O Chris e Eu...
O Chris e Eu...
Por: AnonimolsSA
Prólogo

Acordei sentindo uma forte dor de cabeça, ouço vozes mas não atrevo-me abrir os olhos, então fico apenas escutando.

— Ela vai ficar bem?

— Claro, foi apenas um susto… sua filha teve sorte senhor Philipe.

Em seguida ouço passos, deduzo que tenham saído do quarto, então finalmente arrisco abrir os olhos. Mas me arrependo no segundo seguinte.

— A senhorita está encrencada mocinha!

Levo mais um tempo para raciocinar o que papai está dizendo, minha cabeça lateja muito forte, consequência da bebedeira de ontem.

— O que estava pensando da vida Melissa? Faço todos os seus gostoso, te dou tudo o que você quer e é assim que você retribui?

Tive vontade de revirar os olhos mas não o fiz.

Quanta hipocrisia em uma pessoa só, quem era Philipe para me dar lição de moral? nem mesmo ele tinha qualquer moral para isso.

Um homem que praticamente abandona a filha à mercê de babás não deveria ter o descaramento de cobrar qualquer coisa!

— Claro — digo com desdém balançando a cabeça negativamente. — O senhor me dá tudo o que quero, né papai? Menos o mais importante, a sua atenção! — digo alterada.

— Deixe-a querido, do jeito que ela está não vai adiantar nada você gastar seu tempo. — reconheço imediatamente a dona da voz irritante, que até o momento não havia notado no ambiente.

— Chegou quem estava faltando. — disse sentindo o ódio me consumir. — Olá Daniela.

A mesma retribui com um aceno e um breve sorriso.

— Em casa voltaremos a ter essa conversa Melissa.

— Estou ansiosa…

Meu pai e sua noiva irritante saem do quarto deixando-me sozinha.

Não gosto da Daniela e meu pai sabe disso, mas parece não dar a mínima. Não acho que seja mimo ou birra de adolescente, o fato de eu não gostar da minha madrasta.

Apenas não entra em minha cabeça o que uma mulher de vinte e cinco anos pode querer com o meu pai. Não que ele seja um velho jogado às traças… ao contrário no auge dos seus quarenta e quatro anos devo dizer que senhor Philipe na linguagem popular, ainda dá um caldo.

Mas ainda acho muito estranho tudo isso, e o meu santo não b**e com o dela.

Quieta pensando na vida, Flashs da noite passada vem à minha mente.

— Você tá muito bêbada, acho que já deu né Mel? — dizia Chloe tentando tirar o copo de whisky de minha mão.

Não que eu fosse alcoólatra ou algo do tipo, mas beber às vezes era bom para relaxar e esquecer dos problemas.

— Ah Chloe não corta meu barato, vai? Já basta meu pai e aquela chata da Daniela.

Dei uma última golada e caço as chaves do carro pronta para ir embora.

— Você não está pensando em ir embora, né Melissa? Você não precisa ir… dorme aqui hoje.

— Se eu não durmo em casa, senhor Philipe manda a nasa atrás de mim. — solto uma gargalhada. — Escuta Chloe, agradeço o convite mas não vai rolar, eu vou pra casa, eu estou bem!

— Tudo bem Mel, mas deixa eu te levar em casa? 

— Coisa chata Chloe me deixa em paz, já disse que estou bem. Tô indo nessa valeu?

Sem esperar resposta saio de lá deixando minha amiga olhando-me aflita.

Coloco um som alto e cantarolo a todo momento, mal percebo quando um carro em alta velocidade se aproxima do meu, me vejo encurralada e com medo… de repente um filme de toda a minha vida passou pela minha cabeça, droga. Eu não queria morrer, muito nervosa então, respiro fundo e num rápido impulso jogo o carro para dentro de um matagal ao meu lado. Minhas vistas começam a falhar e então eu apago.

— Vamos pra casa, agora. — a voz de papai me tira de meus devaneios.

Com sua ajuda saio da cama e sigo para o carro. 

O caminho até em casa foi em um silêncio ensurdecedor, quando não estávamos em silêncio estávamos escutando as pérolas de Daniela, tentei não ligar e apenas ignorar.

Conforme as lembranças vinham, uma certeza me consumia, meu acidente não foi um acaso, e a minha intuição insistia em me dizer que foi proposital.

++++++++++++

Dois dias se passaram e eu tinha certeza de que estava safa da bronca do senhor Philipe… ilusão da pobre criança.

— E então Melissa vamos ter aquela conversa? — perguntou sentando-se ao meu lado no sofá.

— Eu tenho escolha? — pergunto com um sorriso largado.

— Não mesmo! — pelo menos eu tentei. — Bom Melissa eu vou direto ao assunto, o que você fez foi muito sério.

— É mais ninguém se machucou, eu estou bem.

— Eu ainda não acabei. — disse ríspido, fazendo-me encolher como uma criança amedrontada. — Algo tão sério como o que você fez não pode e não vai ficar impune!

Papai falava comigo como um juiz prestes a dar uma sentença, confesso que aquilo aos poucos me assustava.

— Estive conversando com Daniela e…

— Daniela? — afinal o que aquela mulher tinha a ver com isso? — Fala sério senhor Philipe, sua noiva não é nada minha, não tem que conversar nada a respeito da minha vida com ela!

— Não me interrompa outra vez Melissa Williams. — papai alterou seu tom de voz. — Daniela e eu decidimos que está na hora de você mudar, criar responsabilidade sendo assim você passará um tempo com sua avó na Inglaterra!

— Daniela não é a minha mãe! — também alterei meu tom de voz.

— Sua mãe morreu e não vai mais voltar, já é hora de aceitar isso Melissa!

Minha boca abriu e fechou em menção de uma resposta, mas sabia que não valeria a pena meu pai estava cego e prorrogar essa conversa só iria me trazer mais dor.

Virei as costas e caminhei para longe dali.

— Onde pensa que vai?

— Não quer que eu vá ficar com a vovó? As malas não irão se arrumar sozinhas.

Entro no meu quarto não segurando mais as lágrimas, jogo as malas em cima da cama e em seguida ligo em chamada de vídeo para Chloe.

— Olá louca do acidente. — diz animada. Logo depois sua expressão muda. — O que aconteceu, Mel? Você está chorando?

— Você pode vir aqui?

— Posso já tô chegando. 

Dito e feito quinze minutos depois, Chloe chegou a minha casa. Contei tudo à minha amiga, que nesse momento estava estática olhando-me.

— Ta, precisamos achar uma maneira de você ficar. — começou a andar de um lado para o outro.

— Chloe, Chloe… para, amiga para.

— O que? — perguntou confusa.

— Eu vou viajar. 

— Não Mel, você não precisa a gente pode achar a solução só precisamos pensar.

— Você não entende… — digo com a voz barga, sentindo as lágrimas voltando. — Ele disse que ela morreu e não iria mais voltar, disse que eu precisava aceitar.

— Meu Deus…

— Eu vou Chloe, eu preciso ir. Eu já não posso com tudo isso, bebidas, festas e roupas não preenche este vazio que eu sinto aqui. — coloco a mão no peito, não mais controlando as lágrimas que insistem em escapar. — Vê-la aqui na minha casa, tentando roubar o lugar da minha mãe, ver o meu pai dizendo coisas como as que ele disse hoje, eu não posso Chloe. Não tenho forças para isso.

— Tudo bem, tudo bem… vai ficar tudo bem. — disse vindo ao meu abraço e me amparando.

E ali me entreguei ao choro, chorei até adormecer, com a decisão tomada. Inglaterra aí vou eu...

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