Capítulo 1

Quando os Lobos Uivam - Vanessa Matos

Ana Carolina é uma mulher de trinta e nove anos. Ela possui pele clara, cabelos castanhos escuros com algumas ondas, e os olhos pequenos, também na cor castanha. Ela é casada com João Victor, o qual é um homem de pele clara, com cabelos curtos e castanhos escuros, e olhos também castanhos. Eles são pais de duas crianças. A filha mais velha se chama Maria Cláudia, de apenas nove anos. Ela também tem a pele clara, os cabelos ondulados na cor castanha escura e os olhos pequenos também na cor castanho claro. Seu irmão se chama Pedro Henrique e, sendo mais novo, tem apenas sete anos de idade. Se não fosse devido a diferença de idade, eles poderiam ser chamados de irmãos gêmeos, visto que eles são muito parecidos na fisionomia. Além disso, Pedro Henrique também possui pele clara, cabelos curtos e castanhos, e olhos castanhos claros.

A família reside em uma cidade chamada Além Paraíba, que fica localizada no estado de Minas Gerais, na divisa com o estado do Rio de Janeiro. Devido aos dias cheios de trabalho, tanto de Ana Carolina e João Victor, eles se sentem muito cansados quando chega o fim do dia, ainda que a cidade não apresente cotidianos intensos, como o de uma cidade grande, por exemplo, mas ainda assim eles se sentem exaustos ao longo das semanas, visto que eles precisam dar atenção também às crianças, que por estarem estudando, necessitam da presença de seus pais por perto.

Mas quando eles receberam a notícia de que os seus filhos haviam sido aprovados em todas as matérias, na escola, Ana Carolina pensou que eles poderiam fazer uma viagem de férias em comemoração à vitória dos seus filhos. E quando ela levou o assunto para o seu marido João Victor, ele a surpreendeu, pois no mesmo instante ele não só concordou com a ideia, mas recebeu alegremente a proposta. E caminhando juntos até o quarto das crianças, quando Ana Carolina se aproximou da porta do quarto, que por sua vez, estava fechada, ela deu duas batidas e, tocando a sua mão na maçaneta, ela a envolveu com os seus dedos e em seguida empurrou a porta, de modo que eles pudessem entrar, a fim de dar a notícia para Pedro Henrique e Maria Cláudia.

Quando eles entraram no quarto, o qual era dividido para os seus dois filhos, viram que Maria Cláudia estava deitada na cama enquanto lia um livro, cujo titulo Ana Carolina não tinha conseguido ver. E quando ela voltou os seus olhos para o outro lado do quarto, ela viu que Pedro Henrique também estava deitado, mas com o celular na mão, provavelmente se divertindo com algum tipo de jogo.

As crianças estavam tão compenetradas em suas ocupações que não repararam que os seus pais tinham entrado no quarto, fazendo com que Maria Cláudia se assustasse e desse um grito no momento em que a sua visão periférica encontrou o seu pai que estava se aproximando de sua cama.

De repente, Ana Carolina quebrou o silêncio que estava tomando conta da atmosfera daquele quarto quando ela disse:

– Crianças, o que vocês acham de fazermos uma viagem de férias?

Nesse instante, Pedro Henrique e Maria Cláudia abriram um largo sorriso no rosto e os seus olhos brilharam, pois eles amavam viajar com os seus pais. De modo a fazer com que eles dormissem felizes, João Victor disse:

– Amanhã veremos o destino, mas seria bom se vocês dois já conversassem entre si e chegassem a um consenso sobre o lugar para o qual vocês gostariam de ir.

Antes de qualquer coisa, Maria Cláudia fechou o livro, levantou-se da cama, e disse que o melhor lugar seria nas montanhas. Entretanto, o seu irmão Pedro Henrique discordou do destino escolhido por Maria Cláudia e disse que preferia as praias. Então, a fim de que eles se decidissem e não brigassem, pois a viagem teria o intuito de distraí-los e não de causar discórdia, Ana Carolina disse que no dia seguinte eles poderiam fazer uma reunião a fim de avaliar os pros e contras de cada local, incluindo os custos da viagem, bem como os beneficio que cada lugar traria para toda a família, fazendo sempre com que as crianças pensassem sempre nos demais, e não somente neles mesmos.

Depois de ouvir os seus pais, Maria Cláudia colocou o seu livro sobre o criado mudo de cor marfim que se localizava ao lado de sua cama, se deitou e se aconchegando embaixo das cobertas, tentou dormir. Mas o seu irmão que ainda era mais novo, gostava de ter os seus pais por perto até pegar no sono. E para isso, ele apreciava que a sua mãe ou o seu pai pegasse um dos livros de Maria Cláudia a fim de lerem uma narrativa repleta de fantasia para ele, de modo a ter muitos animais místicos e misteriosos, o que fazia Pedro Henrique relaxar e logo pegar no sono.

Ana Carolina, por sua vez, caminhou até a pequena estante de livros de Maria Cláudia e perguntou ao seu filho qual livro que ele gostaria que ela lesse para ele. E quando ele esticou o seu pequeno braço, apontando para o volume desejado, ela franziu o cenho, de modo a mostrar um semblante confuso, pois no meio de tantos livros próximos um do outro, era praticamente impossível que ela conseguisse encontrá-lo sem ao menos Pedro Henrique falar o nome do seu título favorito. Então quando ele finalmente disse que queria o livro do lobisomem, ela se lembrou de que muitas vezes já tinha lido esse livro para Maria Cláudia quando ela tinha praticamente a idade dele. E tendo a mesma mania, Pedro Henrique também apreciava histórias que poderiam deixá-lo com um pouco de medo antes de dormir.

Atendendo ao pedido do filho, Ana Carolina esticou o seu braço, e pegando o livro na estante, e o levou para a cama de Pedro Henrique, onde ela se sentou de modo a começar a ler a obra.

Antes mesmo que ela pudesse ler a respeito do primeiro ataque daquele lobisomem literário Pedro Henrique já estava mostrando um semblante relaxado e com os olhos fechados, indicando que ele já tinha pego no sono. Nesse momento, Ana Carolina passou perto da cama de Maria Cláudia a fim de saber se ela também já estava dormindo, e vendo que sim, ela apagou a luz do quarto e se afastando, fechou a porta atrás de si e foi caminhando em direção ao seu quarto, que ficava bem próximo ao das crianças.

Enquanto as crianças dormiam, ambas se sentiram agitadas devido ao pesadelo que elas estavam tendo ao mesmo tempo. Tanto Maria Cláudia quanto Pedro Henrique se encontraram no sonho e foram juntos passar férias acompanhados de seus pais em uma casa que se localizava em meio as montanhas. Entretanto, essa casa ficava muito próxima a uma floresta mal assombrada, na qual poderiam ser encontradas muitas criaturas, com as quais as crianças jamais desejariam se deparar ao longo dos dias de suas vidas.

Ainda no sonho, Maria Cláudia e Pedro Henrique perceberam que naquela cidade tinham muitos moradores que viviam amedrontados pois ele tentavam comunicar a esses moradores a respeito das criaturas malvadas que viviam na floresta e os moradores daquela cidade passavam por eles sem dar a mínima atenção, como se eles não estivessem enxergando nenhum dos dois.

O sonho prosseguiu ao longo de toda aquela noite, e quando já estava próximo do amanhecer, Maria Cláudia e Pedro Henrique continuaram caminhando até que a sua dúvida sobre o descaso dos moradores com eles se dava porque eles estavam mortos, visto que eles se aproximaram de um cemitério e viram os seus pais chorando pela morte de ambos. Nesse momento, tanto Maria Cláudia quanto Pedro Henrique acordaram, gritando e chorando muito, fazendo com que os seus pais acordassem assustados. Ana Carolina, que ficou muito preocupada, levantou de sua cama, e depois de se vestir  rapidamente com uma roupa de frio abriu a porta do seu quarto e correu em direção ao quarto das crianças. E no momento em que ela entrou, acendeu a luz e viu que eles estavam muito nervosos, de modo que ela não entendesse o que tinha acontecido.

Ela tentou acalmar as crianças, dizendo que eles tinham tido um pesadelo, mas para eles não se preocuparem, pois nada do que eles viram ou sentiram era real. Mas ainda assim as lágrimas insistiam em escorrer pelas suas pequenas faces, deixando aquela mãe sem saber o que fazer a não ser se deitar próximo a eles, de modo que eles ficassem mais calmos e voltassem a dormir, tendo um sono tranquilo pelo restante daquela noite.

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