Capítulo 02 - Parte 03

Contemplamos bobas, o prédio. Ele parece bem diferente do tradicional, feito em tijolos largos alaranjados, as grandes janelas de vidros acompanham a cor de toda extensão, há um vasto jardim e grama por todos os lados. É! Parece bem antigo, mas muito convidativo.

— Suzana me diz por que Samantha optou por essa escola? Havia tantas outras para estudarmos.

— Você não vai acreditar no que descobri. — Ela diz ignorando meu pedido, mas digita rapidamente em seu iphone. — Leia, aproveita que ainda nos restas alguns minutos. — Ela afirma ao teclar enviar fazendo meu celular vibrar.

W******p de: Suzana Russel

Para: Bia Bryant

Data: 01 de março de 2018 07:03

Esse livro explica tudo.

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— Quem seria Douglas Draper? Pelo, o que parece nosso colégio carrega o nome dele. Você poderia dar uma adiantada no que vou ler?

— Deixa comigo. Oh! Douglas Draper é descendente de Hew Draper, até os dias de hoje não se sabe muito. Mas Hew desapareceu da prisão onde estava e todos achavam que ele realmente era um bruxo. Douglas nasceu aqui, era bem respeitado, mas também foi condenado por feitiçaria. Ele era casado com uma mulher brasileira que após saber de seu falecimento estabeleceu essa fundação como um memorial.

— Por isso o intercâmbio?

— Sim. Há rumores que tem bruxas tanto daqui quanto do Brasil estudando nessa instituição. — Ela sorri em apreciação.

— Nem vou ler essa porcaria. Você sabe que eu não acredito nessas coisas.

— Eu sei mais mesmo assim. Achei a melhor opção! Quem sabe não encontramos algumas coisas misteriosas aqui. — Gargalha feliz.

Parece que minha amiga está de volta, ufa! Pensei que não a teria mais, porém, como ela sabe tanto dessas coisas? Não curto isso, mas também não tenho medo de descobrir. Isso são contos para assustar crianças.

— Penso que inventaram isso para trazer turistas para esse lugar. — Sujeito meu conceito, e ela fecha sua feição não aprovando.

— Pode ser que sim, ou que não. — Ela contradiz.

— Como você sabe tanto sobre essa escola?

— Tenho pesquisado bastante. Nunca tinha me mudado para tão longe antes e tenho que saber tudo sobre aqui. Fazer as escolhas certas para nosso futuro! — Ela anda em pulinhos enquanto diz.

Bom pelo menos uma de nós estava animada com a mudança.

— Espera aí nosso futuro? — Pergunto assustada.

— Sim, ué! Jornalistas de televisão, lembra?

— Ah! Sim.

Creio que estou meio avoada, será que foi aquele familiar e adventício encontro com aquele rapaz mais cedo? Tentar esquecer Bia, você mesmo disse isso.

Regressando ao assunto após um leve giro momentâneo idiota, eu e ela há algum tempo sonhamos em sermos jornalistas, mais preciso, repórteres em um desses canais com horário para maiores de idade. Já que Suzana obtém fascínio por contos de terror e sobrenatural. Em algum momento ela disse que seríamos boas parceiras, pensando por um minuto sinto que às vezes brigaríamos por alguma coisa boba, mas ela tem razão já que nos damos muito bem. Seríamos minimamente perfeitas, adoro uma câmera fotográfica e ela em estar em frentes delas. Suzi deixou claro também que nossas belezas naturais ajudariam de alguma forma para suprir alguma falta de conteúdo.

Penso nela como uma pessoa com a autoestima bem elevada, não que seja ruim pelo contrário é tão bom que chega a me irritar. Olho-me no espelho e não me acho linda assim, claro tem dias que falo Porra Bia tu está gostosa pra caralho, mas raramente isso acontece, apesar de eu ter bastante estilo e vaidade. Resumindo, possuo um e cinquenta e oito de altura baixinha entre aspas, pele morena, olhos castanhos escuros. E apesar de eu conter um longo cabelo cacheado, volumoso e cachos bem pequenos. Eu aderi a usá-lo liso, e me sentia feliz com a escolha. Bem diferente de Suzi claro, portanto, ela firma que minha 'beleza' cativa a todos, junto ao meu jeito simpático, certo… Nisso discordamos totalmente.

— É oi? Nós gostaríamos de saber onde fica a diretoria? — Suzi pergunta para um rapaz pegando-me de surpresa.

Caraca! Fui andando e refletindo tão distraída que já estamos na porta da escola, e somente agora dei conta.

— Para você gata, digo até o número do meu celular. — Seu flerte está no óbvio.

— Ah! Não obrigada, só quero saber mesmo onde fica a sala da diretoria.

— Claro, boneca. — Ele se vira para frente e aponta o corredor. — Segunda sala dobrando a direita.

— Nossa! Obrigada gatinho, nos vemos por aí. — Agradece em uma piscadela.

  Bufo enfadada. Parece que seus encantos não passam despercebidos por nenhum falso pretendente. Digo falso porque alguns em que ela se relaciona não valem nem um dólar. Também ela parece gostar de dar atenção a garotos com QI meio único. Pelo menos é bonitinho, igual esse, alto, forte, maxilar quadrado, pele bronzeada, cabelos ligeiramente negros e enrolados, olhos pretos e sem nenhum senso de inteligência. Acho que deve ser atleta, Suzana tem o dom de atrair caras desse tipo.

— Foi um prazer ajudar. — Responde em um sorriso malicioso.

Ajudar? Ele só deu uma informação sem muita importância, já que a escola é repleta de alunos que poderia nos informar sem qualquer custo, sem ser isso poderíamos rodar um pouco e achar uma porta escrita Diretoria já que somos providas de olhos e leitura. Esse pensamento me faz revirar os olhos de exaustividade.

— Pode me chamar sempre. — Ele volta a paquerá-la com olhos sugestivos.

— Com certeza ela vai, mas agora vê se não enche minha mínima paciência. Se você não percebeu somos novas e pedimos uma informação. — Faço aspas com os dedos enfatizando a última palavra. — Então já que você nos deu. Agora vamos usá-la.

— Foi mau! Não precisa ficar nervosa. — Ele faz um gesto em rendição.

— Merda! Agora que já deixei claro para o recém-casalzinho, vamos embora. No recreio vocês podem se encherem de beijinhos até pegarem herpes um do outro. — Cuspo minha irritação.

— Fica calma garota! — Ele solicita meio nervoso.

— Não, peça algo difícil de ser realizado, já que foi você o autor de minha raiva. — Aponto meu dedo em sua direção mostrando ser de fato a sua figura que está me eriçando.

Viro meu rosto para Suzana e ela olha para nós dois, boquiaberta. Não importo, às vezes alguém tem que impor certos limites em alguns, caras. Essa história com babacas não vai se repetir, não mesmo.

— Vamos logo! — Lanço minha mão no braço de Suzi já a arrastando dali.

— Você precisa de um macho Bianca, anda muito estressadinha. — Murmura baixinho ao andarmos pelos muitos alunos.

— E você precisa usar mais sua consciência, já que possui uma. — Digo-lhe alto e claro.

  Parece que todos estão olhando para o showzinho que dei nos corredores. Não minto ter tido uma entrada impactante, mas pouco me importa os olhos de alguns alunos, nossa vida não cabe a eles tomarem conta.

— Está bem! Pode me soltar você está me machucando. — Ela força a retirada da minha mão sobre seu braço.

Respiro fundo. — Desculpa.

— Ok, mas você anda bem forte ultimamente. — Suzi massageia aonde segurei com uma careta de dor.

Dou de ombros sem respostas.

Por que você fez aquilo? — Ela para em minha frente.

Precisa mesmo eu responder essa droga de pergunta?

Olha, Bia! Não vem com aquele papo de eu ser a mais gata da escola.

Sorrio em ironia com seu comentário psíquico, parece que ela tirou as palavras da minha mente.

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