Capítulo 4

Alexandro saiu do hospital pensativo. O encontro com a bela Dra. Íris mexeu demasiadamente com suas emoções e isso o estava incomodando. Depois de Ágata, nunca sentira uma atração tão forte por alguém como a que estava sentindo naquele momento pela senhorita antipatia. 

Em seu íntimo ele sentia-se culpado por está pensando em outra mulher já que sua viuvez ainda era muito recente. 

Por outro lado, o relacionamento dele com Ágata nunca foi dos melhores, e depois do nascimento de Damon — o primeiro filho deles — o casamento foi de mal a pior e o que já era morno, esfriou de vez. Zoe — segundo sua esposa —, foi um acidente de percurso e depois desse dia, ela afastou-se definitivamente dele. Ágata não queria nenhum tipo de contado físico, nem com ele nem com Zoe. 

Para os que os conheciam; eles pareciam ser o casal mais perfeito e harmonioso do mundo, porém por trás das cortinas, a história era bem diferente: eles viviam como se fossem dois estranhos: ela tentando adaptar-se com a presença indesejada dele e, ele tentando aprender a lidar com a mulher a qual se tornou desconhecida para ele.

Durante a gravidez de Ágata ela ficou com nojo dele e da criança que carregava no ventre. O convívio deles tornou-se insuportável e para puni-los, ela se recusava a fazer o pré-natal. Com muito sacrifício, a família dela conseguiam arrastá-la para realizar os exames referentes ao pré-natal; porém ela não o deixava acompanha-la em nenhuma consulta. Por fim, o obstetra que a assistia durante a gravidez; achou mais conveniente que ela passasse o restante da gestação na casa dos pais dela. Foi aí que descobrira que sua esposa tinha adquirido depressão gestacional. 

Após esse fato, os dias que se seguiram até o falecimento dela, foram um verdadeiro martírio, contudo ele não desistiu de manter suas obrigações como esposo e pai e ficou ao lado dela até o fim. 

Talvez o fato de ele está sentindo-se atraído por Íris, fosse o resultado de sua extrema carência afetiva. Mas pelo jeito como ela o olhou o mais sensato a fazer era deletar aquela médica de seus pensamentos de uma vez por todas; era óbvio que ele não teria a menor chance com ela — Íris era uma mulher de alta classe e deveria ter vários pretendentes aos seus pés. A ele restava o suspirar e o encanto em silêncio. 

Ainda pensando na mulher que mexeu com as defesas dele; ele chegou no estacionamento, abriu a porta do passageiro, acomodou Zoe na cadeirinha, entrou no carro e deu a partida.

Como o trânsito aquela hora do dia estava tranquilo, ele não demorou muito para chegar em casa. Quando entrou, encontrou seus filhos entretidos na televisão.

Assim que eles os viram, correram para abraçá-lo e imediatamente voltaram a se concentrar no desenho animado que assistiam.

— Conseguiu a consulta para Zoe? 

Melina, irmã de Ágata, perguntou apreensiva, pois a tempos o seu cunhado tentava marcar uma consulta para Zoe com a requisitada médica; porém a agenda dela vivia sempre lotada. Aquela consulta só fora possível por que Demétrius — esposo de Melina —; era segurança do hospital e ligou logo cedo para Alexandro avisando-lhe que a neurologista iria atender na ala dos conveniados. 

— Sim. — Respondeu com certo alívio enquanto entregava Zoe aos cuidados de sua tia. — Aproveitei o caminho para casa e já comprei os remédios dela. Vamos ver se a doutora Íris faz jus ao jaleco que usa.

— Por que diz isso? Não gostou do atendimento dela?

— Mesmo a doutora não descendo do seu pedestal, até que ela foi bastante atenciosa com o problema de minha filha. — Respondeu ainda pensando no ar de superioridade dela. O olhar frio que ela lhe dirigiu expressava o tamanho do desgosto que estava sentindo por atender na ala dos pobres — pelo menos era isso que ele acreditava. 

— Agora você entende por que Demétrius nunca teve coragem de falar com ela a respeito de Zoe. — Melina Justificou e disse. — Ela é a médica da Elite de Pátras: nunca iria se rebaixar a atender a sobrinha de um simples segurança.

— Nesse caso posso dizer que Zoe teve muita sorte. Estou muito confiante nessa nova medicação que ela prescreveu: sinto que dessa vez o tratamento da minha filha vai começar a fazer efeito. — Disse e lembrou-se a seguir. — Só espero que a pediatra de Zoe concorde com a Dra. Varvakis e mantenha essa nova medicação.

— Não acredito que ela fará objeções; a menos é claro, que a medicação não surta o efeito desejado. — Melina comentou e acrescentou. — Além do mais, ela não vai querer se indispor com uma das sócias do hospital em que trabalha.

— Bem, isso faz todo sentido. — Ele disse aliviado, enquanto administrava a nova medicação prescrita. — Agora é só esperar o remédio começar a fazer efeito, minha bonequinha. — Acrescentou como se Zoe fosse capaz de entendê-lo.

O conceito que Alexandro formou de Íris como pessoa não era dos melhores, porém como o de médica, alcançou o patamar mais elevado, e, aos olhos dele; ela era simplesmente a melhor neurologista daquele conceituado hospital.

Como previsto por ela, e esperado por ele, a medicação não demorou a fazer efeito e Zoe, depois de meses, estava dormindo tranquilamente nos seus braços.

Vê-la tão serena e relaxada, causou-lhe uma emoção muito grande e ele sentiu que a qualquer momento sua alegria fosse se transformar em lágrimas. Sua filha finalmente poderia ter dias de paz. 

Enquanto ele a contemplava dormindo, sua alegria inicial se converteu em tristeza. Mesmo pequenininha, sua filha já tinha muitas batalhas a ser vencida, e uma delas era vencer a resistência de sua avó em relação a ela. Como Ágata morreu ao dá a luz a Zoe, a senhora Irene Petrakos — mãe de Ágata — não conseguia nem chegar perto da neta. Inconscientemente ela responsabilizava a pequena pela morte de sua filha.

Aquele dia deveria ser de alegria e não de tristeza e temendo ser sucumbido por aquele sentimento opressor, ele deu um leve beijo nas bochechas rosadas de sua filha, colocou-a no berço e foi ao encontro de sua cunhada.

— Você não quer aproveitar que Zoe está dormindo para descansar também? Você anda muito abatido ultimamente. — Melina observou diante do rosto cansado de seu ex cunhado. 

— Do jeito que eu estou esgotado, se eu me jogar agora na cama; é bem capaz de eu acordar só amanhã de manhã. 

— Aproveite esse momento e vá dormir, eu coloco seus filhos na cama. — Insistiu enquanto o via soltar um enorme bocejo.

— Daqui a pouco irei deitar: vou ficar cuidando de Zoe mais um pouco. 

— Ainda acredito que o ideal seria descansar agora. Daqui a pouco a Zoe acorda e aí vai ficar mais difícil para você dormir. — Explicou preocupada e prosseguiu. — Lembre-se que ela e seus filhos precisam de você bem e saudável. Não pule outras noites de sono atrás de Zoe. 

— A doutora Íris falou-me que ela vai dormir bastante, com esse remédio. Isso significa que pela primeira vez, desde que ela nasceu, vou ter uma noite tranquila de sono. — Respondeu aliviado e disse. — Mas em todo caso, vou colocar essas crianças para dormir cedo. Amanhã cedo ainda tenho que levá-los a escola. 

Disse enquanto olhava para os seus filhos que brincavam animadamente, com os filhos de Melina. 

Os filhos de Melina e os de Alexandro se davam muito bem. Mais do que primos, eles eram como irmãos. 

Embora ele não pudesse contar com a ajuda da avó materna, Melina e Maia — irmã caçula de Ágata —, estavam sempre dispostas a ajudá-lo; de maneira que quando ele saia para trabalhar, elas assumiam a responsabilidade das crianças.

Como engenheiro naval, o salário dele era muito bom, e ele fazia questão de pagar pelos serviços de suas ex cunhadas. Embora elas fossem tias das crianças, elas não tinham obrigação de assumir as responsabilidades que não eram delas. Ele sabia que seus filhos estariam bem enquanto estivesse ausente, por isso, agradecia imensamente o esforço das duas.

Apesar da resistência de sua ex sogra em relação à Zoe, Alexandro não a considerava uma pessoa má; ela apenas não conseguia aceitar o fato de que, para sua neta nascer, sua amada filha teve que ser sacrificada. Era uma vida pela outra e, aos olhos dela, essa foi uma troca injusta.

Mas, fazer o que diante do inevitável? A equipe médica que a acompanhou fez o possível e o impossível para salvá-la, mas infelizmente, não foi o bastante. O impossível não tornou-se possível e no final ela foi sucumbida por ele, bem diante dos olhos dele.

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