Capítulo 2

Assim que chegaram a margem do rio, Eloise correu para pegar suas roupas. Dandara, uma jovem da aldeia, vinha de encontro a ela para ajudá-la se vestir.

— A senhorita deveria se secar primeiro, permita que eu traga um pano?

Mas Eloise estava com muita pressa, não queria ficar exposta daquele jeito e também precisava correr para casa:

— Não será necessário, eu preciso mesmo me apressar

Seus cabelos que antes estavam presos no alto da cabeça em um coque, agora despencavam pelas costas. Ela os arrumou e prendeu com os grampos que restavam, colocando o chapéu para disfarçar um pouco.

O homem estava de pé a encarando e tão logo ela terminou de se vestir ele se aproximou:

— A senhorita está bem?

Eloise se virou e o encarou e fez uma leve reverência:

— Eu peço desculpas senhor pelo inconveniente e agradeço por ter nos resgatado.

O estranho deu um sorriso encantador para ela, retribuindo a reverência.

— Arthur Fonseca ao seu dispor.

Por mais que quisesse continuar a conversa, Eloise precisava mesmo ir para sua casa, antes que ficasse noite.

— Senhor Fonseca me perdoe, mas eu preciso mesmo ir para casa, como pode ver, não demora anoitecer.

— Eu posso acompanhar a senhorita.

— Eu lhe agradeço, mas não será necessário e também não seria conveniente uma dama ser vista sozinha na companhia de um cavalheiro.

Ele sorriu novamente para ela. Aquele sorriso era capaz de derreter todas as calotas polares da Antártida.

— Imagino que também não seja conveniente uma dama ser vista em roupas de baixo.

Eloise corou. Ele estava brincando com ela. E ela apenas se meteu naquela situação para salvar Erasto, poderia estar arruinada se alguém soubesse.

Arthur gostou muito de ter feito Eloise corar. Ele nunca havia conhecido uma mulher como ela, além de bonita, era corajosa e destemida.

— O senhor tem razão, mas a situação não permitia pensar nisso, era preciso agir rapidamente. Pretende comentar com alguém sobre o que viu?

O homem parecia se divertir com o medo de Eloise, mas resolveu não brincar mais com ela por mais tentador que fosse.

— Não seria muito cavalheirismo de minha parte fazer tal coisa com uma dama que coloca sua vida e honra em risco para salvar uma criança.

E quando Eloise achou que não poderia ficar pior, ele acrescentou:

— Guardarei as imagens apenas para mim.

Eloise virou as costas e começou a caminhar para longe de Arthur, embora ele fosse um homem muito bonito, ela o estava achando meio presunçoso e precisava se afastar rápido.

Um dos homens da aldeia, Nilo, havia retornado para casa e observava a distância a conversa. Assim que viu Eloise se afastar, se aproximou dela:

— A senhorita está bem?

— Estou sim Nilo, eu só preciso voltar logo para casa.

Nilo era casado com Dandara e pai de Kwame e Dina. Ele tinha um apresso muito grande pela jovem, graças a ela eles podiam morar naquele pedaço de terra e seus filhos tinham estudo e o que comer. Então ele faria de tudo para protegê-la.

Arthur seguiu Eloise e parou quando Nilo ficou na frente se colocando entre eles.

— Acho que está na hora do senhor ir embora. Nós agradecemos por ter salvo Erasto e a senhorita, mas ela deve partir sozinha.

Arthur encarou Nilo surpreso, jamais vira tal devoção de um ex escravo a uma pessoa branca e imaginou que a jovem deveria ter feito por merecer, o que o deixou ainda mais curioso sobre ela.

— Tens razão, não quero ser inconveniente, apenas queria saber o nome da senhorita.

Ela voltou sua atenção para ele, mas não lhe diria um nome, seria melhor se proteger enquanto pudesse.

— Nos vemos por ai senhor Fonseca.

Então virou e foi embora. Nilo permaneceu na frente de Arthur para que ele não a seguisse, este por sua vez ficou admirando a jovem indo embora.

— Espero que a veja logo…

Nilo o encarou percebendo o interesse na moça, então acrescentou:

— Ela é uma moça muito boa e estimada por todos aqui, tenho certeza que falo por todos quando digo que se alguém a fizesse mal, teria que se ver com todos nós.

Saindo do seu torpor, Arthur encara Nilo e pode ver que o homem falava sério, ele realmente gosta da moça misteriosa e está disposto a protege-la. Isso faz com que Arthur admire o protetor.

­­­­— Me chamo Arthur Fonseca, meu pai tem uma fazenda no outro lado do rio, se estiverem em busca de trabalho podem nos procurar, o salário é bom.

Nilo olha para o homem tentando decifrá-lo, imaginando se sua oferta é realmente legitima ou tem a ver com o fato dele querer se aproximar ainda mais de Eloise, no entanto ele não pode se dar ao luxo de não aceitar, sua família depende dele e no momento só tem conseguido alguns bicos que não pagam muito bem.

— Obrigado Senhor Fonseca, se precisar de algo, eu o procurarei.

Arthur olha em volta tentando identificar de quem são aquelas terras:

— De quem são essas terras?”

Nilo quase caiu na dele, mas se deu conta a tempo de responder:

— Acredito que o senhor descobrirá mais cedo ou mais tarde, mas espero que entenda que não serei eu a contar

Arthur sorri para ele:

— Compreendo. Preciso ir

Ele olha para o rio visivelmente incomodado ao concluir que terá que atravessar para o outro lado nas águas geladas. Como se pudesse ouvir seus pensamentos, Nilo o orienta:

— Andando mais abaixo tem uma parte mais rasa composta por pedras, será mais fácil o senhor atravessar por lá.

Após agradecer, Arthur sai andando em direção ao local indicado. Mais à frente conforme orientado, ele encontra um local mais raso, com algumas pedras, que facilitou a passagem. Caminhou até suas botas e casaco, os vestiu, pegou seu cavalo e cavalgou de volta para casa com um único pensamento: precisava saber quem era a moça misteriosa.

Enquanto isso Eloise caminhava apressada para casa, não pôde deixar de pensar no homem que a ajudou no rio, mas isso não era adequado e ela precisava esquecê-lo. O único problema é que não sabia se seria capaz.

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