O delegado e os ecologistas

No dia seguinte, por volta do meio dia, entrou num restaurante próximo à estação de Porto Alegre. Logo chamou um garçom e lhe disse que havia reservado uma mesa.

– Estou aguardando mais duas pessoas, por isso, no momento, quero apenas uma garrafa de vinho – respondeu Renato ao chegar à mesa. – E traga também três copos, por favor.

Passados alguns instantes, o garçom estava de volta com a garrafa de vinho e os copos, que largou sobre a mesa, e encheu um deles. O homem bebeu um gole de vinho e pegou um jornal para ler enquanto aguardava.

Alguns minutos depois uma mulher entrou no restaurante como se procurasse por alguém. Renato levantou-se e fez um sinal para ela.

– Já pediu alguma coisa? – perguntou Débora, ao chegar à mesa.

– Apenas uma garrafa de vinho – respondeu Renato, enchendo outro copo para ela.

Renato largou o jornal e os dois continuaram conversando por alguns minutos, enquanto aguardavam pela chegada do terceiro indivíduo. Quando este chegou, avistou-os ainda na entrada e logo foi juntar-se a eles. Ele fez a volta à mesa cumprimentando cada um deles e então se sentou à mesa.

Cada um escolheu algo diferente do cardápio.

– Bem, o que acham de entrarmos logo no assunto que nos trouxe aqui? – disse Débora no meio do almoço. – Já faz quase um mês que você me convidou para esta viagem e ainda não explicou qual o seu objetivo.

– Uma das maiores preocupações para ecologistas como nós no mundo atual tem sido o aquecimento global. Nas últimas décadas estamos alertando as autoridades, que pouco têm se empenhado em conter o problema e, em alguns casos, pouco têm se importado. O desmatamento, apesar de todos os nossos esforços em diminuí-lo, ainda existe. Apesar dos inúmeros congressos, realizados com o objetivo de reduzir gases poluentes, são poucos os resultados concretos que estamos obtendo. Além disso, muitas espécies de animais continuam na lista de extinção... – ia dizendo Renato, até que Carlos o interrompeu com sua pergunta.

– Esta é a história que nós conhecemos, mas o que ela tem a ver com nossa viagem?

– Não é possível que vocês ainda não relacionem uma coisa à outra. Tudo o que sabemos sobre a Dimensão Turismo, além do mito que ela criou ao redor dos dinossauros, é que é uma empresa que tornou a viagem no tempo possível. A máquina do tempo nos levou à pré-história, mas para que a empresa existisse, estações tiveram que ser construídas. Em breve serão cinco no total. Fazem ideia do que isso significa?

Renato se calou depois da pergunta, ficou pensativo, olhando pela janela o movimento que havia na rua. Talvez ele estivesse esperando que eles dissessem alguma coisa. Como depois de um minuto isso ainda não tinha acontecido, Renato continuou.

– Eles estão urbanizando a pré-história e, depois de tanto tempo, ninguém ainda perguntou qual o impacto de tudo isso no meio ambiente. Em nosso mundo, mesmo com todos os nossos esforços em proteger a natureza, a lei ainda é desrespeitada, então quem vai respeitar a natureza naquele lugar onde não há qualquer fiscalização. E, neste caso, a minha preocupação não se restringe apenas à natureza, pois sabemos muito pouco sobre aquele período, mas sabemos que se mudarmos alguma coisa em nosso passado, por menor que seja, podemos iniciar uma terrível catástrofe, se é que já não a iniciamos.

– Mas a Dimensão Turismo não acredita nisso – retrucou Carlos. – Segundo a empresa, o passado é imutável e, se eles estão naquele lugar e época, é porque fazem parte daquele lugar e época, tanto quanto as demais criaturas que nele viveram.

– Você sabe que Alex supôs isso através da reportagem de um jornal antigo que guardava em casa – lembrou-o Renato. Vocês não acham coincidência demais o último exemplar daquele jornal pertencer a alguém ligado à reportagem?

– O que eu me pergunto é: se a Dimensão Turismo pertenceu àquele lugar tanto quanto os dinossauros, então por que a paleontologia ou a arqueologia ainda não encontrou nada sobre ela? Será que aconteceu alguma coisa que os impediu de continuar, dando um fim misterioso a tudo o que construíram lá? Ou será que em algum lugar há uma escavação secreta onde todos estes mistérios estejam sendo revelados?

Carlos fez a pergunta com um ar brincalhão, mas Renato continuou sério e pensativo enquanto o ouvia.

– O que me preocupa é o que ainda pode vir a acontecer. – Disse Renato, depois de uma pequena pausa. – Acredito que a Dimensão Turismo só inventou essas bobagens para tranquilizar a população, dando ao mundo a ilusão de que seu ato passará impune. Todas às vezes que as forças da natureza são desafiadas há consequências, e o aquecimento global está aí para provar isso. Mas a Dimensão Turismo não quer aceitar a verdade e prefere continuar tapando o sol com a peneira, provavelmente até que seja tarde demais.

– Mas... e se ela estiver correta? – interveio Débora em defesa da empresa. – Estou falando sério. – Renato voltou-se para ela com um ar de incredulidade. – A Dimensão Turismo já está aberta aos turistas há dez anos e muito antes disso a máquina do tempo já era usada para levar e trazer operários, materiais e equipamentos. Se alguma coisa fosse acontecer já teria acontecido.

Continuaram o almoço em silêncio por um momento, depois do qual Débora continuou.

– Quanto ao fato de nunca ter sido encontrado nenhum vestígio das estações, há uma explicação para isso: até os dinossauros que foram abundantes nesse período são difíceis de serem encontrados. Mesmo os materiais mais resistentes que já criamos não resistiriam por tanto tempo. Não podemos nos esquecer de que, assim como tudo aquilo foi criado por nós, também pode ser retirado. Talvez nossa presença lá dure apenas algum tempo e, quando ela acabar, tudo volte a ser como era antes.

– Meu objetivo com esta viagem é investigar a empresa. Poucos podem saber o que fazemos, pelo menos por enquanto. Devemos agir como turistas comuns, embora nosso principal objetivo seja procurar por pistas que nos levem a crimes contra a natureza que possam estar cometendo. Como não sei de quanto tempo vamos precisar, comprei passagens apenas de ida para a estação na América do Sul.

Neste momento, Renato tirou as passagens do bolso, entregando uma a Carlos e outra a Débora.

– Escolhi esta estação porque é lá que está a universidade, e eu não conheço outro lugar onde podemos encontrar os caçadores, o principal alvo de nossas investigações. Por enquanto, temos hospedagem de uma semana na pousada das Cicadáceas, que serão renovadas conforme o necessário e, se necessário. Antes de qualquer coisa eu quero conhecer Ana, preciso saber mais sobre o trabalho dela e sobre os caçadores. Depois disso, se ela se mostrar confiável, vamos lhe dizer a verdade. Acho que ela poderá nos aproximar dos caçadores e, por conhecer o lugar, nos ajudará em muitas coisas, o que poderia nos poupar algum tempo – explicou Renato.

Renato levou quase um mês para planejar esta viagem, pois devido a alguns problemas familiares o planejamento demorou mais que ele esperava. A esposa dele trabalha para a Dimensão Turismo e quem lhe inspirou a investigação também estava sendo seu maior obstáculo.

Ao convidar os outros ecologistas, tinha a intenção de partir logo, mas a esposa admirava a empresa para qual trabalhava e não admitia que uma traição dessas partisse do marido. Como as discussões com a esposa foram frequentes, ele pouco falou com os colegas sobre esse assunto, de forma que chegaram a pensar que ele havia desistido. Ele ainda não havia resolvido a situação com a esposa, mas Renato prometeu avisá-la antes de tomar qualquer decisão. Ela, embora ainda contrariada, permitiu a investigação.

– Não acha que vamos nos arriscar demais confiando em Ana? – perguntou Débora. – Tudo bem que ela é bióloga, mas isso não é uma garantia de que ela respeite a natureza, afinal os caçadores trabalham para ela. Se houver mesmo alguma irregularidade, quem nos garante que ela não esteja envolvida?

– Este é um risco que teremos de correr! – respondeu Renato. – Já vai ser difícil explicar para os caçadores a nossa presença entre eles, precisamos de alguém que nos dê cobertura ou logo seremos descobertos.

– Se Ana estiver envolvida, irá se recusar a nos ajudar e logo saberemos. Do contrário, sua ajuda será muito valiosa para nós – disse Carlos, depois de tomar um pouco de vinho.

– Mas se Ana for a responsável pelas irregularidades, ela pode aceitar a nossa proposta e alertar os caçadores. Neste caso ficaríamos anos lá sem descobrir nada – insistiu Débora.

Depois disso terminaram o almoço em silêncio. Nenhum deles disse nada por longos minutos. Renato logo se tornou pensativo, percebera que poderia estar exigindo demais de seus colegas. Olhou de um para o outro e depois falou:

– Eu sei... O que pretendemos fazer é arriscado, no entanto, não vou obrigá-los a me acompanhar. Se pretendem desistir esta pode ser a última oportunidade. Não conhecemos o caráter das pessoas com quem vamos lidar e podemos estar nos metendo em algo perigoso, de forma que depois que formos reconhecidos pode ser tarde demais para desistir.

– Você está falando em desistir? – perguntou Carlos, incrédulo. – Assim você até me ofende! Tudo bem que foi você quem nos procurou, mas nós planejamos isso juntos e não vamos desistir só porque pode ser perigoso.

Débora apenas disse que também não pretendia desistir.

– Já que ninguém vai desistir, então está na hora de partir – disse Renato, depois de consultar o relógio. – Ou perderemos o ônibus.

A estação de Porto Alegre ficava em um prédio com cem metros de comprimento e trinta de largura. O prédio tinha dois andares e a máquina do tempo criada por Alex ocupava o térreo. Há muito deixara de ser o veículo parecido com um automóvel para dar lugar a um ônibus com capacidade para mais de vinte passageiros. Havia espaço para seis desses ônibus no térreo, e cada um era separado do outro apenas por uma fila de colunas que sustentavam o prédio.

Os ônibus percorrem um espaço de oitenta metros até a parede ao fundo. Nos outros vinte à frente, havia banheiros, lojas, bancos e cadeiras, ocupados pelos passageiros que aguardavam o momento do embarque. Um balcão de informações próximo à entrada ajudava a esclarecer as dúvidas de alguns passageiros e, no canto oposto, um elevador, fechado aos turistas, levava ao andar de cima pertencente à administração.

Quando saíram do restaurante já passava da uma hora da tarde, mas a estação ficava na mesma avenida. Depois que chegaram ainda tiveram de aguardar pelo momento do embarque. Quando se aproximaram das cadeiras, Heitor já estava lá, folheando uma das revistas que encontrou sobre a mesinha ao lado dele. Alguns minutos depois, a porta de um dos ônibus foi aberta e os passageiros começaram a entrar. Heitor largou outra revista que agora tinha nas mãos, levantou-se e acompanhou os ecologistas até o ônibus, onde eles e outros turistas entraram em fila.

– Última chamada para o ônibus com partida à uma e meia, com destino à América do Sul – gritou o motorista, depois que todos entraram.

O veículo era semelhante a um micro-ônibus, tinha uma única porta na frente, por onde os passageiros entravam e saíam. Seu interior era semelhante a qualquer outro ônibus de turismo; suas poltronas eram confortáveis, com cinto de segurança e bagageiro na parte superior em ambos os lados.

A maior diferença estava no lugar reservado ao motorista, que ficava em frente à porta e mais parecia a cabine de um avião, com manche no lugar da direção, diversos botões e alguns painéis. Não havia uma única janela em todo o veículo, nem nos lados, nem atrás e tão pouco à frente.

Conforme os passageiros iam entrando, largavam suas coisas no bagageiro e ocupavam seus lugares. Renato e Débora sentaram lado a lado em duas poltronas e Carlos ocupou uma das poltronas atrás deles. Heitor chegou logo em seguida, largando suas coisas no bagageiro e, depois de pedir licença, sentou-se ao lado de Carlos.

Mal os passageiros haviam se acomodado, o motorista entrou, indo para o seu lugar e como ninguém mais apareceu, depois de fechar a porta, deu a partida. O ônibus seguiu em direção à parede e, depois do impacto, passou por ela como se não fosse um obstáculo. A partir de então a viagem seguiu tranquila até a sua chegada ao prédio Dimensão Gaúcha.

Os passageiros desembarcaram em um lugar semelhante ao que haviam embarcado em Porto Alegre, a não ser pelo fato de que ali estavam no térreo de um prédio de 22 andares. Outra diferença é que em Porto Alegre havia espaço para apenas seis ônibus e ali havia quatorze.

Os dois primeiros andares eram de alvenaria e tinham mais de três metros de altura, as janelas eram altas, estreitas e arredondadas na parte superior. O térreo tinha duas portas, uma de cada lado, ambas com mais de dois metros de largura. No entanto, todos os outros andares, além de não serem tão altos, tinham a fachada de vidro. A estação do metrô ficava atrás, mas não havia nenhuma ligação entre ambas as partes.

Quando as estações foram projetadas tinham prédios, casas, hotéis, pontos comerciais, pousadas. Esta, em particular, continha também uma universidade. O prédio da Dimensão Turismo era o maior que havia naquela estação, tanto em comprimento quanto em altura. Ocupava quase um quarteirão inteiro, e nenhum dos outros prédios tinha mais de 18 andares. Esta estação tinha nove quadras formando um retângulo, com três quadras laterais e outras três de comprimento.

Durante a viagem, Heitor conversou com Carlos sobre alguns assuntos, inclusive sobre sua rotina como delegado. Percebeu que Carlos evitava falar sobre a sua profissão, o que o deixou desconfiado. Quando desembarcaram, tanto eles quanto os outros passageiros de primeira viagem dirigiram-se ao balcão de informações. Renato quis saber onde ficava a pousada das Cicadáceas e um rapaz pediu para que eles o acompanhassem.

Como Heitor também queria saber onde ficava o hotel Três Lagoas, esse mesmo rapaz fez sinal para que os acompanhassem e levou-os até a porta. Ele apontou para um prédio comprido, porém de apenas dois andares, em frente, dizendo ser a pousada das Cicadáceas e, depois, para o prédio que ficava ao lado da pousada, dizendo ser o hotel Três Lagoas. Em seguida o rapaz afastou-se e o delegado e os ecologistas se separaram, indo cada um para a sua hospedagem.

Não havia automóveis nas estações, pois como no caso dos ecologistas e do delegado, tudo ali era muito próximo. É claro que para alguns lugares era necessário andar um pouco mais, mas para isso havia carrinhos elétricos, semelhantes aos usados em campos de golfe. Alguns deles estavam parados em frente ao prédio, como táxis. Também havia aqueles, como os caçadores e os biólogos, que saíam da estação a trabalho, mas eles tinham os veículos apropriados para isso. Os turistas só saíam das estações no metrô, indo de uma estação à outra, ou então nos ônibus, do passado ao presente.

A pousada das Cicadáceas tinha muro dos lados lados e atrás, mas o prédio não fazia ligação com nenhum deles. A frente era inteiramente aberta e a única coisa que separava a calçada do pátio era o gramado que iniciava ao fim da calçada. O prédio era comprido, tinha sessenta metros de um lado a outro, mas apenas dois andares. As janelas eram de vidro e madeira, arredondadas na parte superior.

No térreo, havia duas grandes portas de madeira que ficavam uma ao lado da outra, no centro do prédio. Essas portas também tinham a parte superior arredondada e ambas eram duplas, de forma que cada parte se abria para um lado. Renato, Carlos e Débora, cada um carregando a sua mala, passaram pelo único calçamento que ia da calçada até as portas e dividia o gramado.

Ao passarem por uma das portas, viram que ambas abriam para o mesmo saguão, que ia de um lado ao outro do prédio e, na parte de trás, havia outras duas portas iguais às da frente. Ao entrar, via-se uma escada em cada lado do saguão, que liga o térreo ao andar superior.

Havia um corrimão de madeira ladeando as escadas, que iniciava em uma delas, passando pelo piso superior e indo acabar na outra. Dessa forma, a parte da frente era mais alta, pois o segundo andar ligava um lado a outro apenas na parte de trás, enquanto que a parte da frente não tinha o segundo piso e ia do chão ao teto do andar superior.

Logo em frente estava o balcão da recepção, que era retangular e ocupava o centro do saguão. Havia também alguns bancos, cadeiras e quadros pendurados nas paredes. Eles se aproximaram do balcão e aguardaram um momento. Como não havia muita gente, não demorou para que uma das recepcionistas os atendesse.

– Vocês têm reserva? – perguntou ela, depois que Renato pediu os quartos.

– Sim – respondeu Renato. – Débora Gonçalves Dias, Carlos Garcia e Renato Andrade.

– Quartos 202, 204 e 206.

Enquanto aguardava, Débora viu que havia sobre o balcão diversos folhetos, folders e cartões. A maioria deles trazia informações sobre as viagens de metrô, que saíam para diversos lugares e épocas, os outros continham propaganda da Dimensão Turismo, ou então de alguma empresa local.

Todos os panfletos relacionados à Dimensão Turismo traziam seu logotipo, que continha a palavra Dimensão, terminando com a parte dianteira de um metrô e abaixo dela a palavra Turismo, tudo isso dentro de um retângulo de cantos arredondados, mesclando as cores, azul, preto e branco. "A evolução, ao seu alcance." Débora leu em um dos folhetos sobre o balcão. A frase vinha próxima ao logotipo da empresa, mas como Renato não demorou Débora não chegou a pegar nenhum deles.

Depois que Renato, Débora e Carlos subiram para seus quartos, não saíram e jantaram na pousada mesmo.

No dia seguinte acordaram cedo. Por volta das oito horas os três já haviam tomado o café da manhã e estavam na sala. Débora estava diante de uma das janelas e olhava para o belo pátio iluminado pela luz do sol: um gramado decorado com diversos exemplares da planta que dava nome à pousada.

– Eles têm um belo jardim – disse Débora, que o contemplava, admirada, sem virar-se para os outros, que estavam sentados num sofá atrás dela.

– Eles têm mesmo – concordou Renato –, mas em todo lugar há tanto aqueles que preservam a natureza quanto aqueles que a depredam. Aqui não deve ser diferente. Não se esqueça de que não estamos aqui para avaliar apenas a estação, queremos saber qual o impacto que ela está causando ao mundo lá fora.

Ficaram em silêncio por algum tempo, durante o qual Débora continuou em frente à janela. A grande sala estava quase vazia naquele momento, além deles havia apenas um casal em outro sofá próximo, que falava pouco e tão baixo que eles nem conseguiam ouvir o que diziam, e um pequeno grupo do outro lado, próximo à saída, que conversava animadamente, de forma que se ouvia melhor a eles do que ao casal mais próximo.

Pouco depois ouviram algo que os desanimou: vindo de fora da pousada, um som que se sobrepôs a todos os outros, revelando que não devia vir de muito longe. Era o som demorado de motosserras, que sempre acabava com o baque seco de algo pesado caindo ao chão.

– Já sabíamos que a estação estava sendo construída com árvores retiradas daqui, mas nem eu esperava que este tipo de coisa ainda estivesse acontecendo – falou Renato. – Ontem, quando chegamos, não podia nem imaginar que o desmatamento estivesse tão próximo.

– Esta é a prova de que tomamos a decisão certa e da importância de sermos cautelosos – sussurrou Débora, saindo da janela e indo sentar no sofá junto aos outros. – Agora, mais do que nunca, poucos podem saber quem somos se quisermos mesmo saber quais são os segredos que este lugar esconde. A Dimensão Turismo conseguiu algo único: encontrou uma forma de depredar a natureza, milhares de anos antes de nossa existência.

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