A Fisioterapeuta e o Cowboy
A Fisioterapeuta e o Cowboy
Por: Carla Cadete
Capítulo 1

Capítulo 1

Hélio é o fazendeiro mais rico da cidade de Toledo em Minas Gerais.

Todo seu dinheiro, sua classe e posição social não contam para ele, pois sua vida mudou drasticamente, não é, e nunca mais será o mesmo, tanto fisicamente como psicologicamente.

De acordo com a quantidade de médicos que consultou, até mesmo os particulares e tanto exames que fez, não valeram de nada, pois andar novamente, provavelmente não seja mais possível.

Para ele, sua fama de cowboy e conquistador, foram por água abaixo. O Rodeio do fim do ano de 2019, foi seu último, desde então está na cadeira de rodas.

Não é uma pessoa bruta e desagradável, mas também não é feliz, antes se divertia no bar dos primos, quando solteiro claro, agora seu menino nem sobe mais.

O último médico que sua irmã arrumou, pediu para fazer fisioterapia constantemente, chateado com essa vida que leva, essa situação toda, nem foi atrás do solicitado pelo médico.

Sua irmã está procurando alguém para ajudar o irmão, tem fé que um dia, o irmão poderá voltar a andar.

É muito cedo acabou de amanhecer, Hélio está acordado a um tempo assistindo teve na sala zangado.

Helena passa pelo irmão e o cumprimenta:

— Bom dia, irmão. — Fala Helena ao se juntar ao irmão.

Hélio está em sua cadeira de rodas observando a televisão.

— Não tem nada de bom. Aquela mulher vive tentando tirar a minha roupa. - Hélio responde à irmã mau humorado.

- Ela apenas quer te ajudar a tomar banho.

- Você sabe muito bem que me viro sozinho. – Responde completamente irritado.

Helena se levanta tensa com o mau humor do irmão e vai procurar a cuidadora para saber a versão dela nessa história toda, mais não a encontra por perto e volta para conversar com o irmão, que agora está na varanda observando a leve garou.

Tenta conversar com o irmão amigavelmente, como se nada tivesse acontecido.

— Estou a procura da pessoa certa para a fisioterapia que o Dr pediu.

Hélio não responde, o assunto não o interessa, fica calado, apenas escutando.

Já cansou de escutar que talvez não poderá mais andar e a irmã não desiste, ele mesmo que deveria se interessar não quer mais saber.

— Não vai dizer nada? — A irmã pergunta triste pela falta de interesse dele.

— O que quer que eu diga? – Pergunta a olhando nos olhos.

— Bom, poderia se interessar. Vou contratar alguém que fique com você direto assim como a cuidadora.

— Perde seu tempo irmã. E deve ser bem caro ficar com duas pessoas cuidando de mim sem necessidade.

— Realmente não é barato, mais a pessoa ficará com você dia e noite.

— Não preciso disso. Já não basta a mulher que contratou para cuidar de mim, sendo que na há necessidade pois sei me virar muito bem sozinho. – Fala irritado.

A irmã finge que não escuta e continua falando:

— Poderá te ajudar como que precisar, as coisas mais básicas ou difíceis do seu dia a dia. Fará vários tipos de massagens e fisioterapia. Pois, vejo que anda muito tenso, querido.

— Já sei fazer tudo isso sozinho irmã. Meu banho, minhas roupas, me viro muito bem, obrigado. Ah, e a cuidadora mandei embora. – Fala olhando para frente, dando o assunto por encerrado.

— Ora, vamos lá querido. Ela estava aqui para ajudar.

— Me ajudar? Sei muito bem vestir minha própria cueca, só precisei de ajuda no início. Me desculpa, não estou muito bem-humorado hoje.

— Eu sei amor, e não vou desistir de você. Tenho fé o suficiente por mim e por você de que um dia você voltará a andar.

Hélio escuta calado, ele mesmo não tem fé em si próprio.

— Preciso sair. Fiz um pedido na fazenda do Rio das Pedras e na Pedra de Fogo, vou buscar as coisas. Vai precisar de algo? Quer vir comigo?

— Não, obrigado. Prefiro ficar em casa, não tenho o que fazer na rua. - Olha para a irmã com mágoa nos olhos.

- Está bem meu querido. – Sem dizer mais nada, Helena beija o irmão na testa e sai.

Hélio entra, sua casa é grande, antes do acidente seu quarto era no andar de cima, mais para facilitar a sua vida, agora fica no andar de baixo.

Entediado, vai para o escritório e liga o computador, como não tem o que fazer e o trabalho de escritório da fazenda está em dia, resolve entrar em um site pornográfico e fica uns minutos assistindo, até se entediar e desligar.

“A quem quero enganar? Não adianta, não sobe mais.” - Pensa desgostoso.

Vai até à sala assistir tevê e não presta atenção em nada, quer andar a cavalo, sair pela fazenda como antes, nadar no lago, na cachoeira. Sentar e ver a água da cachoeira se movimentando em seus pés, cochilar onde quiser, dirigir, tocar a fazenda como antes e namorar.

“Ah como gostaria de namorar.”

Antes do acidente, ia sempre na cidade, e não tinha uma mulher que não faltasse quebrar o pescoço para o olhar, é alto, bonito, sempre teve fama de bom de cama pela boca da mulherada. Antes de ficar noivo, saia com todas as solteiras da cidade, lhes arrancava muitos suspiros e gritos na cama. Pensando nisso sorri de seus pensamentos.

Agora parece que a maioria foge quando o vê! Para não ver as pessoas fugindo dele ou lhe mostrando olhar de pena, prefere não sair de casa. O que lhe restou do seu dia a dia de antes? Seu violão e a suas canções. Sempre amou cantar. Não canta como antes, mas também não parou.

Fez vários duetos com seu amigo Cássio antes do acidente, era feliz com a vida que tinha.

Depois do acidente Cássio o visitou, mais ele teve tantos problemas de um tempo para cá, que não voltou mais.

Helena vai até à casa de Penélope a enfermeira da cidade sua amiga a alguns anos, acredita que ela pode lhe ajudar a encontrar um bom fisioterapeuta para o irmão.

— Bom dia Penélope. Como está linda?

— Bom dia Helena, estou ótima obrigada. E seu irmão?

— Sobre ele que vim conversar querida. Você tem um tempinho?

— Claro que sim, vem vou fazer um café.

Helena entra e vai direto ao assunto:

— Preciso de um fisioterapeuta. Já fui ao posto, mais disseram que vai demorar em mandar alguém.

— Eu tenho alguém! — Fala Penélope que já deixara tudo encaminhado aguardando esse dia chegar.

Helena sorri, pois, se o seu irmão não vai até o fisioterapeuta o levará até ele.

Entediado de ficar dentro de casa, Hélio desliza a cadeira pela varanda descendo a rampa que foi feita após o acidente e segue até o estábulo.

Dentro do estábulo observa seu cavalo, puro sangue da raça Frísio e o chama carinhosamente de Trovão. É negro, robusto de temperamento dócil. Seu único e verdadeiro companheiro do seu dia a dia de Cowboy.

Sente falta de montar em Trovão, pode ser dócil mais não aceita ninguém montá-lo a não ser o dono.

Hélio suspira pesaroso, sente falta de montar trovão. O cavalo sente sua presença e se aproxima, encosta o focinho em sua cabeça.

- Oi amigão.

O cavalo relincha batendo a pata no chão.

- Eu também sinto sua falta. – Fala passando a mão em seu focinho.

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