Capítulo 2

O salão já estava ficando vazio, minhas mãos suavam e apertavam o prêmio que tinha formato de um porta retratos com algumas coisas escritas nele... criei coragem e fui até ele que terminava de cumprimentar alguns senhores que logo se foram deixando ele sozinho, quando ele me avistou chegando parou seus olhos sobre mim e abriu um sorriso meigo, que sorriso, quase desmaiei ali mesmo.

- Olá… eu disse morrendo de medo de ser ignorada.

- Oi, boa noite senhorita…?

- Daniele, muito prazer - estiquei a mão para cumprimentá-lo, e ele me surpreendeu pegando em minha mão e levando até seus lábios para então dá um beijo bem de leve, confesso que suspirei por dentro, e todo o meu corpo tremeu.

- O prazer é meu Daniele, sou Eduardo Mazzony. Você também ganhou um prêmio não é? Parabéns!

- Sim, minha floricultura ganhou - já que a floricultura era minha também, respondi assim - E eu vim lhe parabenizar também, pelo seu prêmio, não deve ter sido fácil ser o melhor empresário do ano.

- É verdade, não foi, mas todo o esforço vale a pena… além do mais, já estou a 10 anos batalhando pra chegar até aqui hoje.

- 10 anos? Tudo isso?

- Sim, bastante tempo não?

Ele era bem educado, nossa um perfeito cavalheiro, não parece um desses meninos que eu conheci no colégio. Nunca me interessei por nenhum menino do colégio, meu primeiro beijo nem foi com um deles, foi com o primo de uma amiga da escola, que era mais velho que eu, e foi quando eu tinha 16 anos, ele tinha 24, foi mais um ensino, aprendi a beijar e foi só isso, nada mais, os meninos mais novos não me chamavam atenção, não pela idade, pois quem é maduro o suficiente para gostar de alguém, não importa quantos anos tenha ou não, eu gostava e ainda gosto de homens mais velhos, por isso nunca namorei, pois os homens mais velhos não gostam de namorar meninas novinhas como eu, dizem que elas causam muitos problemas e tal, mas pra mim a idade nunca importou se você é maduro, pelo jeito o Eduardo pode até ter pouca idade, mas é muito maduro.

- Sim, bastante tempo para uma rapaz tão jovem como você!

- Jovem eu? - Ele sorriu e que sorriso, me abana - São seus olhos Daniele, já passei da idade de ser um jovem… 

- Como assim? Desculpe-me perguntar, mas quantos anos tem para dizer que não é mais jovem?

- Não se desculpe, não é errado perguntar a idade de alguém, e eu tenho 30.

Quando ele disse 30 anos eu gelei, nunca daria 30 anos a ele, meu corpo ficou imóvel, e agora o que eu faço? Óbvio que ele vai perguntar a minha idade também, o que eu respondo? Não posso dizer que tenho 18 anos, ele vai correr de mim, ai meu Deus, não sei o que fazer.

- Nossa, nem parece que o senhor tem 30 anos, parece tão jovem, eu lhe daria menos com certeza - falei tentando disfarçar o meu nervosismo, mas já esperando a pergunta que com toda certeza ele faria pra mim.

- O que isso, gentileza sua dizer que pareço jovem, a senhorita que me parece ser bem jovem, minha vez de perguntar para não ficar na dúvida não é, quantos anos tem?

Ele perguntou o que eu temia, agora sim me lasquei, minhas mãos tremiam, minha cabeça pensava em mil coisas ao mesmo tempo, o que será que vai acontecer quando eu disser que tenho 18 anos? Ele vai fugir de mim? Ele tem 30, não vai querer se envolver com alguém de 18 anos, nem sei se ele quer algum envolvimento, se ele é casado, se tem filhos, estou ficando louca, o que faço? O que faço? 

Olhei para o prêmio em minha mão e vi o número 25, era a vigésima quinta premiação e aí me veio a idéia…

- Eu? Bom… eu… tenho 25, é 25 anos. - dei o sorriso mais mentiroso de todos os tempos. Não costumo mentir, ainda mais minha idade, mas nesse caso eu tive que fazer por medo dele me rejeitar, ele tão lindo, eu precisava de uma chance de conhecê-lo melhor e ele tem 30 anos, se eu dissesse que tinha 18 ele ia correr, tenho certeza, então menti.

- Se você me permite dizer, não parece que tem 25 anos, parece uma menina, uma menina linda por sinal.

- Ah, muito obrigado pelo elogio, mas sim eu tenho 25 anos. Disse firme, a fim de convencê-lo mais. - Então, eu só vim mesmo parabenizá-lo e já estou indo, preciso pegar um táxi.

- Eu posso lhe dá uma carona já que foi tão gentil em vir me dá os parabéns.

- Ah não, não quero incomodar, eu posso pegar um táxi.

- Seria grosseiro de minha parte deixá-la ir pegar um táxi, vamos eu a levo. 

- Está bem, já que insiste, muito obrigado. 

Não tô acreditando que ele se ofereceu pra me levar em casa, isso quer dizer que ele acreditou que eu tenho 25 anos, aí meu Deus me meti numa roubada, mas confesso que amei o jeito dele falar comigo, me tratou tão bem, foi tão atencioso, acho que me apaixonei, espero que ele não descubra e vá tudo por água abaixo, quero curtir esse momento, está pertinho dele, conversar mais um pouco, talvez amanhã eu não tenha mais a oportunidade então vamos aproveitar o hoje.

- Então está certo, só irei me despedir de meus amigos e de minha mãe e nós vamos.

Concordei com a cabeça e fiquei esperando ele no mesmo lugar, ele foi até a mesa onde estava e comprimentou os amigos e depois sua mãe, deu um beijo em sua testa e disse algo a ela que a fez sorrir e olhar para mim e eu sorri de volta, embora envergonhada… o que será que ele disse? Estava pensando quando ele chega perto de mim e diz…

- Vamos então Daniele?

- Vamos sim… e pode me chamar só de Dani se preferir.

- Certo, se é o que você prefere, Dani. Ele sorriu e que sorriso, aquela dentes super brancos, aquelas covinhas que se formam em suas bochechas, derrete qualquer uma. - Mas, só se você me chamar de Edu como a minha mãe chama…vamos deixar as formalidades.

- Sorri e concordei - Está certo Edu.

Não acredito que a meia hora atrás eu nem conhecia ele e agora estamos nos chamando por apelidos informais, tô quase tendo um treco do coração.

Então fomos andando até o estacionamento do salão, tinham pouquíssimos carros, caminhamos até um carro branco, Nissan GT- R, não entendo de carros, vi que era um desse porque estava escrito na porta bem pequenininho do ladinho. Ele abriu a porta pra mim entrar e sorriu, eu suspirei por dentro, sorri e entrei no carro que era lindo por dentro, tanto quanto era por fora, coloquei o cinto e fiquei esperando por ele, ele entrou em seguida, colocou o cinto, ligou o carro e foi se dirigindo a saída do estacionamento.

- Então Dani, onde mora?

- Eu moro em Botafogo, e você mora muito longe, não é contra mão pra você?

- Não, fique tranquila eu moro no Leblon, é perto.

- Ah sim, é perto mesmo…

Passei o endereço de minha casa para ele e logo estávamos a caminho de lá.

O silêncio pairou entre nós, eu olhava pela janela e via as luzes de muitos lugares do Rio, as pessoas se divertindo, as músicas que ecoavam em vários lugares, e sorri pensando que um dia eu poderia estar me divertindo por aí como essas pessoas e melhor ainda se fosse com Edu ao meu lado, eu havia mesmo gostado dele, então ele me acorda dos meus sonhos e diz…

- Então, conte-me mais sobre você Dani, sobre sua floricultura, gostaria de saber a respeito…

- Bem, a floricultura é um projeto familiar, a primeira Dona foi a minha mãe, agora que ela viajou com meu pai, para descansar um pouco, eu fiquei como “presidenta da empresa”, claro que tem muitas pessoas que me ajudam.

- Nossa que interessante, garanto que você herdou de sua mãe esse apego pela natureza. - ele me olhou e sorriu, aquelas covinhas, aquele olhar, que vontade de ficar olhando aquele sorriso pra sempre.

- Sim, foi dela mesmo, ela me incentivou a gostar, desde pequena me levava pra floricultura e me ensina muitas coisas, aí eu gostei, mas ela me deixou livre pra escolher o que fazer, mas eu gostei mesmo de tudo que ela me ensinava e hoje eu vou seguir esse caminho.

- Nossa que bom, nada melhor do que uma fonte de inspiração.

- Mas e você, como chegou ao “empresário do ano”? - perguntei curiosa.

- É uma looonga história, e nós acabamos de chegar - ele estacionou em frente a minha casa, desligou o carro e dirigiu seus olhos para mim, que olhar misterioso, parece que me analisava e eu fiquei até sem jeito, sorri pra disfarçar e disse…

- Ah é, chegamos sim, estava tão distraída que nem percebi.

- Pois é, a conversa foi pouca, mas foi boa.

- Verdade… será que um dia nós terminaríamos essa conversa? Perguntei sem pensar, nossa que atirada, que ousada, corei de tanta vergonha.

- Sim claro - respondeu todo gentil, com mais um belo sorriso - Mas, posso lhe perguntar uma coisa?

- Pode sim - sorri e me virei para ele para olha-lo melhor.

- Você é comprometida? Não quero correr o risco de levar uns sopapos distraído sabe.

Eu ri, o que fez ele rir também e que risada mais gostosa ele tem.

- Não não, não sou comprometida fique despreocupado.

- Ufa, menos mal, mas uma mulher tão linda assim é difícil de não ser comprometida.

E mais uma vez eu fiquei envergonhada, ele é tão galanteador.

- Bem, minha vez de perguntar…

- O fitei esperando uma resposta.

- Idem, estou solteirão - ele riu.

- Ah, aposto que é porque quer…

Agora ele se envergonhou e eu achei a coisa mais linda do mundo.

- Pior que não é, o meu problema é só atrair as meninas novinhas, e você sabe, as novinhas são complicadas… 

Quando ele disse isso eu gelei… Deus do céu que roubada eu me meti, sou novinha e menti pra ele dizendo que não era, quando ele descobrir eu estou frita, tarde demais eu já estava super envolvida, não iria voltar atrás agora, não dava, eu estava mega caidinha por ele e não ia desistir.

- Ah eu não acho que a idade seja um problema, acho que a maturidade é o importante.

- Opiniões diversas né… mas enfim, o que você acha de continuarmos a conversa no próximo fim de semana?

- Eu acho perfeito! - sorri.

- Então, me dê o número do seu telefone e eu ligo pra combinarmos.

- Ok... Eu disse.

Passei o número para ele e ele me passou o dele também, ele desceu do carro e abriu a porta pra mim, desci e ele me acompanhou até o portão, eu morava numa vila e minha casa era a última de todas, da próxima vez eu me lembro de deixar ele entrar com o carro até lá né, mas essa foi a primeira vez, então até o portão está bom.

- Ele colocou a mão nos bolsos da calça e disse… - Então, a gente se fala ao longo da semana.

- Sim, espero a ligação.

Ficamos nos olhando por alguns segundos, e logo ele veio me cumprimentar, nos despedimos com abraço e beijo na bochecha, típico de todo carioca. Então ele se foi e eu pude entrar e caminhar até a minha casa, toda sorridente por ter conhecido Edu, a minha noite que pensei que seria um tédio acabou sendo uma noite inesquecível, fui saltitando até em casa, como se estivesse no país das maravilhas, o meu sonho estava apenas começando, quando parei na porta de casa, lembrei das palavras do meu pai… “sem medo de ser feliz…” é isso, vou me jogar sem medo de ser feliz e seja como Deus quiser. Abri a porta, entrei em casa, tirei os sapatos que estavam me matando, guardei o prêmio de minha mãe, corri pro meu quarto, tomei um banho quente, vesti meu pijama e me deitei, esperando sonhar com o meu príncipe, meu Edu, tomara que a semana passe depressa pra eu poder encontrar ele de novo.

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