Tentação oposta - Livro 2 da série: Os Mendonça
Tentação oposta - Livro 2 da série: Os Mendonça
Por: Novoayla
Capítulo 1

Catarina Hernandez

Estava no avião a caminho de Amsterdam, pensando em como meu mundo virou de cabeça para baixo no ano passado, quando meu pai morreu.

Londres era um lugar incrível para se viver, quando me mudei para Nova Iorque, cogitei me mudar para Londres, com o tempo fui desistindo, quando Vitória me chamou, tive que aceitar, ela sabe vender alguma coisa, quando quer.

Além do que Londres é considerado muito seguro, ainda tem todas as vantagens, clima bom, diversidade gastronômica e algo de outro mundo.

Já Amsterdam mantém um estilo mais reservado, antigo, acho que uma das categorias mais notáveis, é o sistema de saúde, que é impecável.

Quando meu pai morreu, eu tentei de todas as formas convencer minha tia a se mudar comigo, já que sangue do meu sangue, só existe ela, apesar de a minha família, que são as pessoas que sempre estiveram comigo, estarem em Londres.

A minha família se resume a Vitória, Ana e por fim Megan, elas sim, são as únicas pessoas que eu sei que posso contar em qualquer situação, Vitória seria a que eu chamaria se precisasse esconder um corpo, Ana eu chamaria se está em depressão , Megan eu chamaria se precisasse de uma roupa incrível e de um ombro para chorar.

Ontem a noite recebi uma ligação do Hospital Holanda, um dos melhores de lá, falaram que minha tia sofreu um acidente de carro.

Abro a tela do computador ainda no avião, a tela preta espelha uma mulher, demorei para entender que era eu, estava com olheiras meu cabelo estava preso em um coque desorganizado, usava uma camisa rosa de mangas, um especialmente marrom. E uma calça preta com botas de cano alto, que vinham até quase o meu joelho.

Comecei a trabalhar, respondi alguns e-mails, até que o motorista do trem fala "we zijn aangekomen op het centraal station, bedankt allemaal voor je voorkeur" (chegamos na estação central, obrigado a todos pela preferência) holandês com certeza não é minha língua favorita, mas fui obrigada a aprender.

Fecho o computador e o coloco dentro da minha pasta de couro, adorava andar com uma pasta, parecia que eu era do FBI ou até mesmo da Interpol.

- Vergiffenis - (perdão) falo quando bato em um homem alto sem querer.

- Mas que merda - ele fala.

Ah, então ele fala inglês.

- Me desculpe - falo e ele me olha com um olhar curioso.

- De onde vem? - ele pergunta olhando minhas roupas.

- Londres - olho para trás e apontando para o telão que dizia, que o avião de Londres havia pousado a poucos minutos.

Ele era alto, devia ter uns 1,90, usava um sobretudo que cobria todo seu corpo até os joelhos, nas mãos usava umas luvas de couro preto. Olhos verdes, cabelo castanho, barba rala, parecia ter uns 32 anos no máximo.

- Ik heb altijd van Londenaren gehouden - (sempre amei londrinos) ele fala.

- Você sabe que eu consigo te entender não é? E eu não sou londrina, sou brasileira - falo e ele levanta as duas sobrancelhas, parecendo estranhamente chocado.

- Uau, uma caixinha de Pandora bem na minha frente - ele fala e abre os braços.

Sorri pegando minha mala.

- Me desculpe por ter esbarrado em você, agora tenho que ir - digo.

- Espere - ele fala segurando meu cotovelo.

Olhei para sua mão e depois para seu rosto algumas vezes, tentando entender como eu entrei nessa situação, essas coisas só acontecem comigo mesmo.

- Sim? - pergunto me soltando da sua mão.

- Desculpe, foi impulso - ele fala e aponta para o meu braço - deixe, era a besteira.

Franzo a testa mas continuei o encarando, me lembrei da minha tia, sai correndo o mais rápido que eu pude, pensando que não poderia perdê-la também.

Pego o primeiro táxi para o hospital, assim que chego, tiro minha mala e deixo em um armário que tinha na recepção do hospital, torci para que ninguém pegasse nem a minha mala, muito menos a maleta.

Subo de elevador até a UTI, ela estava entubada - suspiro - minha dor de cabeça estava mais presente que nunca, parecia que minha cabeça ia explodir.

- Catarina Hernandez? - uma mulher me pergunta e eu me viro para encará-la.

- Sim, você é? - pergunto para a mulher que estava com a mão estendida, olho para a mão e depois para ela.

- Bom - limpa a garganta - sua tia sofreu um acidente de carro, já faz quase um mês que ela está internada e entubada, achamos que talvez ela não acorde, por isso ligamos.

- E você ainda não me falou quem é... - falo olhando para os meus pés.

- Me desculpe, sou a doutora Isis - ela fala e eu imagino Ana falando que Isis é nome de puta.

Não contive o riso.

- Claro - falo abafando o riso - irei manter os aparelhos, o tempo que for necessário.

Não vou desistir da minha família tão fácil, minha tia lutaria ao máximo e se for necessário lutarei por ela.

Entro no quarto, me sento na poltrona e seguro à mão, agora fria, mas que um dia esteve quente, tia Maria sempre foi muito especial para mim, praticamente cresci com ela, minha mãe, não gosto nem de pensar, a palavra "mãe "não era exatamente como eu a definia.

Fui morar com a minha tia muito cedo, ainda no Brasil, me mudei para Amsterdam para morar com meu pai, depois de muita insistência, Maria aceitou morar conosco, pense em uma mulher forte, destemida, guerreira, ela que me ensinou tudo que sei aprendi com ela e com as meninas óbvio.

- O que é isso? - pergunto nervosa enquanto a máquina faz um barulho agudo.

- Tirem ela daqui - a médica fala, um homem praticamente me arrastou para fora do quarto - carrega em 200 - a tal Ísis fala - uma ampola de adrenalina.

Nesse momento um filme completo da minha vida, passava pela minha cabeça, me sentei no chão e abracei os meus joelhos, sentindo as lágrimas rolarem pelo meu rosto.

- Sinto muito - Ísis fala colocar uma mão no meu ombro.

Queria gritar. Gritar bem alto, que pelo menos uma vez, queria meu mundo fixo, sem perdas, sem entradas. Apenas eu e eu.

Tiro a mão dela do meu ombro, me levantei, junto comigo levanto uma muralha ao meu redor, agora aprenderei a viver sozinha.

Com a minha tia, morreu na antiga Catarina, agora eu serei a melhor inimiga para se ter, serei a melhor classe, contarei minhas maiores metas, ser bilionária já foi realizado, agora vamos para outro patamar.

Amanhã retornarei a Londres, assim que estiver de volta, mostrarei a todos que eu mudei.

Nunca permiti que ninguém duvidasse do meu potencial, não seria agora que eu deixaria isso acontecer, vou aumentar o patamar em todos os sentidos.

Sai do hospital, mais rápido que um foguete, fui para o hotel Conservatorium, fiz o check-in, quando estava indo para o meu quarto, dei de cara com o homem do aeroporto.

Universo filho da puta, com tantos hotéis em Amsterdã, porque justo o que eu escolhi?

- Eindelijk het lot - (finalmente destino) o homem fala enquanto levanta as mãos para o alto, como se está agradecendo algo - bom, me desculpe, esqueci que você fala inglês.

Sorri sem graça.

- Com licença - digo tentando me sair da frente dele.

- Er é iets gebeurd? - (algo aconteceu?) Sim, algo aconteceu, mas eu não preciso da sua pena.

Abro a porta do meu quarto, tiro o sobretudo, jogando-o na cama, arregaço as mangas da camisa rosa claro.

Ele passa um tempo olhando para o meu corpo sem o sobretudo, seu olhar desce pelo meu pescoço, ficando algum tempo, fixo no meu busto, ele passa a língua nos lábios, ri de lado olhando para o teto por um tempo.

- Fottutamente caldo - (gostosa pra caralho) ele fala provavelmente achando que eu não entendo italiano.

- Grazie mille, come ti chiami di nuovo? - (muito obrigado, qual é o seu nome mesmo?) ele se surpreende de novo, me fazendo franzir os lábios.

- Existe alguma língua que você não conheça? - ele pergunta olhando para baixo e rindo.

- Eu faço meu dever de casa - comento me apoiando no rodapé da porta.

- Com certeza - ele fala me olhando dos pés à cabeça novamente - vai ficar aqui até quando?

- Amanhã no máximo - falo e reviro os olhos.

- Você revirou os olhos para mim? - ele pergunta colocando a mão no bolso da calça social.

Revirei os olhos de novo, ele soltou um grunhido baixo e fechou os punhos.

- Me dê seu número - ele ordena me fazendo rir.

- Não sou boa com ordens - falo passando a mão no cabelo.

- Veremos - ele me entrega o celular, coloco dois números, um falso e o meu verdadeiro.

Ri alto jogando a cabeça para trás, ele me olha sério, seus olhos percorrem meu rosto, parando na minha boca.

- Nos vemos por aí gostosa - ele fala e sai.

Bato a porta do quarto sem acreditar no que acabou de acontecer, coisa de louco, faço uma nota mental de contar para Vitória assim que voltar para Londres.

Me deito na cama e me permito chorar por um longo tempo, não sei quando cai no sono, mas dormir por um longo tempo.

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