Capítulo cinco

Chegamos a casa de Jô e assim que ela nos vê abre o portão.

– Oi, tia Jô. Eu e minha mãe fizemos bolo pra todo mundo e ela guardou um grandão pra você.

– Que bom, Chapeuzinho Vermelho. Tem uma lobinha vendo televisão que vai adorar te ver. – Minha amiga nem precisa terminar e minha pimenta já sai correndo para ver a amiga, me pergunto se elas não se cansam de passar tanto tempo juntas.

– E aí amiga, como você está? Vejo que deu um jeito em você... gosto de te ver assim, sabia?

– Obrigada, amiga. Hoje foi um dia perfeito, tirando a parte do que aconteceu no sítio do falecido seu Toninho. – Rapidamente sua curiosidade se aguça e sei que ela vai querer saber de tudo.

– Deixa eu passar um café e aí você me conta tudo. – Ela corre para a cozinha para fazer café e eu vou para a sala ficar com as meninas, dar um beijinho na Bia e agradecer a ela por ter defendido minha filha.

Jô aparece com o café tão rápido que não consigo evitar brincar com ela.

– Espero que esse café não seja requentado. – Ela fecha a cara na hora e começo a rir.

– Nem se atreva a dizer que sirvo café requentado, sabe que eu não gosto disso. – Me aproximo dela e beijo seu rosto.

– Relaxa amiga, estou apenas brincando com você.

– Uma brincadeira idiota. Mas deixando isso de lado, agora vem, vamos tomar café e comer esse bolo que está com um cheiro bom.

– É o cheiro ou a fofoca que está te deixando com pressa? Deixa eu levar um pedaço de bolo para as meninas, aí eu te conto tudo.

Levo um lanchinho para as meninas e quando chego na sala vejo Bia com sua fantasia da Elsa.

– Chapeuzinho Vermelho e princesa Elsa, eu trouxe um lanchinho para vocês. – As duas vem correndo para pegar o lanche e sentar para ver desenho das princesas. Volto para a varanda e vejo Jô impaciente batendo o pé, me sirvo de café e começo a contar sobre tudo que aconteceu no sítio nos mínimos detalhes enquanto ela só observa para depois dar a sua famosa análise final. – Obrigada. Continuando, quando nos encaramos percebi em seus olhos um certo arrependimento, mas quando eu disse meu nome seus olhos se encheram de brilho e marejaram, ele tentou até disfarçar, mas eu percebi. Você não acha isso estranho?

– Eu acho. – Diz ela fazendo um sinal com a mão para que eu esperasse ela acabar de engolir. – Eu acho que ele viu uma gata de sutiã e calcinha tomando banho na nova propriedade dele.

– Ah! Pode parar. Um homem como aquele já viu mulheres bem melhores que eu.

– Por que você se rebaixa tanto Cindy? Você é linda e determinada, que lutou e conquistou as coisas que possui hoje e que cuida muito bem de sua filha sozinha.

– Obrigada pelas suas palavras, amiga... mas mesmo assim não quero saber de homens, vivo apenas para Luz.

– Quer saber a verdade? Você ama o David mesmo após todos esses anos e mesmo após tanto tempo, não conseguiu tirá-lo do coração.

– Não amo nada. – Fico emburrada e ela se diverte com isso.

– Ama sim.

– Quem ama quem? – escuto a voz de Ricardo, marido de Jô e meu grande amigo.

– Cindy ama o David, ex dela.

– O que te largou grávida? Não posso acreditar que isso seja verdade. – Ele faz uma cara que chega ser engraçada.

– Quem está dizendo isso é a sua mulher, não eu. – Rebato porque é a verdade, eu não disse nada, pelo menos em voz alta.

– Se eu vejo esse cabra safado na minha frente eu pego ele de pau. – Diz Rick com seu sotaque nordestino, arrancando risadas minhas e de Jô. – Nossa, cheguei com uma fome! Vou pegar um pedaço desse bolo.

Ele se serve e assim que come uma garfada e engole, ele elogia.

– Meu Deus, Jô! Que bolo delicioso! – ele lambe os dedos enquanto fala parecendo uma criança.

– Na verdade, quem fez foi a Cindy.

– Por Deus, Cindy! Que bolo mais gostoso! Nem parece que não sabia cozinhar.

– Pois é né! A aluna superou a mestre. Quando eu cheguei não sabia varrer o chão e fritar um ovo era um desastre, foi sua esposa quem me ensinou tudo, então só ando aprimorando o que aprendi.

– Já que tocou no assunto Cindy, filhos de rico não fazem nada? – minha amiga, como sempre, curiosa.

– Não posso falar por todos, mas lá em casa meus pais me proibiam de fazer qualquer coisa do tipo. Se eu tentasse limpar o chão que eu mesmo sujei era uma briga, mas vamos mudar de assunto. Não sou fã de falar do meu passado.

Somente Jô e Rick sabem da minha verdadeira origem, pois foi ela quem me ajudou quando cheguei aqui e precisava me adaptar.

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