Capítulo 05

— Então, vai entrar, ou ficar aí na porta babando? — Pergunto a ele.

— Com certeza entrarei, vou admirar mais de perto toda essa sua beleza! – Ele me diz.

— Você quer jantar agora, ou mais tarde?

— Pode ser agora, vai que depois que começarmos a conversar, você me manda embora com fome, ainda mais sabendo que não sei cozinhar.

— Não se preocupa amor, você tem dinheiro, pode ir a um restaurante e jantar! – Digo num tom de divertimento.

— HAHAHA! Se fosse assim eu não tinha vindo! – Diz Enzo fazendo cara de cachorrinho sem dono.

— Vamos jantar e conversamos enquanto comemos.

Sentamo-nos e começamos a nos servir, assim que nos servimos começamos a comer, espero o que parece uma eternidade e ele não fala nada, somente depois de quase meia hora o bonitão resolve falar.

— Bem, o imprevisto sobre o qual eu disse que tive foi que minha irmã voltou do Brasil com problemas, ela foi até o escritório e quando começou a falar o que estava acontecendo perdi a cabeça, pensei nos meus pais e no que faríamos. Minha irmã só tem dezoito anos e está encrencada, não sabia o que fazer, e por não saber o que fazer, tomou a pior decisão de toda sua vida, não sou a favor, mas também não sou contra, imagina só se isso acontecesse conosco?

— Calma aí, o que sua irmã fez? Qual é o problema, não se esqueça de que você ainda não me disse o que ela fez!

— Ah é verdade, então, minha irmã se envolveu com uma pessoa errada e acabou engravidando, como não sabia o que fazer e nem queria ser mãe tão jovem, ela foi a uma clínica clandestina no Brasil e fez um aborto há um mês, só que acabou pegando uma infecção generalizada e como consequência desse aborto há uma grande possibilidade de ela não poder engravidar novamente.

— Nossa não sei o que dizer. – Realmente me encontro sem saber o que falar, penso comigo mesma.

— Está vendo porque você não pode ficar chateada comigo? – Diz ele como se isso fosse à coisa mais normal do mundo.

— Olha eu entendo seu lado como irmão. E como este fato deve ter te assustado. Afinal ela e muito jovem e isso e muito grave. Apesar de ser contra o aborto. Foi uma escolha dela faze-lo e não e algo que seja da minha conta. Afinal ela vai ter que lidar com isto o resto de sua vida a única coisa que discordo e que você disse para pensar que se fosse conosco. Como eu posso sequer cogitar esta idéia. Primeiro que nós nem transamos ainda, segundo se por um acaso eu ficasse grávida e se você fosse contra e pedisse para eu tirar a criança. Não pense nem por um segundo que eu acataria essa ordem. Sem dizer que eu não seria estúpida o suficiente para sair por aí transando sem proteção, vai saber com quantas mulheres você já transou e com quantas você foi junto fazer exames para saber se elas tinham alguma doença sexualmente transmissível, ou até mesmo você né, então não diga se fosse conosco! — Falo num tom que nunca precisei falar antes com alguém.

— Bem, em momento algum eu disse que você faria o mesmo, apenas para se colocar no lugar dela, e em questão a ter ou não alguma doença, fica tranquila que não tenho nada, faço exames a cada seis meses, para minha própria segurança, e não irei te transmitir nada!

— Enzo, por um acaso você acha correto o que ela fez? — Falo exaltada.

— Claro que não Melody!

— Então para de falar como se ela não soubesse o que é certo e o que é errado!

— Não disse que ela não sabe, apenas que na hora do desespero tomou uma decisão errada!

— Ah vai né, na hora de dar o rabo ela soube muito bem, agora ir lá e tirar a vida de um ser inocente, ela não parou para pensar né!

— Não sei por que você está tão estressada, não foi com você que aconteceu. Então você não sabe como é estar em uma situação da qual você não sabe como agir porra!

— Não sei Enzo, eu fui abandonada pelos meus pais no meio da rua quando eu tinha seis anos, e se não fosse a vovó a me acolher, eu estaria na rua ainda e sabe-se lá Deus o que teria acontecido comigo! Agora você falar que eu não sei o que é se encontrar em uma situação desesperadora, me poupe né, há quase três anos que eu venho enfrentando a vida sozinha, sem ter um parente e sem saber o porque dos meus pais me abandonarem e você me diz que eu não sei o que é isso? Eu poderia estar desesperada ainda sim eu não abortaria MEU FILHO! — Digo quase gritando com ele.

— Mel, me perdoa amor, eu não queria te machucar, é claro que não foi isso que eu quis disser, só que é difícil para eu assimilar o que aconteceu sozinho. Claro que não queria que ela fizesse isso e sei que falar sobre isso com você a magoaria…. Sei que você passou por muitos momentos ruins, e que você não faria o mesmo.

Ele diz e percebo uma grande tristeza em seus olhos, percebo que ele se sente arrependido da maneira que falou comigo, e sei que talvez me alterei, mas falar sobre isso é um algo que me magoa muito, me traz de volta momentos ruins e que não gosto de lembrar. Há quase cinco meses descubro que tem alguém querendo ferrar com minha vida, e agora isso, acho que não tem como essa noite ficar pior.

— Mel, meu amor eu só preciso de ajuda para saber lidar com a situação e você brigando comigo não me ajudará muito, só faz me sentir pior do que já estou, se eu vim aqui foi porque não queria que você ficasse chateada comigo, então, por favor, me perdoa se eu falei ou fiz algo que magoou você, é que realmente estou perdido, sem chão com o que aconteceu com a minha irmã, e sei que se ela não tiver mais filhos será um castigo de Deus pelo que ela fez.

— Enzo, o que eu te aconselho é falar com seus pais e informar o que está acontecendo, ou você fala para sua irmã conversar com eles, pois eles se sentiriam piores se descobrissem sozinhos, só dando esse conselho que eu posso ajudar você a ajudá-la.

— Eu sei, obrigado, vou falar com ela e se ela não falar eu mesmo falo para nossos pais.

— Você vai ficar para dormir aqui? — Eu pergunto para ele.

— Acho melhor não, já estamos alterados e não quero que você acabe me matando, acho melhor eu ir para casa. — Tudo bem então, boa noite e até amanhã — Digo com voz embarcada pelo choro preso.

— Tchau amor, boa noite e até amanhã, nos vemos no trabalho. — Diz, me beija e logo se vai.

Droga! Por quê? Era melhor ele não ter falado comigo, será que sou tão complicada assim que ele não consegue me ver com olhos de desejo? Arrumei-me toda para ele, e para que? Para acabarmos assim, brigando feio, tanto que até gritamos um com o outro. Arrumo a cozinha e vou para meu quarto, tiro minha roupa e deito só de calcinha e sutiã, tento dormir, mas não consigo, quando finalmente acho que dormi meu despertador me desperta de um sonho confuso que acabei tendo com o Enzo e o Ricardo, ainda confusa me levanto e vou tomar banho, no banho fico pensando no sonho, nele Ricardo me chama para jantar na casa dele e depois de algumas taças de vinho ele simplesmente fica muito ousadinho. Quando começamos a nos beijar, ele abaixa as alças do meu vestido e logo então começa a chupar meus mamilos já endurecidos de tanto tesão, e vai descendo e beijando minha barriga, meu umbigo até chegar na minha calcinha que ele tira suavemente e logo então começa a chupar e beijar minha boceta. Seus beijos se intensificam e quando menos espero me penetra, tirando minha pureza, nesse exato momento Enzo invade sua casa e os dois começam a brigar e então eu acordo. Poxa, a parte dos beijos estava tão gostoso, parecia até que era verdade; vou para o quarto, me arrumo, desço e decido tomar só um café e vou para o trabalho. Ultimamente a Lui não tem ido comigo, sinto a sua falta.

Assim que chego à empresa passo pela recepção principal, cumprimento Sâmila, que foi trocada de andar, e vou para o elevador, aperto meu andar e quando o elevador apita, logo de cara vejo Ricardo, e as imagens do meu sonho vêem em minha mente, e, com certeza, eu coro, pois ele está me olhando, então decido falar alguma coisa logo.

— Bom dia Ricardo.

— Bom dia Ruivinha linda, tudo bem?

— Tudo sim perdição. — Digo brincando e ele cora com meu comentário, então eu penso, será que quando ele está na cama também cora?

— Ruivinha… ruivinha… – Ele diz.

— Vou para minha sala, pois tenho muito trabalho, nos vemos depois! — Falo e vou para a minha sala.

Já chego ligando meu PC e ao mesmo tempo tirando meu tablet da bolsa, pois preciso fazer umas anotações que anexei a ele. Conecto-o via USB ao PC e transfiro os arquivos e vou enviando para cada comprador os contratos, não gosto de fazer isso de casa, assim que termino, começo a anexar as planilhas de compras e vendas, faturamentos, pagamentos e os documentos da nova filial que abrimos, são tantos documentos que só termino às 13 horas. Desligo a tela do PC, pego meu tablet e minha bolsa e vou almoçar, assim que chego no restaurante da empresa encontro Lui e Ricardo, eles dariam um casal perfeito penso comigo, mas com uma pintada de ciúmes, chego na mesa e os cumprimentos.

— Olá gente! — Eu digo.

— Olá amiga, tudo bem? — Pergunta Lui, sempre ávida por informações.

— Sim amiga, o mesmo de sempre e você está bem?

— Sim estou.

— Eu também estou bem! — Diz Ricardo

— Desculpe tudo bem com você? O que nos conta?

— Nada.  — Ele diz meio tímido.

Então voltamos a conversar e marcamos de ir a uma boate na sexta depois do trabalho, seremos só nos três, terminamos de almoçar e vamos para nossos lugares, são tantos trabalhos que Deus, às vezes penso em arrumar um trabalho numa editora, Assim poderei trabalhar em casa e na outra coisa que gosto que é escrever, não sei se algum dia eu chegarei a ser uma escritora, mas, com certeza, tenho a imaginação bem fértil para isso, trabalho a tarde toda e o começo da noite em um fechamento de contrato, como passei uma hora da minha hora de sair, decido ficar mais um pouco e terminar logo tudo para o dia seguinte. Às dezoito e meia meu celular vibra, vejo que recebi uma mensagem de Enzo:

Amor, tive que sair às pressas para ir a reunião, sei que você ainda está na empresa, não saia tarde daí.

Com amor,

Enzo.

Decido respondê-lo:

Não chegarei tarde em casa, fiquei para resolver umas coisas que faltava, mas já estou indo,

 Mel :<)

Assim que termino pego minha bolsa, desligo meu PC e saio, vejo Ricardo também saindo que logo diz:

— Trabalhando até mais tarde?

— É, mas já estou indo, quer uma carona?

— Não precisa, vou de ônibus, obrigado!

— Que isso, vamos, eu te levo, pois moramos praticamente na mesma rua e não custa nada, na verdade não custa nada virmos e irmos todos os dias juntos.

Ao dizer isso o vejo sem graça, então decido me aproveitar um pouco, antes de irmos desabotoo dois botões da minha camisa para realçar mais meu colo e o pego olhando, vamos para o elevador, assim que chega ele aperta o botão para as portas se abrirem e nós entrarmos, uma vez dentro o silêncio é enorme, quando o elevador para no estacionamento nós dois saímos e vamos para meu carro, destravo-o e entramos, ligo o rádio e deixo numa estação que está tocando Adele Someone Like You. Eu amo essa música, começo a cantarolar e saio do estacionamento, nesse momento sinto os olhos de Ricardo me queimarem, então começo a cantar só que agora um pouco mais alto

— Não sabia que você cantava tão bem.  — Diz Ricardo.

— Obrigada! — Agradeço ele. — Mas não canto bem, apenas gosto de cantar mesmo sem saber.

— Você canta muito bem. — Diz ele.

— Obrigada!

Dez minutos depois chegamos, deixo-o em sua casa, ele me cumprimenta e agradece, então vou em direção à rua da minha casa, não demora nada, estaciono o carro e entro em casa, tiro meus sapatos e vou fazer o jantar. Prendo meu cabelo em um rabo de cavalo, e fico escolhendo o que fazer para jantar e deixar pronto para amanhã, então decido fazer macarrão no alho e óleo, faço uma salada, carne moída a bolonhesa, e purê de abóbora. Feita a comida vou para meu quarto, tiro minha roupa e vou para o banho, encho a banheira e entro dentro dela, me permito ficar admirando o banheiro, pois depois do meu quarto, o banheiro é o lugar da casa que eu mais gosto, os azulejos da parede são todos azuis-claros, o piso é de porcelanato branco, a decoração é em tom de azul exceto em volta da banheira que é toda branca e redonda, uma janela que me dá uma vista linda do quintal da minha casa. Como sou feliz nessa casa, como serei grata à vovó Ester que me deixou a casa e um dinheiro guardado, o único amor que eu realmente tive foi da minha vovó, sinto tanto sua falta, que dói meu peito pensar que não a verei mais, que ela não me abraçará mais, que não sentirei mais seu perfume, só a vovó me conhecia como ninguém, não sei como fui merecedora de tanto amor assim pela parte da vovó, pois dos meus pais eu não me lembro, me abandonaram na rua quando eu tinha seis anos, passei quase quatro meses na rua, com medo, com fome, na esperança que meus pais voltassem para me buscar, então o tempo foi passando e nada deles voltarem, até que um dia a vovó passou e se aproximou de mim, ela me dizia que seu peito doeu quando ela me viu, uma criança tão linda deitada naquele chão, desde então, o único amor que eu vinha recebendo era da minha vovó! Como eu a amo, como eu vou amá-la sempre, além de minha vovó ela era minha mãe. Não sei o que faria se reencontrasse meus pais depois de tantos tempos, não sei.

Saio da banheira e vou para o meu quarto, coloco meu babydoll da deprê e desço, como alguma coisa, depois guardo o que sobrou na geladeira e vou para o meu quarto, ligo a TV e deixo num canal qualquer, pego meu notebook e vou abrindo uns documentos quando me deparo, com meu livro de poesias que estava escrevendo.

[…] Um dia eu amei,

Um dia eu soube que tudo não passava de ilusões,

Um dia me machucaram, um dia me largaram, mas encontrei pessoas que ao longo dessa jornada me amaram de verdade, me mostraram que não seriam pequenas pedras que me derrubariam…

Porque eu cresci, eu lutei e eu venci.

Melody Hernandes.

Vou lendo página por página, até que o sono me pega e adormeço.

Acordo me sentindo melancólica, vou para o banheiro faço minha higiene, tomo banho e me arrumo, coloco um vestido social rosa clarinho um scarpin nude, prendo meu cabelo em um rabo de cavalo, decido não passar maquiagem nenhuma, desço tomo café pego minhas coisas, as coloco dentro do carro, e sigo rumo ao trabalho.

Assim que chego vou direto para minha sala, dois minutos depois Ricardo me diz que Enzo pediu para eu ir à sala dele, deixo minhas coisas na minha sala e vou, assim que chego bato na porta e logo escuto um “Entre! ”.

— Bom dia, amor! — Ele diz.

— Bom dia! — Digo para ele sem conseguir usar o mesmo jeito carinhoso que ele usou para me chamar.

— Amor, pedi para você vir na minha sala por que hoje você terá que almoçar com o quase sócio da empresa, o senhor Lorenzo, o velho é podre de rico e que ser se associar à empresa.  — Me diz meio incrédulo, só não entendi o porquê.

— Mas por que eu? Essa não é minha área!

— Porque você é uma das poucas funcionárias da empresa que é bilíngue, e sei muito bem do seu potencial e você tem aparência perfeita! Sei que conseguirá fechar esse contrato. — Na empresa tem outras pessoas muito mais capacitadas do que eu Enzo, venho fazendo há anos o trabalho de todos, vocês se esquecem de que sou funcionária do RH! — Digo chateada.

— Calma aí amor, será que você pode fazer isso? No momento não vejo pessoa mais capaz do que você, se eu não tivesse várias reuniões eu iria, mas não dá!

— Está bem, aonde e que horas?

— Mandarei o motorista da empresa te levar ao restaurante combinado com o Lorenzo.

— Ok então, é só me avisar que horas terei que sair, para deixar tudo pronto, por favor.

— Certo amor, ao meio dia você sairá daqui com o motorista Antônio.

— Certo. Quando vou me virar para ir embora o lembro de me dar os contratos e os papéis para revisar, pois não quero chegar nessa bendita reunião sem saber o que negociarei.

— É claro amor, daqui a cinco minutos estarão na sua mesa todos os papéis. Assim que ele fala, vou para minha mesa enfurecida, pois não é por que temos um caso, que ele também tem que me colocar para resolver todos os assuntos da The Word.

Chego à minha sala e logo em seguida Ricardo traz os documentos, eu até queria parar para conversar com ele, mas realmente não posso, tenho que analisar tudo e partir para a reunião.

— Obrigada Ricardo. — Agradeço-o assim que me entrega o envelope.

— De nada Ruivinha, e aí vamos almoçar juntos hoje?

– Oh meu bem, hoje não dará! Enzo me encarregou de ir a um almoço de negócios e não posso faltar, quem sabe amanhã?

— Combinado então! Ao meio dia o senhor Antônio me leva para o restaurante, chego lá às doze e trinta, o lugar é simplesmente chiquérrimo. Puts! Tomara que ele que pague a conta porque se não ficarão no mínimo três salários meus aqui, assim que entro sou direcionada para a mesa na qual se encontra um senhor de aproximadamente 47 anos, pra falar a verdade muito bem conservado, assim que me aproximo ele diz:

— Buenos dias! Señorita Melody?

— Sí, soy yo.

— Encantado de conocerte. Me llamo Lorenzo Trinttoni.

— Encantada de conocerte, Sr. Trinttoni. Bueno, mi jefe, el Sr. Garry, me dejó encargada de acertar todo contigo.

— Ah, si, Señorita Meloy. Acaba de pasarme los contratos y dígame como va a trabajar para que los firme y podamos comer en paz.

Então lhe explico cada cláusula do contrato e assim que percebo que ele entendeu tudo os entrego e ele os assina, deixo uma cópia do contrato com ele, fazemos nossos pedidos e almoçamos, assim que terminamos ele me pergunta se quero pedir a sobremesa

— Podemos pedir lo que el señor preferir.

— Como caramelo? ¿Podemos pedir un dulce? Qué te parece?

— Perfecto. Puede ser budín de leche condensada.

— De acuerdo. Budin es mi postre favorito.

Assim que terminamos nossas sobremesas, vamos cada um para seu rumo, meia hora depois estou na empresa, olho no relógio e vejo que já passam das três da tarde então, vou para minha sala arquivo os contratos e arrumo minha mesa, hoje finalmente consegui sair na minha hora. Vou em direção ao elevador quando escuto alguém me chamando. 

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