Capítulo III

Depois daquela triste despedida, ou não despedida, muita coisa mudou em minha vida. Passei um ano infernal após sua partida, não tinha vontade de fazer nada, eu me fechei dentro de mim, me isolei de todos. Parei de fazer tudo que me lembrava ele, exceto a escola, eu me agarrei a ela, pois a faculdade seria minha passagem só de ida para fora daquele lugar onde tudo tinha seu cheiro, suas cores, o som de sua risada.

No mais, foi um ano completamente perdido, quando ele chegou ao fim, agradeci e me joguei de corpo e alma na única coisa que havia restado dele: a viagem, o ano sabático, a era da mochila, como costumávamos falar. Por mais que viajar o mundo sozinha, fizesse eu me sentir ainda mais solitária, era meu cartão de embarque para um mundo sem ele. Um mundo onde eu poderia olhar para o lado sem ter alguma lembrança de um dos nossos inúmeros momentos.

Então viajei, fui a vários países, conheci diversas culturas e povos. Quanto mais me afastava de casa, mais fácil ficava me entregar aquela experiencia. Não demorou para que eu mergulhasse de cabeça naquilo, foram quatorze meses viajando e os vivi intensamente. Experimentei coisa novas, conheci novas pessoas, aventurei-me por novas bocas e corpos, homens, mulheres, as vezes os dois juntos, não fazia diferença. Cada cidade era uma nova aventura, mas sempre ao me deitar para dormir o buraco no lugar que antes havia um coração me atormentava e mesmo estando longe de casa, longe dele, ele permanecia ali em meu peito quebrado.

Entre várias aventuras o ano passou voando, quando terminou, eu precisei voltar a realidade, mas havia me tornado uma pessoa completamente diferente daquela que havia deixado o rancho.

Eu estava disposta a esquecer, pegar tudo que vivemos e pôr no canto mais fundo do meu ser e foi isso que eu fiz. Cada uma das vezes que o monstro da dor me rondava, a pegava e jogava para longe, mergulhava em novas aventuras e a adrenalina o derrotava, fazendo-o sumir. E foi assim, que eu me descobri apaixonada por esporte radicais, raves extremas e tudo o mais que adormecessem aquelas memorias.

A faculdade veio a calhar no meio disso, pois acabou sendo outro meio de concentrar-me e jogar as lembranças de lado, então entre estudos, baladas e atividades ao ar livre passaram-se mais três anos.

                                                               ...

Eu já estava no fim do sexto período quando senti meu coração bater por alguém novamente. Ele sem dúvidas era um dos homens mais lindos que eu já havia visto. E se mostrou um encanto de pessoa, sempre paciente, brincalhão, disposto a embarcar em minhas aventuras, sem contar que levava numa boa toda vez que eu lembrava que entre nós seria somente sexo.

Mas com o tempo ele foi ganhando cada vez mais espaço em minha vida. Estava sempre por perto, estava comigo, ao meu lado, me apoiando.

Não delimitamos um relacionamento, mas começamos a fazer planos juntos, a traçar metas. Ele ganhou uma gaveta em meu apartamento e eu me apossei de uma parte inteira de seu guarda-roupas.

Dois anos após ele me pediu em casamento. E foi um pedido espetacular, digno de filme:ele me levou a uma viagem para Santorini na Grécia um dos lugares mais lindos que eu já havia visto, ficamos hospedados em Kamari, uma praia de areia vermelha linda e super-romântica, havia uma tenda com uma mesa, iluminação a luz de velas, ele se ajoelhou, teve música e quando ele fez o pedido eu aceitei.

Naquela época, eu já não pensava no Ricardo com tanta frequência, na verdade fazia um tempo desde a última vez que as memórias do passado não me atormentavam. Mas naquela noite ao aceitar o pedido ele retornou aos meus pensamentos com força total. Senti receio, medo, culpa, mas não me deixei vencer pelas lembranças e aceitei que eu poderia ser feliz de novo.

O Caio foi uma surpresa inusitada e maravilhosa em minha vida, eu não acreditava que amaria novamente, mas eu o amava e o melhor de tudo? Ele estava ali. Nós casamos um ano depois, três anos mais tarde nasceu a Laila, que é sem dúvidas nenhuma o maior amor de minha vida.

                                                          ...

Por muito tempo eu achei que para cada pessoas só poderia existir um único amor e que o meu eu havia perdido. Mas todas as adversidades que enfrentei no quesito amoroso, fizeram eu perceber que não é exatamente assim, podemos amar várias pessoas durante nossas vidas e cada uma delas nos marcam de formas diferentes.

Se você me perguntar se podemos amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo. A minha resposta ainda permanece sim, pois eu amo! Amo o meu marido, mas também posso lhe afirmar que nunca deixei de amar aquele que fora meu primeiro amor. Mas como isso ocorre? É muito simples, o Caio é o amor que está sempre comigo, aquele que posso contar a qualquer momento; Já o Ricardo, ele me ensinou a amar, a ele dei o meu amor mais puro e doce, e ouso dizer que para sempre ele estará guardado em lugar dentro de mim que pertence unicamente a ele.

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