linda! — Sua voz era empolgada. — O papai iria gostar! Ele também gosta de glitter. 

Meus lábios distenderam num sorriso. 

— Gosta, é? 

Ela fez que sim. 

— Toma. — Ela balançou levemente o broche de coração na minha frente. — Fica com ele. — Eu praticamente arregalei os olhos. 

— Para mim? — Olhei para Danna, buscando por aprovação. Ela assentiu levemente e eu voltei os olhos para a pequena Beatrice. — Obrigada. É realmente muito lindo. 

— Agora pode mostrar ao papai quando ele chegar mais tarde. Ele nunca deixa eu ficar acordada até tarde, e sempre traz uma amiga. — Eu encarei Beatrice, minhas sobrancelhas se juntando. Engoli em seco. 

— Beatrice — chamou Danna. — Por que não volta a pintar? Seu pai deve estar preocupado, e você não para quieta. — A menina revirou os olhos e olhou para ela. 

— O que aconteceu? 

— Nada demais. Uma queda. 

— Tchau, Chelsea! 

— Tchau, Beatrice! 

— É Trixie. Me chame de Trixie. 

— Ok. Então… me chame de Sea. — Eu disse, lembrando de quando minha mãe me chamava assim quando criança. 

— Como oceano? 

Eu fiz que sim. 

Ela sorriu e se afastou, saltitando. 

De repente, a porta da frente abriu. 

— Danna? — Disse uma voz masculina. Minha atenção foi capturada pelo homem que adentrou o hall. — O que houve? 

Era o babaca do trânsito! 

Meu estômago revirou.  

— Papai! 

Papai? 

Meus olhos colidiram com os seus quando ele virou-se na minha direção. 

Trixie correu para ele e agarrou suas pernas. 

— Oh, sr. Scott! Que surpresa! — Ele me encarou, e não parecia prestar atenção mais em nada. 

Tudo parou à minha volta. 

Oh, Deus! 

Oh, Deus! 

— Essa é a srta. Hennessey . — Ela disse. Os olhos extremamente verdes do sr. Scott pousaram sobre mim. Ele me encarava como se eu fosse uma anomalia. — A nova babá. 

Ele estava calado. 

Eu também. 

Minha mente começara a girar. 

Oh, não! 

— Srta. Hennessey . — Ele acenou com a cabeça levemente. 

— Papai, papai! — Disse Trixie. — A Sea vai ser a nossa nova babá? 

Ele olhou para ela, depois para mim e eu vi o seu pomo de Adão subindo e descendo. 

— Sim, vai sim. Por que não? — Confirmou. 

Trixie comemorou. 

Matty deu risada no colo de Danna. 

— Srta. Hennessey  — disse ele — a senhorita pode conversar comigo por um instante? 

Eu assenti do sofá em forma de L. 

— Trixie, por que não volta ao quarto? Seu pai precisa de um minuto, sim? — Trixie olhou para ele. Ele fez que sim. 

A garotinha assentiu e correu na direção das escadas. 

Brody pousou as mãos nos quadris e olhou para mim. 

— Um minuto por favor, Danna? — Disse ele. 

— Claro, sr. Scott. 

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