James não sabia como ela havia chegado àquela conclusão, e não desejava responder algo que nem mesmo ele entendia bem. 

 

Ele bufou e voltou a se deitar na cama fechando os olhos, ouviu os passos irritados dela vindo até ele, ela o chamou uma, duas, três vezes até que ele se voltou irritado para ela. 

 

— Estou cansado. — disse-lhe, Alice colocou as mãos na cintura e rebateu decidida. 

 

— Não paro até que me responda porque me defendeu dele? 

 

Ele franziu o cenho e bufou. 

— Por que supõe que ele disse algo sobre você? 

 

Ela semicerrou os olhos violeta e esclareceu:  

 

— Além de eu ter visto o canalha apontando para mim, ele mesmo me disse que o provocou.  

James deu de ombros fazendo pouco caso daquilo, mas, no fundo, amaldiçoando aquele macho imbecil. 

 

— Julga que bati nele por algo que disse? Que besteira! Bati nele porque não dava a mínima para a corrida e já estava cansado da cara de merda dele. Não teve nada a ver com você Alice *Nask. 

 

Quando ele a chamou Alice Nask e riu para a mesma, por um instante ele se recordou de suas brigas infantis no passado, quando ambos tinham pouco mais de seis anos. 

Naquele instante Alice pareceu se esquecer completamente que havia anos que não o via, ela o olhou furiosa e puxou o travesseiro de sua cabeça o usando para bater nele, Alice praguejou várias vezes falando palavras que James só havia ouvido sair da boca de machos.  

Ele riu diante da fúria dela e isso a irritou ainda mais sua irritação foi tanta que Alice fez o impensável, subiu na cama e tentou sufocá-lo com o travesseiro.  

James tirou o travesseiro com facilidade de seu rosto e a fêmea subiu em cima dele colocando uma perna em cada de sua cintura, tentando usar seu peso para manter o travesseiro sobre ele, apesar de falar palavrão, James a ouviu rir baixinho.  

O problema era que como ele estava lutando para puxar o travesseiro dela e ela se estica para pegar outro e bater nele sua parte de baixo ficou de repente desperta para os movimentos dos quadris dela... Despertos demais.  

 

James percebeu a tempo o que estava acontecendo e com vergonha de ter ficado excitado com aquela brincadeira boba a empurrou para o lado e puxou as cobertas para cima de si mesmo se virando para o lado oposto ao que a jogou. 

 

— Eu o machuquei? — perguntou a jovem fêmea se levantando e parecendo perceber que não agiu como as fêmeas costumam agir. 

James bufou e disse de costas para ela: 

 

— Até parece.  

 

Ele sentiu Alice se sentando na cama e logo o cheiro doce dela o invadiu, de seu cabelo e sua pele, o cheiro que apenas as fêmeas tinham, um aroma suave próprio dela e isso o fez enrijecer ainda mais...  

Aquilo estava ficando cada vez mais desconfortável porque ele sabia que ela não estava interessada e James não tiraria sua honra, se houvesse ainda alguma. 

Esse pensamento o fez se sentir estranhamente...revoltado. 

Não precisava das complicações que um ato impensado como esse traria. Ele pigarreou e disse: 

 

— Estou cansado. — Repetiu. 

 

Ele não precisou olhar para trás para saber que ela assentiu para o que ele dizia, logo o peso na cama desapareceu e ele ouviu os passos dela até a porta, antes de sair ela murmurou: 

 

— Obrigada, Jamie. — Ela o chamava de Jamie quando eram crianças. 

 

Ele não conseguiu dormir mais depois disso... o motivo era óbvio.  

 

[...]

 

James viu os guardas de seu pai assim que ele apareceu no corredor, seus ferimentos estavam completamente curados e ele já aguardava pela sua convocação ao Salão do Alfa. 

Onde todas as disputas entre lobos eram decididas. 

Quando ele avisou que haveria consequências, James imaginou que o clã Villin fosse exigir uma reparação por ele ter agredido Vlad.  

Ele se deixou levar pelos guardas através do grande corredor até a escadaria descendo em direção ao Salão do Alfa, enquanto caminhava viu Alice passar carregando um cesto de mantas, seu cabelo preto estava parcialmente molhado e ela cheirava a grama.  

Quando seus olhares se encontraram e ela viu os guardas o levando, seu coração disparou, quando ela deu um passo em sua direção, James meneou a cabeça e ela se conteve. Todos sabiam onde aquilo ia terminar, por que adiar o inevitável? 

 

As portas foram abertas e a primeira coisa que James notou foi sua mãe sentada ao lado de seu pai com as mãos em seu colo unidas, o cós de seus dedos estavam brancos indicando que ela apertava com força as mãos uma na outra.   

“Aquilo não era bom para o bebê” 

Seu coração se comprimiu em seu peito ao ver tão claramente o sofrimento de sua mãe, o pior era que isso acontecia bem ao lado do macho que deveria cuidar dela, James o encarou e sua expressão era a mesma.  

 

A frieza do Alfa era nítida, James acreditou que ao menos com sua fêmea grávida ele pudesse ser um pouco mais atencioso, estava enganado e sua mãe também. 

Ele acenou-lhe enquanto os guardas o colocavam de frente para o Alfa sentado em seu trono, Natanael Turner o encarou e após um momento pronunciou: 

 

— James Turner você embora seja meu filho está aqui para ser julgado pelo seu ato inconsequente no primeiro dia dos jogos entre os Clãs de Arméni, devo ratificar que você como filho do Alfa não está acima da lei. 

James assentiu. 

 

Vlad Villin foi chamado a frente sendo seguido por seu pai o macho Marco Villin, o Alfa deixou que o jovem macho contasse sua história sobre o acontecido.  

O lobo deu um passo à frente, e contou sua história mentirosa, de como havia demonstrado interesse em uma fêmea, e fora agredido. 

James trincou os dentes, sentindo todo o seu corpo estremecer em uma fúria negra e perigosa. 

O Alfa Turner se levantou, e desceu alguns degraus até o lobo Villin. 

— Quem é a fêmea em questão? 

James ficou em pânico, ao ver impotente Vlad responder: 

— A Nask, Alfa. Ela sempre me dá sinais de que está interessada em mim, e isso que causou toda a situação. 

James deu alguns passos em direção ao seu pai: 

— Ele mente. Ela não deu nenhum sinal a ele.  

Nesse momento, Alice entrou no salão, e todas as cabeças se viraram para observar a Nask. 

— Quando o Oriedreh chegou na estrada para os jogos ele surpreendeu eu e a Nask juntos. — Disparou Vlad. 

James se voltou para rebater aquele absurdo, mas o Alfa levantou uma mão em sinal para que se calasse. 

Seu olhar gélido recaiu sobre Alice. 

James engoliu em seco, e voltou seu olhar para o rosto pálido da fêmea. 

— Nesse dia em questão, James Turner presenciou vocês dois sozinhos na estrada?  

A pergunta do alfa Turner havia sido diretamente para Alice, e sua voz era grave e intimidadora. 

James sabia que se intervisse, só complicaria tudo. 

— Sim, mas... — O alfa não lhe deu a chance de terminar sua frase. 

Ele levantou novamente sua mão e a calou. 

O Alfa olhou nos olhos de James e deu seu veredito para todos ouvirem. 

— Cinquenta chibatadas a Nask! 

*Nask 

ÓRFÃO.