Capítulo 7

LEXIE

Estamos nos beijando, ao mesmo tempo em que Stephan se esforça para conseguir abrir a porta sem desgrudar nossos lábios. Gargalho quando cambaleamos para dentro de sua casa. Ele segura firme minha cintura. Nos separamos pela falta de ar em nossos pulmões.

Olho para ele e ele faz o mesmo, me sorrindo de um jeito esquisito.

— Meu cabelo deve estar cheio de areia.

— Não só o cabelo, se quer saber...

Arregalo os olhos e ele ri. Me puxa para seus braços e me beija mais uma vez. Estou tão viciada em seus beijos. Quero nossos lábios unidos todo o tempo. Quero isso mais do qualquer outra coisa. Quero Stephan. Quero para cacete.

Steph ergue suas mãos até meu rosto e acaricia levemente, de um jeito carinhoso, de um jeito que me faz querer fechar os olhos e aproveitar a sensação do seu toque suave em minha face. Meu corpo estremece. Eu estou ali, mas ao mesmo tempo não estou. No entanto, meu corpo tem a consciência de que algo está em contato com meu corpo. Suas mãos estão tocando meu corpo e isso faz com que eu me arrepie dos pés a cabeça.

— Lexie, você está me deixando maluco. — ele sussurra extremamente perto de meus lábios.

— Estou? — abro os olhos e prendo seu corpo ao meu.

Aproximo nossos lábios e sem moderação alguma, mordo seu lábio inferior. Talvez tenha sido um pouco doloroso, mas tudo que Stephan faz é abrir um sorriso malicioso nos lábios e, em seguida, gemer baixinho.

Não tão baixo, aliás.

— Stephan, é você?

Ouço uma voz desconhecida cheia de rouquidão soar bem atrás de mim. Me viro e vejo um homem que deve ter provavelmente a mesma estatura que Stephan. Não só a mesma estatura, mas tudo neles dois parece ser semelhante. É então que me lembro daquele rosto. É o mesmo homem que deu entrada no pronto-socorro na noite em que conheci Stephan.

Coro imediatamente.

O homem alto e moreno — ou melhor, o pai de Stephan — acende as luzes, deixando minha vergonha ainda mais exposta.

— Oh! Eu não sabia que estava acompanhado...

Olho de lado para Stephan. Ele não parece nem um pouco contente. Pelo contrário. Parece estar profundamente aborrecido.

Sua mão procura pela minha e, assim que a encontra, ele a aperta com força.

— O que você quer? — ele questiona ao mais velho.

O pai de Stephan nega, balançando a cabeça. Seus olhos pousam em mim e ele analisa cada detalhe do meu rosto de um jeito que me constrange.

— Ouvi um barulho, queria apenas me certificar de que era você.

— Quem mais seria, afinal?

— Quem é a jovem? Não vai nos apresentar?

Stephan nega freneticamente. Eu olho para ele e arregalo os olhos.

— Me chamo, Lexie, senhor. — me apresso em dizer.

Não sou mal educada. Não será a primeira vez que serei.

Dou um passo a frente e o pai de Stephan faz o mesmo.

— Ah, claro. Como vai, Lexie?! — ele crispa a testa. — Ah, sim. Sou Peter Oliver, pai de Stephan, acredito que ele tenha falado muito sobre mim, não é?

O homem solta uma risada fraca, carregada de ironia.

Stephan revira os olhos.

— Venha, vamos para o meu quarto, Lexie.

Ele me puxa, mas antes de subirmos as escadas, ouço Peter se direcionar à mim, mais uma vez:

— Sabe, Lexie... seu rosto não me é desconhecido. Sinto que já te vi em algum lugar.

Franzo a testa. Peter mais uma vez analisa minuciosamente cada detalhe de meu rosto. Forço um sorriso.

— Não sei, você me lembra alguém. Mas... Talvez seja impressão minha. — ele ri. — Foi um prazer conhecê-la, Lexie...?

— Lexie Sant. — murmuro, meio intrigada.

Os olhos de Peter agora brilham de um jeito diferente. Dou de ombros. Stephan me puxa. E eu simplesmente fico grata que ele tenha me tirado dali e daquela saia justa.

> > >

— É tudo para me provocar, entende? Ele faz para provocar, porque sabe que o som da sua voz me irrita.

Stephan parece realmente aborrecido. Seus olhos exalam um fogo diferente do que estou acostumada a enxegar nele. Não é o mesmo fogo com que ele me olha, é fogo de raiva. Ele tem realmente muita raiva de Peter e, mesmo que eu queira muito saber, não acho que é o momento. Também não acho que tenho direito de perguntar sobre sua vida pessoal, assim, dessa forma tão invasiva.

— Ei, tudo bem. Não quero te ver aborrecido. Não depois da noite que tivemos. Podemos mudar de assunto? Você pode simplesmente me sorrir? Eu gosto do seu sorriso...

Olho para Stephan cheia de expectativa.

Um esboço de sorriso começa a surgir em seus lábios. Eu fico aliviada por motivar um sorriso nele. Especialmente agora.

— Foi a melhor noite da minha vida. — ele diz, os olhos agora brilhando. — Não vou pedir para que diga que eu sou melhor que o babaca do seu noivo, seria injusto com ele.

Ruborizo.

Mordo meus lábios.

Os olhos de Stephan pousam em mim.

— Ah, vai. Quem é melhor? — ele diz, um sorrisinho de lado. — Eu ou o noivo babaca?

Abro a boca para dizer a verdade, nua e crua, como ela é, mas simplesmente não consigo.

— Esse silêncio não me parece muito bom...

— Stephan... — coloco as mãos para cobrir meu rosto. Stephan tenta retirá-las, eu solto um suspiro fraco.

Finalmente encontro coragem para encará-lo.

— Não posso comparar. Não tem como.

— Como não?

Ele crispa a testa, parece magoado e eu quero rir da sua cara, mas a vergonha do que vou revelar me impede de realizar tal ato.   

— Não posso comparar porque nunca transei com o Evan. — sopro. Fecho os olhos numa tentativa estúpida de não enxergar a reação de espanto de Stephan.

— O que... não... está falando sério?

Abro os olhos. Encontro coragem no mais íntimo do meu ser.

— Por que acha que estaria mentindo? Eu... nunca... você foi... foi o primeiro.

Um silêncio se instala e eu temo que isso signifique algo muito ruim, mas, para aliviar a tensão, Stephan segura firme em meu rosto, abre um largo sorriso antes de me beijar profundamente.

— Lexie, eu nem sei... eu... — ele molha os lábios. — você... hã... você gostou? Quer dizer... era o que esperava? Deveria ter me dito, eu teria feito diferente e...

Calo sua boca, beijando-lhe rapidamente.

— Se tivesse feito diferente, talvez não tivesse sido tão perfeito quanto foi.

Ele abre um sorriso brilhante, daqueles que ilumina tudo ao redor.

— Achou perfeito?

Assinto, balançando a cabeça.

— Sabe de uma coisa? — eu ergo o cenho. — Acho que... Não. Acabei de ter certeza.

Franzo a testa.

— Estou apaixonado por você.

E nos beijamos mais uma vez, dando início a mais um ato de amor entre nós.

> > >

A casa está assustadoramente silenciosa. Caminho em direção a cozinha, e como já era de se esperar, Meg está lá, empenhada no jantar que será servido em poucos minutos. Caminho silenciosamente até ela, que não percebe minha presença.

Me posiciono atrás dela, segurando o riso. Conto mentalmente até três e ataco Meg, que solta um grito fino e muito engraçado. Caio numa gargalhada sem fim. Procuro por qualquer coisa que me ajude a me manter de pé. Lexie está vermelha, uma das mãos em seu coração, sinalizando o susto.

— Menina! Santo Deus! Poderia ter me matado, sabia?

Concordo, balançando a cabeça e ainda rindo condenadamente.

Meg faz uma careta. Ando em sua direção e a abraço à contragosto.

— Não me venha com abraços. Falo sério quando digo que poderia ter me matado, Alexie.

Respiro fundo, finalmente conseguindo cessar o riso. Devo estar toda vermelha.

— Desculpe, Meg. Não queria te assustar. — minto descaradamente.

— Ah, não? — ela rebate, cheia de ironia.

Gargalho fraco. Me curvo e beijo sua bochecha.

Meg finalmente baixa a guarda. Me sorri.

— Para alguém que está acordada há dois dias consecutivos, não deveria estar tão bem-humorada assim, deveria?

Solto mais uma risada.

— Estou... feliz. Não posso?

— Claro que pode. Só que geralmente chega cansada e com a cara fechada.

— Mas hoje me sinto animada.

— Que bom, porque vai precisar de muito ânimo para aturar sua mãe e suas tias falando sobre a decoração do casamento.

Aquela palavra surge e me traz de volta a realidade. Meu sorriso murcha de modo instantâneo.

Por um mísero segundo esqueci-me dos problemas. Tudo que tinha em mente era Stephan. Nós dois. A noite que tivemos.

Casamento. Casamento. Casamento.

Uma única palavra e um efeito engrandecedor de trazer de volta minha realidade infeliz.

— Elas estão...

— No quarto de sua mãe, estão trancadas desde cedo. Me pediram para avisar quando chegasse.

— Não existe outro assunto que não seja sobre o casamento? Santo Deus, eu estou tão cansada...

Meg torce a boca.

— Elas estão ansiosas e apenas esperam que tudo esteja impecável.

Rolo os olhos, meio irritada.

Ouço vozes femininas vindo em direção a cozinha, não preciso adivinhar de quem são as vozes.

Mamãe é a primeira a entrar na cozinha. Abre um sorriso quando me vê.

  — Querida, chegou há muito tempo? Deus, deve estar tão cansada, não é?

Balanço a cabeça em afirmação, mamãe vem em minha direção e me abraça forte.

— Você...

Ela para de falar, me afasta e crispa a testa quando olha para meus cabelos.

— O que foi isso? Seu cabelo está imundo, Lex... Parece... é, —  ela pondera, analisando-me. —  Parece areia. É areia, não é?

Meu coração acelera. Minhas mãos começam a suar.

— Eu... Não. Como poderia ser areia, se estive no hospital todo esse tempo?

Mamãe crispa a testa.

— Mas está completamente sujo e isso me parece areia. Não é, Pam?

Tia Pamela se aproxima rapidamente e não demora em concordar com minha mãe.

— É, parece sim.

Olho para tia Sabrina na esperança de que ela me compreenda e que esteja disposta me ajudar.

— Besteira. Vocês duas são malucas. — tia Brina olha para mamãe e tia Pamela. — A menina está cansada, por que não a deixam tomar um banho, uh?

Agradeço internamente por tia Sabrina ter compreendido meu olhar. E, mais que isso, por me ajudar.

Solto um suspiro fraco e tento normalizar meus batimentos.

— Vá tomar um banho, trocar de roupa. Temos muita coisa para fazer hoje.

Mamãe diz com um sorriso e eu faço uma careta.

  Que tipo de coisa?

  Cuidar dos preparativos do casamento, Lexie.

— Faltam semanas ainda, mamãe.

  Não se pode deixar para última hora, minha filha.

Reviro os olhos.

— Isso, revire esses lindos olhos azuis que Deus te deu. Mas suba, tome um banho e desça para nos reunirmos, tudo bem?

Assinto, sem dar muita importância.

Como posso organizar os preparativos de um casamento que eu nem sei se vai acontecer?

Se Stephan realmente quer ficar comigo para valer, ele precisa agir rápido. Provar que tenho todos os motivos do mundo para jogar tudo para o alto e ficar com ele.

Se é esse o seu desejo, então ele precisa simplesmente dizer.

E rápido. O mais rápido que puder.

>>>

A água morna cai sob meu corpo, enquanto fecho meus olhos e lembro da noite passada. Os beijos de Stephan, nossos corpos se torando um só, a chama ardente e crescente entre nós dois. Cada toque seu me causava uma reação inexplicável.

Abro os olhos e sorrio. Sorrir é tudo que posso fazer. Lembrar. Reviver.

— Já terminou?

Ouço a voz de Tia Sabrina, o box está fechado, não consigo vê-la.

— Sim, pode me passar o roupão, por favor, tia?

Tia Sabrina afasta um pouco a porta do box e me entrega o roupão. Me cubro e quando saio, ela está séria, olhando para mim a espera de que eu conte a verdade. Ela sabe que menti para mamãe e tia Pamela.

— Esteve com ele, não é?

Não penso em mentir. Não há mais o que fazer. Apenas assinto.

— Sim, tia, estava com ele.

— Lexie... lembra do que conversamos? — balanço a cabeça em afirmação. — O que decidiu? Não pode ficar simplesmente saindo com esse garoto, se ainda está de casamento marcado.

— Nós dormimos juntos, tia. — meus olhos brilham, sei disso. — Eu... eu acho que... estou...

— Prometi que não ia te julgar, mas não posso continuar apoiando o que está fazendo. Não é uma criança. Precisa se decidir. Está enganando não só ao Evan, mas a este garoto. Está usando os dois e não acho que nenhum deles mereça isso, certo?

— Tia...

— Você é indecisa, Lexie. E isso pode te prejudicar muito.

— Tenho medo. Papai, mamãe... a família do Evan, todos esperam ansiosos pelo casamento. Como posso simplesmente decidir jogar tudo para o alto? — meus olhos marejam. — E, ao mesmo tempo, sei que é com o Stephan que quero ficar. As coisas que sinto quando estou com ele, não senti com mais ninguém.

— Cinco semanas, Lexie. Se casa em cinco semanas. — tia Sabrina me olha de um jeito duro, mas sei que não é por mal. Ela tem razão. Estou enganando a todos que estão ao meu redor. — Precisa decidir o que quer da vida. Ou a vida vai encarregar de decidir por você.

Minha tia se inclina e beija meu rosto rapidamente.

— Estaremos esperando lá embaixo, tudo bem?

Assinto.

Tia Sabrina sai cuidadosamente do banheiro e eu fico ali, me encarando no espelho, me sentindo suja, e mais suja ainda por não estar totalmente arrependida das coisas que estou fazendo.

Porque estou apaixonada por Stephan Oliver.

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