Capítulo 06

O leilão iria começar no final da noite, Lizzie estava certa que conheceria o homem que a tiraria dali para arrancar a única coisa valiosa que ela tinha, sua virgindade. Duas horas antes ela começou a se arrumar, estava menos tensa, pelo pouco tempo que sairia dali antes de ser vendida, talvez pudesse tentar fugir novamente. Ou que talvez voltasse machucada como já tinha acontecido com outras garotas. Mia olhava a amiga, pensativa na cadeira da penteadeira.

— É melhor não pensar muito, amiga. Na minha vez eu só tentei me acalmar e deixar que ele fizesse o que pagou pra fazer, foi a melhor coisa. — Mia falou tentando convencer Lizzie a aceitar a situação.

— O que estão conversando? —  Karema interrompeu. — Você está dando a notícia a ela Mia? Enlouqueceu garota? — gritou ela parando na porta.

— Que notícia? — Lizzie perguntou se levantando.

— Acho melhor vocês conversarem em particular. Me desculpe, Liz. —  respondeu Mia, deixando o quarto.

— Conversar sobre o que tia? — questionou mostrando irritação no tom de voz. 

— Então, querida sobrinha. Na verdade você não participará do leilão dessa noite, nem de nenhuma outra. Quitaram sua dívida! — Karema anuncia feliz da vida.

— Como assim? — Lizzie não tinha entendido direito. — A dança rendeu tanto assim?

—  É claro que não, menina tola. Consegui enfim te vender para um ricasso — comentou agindo naturalmente.

Lizzie parou pra raciocinar por um momento olhando-a boquiaberta. 

— Como assim vendida?

— Exatamente isso que ouviu. Você sairá daqui definitivamente pra bem longe.

Por um momento ela agradeceu mentalmente por aquele "definitivamente" mas a curiosidade cresceu e a pergunta veio logo em seguida. — Quem?

— Ele está te esperando lá em baixo, pediu que vá apenas com as roupas do corpo e não se preocupe com mais nada. — Karema respondeu, mas sem mencionar o nome.

Lizzie não disse mais nada e simplesmente saiu do quarto sem olhar para trás, desceu as escadas rapidamente passando pelo corredor dos camarins. Frustrada e muito triste com a traição.

— Amiga! — Mia a chamou saindo do camarim.

— Você sabia disso e não me contou, né? Não me chame de amiga, você é uma falsa!

— Você precisa entender, Lizzie. Eu não podia me comprometer, ainda devo muito e ficarei aqui por bastante  tempo. — contou.

Lizzie deu as costas sem responder, estava cega de raiva de todos, e no momento não havia explicação que a fizesse mudar de idéia. Ela entrou no escritório de Dantas sem bater e foi surpreendida dando de cara com Luan.Entendeu tudo na hora, como se estivesse escrito na cara dele, o prazer de leva-la para casa.

Dantas estava pálido, com medo da reação e de que ela se negasse a ir com ele. Mas, a mesma não o fez, pois sabia dos riscos.

— Que bom que chegou, Lizzie. Creio que já esteja pronta, certo? — Dantas perguntou  e recebeu um aceno de cabeça. — Bom, senhor Vidal ela é toda sua, e foi ótimo negociar com você.

Luan agradeceu e saiu da sala pegando Lizzie pela mão fazendo-a com que seguisse ele até o carro.

Passado alguns minutos, Karema chegou no escritório, cantando vitória achando que iria embora. Mas, Dantas colocou ela em seu devido lugar, dizendo que mesmo que, Luan tenha pagado a dívida dela e de Liz, ainda assim pertenceria aquele lugar. Como faxineira e afirmou que não daria nenhum dinheiro a ela.

Karema saiu furiosa do escritório, pois sabia que jamais deveria afronta - lo, principalmente ali, quando ele poderia nao rasgar os papéis, que provaria que ela tinha uma enorme dívida com ele.

Luan Vidal era o dono de uma das maiores indústrias de Detroit.

Ninguém nunca questionava o que, e porque, ele fazia as coisas. Nem mesmo ele conseguia entender porque havia comprado Lizzie. 

Mas, era como se a jovem o atraísse como um ima, quem poderia negar se envolver por aquela que despertava sentimentos inebriantes em qualquer homem. A bela loura de corpo esbelto tinha seu charme, e uma fragilidade encantadora, que faria qualquer um render se aos seus pés. 

— Porque fez isso? — umedeceu os lábios e olhou para os dele.

— Só quero ajudar você. — respondeu com um meio sorriso olhando para o lado de fora do vidro do carro.

— Então agora estou te devendo? — retrucou.

A cabeça dele se virou em câmera lenta e ela capturou seu olhar mais uma vez.

— Não me deve nada, — Você simplesmente é minha! — abriu um grande sorriso, seguido de uma piscadela.

—Sua propriedade? — ela resmungou lançando lhe um olhar duro

—Não Lizzie. Minha mulher! — soltou um suspiro cansado, — Pare de pensar em ficar frustrada comigo.

Ela se virou aborrecida, não entendendo nada do que ele havia dito, como assim seria sua mulher?

Ao chegar na casa, Lizzie se assusta ao ver mais três mulheres vivendo com Luan. Todas as três o aguardava quieta no sofá, sem soltar uma palavra, mas era visível aos olhos dela, a irritação das mulheres ao vê - la, chegando de mãos dadas com ele. Assim que ele percebeu a presença delas na sala ordenou que as três fossem para o quarto. E elas simplesmente obedeceram de imediato, o que deixou a jovem, desconfortável com a situação é com medo de ser tratada da mesma forma. 

Do outro lado da casa, as submissas diziam, uma para a outra, que não ficaria assim de maneira alguma. Pois para cada mau trato haveria uma consequência para a recém chegada naquela casa.

Lizzie começou a pensar que a idéia de estar longe daquele lugar que a aprisionava era melhor do que qualquer coisa, menos descobrir que não passaria só o fim de semana ali, mas sim a sua vida toda. Não entrava em sua cabeça a hipótese de que ela teria sido vendida, como assim vendida? Que tipo de pessoa vende outra, sem o consentimento, e pior ainda no contrato está a assinatura da sua própria tia, de que sua dívida havia sido quitada e a recompensa era maior ainda. Seus olhos certamente estavam enxarcados nesse momento, as lágrimas que seria de um mínimo sequer de alegria, eram agora da maior tristeza, pior que ser traída por seu pai, foi ser traída pela tia ao qual depositou cinco anos de confiança.

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