CAPÍTULO I - RECENSEAMENTO

Certa vez no coração de uma densa floresta aonde habitava o maior número de macacos do planeta, cogitou-se entre eles a ideia de fazer um recenseamento entre a linhagem dos Primatas.

Escondido naquele paraíso verde e sombrio, imperava seu reino com real soberania e grandeza. A imensidão da floresta, a liberdade de acesso que tinham sobre aquela região, faziam deles uma raça cheia de autonomia sobre o resto dos animais existente na face da terra.

Apesar de serem falantes e ter comunicação semelhante ao homem, sabiam que os humanos eram superiores a eles. Mesmo assim, mantinham o conceito de serem nossos parentes próximos.

Alimentavam a ideia de que o homem fosse sua descendência. Por isso, julgavam possuir certa superioridade com relação a existência da criação. Ambos queriam saber qual seria o número de habitantes de sua raça na face da terra. Queria saber também, qual seria a diferença que haveria entre o número de seus habitantes e os humanos.

Poderiam com isto afinal, fazer uma análise de como proceder no processo em andamento a respeito do assunto. Por isso, não mediram esforços e foram até as últimas consequências para que pudessem ver concluído o tão sonhado projeto.

 Sempre convictos e esperançosos em poder realizar esse importantíssimosonho, que se estendia desde os primórdios de seus ancestrais atravessando séculos de geração em geração.

Obviamente, seria uma forma de provar ao mundo inteiro a capacidade e inteligência da parte de sua espécie, já que traziam na mente o conceito pelo qual os apontavam como seres com a maior proximidade do homem.

Apesar de pensarem assim, traziam consigo uma afirmação duvidosa e corriqueira a respeito dessa ideia. Tal manifestação repercutiria de forma objetiva, levando ao mundo inteiro o conhecimento e a grandeza de seu Reino, colocando-os no mais alto degrau do pedestal no gênero da criação de uma forma generalizada. Essa ideia nasceu há muitos séculos e não foi por acaso que eles queriam começar logo a execução do plano. Por.outro lado, traria um resultado significativo em consideração e honra pela memória de seus ancestrais.Seria, sem dúvida, o início e a revelação de um novo conceito de vida na terra. Macacos ou humanos — quem sairia vencedor nesta guerra fria, sem armas nem mortes? Mas, com honra e gloria no cenário de conquistas do gênero humano em um todo.

 Primeiramente, trataram de formar a Mesa organizadora na qual foram escolhidos os Membros do Conselho entre os mais velhos.

Essa escolha fora feita dessa forma, por causa do conhecimento e a responsabilidade pelos anos vividos e também por consideração e respeito para com eles.

Em seguida, deram andamento a criação do projeto ao qual seria sancionado pelos responsáveis pela elaboração do evento.

Caberia a cada um deles, o direito de acesso com relação a perguntas e respostas, como também protestarem quando fosse necessário, porém mantendo a ordem de acordo com o regulamento estipulado pelo Conselho de Ética e da Moral.Para os Membros do Conselho, foram escolhidos os Orangotangos. Não houve nenhuma reivindicação ou protesto que apontasse qualquer dúvida a respeito da escolha para ocuparem tal cargo. Estavam convictos de que fora uma escolha certa e que os mesmos representariam muito bem esta importante tarefa.

Para a Comissão Julgadora, apontaram membros da família dos gorilas. Estes por serem de uma espécie maior, trariam respeito e autoridade perante as outras espécies menores na realização do projeto em si.

Não houve manifestação entre o grupo, mas, ficaram atentos a qualquer tipo de irregularidade, caso viesse, por ventura acontecer.

 Finalmente, para a defesa contra outros animais e alguns intrusos que por ventura aparecessem por lá a fim de perturbarem ou atrapalharem seus planos, ficara responsáveis os Chimpanzés.

 Esta escolha foi bastante contestada pelos outros macacos vindos logo depois, a aceitação de todos sem exceção. Porém não houve, no entanto, nenhum tipo de ameaça ou motim.

Para as tarefas externas como — trazer comidas para os dirigentes da Mesa Organizadora e auxiliarem no que fosse preciso, foram incumbidos os de espécies menores. Entre eles os macacos pregos, aranhas, saguis e outros... 

Uma vez terminado, fizeram uma análise para ver se estava tudo em ordem. Pretendiam dar início a execução do projeto o mais breve possível. Após uma minuciosa checagem nas diretrizes e nos projetos os quais se encontravam ainda no papel, firmaram o referido compromisso de começar a execução do plano.

Precisavam urgentemente desse resultado. Por isso, passaram a noite inteira em discussão até que tudo fosse elaborado. Nem mesmo o cansaço e as horas que passaram sem dormir, tiraram deles o ânimo.

A grande preocupação, era sem dúvidas encontrar uma maneira pela qual fosse feito com que todo o grupo ficasse convencido de que tudo estivesse na ordem perfeita.

Por fim, tudo parecia estar pronto, mas, alguma coisa, porém ainda faltava. Ninguém podia imaginar nem explicar ao bando por onde começar.

Isto, porém, acarretou a falta de diálogo convincente entre eles e levou ao grupo a impressão de que estariam construindo “castelos no ar”, ou seja, entrando por um beco sem saída.

Formou-se então um impasse entre eles. Demonstravam um tanto insatisfeitos pulando de galho em galho com gritos e gemidos de bravura como se estivessem prestes a fazer uma quebradeira naquele recinto.

Fora na verdade, para eles, um momento bastante complicado e preocupante.O tumulto só pode ser controlado com a declaração de uma trégua, depois que o chefe do bando gritou enraivecido, batendo na mesa impondo a ordem devida, ameaçando escorraçá-los do bando, caso continuassem com aquela desordem de intolerância e paranoia.

 Após um instante, depois de uma parada repentina, a reunião continuou sem que eles tivessem uma resposta concreta para os demais.

O clima ainda era de tensão, mas, de certa forma havia com isto, gerado certo controle, temporariamente entre eles.

Olhavam uns para os outros maneando a cabeça como se estivessem dizendo algo a si próprio, sem poder entender sequer a razão daquela lacuna recheada com tamanha responsabilidade e desventura.

Era, na verdade, uma questão de honra a realização daquele projeto, já que almejavam o amanhecer de um novo horizonte na existência e na perpetuação de todas as espécies de primatas em um todo na face da terra.

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