Capitulo 2 castelo

Quem, em prol da sua boa reputação, não se sacrificou já uma vez - a si próprio?

Friedrich Nietzsche

- Não precisava me segurar daquela forma. - reclamou Carson enquanto nos misturávamos as fileiras organizadas no pátio do Castelo.

- Você estava surtado, o ancião só queria abençoar você. - me justifiquei.

- Abençoar? Aquele velho sinistro devia estar em casa! Eu vi como você ficou ao deixar ele tocar em você, e não minta para mim- retrucou ele.

Ao nosso lado Takeo Hiroshi surgiu e Carson o cumprimentou.

Este não respondeu.

- Ei estou falando com você! - reclamou Carson. 

Hiroshi permanecia sério com seu olhar azul gelado.

- Esqueceram do voto de silêncio dele?- Takeo Iori , irmão gêmeo idêntico (exceto pela cor dos olhos Iori exibia olhos Verdes brilhantes)respondeu.

Havíamos esquecido disso.

Hiroshi havia feito seu voto de silêncio a exatos cinco anos atrás quando foi revelado um dos filhos da lua de sangue.

Todos especulavam o motivo, mas ninguém realmente sabia.

- Veja se não é o Akira. - uma voz odiosa e conhecida disse atrás de mim.

Virei-me só para olhar a face arrogante de Konoe.

Exibia um sorriso arrogante e prepotente e eu senti vontade de soca-lo.

Konoe como sempre estava muito bem-vestido, com suas roupas caras.

Provinha de família rica, um clã em que eu e minha irmã nos tornamos servos ao falecimento dos nossos pais.

- Onde está Emi ?- perguntou e olhou ao redor dissimulado. 

Senti meu coração se comprimir de ódio.

Emi era minha irmã e única família. 

- Ah! Desculpe você não a ver a dois meses no mínimo não é? Com tantas festas em homenagem a mim dadas por meu pai ela permaneceu muito atarefada na cozinha - as palavras sairam em enchurradas todas de uma vez, ele falava perto demais e me obrigava a fita-lo.

Ele observava minha reação ansioso por um conflito.

Não esbocei reação, havia prometido a Emi em nosso último encontro.

Carson pelo modo como seus olhos refletiram ódio não prometeu.

- Como está a Naomi? Continua sendo escandalosa quando é saciada por um homem de verdade? - Carson se pôs entre nós ficando no meio olho a olho com Konoe.

- Cale a boca seu miserável !está falando sobre a minha prometida! - ele se exaltou de tal maneira que todos olhavam para nós.

- Prometida ou não foi uma das minhas favori...-não terminou de falar.

Não pôde, o punho de Konoe veio muito rápido o atingindo bem no queixo o fazendo cair para o lado

Konoe viu uma oportunidade de desferir outro em mim pelo fato de Carson ter sido atingido com tanta violência esperava me pegar de surpresa. 

Diante da minha expressão perplexa ele realmente acreditou nisso. 

Me esquivei para o lado e voltei com um soco que atingiu sua cabeça.

Ele cambaleou para trás e xingou algo que eu não entendi.

Carson se recuperou muito rápido e partiu para cima de Konoe os dois se atracaram em uma violenta briga de socos e chutes.

Um círculo se formou ao nosso redor e gritos explodiram de uma vez .

Então no meio da confusão vi o irmão de Konoe, Takashi chegar por trás de Carson e desferir um soco nas costelas.

Carson arfou e eu não pensei em nada 

Só me vi atacando Takashi que tentou me levar ao chão com sua força, nos atacamos mutuamente, e fui atingido por um soco no ombro que me fez me desequilibrar para trás, em consequência disso ficou confiante e sua guarda baixou , e eu o acertei com uma cotovelada no nariz, imediatamente sangue vermelho vivo manchou sua camisa azul clara.

- Venha seu covarde! - incitei.

Ele riu e retirou uma lâmina curta da bainha.

- Parem agora mesmo!-uma voz grave ordenou atrás de mim.

Me virei e me vi diante de uma figura de um homem alto, muito alto mais do que eu, e eu era alto.

Seu rosto era duro, especificamente agora. 

Era um homem que demonstrava ter muita força física, sua presença intimidadora com toda certeza me incomodou.

Seus olhos eram muito azuis e contrastavam com a pele branca como neve. Usava cabelos longos e eram de um negro intenso, caiam lisos arrumados para trás presos por uma única trança.

- O que pensam que estão fazendo? - continuou encarando a todos, inclusive a mim. - vamos seus tolos se dispersem para o treino!agora! - vociferou quando não nos movemos de imediato.

- É Takeshi o que todos chamam de fantasma. - Carson sussurrou para mim enquanto nos dirigimos para as armas de treino.

O treino foi duro e intenso.

Não nos deram água quando entramos, não nos mostraram nossos alojamentos, nos levaram direto ao campo de treino.

Takeshi nos colocou para lutar em duplas na primeira parte da manhã.

Eu e Carson lutamos bem contra os irmãos Takeo, apesar de juntos serem imbatíveis eu e Carson tínhamos a vantagem de poder nos comunicar e nos ajudou quando Carson gritou que Iori ia esmagar minha cabeça com o martelo.

Eu me virei e o acertei no estômago ao mesmo tempo, em que Hiroshi imobilizou Carson ao chão. 

Foi decidido um empate.

Também tivemos um embate individual, eu me saí bem contra Kento, embora eu tenha vencido, o desgraçado deslocou meu ombro esquerdo.

Foi extremamente doloroso quando Takeshi o pôs no lugar. ,apesar de haver a ala de cuidados ele mesmo fez isso.

- Vou me lembrar de retribuir o favor Kento.- eu disse a ele. E me lembraria.

Depois dos treinos fomos levados ao salão das refeições para a ceia.

Estava repleto de guerreiros experientes que nos encararam com interesse, enquanto nos acomodavamos pelas mesas.

Nós dirigimos para a mesa no centro.

Ao todo ocupamos duas mesas inteiras.

Era um salão bem grande.

- Estão todos olhando para nós. - Yuki da academia de Mestre Kinoshita comentou com voz trêmula.

- Deixe que olhem. - eu disse.

Carson devorava os pães.

Kento bebia vinho que as servas serviam.

Eu nunca havia entrado no castelo antes, a não ser para entregar algumas bebidas e frutas da taberna e foi tudo entregue nas mãos dos guardas..

- Garoto da taberna? - alguém perguntou, uma voz masculina.

Me virei para ver.

Um garoto alto, só um pouco menor que eu me fitava com um sorriso.

Raiden sorria para mim.

- Raiden, não vi você nos treinos. - eu disse e o abracei.

- Eu cheguei ontem , deixei minhas coisas e passei o restante das horas treinando ao vento das montanhas, lutando ao som dos animais selvagens e a noite fria. Eu meditei também chegando ao consenso de que eu nunca conheci almas totalmente insignificantes ao todo..você entende o que eu digo jovem Akira?

Seus olhos negros brilharam e gargalhou logo em seguida.

"Quanta maluquice" pensei.

Sentou-se conosco, compartilhando do vinho de Kento.

Não bebi. Mal comi. Eu ainda lembrava da visão de mim mesmo gritando por um nome, algo na minha voz me pertubava com tamanha força que me impossibilitaram de comer, não importava o assunto da mesa meus pensamentos sempre voltavam para elas.

Mas tudo mudou quando vi Emi

Minha irmã, minha delicada irmã servindo ao diabo bem na minha frente.

Meus músculos enrijeceram, e meus olhos cruzaram com os dele e eu vi em seus olhos sua vingança.

Observei cerrando os dentes enquanto Emi depositava o vinho na caneca de Konoe, e ele a puxando para seu colo. SEU COLO MINHA MENTE BERRAVA.

Levantei me com estrondo com copos caindo da mesa.

Todos olhavam para mim e meu olhar se prendeu a Emi, que pedia com súplica no olhar que eu me senta-se.

Seus lábios se moveram sem emitir nenhum som, seu olhar era de pura preocupação e medo, não por ela, mas por mim. 

Vi nos seus olhos.

Meu coração parecia arder de tanta raiva.

Konoe sorriu maliciosamente e eu me impusionei para frente, mas braços fortes me detiveram.

- Acalme-se garoto. - uma voz grave me ordenou.

- Senhor, me solte - rosnei para Takeda Takeshi meu superior.

Seus olhos azuis perspicazes me analisaram e seguiram o meu olhar até repousarem em Emi.

- Ela é sua irmã. - não era uma pergunta, era uma afirmação.

Konoe segurou mais firme Emi em seu colo e meus músculos ficaram muito tensos de raiva. 

Meu coração queimava ao ver a fragilidade no olhar de minha irmã.

- Ei você! - apontou o dedo para Konoe - solte a serva e se alimente, precisará de forças para não sucumbir quando a lua cheia chegar. - ordenou e Konoe não discutiu libertando Emi de imediato.

Corri seguindo-a até o corredor que provavelmente nos levaria a cozinha.

- Emi - a chamei segurando-a em meus braços. 

Era tão menor que eu, e estava tão magra.

- Akira, meu irmão. - me fitou nos olhos, julguei que iria chorar, mas abriu um largo sorriso.

Não consegui retribuir o gesto. Não a vendo naquele estado.

- O que você está fazendo aqui? Pensei que agora que ele está aqui você teria paz na casa. - eu disse e a soltei para vê-la melhor.

Estava vestida em trapos muito sujos, devia ter feito limpeza desde o raiar do dia.

- Eu já volto, me espere aqui!

Deixei-a confusa e sai correndo ao salão.

Peguei um prato jogando um pano por cima dele.

Voltei correndo.

-Akira, mas o que...? - Emi ia dizendo, mas se calou quando coloquei o prato com a torta de maçã em suas mãos.

- Sei que é a sua preferida porquê era a que mamãe sempre fazia, você não come nada que não seja seu mesmo que, seja você mesma que prepare. Então isso é para você. - disse e tirei uma mecha escura de cabelo de seu rosto.

- Ah, obrigada! - agradeceu com olhos marejados. 

Marejados de felicidade, notei com alívio.

- Vou libertar você, prometo, agora estaremos juntos pelo menos.

Depois de um tempo conversando na cozinha com Emi voltei a questionar porque estava sendo serva no castelo e ela esclareceu que foi uma ordem do velho Konoe.

Não sei com que intenções, mas ao menos aqui eu não permitiria que nada de errado acontece-se a ela.

Como eu estava errado.

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