Capítulo 9

Nina Kandon

Já faz horas que sai definitivamente do meu apartamento sem nenhuma comida no estômago. Consigo ouvir o coitadinho roncando de fome daqui.

 Tenho medo de passar mal na rua enquanto me direciono ao local em que trabalho e sinto uma ansiedade dominar meu corpo só em imaginar que não irei conseguir o meu emprego novamente. 

Suspirando alto, fechei meus olhos e mentalizei o quanto preciso desse trabalho, pois não me importo em me humilhar e implorar por algo que perdi sem ser culpada. Engolindo o bolo que se formou em minha garganta, vejo o quanto preciso desse trabalho como se fosse meu ar para respirar.

 Agora não tenho nada e ninguém que possa me ajudar e não tenho nem o Chease para aceitar a sua proposta. 

Fui tão estúpida, deveria ter aceitado logo o que ele me propôs, mas deixei o orgulho falar mais alto e recusei sem nem pensar em pegar o seu contato e agora estou aqui, na pracinha próximo ao pub aguardando ansiosamente 18h para que eu possa ir até o Jeremy e pedir meu trabalho de volta e olhando o horário em meu celular vejo que são apenas 2 horas da tarde e solto um suspiro sofrido enquanto ouço e sinto a dor em meu estômago por fome.

Comecei a me sentir mal nos próximos minutos, acredito que seja coisa da minha cabeça pois estou vendo uma movimentação muito estranha e intensa de pessoas no pub, não sei ao certo mas algo não me cheira bem. Enquanto eu passava as mãos pelo rosto, tentando absorver menos a dor em meu estômago quando de repente um homem alto, vestido de preto elegantemente com óculos de sol estilo aviador se aproxima de mim e me cumprimenta.

 — Boa tarde, Senhorita Kandon. Tudo bem?  

Eu travei no momento em que ele me cumprimentou pelo sobrenome.

Merda, ele me conhece.

Não é um bom sinal.

 —   O-oi, boa tarde. Tu-tudo bem e você?  

Ele arqueia a sobrancelha e me analisa por alguns segundos e sorri respondendo.

 — Estou bem, obrigado.    

Ele senta no banco ao meu lado e retira seus óculos deixando a mostra seus impressionantes olhos verdes e murmura.

 — Eu não quero assustá-la mas preciso fazer algumas perguntas… 

O que está acontecendo com esses homens? Que ficam querendo me fazer perguntas logo que me conhecem?

Eu heinn..

E estendendo sua mão ele continua me observando.

 —   Antes, deixe-me apresentar, sou Bruno Soratto, investigador e policial federal.

 E nesse instante meu corpo estremece e acredito ser por causa da fome e eu murmuro um pouco nervosa.

 —   Prazer em conhecê-lo, Sou Nina.

E estendi a mão para ele que a apertou um pouco mais forte que o normal e então continua falando com uma expressão séria no rosto.

 — Tudo bem fazer algumas perguntas? 

Confirmo com um gesto e permaneço em silencio e ele continua.

 —  Bom, então vamos almoçar, o que tenho para tratar é bem sério, e por isso, o almoço será por minha conta. 

Indescritível a sensação que atravessou meu corpo quando ele me convidou para almoçar.

Ai meu Deus, obrigada por isso.

“O almoço será por minha conta”, soa tão perfeito que eu poderia até me apaixonar por ele.

Mas antes de começar a segui-lo, eu o analisei demoradamente e pensei comigo mesma.

 E se for um golpe? E se ele quiser roubar algo de mim?

 E logo uma voz na minha cabeça avisa rindo de mim.

“ Pare de drama, Nina. Ele não vai querer roubar seu tênis de brechó.”

E com isso, revirei os olhos e me preparei para segui-lo, quando iria puxar minha mala, ele logo se ofereceu para me ajudar e disse.

 —   Vamos almoçar ali naquele restaurante, nunca comi ali e podemos deixar sua mala no meu carro.

Ele sorri pegando a mala da minha mão gentilmente e com isso confirmei sorrindo, me sentindo aliviada.

 —   Prontinho, agora vamos?  

Confirmei em um gesto positivo e começamos a andar em um silêncio tranquilo e assim que adentramos o restaurante, logo sou preenchida pelo cheiro magnífico de comida e com isso ele diz em um tom amigável.

 — Fique a vontade e escolha a opção que quiser, eu com toda a certeza vou no buffet livre.

E sorrindo saiu em direção a opção que escolheu e eu não fiquei para trás e digo rindo.

 — Olha, eu não sou o tipo de pessoa que nega comida, muito menos um buffet livre.

 E com isso começamos a rir e ele diz.

 — Então sinta-se em casa.

E eu confirmei com um enorme sorriso e começamos a nos servir.

Logo que escolhemos a mesa para nos acomodar, começamos a comer, ele diz entre uma garfada e outra.

 — Estou investigando sobre aquele pub onde você trabalha, não sei  por qual motivo mas eu sei que já faz alguns dias que você não aparece lá.  

E confirmando eu engoli a comida e tomei meu suco e respondi ao seu comentário.

— Eu sofri um pequeno acidente e então faltei alguns dias e acredito que tenha perdido o emprego e hoje tentarei recuperá-lo mas... 

Ele para o garfo no ar e me olha curioso quando eu deixei a frase inacabada e me incentivando a continuar com um gesto, eu logo prossegui. 

 — Bom.. eu nunca reparei tanto movimento durante o dia no pub como aconteceu hoje, é bem estranho. 

Ele assentiu e então comecei a comer mais um pedaço do meu magnífico bife e Bruno falou.

 — Durante a noite, você via apenas os clientes? Não tinha ninguém que pudesse indicar ou caracterizar tráfico de drogas?   

Comecei a pensar melhor nessa hipótese e então me lembrei de uma situação que aconteceu a poucos dias e comecei a falar.

 —   Nunca havia pensado nisso até agora, mas teve um dia que vi alguns homens  usando ternos sofisticados entrando pelos fundos do pub e foram bem agressivos com o Sr. Jeremy e eu apenas saí o mais rápido possível para que não sobrasse nada para mim.

Falei dando de ombros e ele assentiu e disse.

  —   Bom, essa informação me ajuda muito, Nina.

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