Capítulo 4

Dito desce primeiro que o Alexandre. Lucas mandara uma foto da turma da escola para ele. Na foto tinha Lucas, uma amiga de nome Érica e a Mariza.

— Apareceu. — Dito murmura. — Olha como ela cresceu. Praticamente uma mulher.

Dito diz achando estar sozinho, Alexandre chega por trás e Dito dá um pulo com o susto.

— Quem tá uma mulher? Virou canguru agora? RS...

Dito põe a mão no coração:

— Cabra tu me assustou. Não faz mais isso.

— Tá assustadinho é porque deve.

— Nada tava só admirando uma foto que o Lucas mandou.

— Deixa eu ver.

Dito não sabe se é prudente mostrar, afinal o cabra sofre até hoje.

— Mostra logo.

— É sem importância. — Fala tentar evitar que a veja.

— Se é sem importância, porque não posso ver?

— Não é isso.

 Então me mostra.

Dito lhe entrega o celular. Mesmo tendo pintado o cabelo de loiro a reconheceu de imediato. Sim, agora parece uma mulher.

— É a... — Dito começa a falar.

— Eu sei… está maravilhosa. Perfeita. — Fala Alexandre a admirando. — Ela...

— Pintou o cabelo? Ficou ótimo...

— Ficou, toda linda... toda... — Fala ressentido.

— Quando que a encontraram? — Pergunta entregando o celular pro Dito.

Ficou mal-humorado, pois apesar de tudo ficou feliz ao ver a m*****a foto e o principal que ela está bem.

— Sei lá cabra. Mais posso perguntar.

— Deixa para lá. Não quero saber.

Alexandre agora tem um compromisso e se ela quisesse saber dele o teria procurado.

— Você que sabe cabra.

— Vamos embora!

Diz ríspido e afetado psicologicamente e fisicamente pela foto. Espera que Dito não perceba sua ereção na calça apertada, nem ele mesmo acredita que ficou assim tão fácil.

— Merda!

— Que foi cabra?

— Nada. Entra no carro.

No carro, Dito acha melhor ficar quieto olhando a paisagem.

"O cabra ficou uma fera." — Pensamentos Dito.

Chegam na fazenda Lírio do Vale e Alexandre deixa o Dito.

— Valeu cabra... quando você for se der dá um toque.

— Tá, ok.

No caminho o mau-humor de Alexandre se transforma em lágrimas. Seus olhos ficam marejados e vermelhos. As lágrimas teimam em lhe queimar os olhos, até ele piscar e elas rolarem.

Fazia um tempo que não chorava por ela. Ver aquela foto o emocionou demais. Seu peito dói, dói como se fosse uma ferida que não cicatriza nunca.

— Mariza... — Diz o nome dela entre os dentes com mais lágrimas lhe queimando os olhos.

Irá se casar, Cíntia é uma mulher boa e o ama. Ficaram juntos para sempre. Assim como deveria ter sido com a Mariza.

Sinceramente, por mais que goste da Cíntia, a respeite e até sente falta dela, nunca deixa de pensar na ex. Chega em casa e vai direto para a piscina.

Arranca as roupas ficando totalmente nú e mergulha. Seu coração dói, então o corpo também vai doer. Faz exercícios na piscina até ficar exausto.

Entra em casa com o corpo escorrendo água e abre uma garrafa de vinho, vai se vestir com a garrafa na mão. Coloca uma bermuda e termina o vinho.

Precisa ir trabalhar... mais não sabe se vai conseguir, talvez deixe os funcionários trabalharem sozinhos hoje.

Só o vinho não vai lhe derrubar, vai para a cozinha, e abre uma garrafa de pinga do Alambique.

Na metade da garrafa ele dorme no sofá. Abaixa o braço e a garrafa cai no chão transbordando o restante.

Dois dias depois vai buscar Cíntia para ir morar com ele. Quer tirar ela daquele lugar. Quando ela o vê se abraçam.

— Pensei que não viria me buscar, que não me queria de verdade.

— RS, foram só dois dias. Eu... eu tive um pequeno problema... — Seu problema foi beber e pensar em Mariza. — mais já está resolvido, RS. Vamos para a nossa casa?

— Sim, RS.

Chegam na casa e Cíntia fica de boca aberta

— Nossa é enorme...

— Acredito que nós conseguimos encher com uns dez filhos, RS

— Tudo isso de filho? Meu Deus, RS.

O casal se abraça. Mais no interior dele, aquela ferida ainda sangra.

Seus olhos voltam a ficar cheios de lágrimas. Cíntia é uma boa mulher, o ajudará a esquecer Mariza de uma vez por todas.

Dois meses depois eles se casam, no civil e no religioso. Queria cantar, mais não tinha voz para isso. Há muito tempo não canta.

No decorrer de um ano, Cíntia engravida, fica feliz demais com a futura chegada de um novo membro na família.

Porém, muitas vezes nesse primeiro ano de casado, pensou demais em Mariza, parece que casar foi pior. Às vezes fazia amor com a esposa e se sentia o pior dos canalhas depois.

Porque imaginava estar com a Mariza. Aquela m*****a foto, não deveria ter visto. Não era justo para com a esposa.

Não fazia na maldade, simplesmente não conseguia evitar. Depois de dois anos de casados, Cíntia acorda uma certa noite e não vê o marido na cama.

Se levanta e vai ver o filho no quarto dormindo. Está grávida de novo. A casa está toda escura, só entra pelas janelas a luz do luar.

Escuta o som de um violão... já tinha visto o violão antes na casa. Mais nunca o viu tocar antes.

O acha na entrada da casa dedilhando o violão… ela para e fica escutando.

Alexandre começa a cantar... "Coração está em pedaços."

— Hoje eu vim te procurar

A saudade era demais

Vim falar do meu amor

Timidez deixei pra trás

Quero te dizer que eu

Sofro muito sem você

Coração tá em pedaços

Com vontade de te ver

Porque saiu assim da minha vida?

Sozinho sem você

Não tem saída, porque, porque...

Porque você não quer saber do meu amor? Porque?

Diga, se te deixei faltar amor?

Se o meu beijo é sem sabor?

Se não fui homem pra você?

Diga, que tudo não passou de um sonho

E o amor que te proponho

É pouco pra te convencer

Hoje eu vim te procurar

A saudade era demais

Vim falar do meu amor

Timidez deixei pra trás

Quero te dizer que eu

Sofro muito sem você

Coração tá em pedaços

Com vontade de te ver

Porque saiu assim da minha vida?

Sozinho sem você

Não tem saída, porque, porque?

Porque você não quer saber do meu amor? Porque?

Diga, se te deixei faltar amor?

Se o meu beijo é sem sabor?

Se não fui homem pra você?

Diga, que tudo não passou de um sonho

— E o amor que te proponho

É pouco pra te convencer

Diga se te deixei faltar amor?

Se o meu beijo é sem sabor?

Se não fui homem pra você

Diga que tudo não passou de um sonho

E o amor que te proponho

É pouco pra te convencer...

Cíntia Gonzalez agora entende, já tinha percebido que o seu marido perfeito, carinho e amoroso tinha uma grande dor em seu coração.

Ela pensava que era, devido aos pais, mais agora sabe que é por causa de outra mulher.

— Alexandre? — O chama se aproximando.

Ele se assusta um pouco, mais logo se recupera.

— Oi querida, pensei que estava dormindo.

— Você não estava comigo. Senti sua falta na cama.

— Perdi o sono.

Cíntia pergunta sem conseguir conter a curiosidade:

— Amor, quem é essa mulher que não sai do seu coração?

Alexandre fica paralisado.

— Pode falar, faz muito tempo que percebi que você não se entrega de coração para mim por completo. — Alexandre se sente mal por ouvir isso e fica emocionado.

— Eu sinto minha querida. Nunca quis te magoar.

— Está tudo bem... você está comigo. — Ela o abraça. — Só fico triste, por não ter conseguido fazer você esquecer.

— Me sinto culpado.

— Não sinta, não mandamos em nossos corações. — Ela fala com lágrimas nos olhos.

Ela segura as mãos dele e sorri por entre as lágrimas dizendo:

— Vamos ser felizes querido. Tenho certeza que vamos superar isso juntos.

— Você é tão boa. Tão diferente, compreensiva, companheira...

— Não diga mais nada. Vamos para a cama.

Ele a segue sem dizer nada...

Alexandre termina de contar, Rodrigo está sem palavras, Cássio agora entende porque o amigo ficava com uma única moça antes de se casar não Bar dos Primos.

— Cara, apesar de tudo, foi muito bonita sua atitude com sua esposa. — Fala Rodrigo.

— Sim, você sempre foi um bom marido e pai.

Alexandre abaixa a cabeça triste, e fala com a voz embargada:

— Poderia ter sido melhor. Ela morreu sabendo que eu amava outra mulher. Não foi justo pra ela.

Rodrigo também fica emocionado, já amou e sabe como é difícil amar e não ser correspondido.

— Alexandre, porque você não foi atrás dela antes de casar? Tirar essa dúvida que ficou no ar entre vocês? — Fala Rodrigo.

— Mariza nunca me amou. Foi embora, tinha contato com os meninos. Não veio atrás de mim porque não quis. — Comenta amargurado.

— Calma amigo. — Fala Rodrigo colocando a mão em seu ombro.

— Estou calmo. Vou indo. Melhoras Cássio. Falou Rodrigo.

— Tchau.

— Falou.

Eles olham o amigo ir embora, e Cássio diz:

— Ele ainda gosta dela.

— Gosta muito. Patrão, vou indo. Fazer a ronda antes de dar por finalizado o dia.

— Pode ir. — Fala Cássio olhando o carro do Alexandre sumir de sua vista.

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