Um pai para Isabelly
Um pai para Isabelly
Por: Rosi Matos
Prólogo

Jared entrou no apartamento e jogou a melhor amiga no sofá, fechou a porta e começou a arrastá-la em direção ao banheiro, com pouca paciência, mas ao mesmo tempo tomando cuidado para não machuca-la.

—Ai me solta. — Ela choramingou.

 — Você está bêbada e imunda Maria Clara, precisa de um banho. — Ele falou em tom de voz mais doce que conseguiu. 

 — Eu não estou não. — Ela falou com a voz arrastada.

 — Eu te encontrei pelada dentro de um Impala preto. Como é que você transa com alguém que não conhece?

Maria Clara desandou a chorar ao ouvir aquela acusação horrível, ela não lembrava de nada daquilo. 

 — Eu fiz o que? Eu não...

 — Por sorte eu o conheço Maria. Agora, venha. Tome um banho para se recuperar, pelo amor de Deus garota que nível você chegou, hein?

Entre os protestos da moça Jared ligou o chuveiro e a deixou embaixo da água gelada.

Ele e Maria Clara se conheceram na escola e tornaram-se grandes amigos, juntos eles cursavam moda e dividiam o apartamento.

Há uma semana, Diego, o namorado de Maria Clara a abandonou e foi embora para outra cidade.

Como Maria era sempre muito durona, Jared não imaginou que ela ia se desesperar tanto a ponto de cometer uma besteira, mas ele não podia culpá-la, por mais durona que ela fosse, ela ainda era um ser humano falho e essa reação dela, era bem saudável, fazia muito tempo que Maria Clara não surtava com estilo.

Principalmente ela, que dificilmente surtava com algo, era forte. Ao invés de sofrer, batia de frente com seus problemas. Sofrer um pouquinho era saudável demais para aquela mulher de pedra, que Maria Clara havia se tornado com o passar do tempo, graças a um passado horrível que ela tinha. 

Minutos depois, Maria Clara entrou no quarto dele vestida com o roupão e sentou-se na cama para que ele secasse seu cabelo. Sentia-se muito frágil naquele momento e não sabia se era o efeito do álcool, ou estava mesmo triste.

 — Jared o que eu fiz? — Perguntou como uma criança.

 — Você bebeu e dormiu com um cara dentro do carro dele. Bom, dormir só, não exatamente... Vocês...

 — Ah não. Que vergonha... Eu não fiz isso. 

 — Ele estava tão chapado quanto você. Dois bêbedos malucos. 

 — Eu não lembro de nada. Não lembro, Jared...

 — Ele também não. Vou apresentar vocês, não se preocupem com isso. 

 — Não! Me poupe dessa humilhação, não quero conhecer, não quero lembrar. Não quero nada disso na minha vida. Desculpe pela preocupação Jared. — Ela suspirou. — Mas está doendo tanto. Eu gostava tanto daquele traste do Diego. 

Ele desligou o secador e a abraçou com força.

 — Eu sei. Mas vai passar. Sempre passa.

— Eu amava Diego e ele disse que me amava também. O que eu fiz de errado?

— Não foi você. Ele é um idiota. Pare de se lastimar por ele, esquece aquele vadio.

Ela chorou outra vez. Maria Clara, que nunca chorava por nada, sempre dura feito um muro. 

 — Chora diva, vai ser bom. Pode chorar.

A abraçou mais forte afim de consolá-la. Maria Clara aconchegou em seus braços, sentindo-se mais calma.

***

Um mês e meio depois...

Maria e Jared saíram à tarde depois do trabalho para procurar a roupa que iam usar na formatura e enquanto faziam isso, conversavam sobre os planos que pretendiam tirar do papel depois da conclusão do curso.

 — Vamos montar uma loja simples. — Ele começou.

 — Simples Jared?

 — Sim, depois com o tempo, vamos crescendo aos poucos. Ei, vamos tomar um café aqui, eu adoro o bolo de chocola... Que foi?

Ele parou de falar quando percebeu a cara dela. Maria Clara estava com a mão na boca encarando a lanchonete.

 — Meu estômago está mau só de ouvir falar em comida.

 — Ai Maria Clara, de novo? Você é uma fresca isso sim. Ui hein, Deus me livre.

Maria Clara girou em frente a porta espelhada e se observou.

 — Você não está parando de comer pra emagrecer, não é maluca? Eu vou bater em você se for isso.

Jared colocou a mão na cintura e bateu o pé. Maria Clara achou graça, mas logo voltou-se para sua imagem ao espelho.

— Eu estou inchada e minha menstruação atrasou. — Falou pensativa.

— Você não acha que...

Ele começou, mas ela o interrompeu já sabendo o que ele ia falar. 

 — E se for Jared? O que vou fazer da minha vida. E os nossos planos?

Jared revirou os olhos e a puxou pelo braço.

 — Se você estiver grávida, não irá te afetar em nada. Se fosse uma doença terminal aí sim você deveria realmente se preocupar.

 — Mas, Diego...

 — Você tem capacidade de ser mãe solo não tem? E segundo, século 21 querida, não se necessita mais de macho para formar família. Sem contar que você tem a mim, eu estou ao seu lado para tudo.

 — Ah meu Deus, Cássio vai me matar.

 — Seu irmão terá que passar por cima de mim para isso. Vamos fazer um teste, não se preocupe, não é o fim do mundo.

Ela sorriu. Não precisava mesmo se preocupar afinal, ela tinha ele. Jared estaria ao seu lado para tudo, disso ela sabia, ele era seu melhor amigo, praticamente sua família. 

💞Meses depois💞

Jared e Cássio entraram no quarto de hospital, Jared trazia consigo um buquê de tulipas amarelas. Ela observou os dois, Cássio era mais alto que Jared e por mais estranho que pareça, eles eram, fisicamente muito parecidos.

 — Flores para mim?

 — Não Diva, essas flores são para a nova integrante da família.

 — Passamos no berçário Maria Clara. Ela é linda. — Cássio comentou sorrindo. — Como está?

 — Mesmo? Parece com quem? Aliás estou bem.

 — Com o pai.

Ela fechou a cara.

 — Com o nosso pai. — Cássio se corrigiu.

 — É ainda pior. — Ela revirou os olhos, lembrando do quanto detestava o próprio pai.

 — Eu achei isso incrível. — Ele falou.

 — Por favor Cássio, evite comentar isso perto de mim.

 — Interrompendo aqui, Diva, já tem um nome para a princesinha?

Maria sorriu para isso, animada e finalmente feliz. 

 — Sim. Ela vai se chamar Isabelly e ela vai ser só minha. Minha e de mais ninguém. — Falou convicta. 

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