Capítulo 8

Vlad observou enquanto a fêmea seguia correndo para a estrada, a raiva por ela ter parado a cerimônia o fez desviar o caminho de seu cavalo abandonando alguns de seus parentes que seguiam para a sua propriedade.

seguiu a jovem curioso de para onde ela corria tão rápido.

Vlad avistou-a entrando na estrada e para não ser percebido deixou seu cavalo preso em uma árvore e continuou a pé se esgueirando pelas árvores, observou-a enquanto corria, seus cabelos negros esvoaçantes ao sol, seu corpo esguio era uma bela visão reconheceu ele.

De repente ela parou em frente a árvore que todos chamavam Enah, Vlad caminhou mais alguns passos e se ocultou em outra árvore enquanto observou atentamente a fêmea se ajoelhar diante da árvore e chorar.

Alice não conseguia conter as lágrimas, Enah mesmo que não respondesse representada algo para ela, uma espécie de conforto do qual ela sempre precisou.

Ela repetiu em sua mente novamente o som das chibatas, aquilo a dilacerava...

James na infância de Armeni, o direito de crescer no castelo do Supremo Alfa Clayton Chase era uma honra imensamente para qualquer clã, e James merecia aquela honra.

Alice se lembrou da última vez que o havia visto, em sua partida do castelo.

Ela estava agarrada na barra da saia de sua madrinha enquanto esta chorava ao ver o único filho partir para tão longe, partindo para o centro da Ilha do corvo, James era apenas uma criança e mesmo assim nunca deixou que as outras crianças a machucassem.

Alice olhou para a cicatriz em seu dedo, uma linha branca. Após a partida de James aconteceu o festival da deusa Luna, ela se recobrou do menino que cortou seu dedo com uma faca. M*****a Nask, ele disse.

Foi naquele momento que ela percebeu que teria que aprender a se defender sozinha, ou não sobreviveria naquele castelo.

Ela secou as lágrimas e se levantou determinada a não derramar mais lágrimas, James estava ferido e o mínimo que ela poderia fazer era ajudar o curandeiro Patrick com pomadas curativas, não ficar perdendo tempo chorando com o que já aconteceu.

Quando ela se virou para voltar para a estrada ficou paralisada ao se deparar com a figura de Vlad parado a sua frente, ele estava a olhando parecendo intrigado.

Ela ficou assombrada ao perceber que a estrada estava quase vazia, exceto por outra carruagem que passava. Vlad a fitava com seus olhos castanhos enigmáticos, ele mudou o peso de uma perna para a outra e perguntou:

— Por quê?

Ela piscou e olhou ao redor desconfortável, passou as mãos no rosto tentando tirar os vestígios das lágrimas, era constrangedor imaginar a quanto tempo ele estava a observando. Além de ser perigoso estar sozinha com ele, Vlad sempre a atormentou, a cicatriz em seu dedo foi só a primeira vez.

Ela ignorou sua pergunta e avançou a passos largos de volta a estrada, ele a segurou pelo braço, sua mão se fechando ao redor de sua pele.

Alice lutou contra ele o empurrando, Vlad sorriu e a empurrou para dentro da floresta enquanto Alice gritava e acertava socos nele, ele gargalhava. Segundos depois a jogou sobre suas costas a mantendo firme.

Ela gritou desesperada desejando com todas as suas forças que alguém a ouvisse, qualquer um, não conseguia ver quase nada de para onde estavam indo, já que estava de cabeça para baixo, ela bateu com todas as suas forças nas costas de Vlad, era como bater em uma pedra. Ela não causou nenhuma dano a ele.

De repente ele parou de caminhar e a colocou no chão, seus olhares se encontraram e o que ela viu a assustou. Vlad a olhava com desejo, um desejo primitivo...

Seu coração acelerou ainda mais ao perceber que provavelmente ele a havia trazido para dentro da floresta para violenta-la, e por ser uma Nask, mesmo sendo uma adotada pela senhora do castelo pela lei ela só pertenceria a um clã e algum macho a reivindicasse. Vlad a via como uma fêmea que poderia abusar sem a ver consequências.

Ela tentou empurra-lo, mas ele a empurrou de volta a segurando em uma árvore, encurralando ela e pressionando seu corpo, fez tudo isso sem tirar seus olhos de seu rosto.

— Por que se jogou na frente do chicote?

Ela ignorou sua pergunta novamente.

— Não pode abusar de mim. Terá consequências. — tentou apelar para seu bom-senso mesmo que parecesse que ele não tinha nenhum.

Vlad segurou em seu rosto a obrigando olhar em seus olhos e com uma gélida disse:

— Não importa se a companheira do Alfa a trate como seu bichinho de estimação, ou que o pequeno Oriedreh a defende por pena. Ainda é uma Nask. Sem pai, ou clã. Sem origem. Sem lar. Se eu quiser toma-la para mim, assim eu o farei.

Aquelas palavras cortaram tão profundamente que ela não conseguiu impedir as lágrimas de rolarem por seu rosto, ela sabia que Vlad era um macho cruel e sórdido. Mas naquele caso ele não era um mentiroso. A verdade daquelas palavras atingiu seu coração como fogo! a fazendo queimar de dentro para fora, porque era exatamente aquilo que ela era. Uma órfã.

James devia sentir pena dela. Sua madrinha sentia compaixão, mas por mais que ela a servisse e amasse jamais poderia chama-la de mãe, aquela honra era apenas para filhos de sangue...

Vlad a soltou.

E ela correu sem olhar para trás.

James abriu os olhos ao ouvir o som da voz de sua mãe, quando Katherine percebeu que seu filho estava acordado imediatamente se levantou na cadeira onde estava, o macho se sentou com dificuldade e percebeu que já era noite.

— Mãe devia estar descansando...

Katherine discordou imediatamente do filho dizendo-lhe o quanto partia seu coração vê-lo ferido, ficou cerca de meia hora tentando fazer com que ele se alimentasse, e se perguntando onde estava Patrick que já devia ter lhe trocado os curativos das costas.

James finalmente conseguiu convencê-la a ir se deitar, ele fez isso apelando para o bem-estar do bebê que ela carregava.

Quando Katherine abriu a porta se deparou com Alice segurando alguns panos de algodão limpos e a tigela com a pomada para os ferimentos.

Alice olhou para sua madrinha, seus olhos se iluminaram ao perceber que Alice trocaria os curativos.

Ela tranquilizou Katherine informando que cuidaria de James, o remédio havia sido feito pelo próprio curandeiro, no entanto ela se ofereceu para passar nas feridas de James. Katherine a abraçou e os deixou a sós.

Alice colocou as coisas sobre uma mesa e começou a preparar o remédio para James, fez isso de costas de modo que não tivesse que olhar nos olhos dele. As palavras de Vlad ditas na floresta ainda queimavam em seu coração, quando ela se virou para caminhar até a cama tentou manter o olhar aos pés da grande cama, infelizmente não conseguiu.

Aqueles olhos verdes-profundos reivindicaram seu olhar, como um magnetismo ela se viu sendo puxada para ele, para seus olhos que a encaravam com intensidade.

Seu coração se acelerou e ela deixou que a tigela de vidro com o remédio caísse ao chão se quebrando, Alice se ajoelhou tentando limpar ao menos um pouco da bagunça quando mãos seguraram as suas.

Ela levantou o olhar e viu novamente aqueles olhos...

— Não queria ter partido. — murmurou ele.

J.P Andrade

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