Capítulo 3: Tyler

Quando o treinador saiu, eu me sentei no banco para amarrar meu cadarço ao lado do Josh e falei baixinho, olhando na direção ao novo jogador:

_ Josh, conhece esse cara, o novato?

_ Ué! Você não conhece Colin Baker dos Wildcats?

_ E deveria? - Eu digo confuso.

_ Claro que sim. Ele simplesmente era o melhor pontuador do seu time do colégio, ganharam vários troféus, tudo por causa dele. É uma promessa de títulos para qualquer time universitário que ele vá. Agora ele é um dos nossos. Ainda bem.

_ Sério? Nunca ouvi falar dele. 

Não é mentira, eu digo a verdade pois eu nunca ouvi mesmo, nada sobre ele. Eu me lembraria, com certeza.

Terminamos de nos calçar, guardamos tudo no armário e ao passarmos por ele, tive uma leve sensação de ter minha bunda secada por esse tal Colin, e ao me virar para olhar, ele disfarçou, dobrando suas roupas com o maior cuidado, exibindo um peitoral gostoso demais para a minha sanidade.

Já na quadra, finalmente Josh termina o serviço ao me dizer quase sussurrando:

_ O cara, é do tipo cabeça quente. Não sei se tem a ver com a sua orientação, se é que você me entende. - Mas eu entendo, entendo muito bem. - Vamos ficar fora do seu caminho. - Josh me dá um aviso.

_ Porque deveríamos? Somos do mesmo time! - Digo o óbvio para ele. -  A gente tem que interagir.

_ Por que esse tal Colin … - Josh pára de falar, olha para um lado e para o outro, para ver se tem alguém ouvindo antes de continuar a me contar sussurrando mais baixo ainda. - Dizem as más línguas que ele veio para cá por ser meio louco, por brigar com seus colegas de time e tals, e o Logan prometeu ao antigo técnico do Colin, que iria domá-lo. Agora deu pra entender, O'Connor, por que é que não devemos ficar no caminho dele?

_ Deu! - Não deu porcaria nenhuma, mas optei por omitir a verdade. 

Quero saber por qual motivo ele brigava com seus colegas de time. Sempre tem uma segunda versão para tudo. 

Paramos bem no meio da quadra, esperando até que todos cheguem para podermos começar a correr. Colin é o último a chegar, com um semblante fechado, a sua cabeça está virada para baixo, e ele está vestido com o uniforme de treino como o restante do grupo. O técnico deve ter arrumado para ele.

Logan apita, indicando com o dedo para que lado devemos começar a correr. O novato toma a dianteira, dando passos largos, ritmado. Não sei porque quero, mas simplesmente faço! Corro tão rápido quanto ele tentando alcançá-lo, só que ele me vê com o canto dos olhos e aumenta a sua velocidade. 

Tento acelerar mais, esforçando ao meu limite, e acaba que nossa competiçãozinha particular incentiva os outros a correrem também. De uma marcha tranquila, passamos a fazer uma disputa para ver quem cansa primeiro ou quem termina as quinze voltas em menos tempo.

Para a minha total indignação, ao ouvirmos o apito novamente só que agora para podermos parar, Colin  estava há pelo menos um metro à minha frente.

Quem é esse cara? Que máquina é essa de correr? A curiosidade ao imaginar o que ele pode fazer em uma quadra toma conta de mim, e me faz querer desvendar cada vez mais esse mistério.

Coloco as minhas mãos em meus joelhos, estou ofegante, cansado demais, busco o ar como se me faltasse, assim como vários outros caras. Mal terminamos de correr, e Logan grita:

_ Vinte flexões, vamos lá, rapazes. Sem moleza. 

Praticamente deixo o meu corpo cair no chão antes de começar a fazer as abomináveis flexões.

_ É… o treino começou duro. - Josh diz ao meu lado. - Já tô morto com a corrida inicial, imagina quando estivermos no fim.

Eu só balanço a cabeça concordando, e ao sustentar o meu corpo no ar com os meus braços trêmulos, olho para o lado procurando por ele, tentando ver se ao menos tem suor escorrendo em seu rosto. Logo o vejo, a dois homens de distância de mim. 

Ele está concentrado, dando o seu melhor, fazendo seus músculos visivelmente trabalharem. É fascinante ver, é quase hipnótico olhar para ele enquanto ele executa com maestria seu exercício perfeito. 

Tudo o que vi dele até agora é perfeito! Seu corpo, sua pisada leve e rápida, seu modo determinado de efetuar uma simples tarefa. 

_ HEI, O'CONNOR! - Escuto meu nome ser gritado por Logan. - Tá parado porquê? - Só então percebo que novamente me perdi olhando para ele. 

_ Não é nada, senhor.

_ Então, movimente-se.

O treino consistiu basicamente em fortalecimento muscular, e todos fomos exaustos e suados para uma ducha ao término de uma hora de apitos e ordens ditas aos berros.

Tirei minha camisa, meu tênis, meias e meu short. Quando já estava prestes a tirar minha cueca, não sei dizer bem o que houve, me senti constrangido dividindo o lugar com o novo jogador, mas pelo visto foi somente eu. Em segundos o lugar ficou repleto de bundas e membros moles por todo canto. Sem querer, eu juro que foi sem querer, acabei dando uma conferida discreta no tamanho e na espessura do material do novato. Posso dizer sem sombra de dúvidas que gostei do que vi. Se adormecido o tamanho era considerável, imagina em posição de ataque.

"Merda! Não posso pensar nisso agora." Esses pensamentos malditos vez ou outra me perturbam, me deixando em uma situação difícil com uma semi ereção bem comprometedora. Não sou nenhum virgem, mas pega mal para um gay assumido, ter ereção no banheiro em meio aos caras héteros.

Tento mudar o foco para outros assuntos, enquanto assisto os caras saindo um por um após o banho rápido, restando poucos para trás. Josh se foi há muito tempo, pois foi se encontrar com sua namorada, Becky.

Enfim, tirei minha cueca, e fui para meu banho merecido munido de toalha e sabonete. Abri a ducha e uma água fumegante atingiu minha cabeça imediatamente. Todos os meus músculos doíam. A começar pelos braços, seguidos por abdômen, costas e pernas. Fechei os meus olhos, sentindo a água percorrer e relaxar cada parte do meu corpo. Lavei minha cabeça, com um shampoo esquecido no chão do pequeno box, e enquanto a água fazia seu trabalho de retirar a espuma, eu comecei a me esfregar com o sabonete ainda com os olhos fechados. Foi então que eu ouvi a ducha ao lado ser aberta, e instintivamente eu abri os olhos para ver quem estava bem ao meu lado.

Os chuveiros eram separados por uma meia parede que tampava somente da cintura para baixo, e ao olhar para o lado, para a minha total surpresa, eu o vi, Colin Baker, nú olhando para mim.

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