O dia começou como sempre, desperto cedo quando meu despertador em meu criado mudo começou a tocar me dizendo que era mais um dia de enfrentar a biblioteca da cidade para realizar mais uma pesquisa para um trabalho da faculdade, aproveitando que eu não tenho aula pela manhã hoje, uma professora precisou se ausentar e se quisermos assistir essa aula que seria passada hoje de manhã, podemos assistir ela a noite. Eu não sou de reclamar, mas de ontem para hoje tem feito muito frio e quem gosta de acordar cedo no frio?

— Bora acordar dorminhoca. — Emily entra gritando e pulando em cima de Helena na cama.

— Nossa você é um amor. — Helena resmunga levantando e bocejando, tentando espantar o sono.

— Você sabe que sim, mas levanta logo que nosso dia hoje vai ser corrido. — Helena encara Emily com curiosidade, pelo que ela sabia seu dia seria normal.

— Corrido? Que eu saiba hoje terei que ir na biblioteca e mais tarde para a faculdade.— Emily acena com a cabeça furiosamente.

— Eu não te falei do baile? — Emily perguntou colocando a mão, na boca como se lembrasse que não me contou nada.

— Meu Deus, como eu pude não te contar do baile? Enfim, a empresa que eu trabalho faz dois bailes ao ano, em um eles arrecadam fundos para instituições não governamentais que não conseguem se manter sozinhas e o outro baile é para apresentar um novo produto ou serviço, ou qualquer outra coisa.— Emily se levanta, abre o guarda roupa e começou a passar os cabides, avaliando cada um e separando um conjunto.

— Eu recebi dois convites, mas você sabe que minha mãe viajou para visitar a vovó, então eu pensei se minha melhor amiga do universo pudesse ir comigo.— Emily sorriu brilhantemente envolvendo os dedos uns nos outros, uma mania que ela tem quando fica nervosa.

Os olhos de Helena se arregalaram, ela nunca participou de um evento como esse antes e pelo que ela já viu e leu, sabe que só gente com dinheiro frequenta esses lugares e geralmente não são pessoas como ela, uma mulher pobre, negra e com os cabelos afro. O único evento que poderia dizer sofisticado foi em um congresso que teve na sua faculdade, em que seus professores quase obrigavam os alunos irem para receberem notas extras.

Emily, que Helena chama carinhosamente de Emy, junto com sua mãe são a única família que Helena tem como família, tirando sua prima Camila. Quando eram crianças, os pais de Helena e Camila saíram para comemorar o dia dos namorados e quando voltaram um louco bêbado avançou o sinal, que estava vermelho fazendo seu carro colidir com tudo, contra o carro em que os casais estava. A mãe e tia de Helena faleceram no local do acidente, seu pai não resistiu a caminho do hospital e o tio teve morte cerebral depois de 3 dias internado. Os pais de Emily eram vizinhos deles, se solidarizaram com a situação, duas crianças da mesma família órfãs no mesmo acidente, os vizinhos entraram na justiça para pegar a nossa guarda antes que as levassem para um abrigo, como o pai de Emily era juiz ele conseguiu solicitar a papelada em poucos dias.

Depois que o pai da Emily faleceu e Camila se mudou para a Dinamarca depois que conheceu seu marido em um carnaval do Rio, Emily é a única pessoa que Helena tem e vice e versa, já que depois do falecimento do marido, dona Marlene, mãe de Emily praticamente vive com a mãe no interior, pois passa poucos dias aqui na cidade. Então o que custaria a Helena aceitar o pedido da única pessoa que ela tem próximo né?

— Tá, então digamos que, hipoteticamente eu vá nesse baile, como vai ser ou como terei que me portar? — Os olhos de Emily brilham e logo se empolga é nítido como esse evento é importante para ela, mesmo que ela não esteja nessa empresa há muito tempo, é uma oportunidade de mostrar a sua chefe que pode contar com ela para tudo.

— Ah nada demais, na verdade eu nunca participei porque eu entrei na empresa um pouco depois do último baile acontecer, mas acho que só será um monte de gente rica se exibindo.— Emily responde acenando com a mão.

— Ok, então deixa eu tomar meu café e iremos ver esses vestidos.— Emy começou a bater palmas de forma empolgada enquanto descemos para a cozinha.

Helena um bom banho gelado, escova os dentes e coloca o conjunto que Emily separou.

Já na cozinha Helena faz sua crepioca de banana, canela e mel.

— Você não enjoa de comer essa coisa?— Emy pergunta sentada do outro lado da mesa tomando seu chá.

— Ei! Eu me meto desses seus chás doidos que você toma? Inxirida — Helena responde fungindo estar ofendida.

Depois de que acaba de lavar a louça que sujaram no café, o celular de Helena começa a vibrar na mesa. Um sorriso sincero cruza seu rosto, Helena ama os momentos do dia em que fala com sua prima Camila, mesmo sendo por chamada de vídeo.

— Bom dia para você Helena, como você está? Emy esta por aí? — Camila cumprimenta e pergunta do outro lado da linha com seu bebê Jakson no colo.

Emy também fica super entusiasmada com as ligações da Camila, as meninas informações da nossa vida cotidiana, não que haja muito sobre Helena para compartilhar, já que sua rotina é casa e faculdade. Camila fala sobre como as crianças estão espertas, crescendo bastante saudáveis e como gostam de morar lá. Quando a ligação é encerrada por Camila dizendo que teria que ajudar sua filha mais velha, Helena agradece internamente por ter Camila com quem ela compartilhou sua dor por muito tempo. O vínculo de amizade, amor e união era presente com as três.

Emily mantém seu olhar cheio de empolgação. Era hora do evento do dia para Emy: Encontrar um vestido ideal para o baile. Pobre não é exatamente a situação de Helena, pela morte de seu pai ela acabou herdando uma pensão e por estar cursando faculdade essa pensão se estende até os 23 anos, mesmo tempo poucos gastos Helena ainda economiza e faz alguns bicos quando aparecem, ela até queria tirar carteira de motorista como maioria dos seus colegas de classe, mas sempre acabava surgindo algo, a família de Emily era bem estruturada financeiramente, mas não gostava de abusar ou de achar que estavam fazendo muito por ela. Independência financeira é seu segundo nome.

Elas rapidamente se arrumaram e saem de casa, rumo às lojas de roupas mais elegantes da cidade. Caminharam lado a lado, conversando e rindo, enquanto compartilhavam histórias e inspirações para a escolha do vestido ideal. Ao chegarem à primeira loja, o brilho nos olhos de Helena refletia a empolgação do momento. Ela explorou cuidadosamente as opções, buscando um vestido que a fizesse se sentir confiante e deslumbrante. Emily, sempre encorajadora, a ajudava experimentar diferentes modelos, elogiando sua beleza em cada um deles.

Após várias tentativas, Helena finalmente encontrou o vestido que a fez se sentir como uma verdadeira princesa. Era um longo vestido azul-celeste, que Helena tem certeza ser de seda, ele é justo em seu busto com pedrarias dando um destaque, possui uma fenda do lado esquerdo um palmo antes de chegar a seu joelho e caiu como uma luva no físico corpulento de Helena. Ela se olhou no espelho, seus olhos brilhando de satisfação.

Emily, por sua vez, encontrou um vestido vermelho, tomara que caia ousado e sofisticado, que realçava sua personalidade vibrante. Ambas estavam radiantes, prontas para enfrentar o baile de gala com confiança e estilo. Com os vestidos escolhidos, Helena e Emily voltaram para casa, ansiosas pelo que o baile lhes reservava.