Capítulo 7

Ao anoitecer, Milan assumiu o seu plantão na guarita atrás dos enormes portões automáticos da mansão. Ele olhou para as câmeras de segurança e uma movimentação suspeita na rua chamou a sua atenção. Milan pegou o Walk Talk.

- Arthur, dá uma olhada do outro lado da rua.

O segurança negro que estava no terraço pegou o binóculo de visão noturna. Ao ver duas Mercedes Benz se aproximando da entrada da casa em alta velocidade, Arthur praguejou.

- Gael.

Pelo Walk Talk Milan avisou o resto da equipe.

- Gael está aqui. Levem Michael para o esconderijo.

O segurança pegou o fuzil AK-47 e saiu da guarita.

A passos largos, Michael foi escoltado por Thomas e Romeo até o esconderijo subterrâneo construído especialmente para sua proteção em casos de invasão. O abrigo seria usado pela primeira vez. Michael tinha Bela firmemente presa em seus braços.

Dominic se juntou a Milan e Arthur na linha de frente. Mesmo contrariado com a situação, Arthur engatilhou o fuzil AK-47 e apontou para o portão. Excitado, ele olhou de relance para Dominic que também estava em posição ao lado de Milan.

- O que vai ser, Dom?

- Ao meu sinal, mostrem o inferno.

Arthur e Milan sorriram e colocando o dedo no gatilho, se prepararam.

Gael estava no carro da frente com três seguranças. No carro de trás, mais três seguranças fortemente armados com fuzis e pistolas semi automáticas.

Seu plano era jogar os veículos contra o portão, matar os seguranças de Michael, deixá-lo vulnerável e tortura-lo até a morte. Um plano ousado e fadado ao fracasso. Na primeira tentativa a Mercedes Benz preta apenas balançou os portões de aço.

Gael gritou para o seu motorista:

- De novo! - Os olhos negros do traficante latino brilhavam. - Michael vai cair hoje!

Dominic viu o motorista engatar a ré.

Protegido atrás dos muros e escondido entre as árvores frondosas, assim como Arthur e Milan, Dominic deu a ordem.

- Agora!

Uma intensa troca de tiros foi iniciada. Porém em desvantagem, os homens de Gael atiravam às cegas. O traficante não acreditou quando um dos vidros da Mercedes Benz blindada foi perfurado.

- Eles estão atirando com o quê?! Bazuca?!

Dominic sorriu.

- Atirem nos pneus.

A uma distância de vinte metros, Arthur e Milan não erraram um tiro.

Um dos homens de Gael perdeu o controle do carro e não conseguiu investir contra o portão.

- Eles vão fuzilar o carro! Nós temos que sair!

Gael gritou:

- Não seja burro! É isso que eles querem! Continuem atirando!

- Eles estão camuflados!

- Atirem!

Nesse momento, uma bala de fuzil atravessou a cabeça de Gael. Em questão de segundos o resto da sua quadrilha foi exterminada.

Sentado no chão, Michael abraçava Bela que chorava copiosamente sentada no seu colo, agarrada a sua camisa e com o rosto escondido no seu peito.

Michael colocou a arma de lado e disse carinhosamente:

- Está tudo bem. Já acabou.

Trêmula, Bela ergueu o rosto molhado e olhou para Michael. Calmo e confiante, ele sorria para ela.

- Já acabou.

Bela tentou se acalmar. A essa altura do campeonato ela já sabia para quem estava trabalhando. Vazio. Foi isso que Michael sentiu ao ver Bela se afastar dele.

Dominic, Milan e Arthur abriram os portões ainda de armas em punho para o caso de ter algum sobrevivente da chacina ou uma equipe de apoio.

Eles checaram os corpos dos seis seguranças e o corpo de Gael. Arthur inclinou a cabeça para o lado e riu.

- Ele caiu engraçado.

Gael morto, de olhos abertos, olhava para frente com uma expressão de pavor.

Dominic olhou ao redor da rua deserta. Uma forte chuva começou a cair e os postes de iluminação piscaram. Alguns vizinhos amedrontados, espiavam pelas frestas das janelas.

- São muitos corpos. Vamos chamar a polícia e dizer que Michael sofreu uma tentativa de sequestro. Nós só o protegemos. As marcas de tiro e o estrago no portão, vão comprovar a nossa versão. Somos agentes de segurança privada.

Dominic, Milan e Arthur correram para se abrigarem da chuva.

( POSSE de arma é a permissão para adquirir uma arma de fogo, enquanto o PORTE é a autorização para andar ou utilizar o armamento. )

Vidros estilhaçados, sangue e incontáveis cartuchos de fuzil se misturavam no chão com a água da chuva. A polícia criminal fez o seu trabalho e dois carros do IML começaram a retirada dos corpos.

Luke se aproximou de Michael.

- Então foi uma tentativa de sequestro?

Michael assentiu.

- Sim.

- Não foi Gael querendo se vingar por você ter roubado parte da cocaína dele e matado John no processo?

Sem tirar os olhos dos corpos que eram recolhidos, Michael disse secamente:

- Eu admiro você, Luke. De verdade. Um homem sozinho tentando fazer a diferença em um mundo cão. Você não se deixou levar pela corrupção que aleijou a nossa cidade. - Michael virou e encarou Luke. - Eu ficaria muito triste se algo de ruim acontecesse a você, a sua bela esposa ou aos seus adoráveis filhos. E isso pode acontecer caso qualquer um dos meus seguranças receba uma intimação.

Luke estremeceu e não foi de frio.


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