O Encontro

Após alguns minutos dirigindo, o motorista para, e desce do carro. Depois de dar a volta no carro, ele abre a minha porta.

Não consigo evitar minha surpresa. Ele estava dirigindo a quantos quilômetros por hora para que chegassemos tão rápido?

- Me acompanhe por favor, Sta! - ele diz.

Que tipo de Uber eu pedi? Nunca havia pego um que me tratasse com tamanha formalidade.

Quando desço do carro, olho para um lado e para o outro, e percebo que não estamos no meu endereço.

Puta merda, será que coloquei o endereço errado?

- Moço, acho que acabei colocando o endereço errado. - tento me explicar.

- O endereço é esse mesmo Sta! - responde sério.

Quando olho mais atentamente para onde estamos, percebo que realmente estamos em um bairro totalmente diferente do meu. Aqui, provavelmente, não seria um bairro que meus pais poderiam comprar uma casa.

Quando olho para onde o motorista está indo, vejo que é um hotel muito imponente. E com toda a certeza, eu não estava indo para um hotel, muito menos para um que deve ser no mínimo 5 estelas.

Vou atrás do motorista, na tentativa de explicar que há um enorme engano. Só então percebo, o quão grande ele é. Jamais imaginaria que em um carro como aquele, caberia um homem tão grande. Ele não somente tem uma altura significativa, mas também braços, que derrubaram um pugilista com apenas um golpe. Notando esses detalhes, e a cara de poucos amigos que ele tem, procuro ser o mais gentil possível. Não gostaria nem de pensar, o que seria de mim caso ele se irritasse, e resolvesse usar seus braços contar mim.

- Então Sr, acho que está havendo um engano. Pode ser que eu tenha colocado o endereço errado, e isso não passar de um mal entendido.

Ele me encara sério, e eu começo a ficar com medo do jeito que ele me olha.

Ele se aproxima de mim, e por instinto, eu dou um passo para trás.

- O Sr Fletcher, não gosta de ficar esperando. Então me acompanhe. - sua voz é firme e ameaçadora.

Meu subconsciente fica em alerta. E o instinto de sobrevivência é acionado na minha cabeça. Como não há uma alma viva passando pela rua, gritar não faria efeito nenhum, correr seria praticamente suicídio. Então decido acompanhá-lo até o homem que ele diz estar nos esperando. Creio que se chegar lá, e explicar tudo, seriam melhores as minhas chances de sair inteira.

Eu começo a andar em direção ao hotel, e o motorista brutamontes, me acompanha de perto. Eu começo a sentir minhas pernas ficarem trêmulas, e cada passo que dou, sinto como se tivesse tentando caminhar em meio a um lamaçal, e meus pés ficarem cada vez mais presos a lama. Percebi que meus passos se tornam mais lentos, e em determinado trecho, sinto minhas costas encostar no gigantesco homem que me acompanha. A sensação de medo, começa a ficar aterrorizante, e minhas mãos começam a tremer.

Percebo que não paramos na recepção, e de longe, noto um homem atrás do balcão, conferindo alguma coisa no computador. Parece nem notar nossa presença. Será que essa seria minha chance de gritar por socorro? Mas com o Sr big braços tão perto de mim, com apenas um esticar dos seus braços, ele me alcançaria antes mesmo de eu conseguir me desviar do caminho.

Chegando ao elevador, que já está com as portas abertas, nós entramos, e meu medo fica ainda mais crescente. Se esse homem resolvesse fazer alguma coisa comigo aqui dentro, não sobraria nada para contar a história. Ele se posiciona atrás de mim. Olho levemente para a esquerda, e ele parece estar imóvel. Então com as mãos cruzadas a minha frente, ouso tentar pegar meu celular. Com movimentos lentos, alçando meu celular dentro da minha bolsa. Com a mesma calma e suavidade, baixo minha cabeça para visualizar a tela.

- Nada de telefone celular enquanto estiver aqui. - ele diz, me fazendo pular com o susto.

- Tudo bem! - respondo rápido, devolvendo o celular a bolsa.

Se passam uma média de 3 minutos, até às portas do elevador se abrirem. Eu poderia até sentir um certo alívio, se elas tivessem se abrindo no térreo, mas para meu desespero crescente, elas se abrem no último andar.

O motorista, barra brutamontes, espera que eu saia primeiro, então eu apenas dou alguns passos para fora do elevador.

- Continue em frente. - ele ordena.

Sentindo minha respiração ficar cada vez mais acelerada, vou seguindo pelo amplo corredor, que se resume em apenas 3 portas. Ao parar quase no final do corredor, o motorista passa na minha frente, e abre a porta, indicando que eu entre. A passos lentos, eu sigo para dentro do quarto. E assim que me encontro a poucos passos depois da porta, o motorista fecha a porta atrás de mim, ficando para fora.

Não consigo definir se, me sinto aliviada de não estar mais na presença dele, ou se fico com ainda mais medo de quem quer que possa ser o outro homem que nos esperava.

Olhando para o quarto, fica evidente que, seja lá quem for esse homem misterioso, ele deve ser um homem de muito dinheiro, porque com certeza, esse quarto não deve ser barato a estadia.

- Pode ficar a vontade. - ouço uma voz dizer, me fazendo levar um baita susto, e levo a mão ao peito enquanto me viro em direção a voz.

Parado recostado em uma das paredes de divisória do quarto, o dono da voz parece muito relaxado. Com as mãos no bolso, e vestindo uma camisa social branca, seguida de uma calça preta, igualmente social, e usando sapatos, que certamente daria para ver meu próprio reflexo, não teria como dizer que ele não é um bonitão. Os cabelos perfeitamente arrumados, e exalando uma fragrância de puro frescor, ele sai de sua posição, vindo em minha direção.

Meu coração dispara ainda mais. E quanto mais perto ele chega, mais fácil fica apreciar a beleza dele.

Parando a poucos passos de mim, ele me olha de cima a baixo. E eu sinto como se estivesse sendo analisada. Ele dá mais alguns passos, e pega uma mecha do meu cabelo. Sua proximidade, me faz recuar um passo. Seu sorriso maroto, e o levantar de uma sombrancelha, me dão indícios de que se diverte com meu receio.

- Você é diferente do que eu esperava.

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