Capítulo 2

Christian passou os últimos doze anos trabalhando no Departamento de Polícia de Los Angeles, atuando na Força Policial Civil Municipal, sendo subordinado da Prefeitura e do Chefe de Polícia, Jason Sullivan.

Aproximadamente dez mil policiais, como ocorre nas demais forças policiais dos municípios norte americanos, cobrem uma área de 1.230 km², com uma população de mais de quatro milhões de pessoas.

É a terceira maior força policial dos Estados Unidos, atrás apenas do Departamento de Polícia de Nova Iorque e do Departamento de Polícia de Chicago.

Além do Gabinete do Chefe de Polícia, o prédio de cinco andares do Departamento inclui uma Divisão de Serviços Administrativos e a Divisão de Operações Especiais e Anti-Terrorismo.

Christian trabalha nas ruas como patrulheiro. Ele já teve oportunidade de ser promovido a um cargo melhor, mas optou por dirigir as viaturas chamadas de Police Responder Hybrid, que contam com rádio de polícia, câmera, GPS, refletores frontais, suspensão reforçada e motor 2.0 a combustão.

É um trabalho duro, exaustivo, arriscado e perfeito para um homem que não tem nada a perder. Christian estacionou a Land Rover no pátio do Departamento de Polícia e caminhou até a entrada do prédio espelhado.

Assim como ele, outros policiais uniformizados chegavam para o turno de doze horas. Christian foi apelidado de Rabugento por seus colegas de trabalho. Ele ignorou todos os cumprimentos e por consequência foi vaiado.

No início, Christian brigou e ameaçou, mas o apelido pegou, e não há nada que ele possa fazer a respeito a não ser fechar o semblante e às vezes mostrar o dedo médio.

Mesmo sendo um filho da puta para se conviver, todos os policiais do Departamento estiveram ao seu lado quando ele mais precisou.

Após baterem o ponto, alguns policiais foram para a sala de reuniões com carteiras, quadro negro e painéis de TV.

Jason Sullivan, um homem de pele clara, cabelo e barba grisalhos, alto, forte, expressivos olhos negros e dono de uma mente brilhante, os aguardava.

Ele vestia terno, gravata e o distintivo de Chefe de Polícia estava preso na sua cintura, assim como a pistola .40.

Jason olhava para as anotações em sua prancheta. Ele passou os olhos por um parágrafo sublinhado.

"Oliver Leblanc, 28 anos, Policial Civil, transferido do Departamento de Polícia de Nova Iorque onde atuou por cinco anos."

Jason ergueu a cabeça e olhou para o novo policial sentado na primeira fila de carteiras. Ele demonstrava calma, disciplina e seriedade. Já tinham conversado alguns dias atrás, e Oliver lhe inspirou confiança. Por ser novato, era o centro das atenções.

Os policiais veteranos já pensavam em alguma forma de "batiza-lo". É de lei, e uma forma de amenizar um pouco a rotina pesada e dar as boas vindas a novos oficiais.

Jason respirou fundo antes de começar a falar com sua voz rouca e profunda.

- Bom dia, pessoal.

- Bom dia, chefe. - Os policiais responderam em uníssono.

Em pé no centro da sala, Jason disse:

- Temos mais arrombamentos de carros e um monte de reclamações sobre não portadores de deficiências, usando vagas de portadores.

Christian balançou a cabeça. Mais do mesmo. Sentado de lado na carteira, ele encontrou um par de olhos azuis olhando para ele. O policial recém chegado desviou o olhar rapidamente e voltou a atenção para Jason.

- Nossos ladrões de eletrônicos voltaram. Uma das lojas da Apple foi assaltada por volta das três da manhã. O alarme foi desativado, mas as câmeras de segurança gravaram os mesmos caras, o mesmo modo operante. Levaram cerca de quarenta mil dólares em equipamentos eletrônicos e com certeza vão vender na internet, em algum site estrangeiro.

Jason passou as últimas instruções para a equipe e finalizou a reunião.

- Tenham cuidado lá fora, rapazes.

Os policiais começaram a sair da sala de reuniões. O Chefe de Polícia chamou Christian e Oliver. Os dois policiais se aproximaram.

- Christian, você tem bastante experiência como patrulheiro. Vocês vão trabalhar juntos por enquanto. Esse é Oliver, seu novo parceiro. Oliver, esse é Christian.

Christian olhou para o policial a sua frente. Oliver tem a sua altura e é igualmente forte. Ele é branco, cabelos castanhos escuros, olhos azuis, nariz reto e bochechas e lábios rosados. O cara parece ter saído de algum comercial de produtos de beleza.

Oliver estava passando por uma avaliação rigorosa. A julgar pela cara fechada do seu novo parceiro, ele não tinha causado uma boa primeira impressão. Talvez não devesse ter o encarado tanto durante a reunião.

Mas entre dezenas de policiais, Oliver não pôde deixar de observar o negro tatuado e mal encarado, com cara de poucos amigos e de quem não está nem aí para nada e nem para ninguém. Christian parece mais um bandido barra pesada do que um policial civil.

Oliver já passou por muita coisa ruim na vida e aprendeu a ser forte e corajoso. Difícilmente alguém ou alguma coisa o intimidam. Mas o olhar frio e cortante de Christian, fez ele abaixar a cabeça.

Jason arqueou a sobrancelha negra.

- Algum problema?

Oliver encarou o seu superior.

- Não, senhor. Problema nenhum.

- Dispensados.

Oliver saiu da sala. Christian não saiu do lugar.

Jason colocou as mãos na cintura.

- O que foi?

- Que história é essa?

- Você não vai mais trabalhar sozinho.

- E por que isso agora?

- Porque é perspicaz o bastante para perceber que precisa de um novo parceiro.

Christian ficou ainda mais furioso.

- O cara tem a metade da minha experiência, e caso você não tenha percebido, ele é homossexual.

Jason perdeu a linha. Ele colocou o dedo indicador no peito de Christian e ergueu a voz.

- Não tem nada a ver com isso!

- Eu sou um dos melhores policiais deste departamento e você sabe disso. Tudo o que eu não quero e não preciso, é de um parceiro inexperiente, e ainda por cima, afeminado.

Jason permaneceu sério.

- Você quer mesmo saber, Christian?

É uma questão de atitude e eu decidi que a sua precisa de um pequeno ajuste.

Inconformado, Christian colocou as mãos na cintura, balançou a cabeça negativamente e fuzilou Jason.

O chefe endureceu o olhar.

- Dispensado.

Christian saiu da sala de reuniões cuspindo fogo.

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