02 - ELEVADOR

E, ao contrário do que ela esperava, ele teve tempo para esticar a mão e impedir que as portas de aço se fechassem. Então o nervosismo a abraçou novamente.

A primeira coisa a ser sentida por ela foi o perfume do homem. Era como se seu olfato fosse desenvolvido apenas para aquele aroma. Forte, másculo e viciante. Não era só o perfume; aquela sensualidade não poderia ser encontrada em um frasco de vidro. Grande parte da atração que aquele cheiro espalhava era a persona do homem, em si.

Ela não via seu rosto coberto pela máscara cinza, mas o sentia na pele como se emanasse fogo. O homem era alto e forte, cada parte de seu corpo preenchia o smoking negro de maneira estratégica.

A máscara acima dos lábios desenhados, do nariz perfeitamente alinhado e da mandíbula marcada levava mistério ao homem, como um cavaleiro negro.

E sob aquela névoa estavam olhos azuis esverdeados. A ruiva sabia que precisaria de muito tempo olhando para eles até decidir se eram verdes ou azuis, mas também sabia que não conseguiria. Ele era sombrio demais para isso. Era intimidador. Aquele homem seria capaz de cativar uma multidão de pessoas, se quisesse, mas também poderia assustar a estes apenas com um olhar.

Sua mão foi até o painel e teclou o botão de maneira casual, mas não parecia tão simples vindo de uma figura como aquela. Sua mão expunha algumas veias saltando sob a pele, algo que o tornava másculo em um alto nível. Também havia um anel em seu dedo anelar, mas a mulher não teve tempo para o analisar. Cada movimento gritava controle meticuloso, centrado suficiente para decidir e comandar, diferente de qualquer outro que Blair havia visto.

Não era apenas uma tentação, era um convite.

Por um instante, ele olhou para a ruiva. Não que a tivesse ignorado antes, mas sabia fingir que sim. O homem sabia quando estava no controle de uma situação e, sem dúvidas, ele estava. O que emanava dele era inalcançável e inacessível. Parecia longe, mesmo estando ao lado de Blair.

A mulher ergueu os olhos para o homem alto ao seu lado, percebendo que seu olhar era ainda mais perigoso do que seu perfume. Ela sentia como se ele a atravessa-se, invadisse e explorasse sem permissão alguma. Blair aqueceu sob o azul daqueles olhos malignos, capazes de arrastar ao inferno ou voar até o céu.

Ela não pensou uma segunda vez antes de avançar sobre ele. O homem ao seu lado significava perigo e, ao mesmo tempo, era um ímã impossível de romper. Ele chamara com um olhar, e ela aceitou.

Ela se aproximou e grudou o vestido vermelho ao smoking. O homem não ficou surpreso, e não recuaria. Os lábios rosados dela, cobertos por uma camada brilhante de gloss, também o cativaram no primeiro segundo.

Ele agarrou sua cintura fina e aproximou aquele corpo macio ao seu, pronto para fazer jus à cidade do pecado. As mãos dele causaram um formigamento na pele dela, mesmo sob o vestido. Ele sabia o que estava fazendo, como estava fazendo, toda a excitação que fazia crescer apenas com um toque.

A mão que antes agarrava a cintura da mulher subiu lentamente, de forma planejada para aumentar o desejo. Ele deslizou a ponta dos dedos sobre o decote do vestido, tocando a pele levemente, provocando ardência. E quando alcançou sua garganta, o homem apertou os dedos ao redor do local, fazendo Blair pender a cabeça para trás.

Nenhum dos dois parecia preocupado com as variáveis, só o desejo se desenrolando entre eles era importante. A necessidade de algo carnal era palpável e, para além disso, a fusão entre eles seria esclarecedora. Ela queria saber como ele podia exalar tanto poder, e ele queria descobrir como ela conseguira ser tão angelical e sedutora ao mesmo tempo.

A forma como o maxilar marcado do homem enrijeceu fez Blair fraquejar e engolir com dificuldade, completamente afetada. O que quer que acontecesse entre eles seria como atear fogo em seus corpos.

Os lábios rosados dela se abriram para acomodar a respiração exigente que se perdera em sua garganta. Até respirar havia se tornado difícil no momento que as portas se fecharam e aqueles olhos se voltaram para ela. Contudo, a submissão que aquelas mãos a faziam sentir era o principal motivo de sua falta de fôlego.

Blair já estava nervosa ao lado dele antes, mas, junto ao seu corpo, ela sentia-se derreter. Não parecia real a ideia de que um homem de preto, tão bonito quanto um deus, tivesse lhe ganhado sem esforço algum, conquistando seu corpo como se o possuísse desde sempre.

Ele apertou os dedos em sua pele, tanto em sua garganta quanto na cintura, e um suspiro próximo à um gemido foi sua resposta. Blair estava entregue, desejando com todas suas forças que aquele aperto jamais chegasse ao fim.

O homem a empurrou para trás até que a tivesse como uma vítima, presa entre a parede do elevador e o corpo forte. E quando ele aproximou-se, prensando o corpo rígido contra o macio, Blair sentiu toda sua magnitude. Ela fechou os olhos, incapaz de suportar a intensidade do toque, do olhar, do aroma e da expectativa.

Aquele homem olhava para ela com desejo violento, deslizando os olhos por seu corpo como um caçador. Ele enfrentava uma dura batalha contra seu impulso, tentado a avançar sobre ela, contido pela ética e bom senso. Sua respiração pesada batia contra a pele feminina, causando sensações que a ruiva não seria capaz de descrever.

Ele aproximou os lábios do rosto dela, ainda segurando sua cintura e apertando sua garganta, e precisou de todas suas forças para não perder a postura e o controle sobre si mesmo, apenas pelo prazer de ter controle sobre ela.

Entretanto, todo o clima gritando sexo ao redor de ambos foi quebrado quando as portas se abriram no salão principal. O homem soltou a ruiva com economia de esforço e se retirou. Sequer olhou para os lados quando abandonou o elevador, muito menos para trás.

Blair precisou se recostar na parede para recobrar a sanidade, sentindo falta do toque que havia perdido como o pulmão sente falta do oxigênio. Ela ainda podia sentir os dedos daquele anjo caído em sua pele, e isso a assustou. A mulher viu-se inclinando para frente somente para sentir um pouco mais do perfume que ele deixou. O perfume que ainda estava em sua pele.

A última coisa de que precisava era de um homem como aquele, capaz de desarmar suas defesas e deixar suas pernas fracas. Aquilo seria perigoso demais, intenso demais, e ela sabia. 

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