Capítulo 2

Chego a empresa e adentro, todos os funcionários fazem de conta que não estão me vendo, sigo para o elevador e ele está se abrindo, duas funcionárias saem dele gargalhando, assim que me veem elas desmancham o sorriso e desviam a atenção. Adentro o elevador e aperto o vigésimo andar, demora alguns minutos até que a porta se abra.

-Bom dia se...

A interrompo.

-Quero o relatório da reunião passada na minha mesa, e meus horários para hoje. Falo sem dar chances dela terminar o que ia dizer.

-Sim senhor. Abro a porta e fecho deixando a menina sem graça, faz um mês que ela trabalha para mim, e ainda não se acostumou? Bando de gente incompetente.

Tiro meu paletó e afrouxou o no da gravata, pego o whisky e ponho uma dose no copo, sento na cadeira atrás da mesa e ligo o computador.

O dia como sempre passa rápido, depois da morte da Laís, eu afundei a cara em trabalho, procuro não me lembrar muito do que aconteceu, isso me mata ainda mais, na verdade acho que está tudo morto dentro de mim, até mesmo minha filha que era a quem eu deveria amar e cuidar mais que tudo eu não tenho feito, eu amo ela muito, mais todas as vezes que olho para ela vejo o quanto as duas se parecem e isso me deixa furioso, Deus foi tão injusto quando levou ela de mim.

-Aqui está senhor. A menina fala abaixando a cabeça.

-Quem mandou você entrar?

Pergunto com raiva.

-Eu bati na porta cinco vezes senhor, então eu entrei para entregar os relatórios. Ela fala assustada.

-E se eu estivesse nu? Iriam dizer que eu estava te assediando, não entre na minha sala sem permissão ouviu? 

Grito fazendo ela dar um pulo para trás.

-Sim senhor. Ela diz encolhida.

-Pode sair Ester. Meu irmão fala por trás da garota que está assustada.

-O que pensa que está fazendo?

-Evitando que você faça besteiras seu infeliz. Meu irmão afronta, a menina sai em desparada para fora da minha sala.

-Você pensa que é quem para falar assim comigo?

Esbravejo.

-Meu irmão mais velho e mais sem noção, a garota não fez nada para você soltar os cachorros encima dela. Ele fala e senta na cadeira ficando de frente para mim.

-Que ótimo. 

Murmuro.

-Deveria procurar alguém, isso deve ser falta de sexo. Ele fala e eu sento na minha cadeira.

-Eu não sou igual você seu pervertido, agora saia da minha sala que eu tenho muito o que fazer. Ele faz pouco caso.

Davi fica com se eu não tivesse falado nada com ele, as vezes esse jeito dele me irrita muito, mais faço de conta de que ele não está aqui, não preciso de mais um motivo para ficar com raiva pela manhã. 

Ele ficou aqui até dizer que estava com fome e sair, quando passava das onde e meia sai para almoçar.

-O de sempre por favor. Peço ao garçom sem nem ao menos olhar o cardápio, a dez anos como nesse mesmo restaurante, ele está cada dia mais sofisticado, mais eu não deixo de comer bife com batatas fritas e salada, era a comida favorita dela, uma porção de batatas com uma porção de salada, o equilíbrio perfeito, era o que ela sempre falava.

Fico olhando as pessoas ir e vir pela vidraça do restaurante, as vezes a saudade dela vem mais forte e isso me corroe por dentro.

Quando a comida chega, começo a beliscar devagar, o apetite passou, vou comer só para não ter que sair mais cedo da empresa, deixo algumas batatas fritas no prato e uma rodela de tomate, o bife eu quase nem toquei, lembra dela me faz perder a fome.

-Pode trazer a conta para mim por favor?

O garçom logo trás a conta para mim, pago e saio de lá, fica um pouco longe da empresa, mais eu gosto de caminhar até aqui.

Chego na empresa e vou direto para a minha sala, e como sempre, todos vão embora e fica apenas eu na sala, as luzes já foram todas apagadas menos a da minha sala, continuo a digitar o formulário de inscrição para novos aprendizes, aqui na empresa temos o programa para a contratação de cinco novos aprendiz, fazemos uma vez por ano, temos vaga para vinte pessoas, mais só cinco serão selecionados para trabalhar aqui, eu adaptei a ideia na empresa e achei muito bom, tem muitas pessoas inteligente que não são reconhecidas.

(...)

Saio da empresa já passa das nove e meia da noite, o trânsito está calmo, logo chego em casa, as luzes estão apagadas, Brenda a essa hora já está dormindo, vou até o quarto dela e abro uma pequena frecha da porta, ela está deitada de costas para a porta, todas as noites quando chego ela está assim, Saio cedo o suficiente para não lhe ver acordada e chego tarde o suficiente para que já esteja dormindo, nós morou com meus pais até ela fazer dois anos, depois eu decidi que estava na hora de termos nossa própria casa, comprei uma casa não muito longe da dos meus pais, depois que chega da escola, Brenda vai para natação e depois para a aula de música, seu dia é sempre bem cheio.

Vou para meu quarto, tomo um banho e deito na cama usando apenas uma cueca box, logo pego no sono.

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