Capítulo 6

Capítulo 6

Cássio estaciona a caminhonete em frente ao Bar dos Primos, tira o cinto e desce. Está calado, seus pensamentos o perturbaram, nunca sentiu tanta vontade de estar perto de uma mulher e a ter, como sente com a moça que o filho diz gostar.

Sente-se mal com tais pensamentos, mas não consegue evitar, em sua opinião a melhor decisão que resolveu tomar foi ir no bar dos Primos pegar algumas gatinhas como diz o Dito e os demais.

Observa seus garotos descendo do carro, como sempre são barulhentos, faladores e brigam por tudo ou por nada.

— Quanta gata, patrão! — diz Dito ao entrarem no Bar.

Seu sorriso como sempre vai de orelha a orelha, nunca o viu triste, raramente o vê sério.

Cássio vai direto para o balcão e pede uma cerveja sem olhar para os lados.

— Patrão, tudo bem? Nunca o vi tão calado — perguntou Daniel estranhando.

— Não é nada demais. Só ando pensativo e um pouco preocupado — diz, termina a cerveja num gole, e pede outra em seguida.

— Já tem meia dúzia de mulheres de olho no senhor, patrão — comenta Daniel olhando ao redor.

— Elas que esperem — Cássio fala e continua bebendo sem dar importância.

Se fosse antes, iria gostar de toda esse atenção da mulherada, mas agora sua mente está em outro lugar ou melhor, em outra pessoa.

— Falou o garanhão. Vou lá rapidinho — diz Daniel, sumindo das vistas de qualquer um.

Os outros dois também somem pelo bar adentro e Cássio continua bebendo enquanto pensa.

Cansado de tomar uma cerveja atrás da outra, pede tequila com limão. Após tomar seis doses seguidas, seus pensamentos não são mais os mesmos.

— Patrão, a gatinha de sempre está te esperando — diz Dito.

— Não quero a morena hoje. Quero uma loira — diz pensando na Érica. Para sua grande infelicidade, ela não que não sai dos seus pensamentos.

Sentindo-se um pouco tonto, sai do assento, seus movimentos estão instáveis, mas não se importa, vai em direção às garotas.

Observa uma loira muito interessante e com a voz embargada chama a mulher.

— Ei você, a loira. Vem comigo, tenho algo de que você vai gostar.

— Claro, gato — ela disse com um sorriso malicioso, tem a certeza de que que tirou a sorte grande, pois ele é de tirar o fôlego.

Puxa a mulher pelo pulso para o fundo do bar sem nenhuma delicadeza.

— Calma, bonitão. Espere, vamos subir para ter mais privacidade.

Com o andar instável e a voz desconexa reclama com a mulher:

— Vem, serei rápido.

— Mas...

— Se você não quiser, chamo outra.

— Está bem, gato.

Abre a porta dos fundos, encosta a mulher de frente para a parede.

— Ah! Nossa gato, por que tanta pressa? Nem ao menos um beijinho?

Cássio, enterra o nariz nas mechas loiras, sente o cheiro dos seus cabelos, mas não são nada parecidos com os de uma certa loira que está ofuscando seus pensamentos o dia todo.

Sempre se gabou de ficar ereto com facilidade, mas hoje tudo foi por água abaixo, essa mulher à sua frente não o instiga em absolutamente nada.

Na verdade, gostaria de estar se enterrando em outra loira, a fazer sua durante vários dias seguidos para ver se essa sina passa.

Resignado por não conseguir ficar excitado, dá as costas para a mulher e sai andando vagarosamente sem dizer nada.

— Ei, espera um pouco! O que foi isso?

— Você não me excita.

— Como assim?

— Deixe como esta, moça — falou voltando a andar.

— Seu canalha! — grita histérica.

Sem se importar com o grito da mulher volta para o bar, pede outra cerveja ao sentar em frente ao balcão.

— E aí patrão? E as outras meninas? — perguntou Dito o vendo chegar

— Para mim chega por hoje. Já deu o que tinha que dar — diz irritado com o que aconteceu.

***

Na fazenda, Lucinda termina o expediente e vai para casa, o capataz faz o mesmo. Ambos moram nas terras de Cássio há muitos anos.

Érica observa Lucas afinando o violão. Assim que termina, dedilha e a convida para cantar.

— Pronto... Está afinado. O que vai cantar?

— Não sei ainda, toca alguma coisa.

— Você quem sabe. Vejamos... assim fica meio difícil escolher. Ah, já sei. Se prepare.

***

Cássio dirige como um louco voltando para casa.

Não deveria ter saído, nada me faz esquecer essa garota. O que ela tem que me fascina tanto? — pensa chateado consigo mesmo.

— Patrão, pelo amor de Deus. Isso não é boi, misericórdia.

— Eu vou morrer! Minha senhora Aparecida! — grita Daniel com os olhos arregalados.

Cássio freia seco ao chegar na porteira, os rapazes descem com as pernas trêmulas de tanto medo. Preferem andar o restante do trajeto a pé após abrir a porteira para o patrão.

— Falou patrão — Dito se despede levantando a mão.

Cássio percorre o restante do trajeto sozinho até a garagem.

— Mano do céu! Que medo, quase me borrei — fala Dito para o Daniel.

— Nem me fale. Ainda estou tremendo.

Conversam indo até o alojamento onde dormem.

Cássio guarda o carro na garagem de qualquer jeito, seus reflexos não estão muito bons. Bebeu bastante, mas não ao ponto de perder o reflexo.

Andando em direção a casa, observa o filho com a jovem que está atormentando sua mente o dia todo.

Vai diminuindo os passos até parar de andar vendo os dois juntos, sorridentes, se descontraindo. O filho levanta a mão e passa de leve na bochecha dela, isso perturba seus sentimentos, embora não deveria.

— Tenho certeza que se lembra dessa canção.

Começa a tocar as primeiras notas, mas ela não lembra de imediato e balança a cabeça colocando as mãos na cintura.

— Não estou lembrando, Lucas...

Desconsolada por não lembrar da música desisti de cantar, mas uma linda voz atrás de si a faz lembrar a letra de imediato. A canção Evidências, interpretada por Chitãozinho e Xororó.

— E nessa loucura de dizer que não te quero

Vou negando as aparências

Disfarçando as evidências

Mas pra que viver fingindo

Se eu não posso enganar meu coração

Eu sei que te amo

Chega de mentiras, de negar o meu desejo

Eu te quero mais do que tudo

Eu preciso do seu beijo

Eu entrego a minha vida

Pra você fazer o que quiser de mim

Só quero ouvir você dizer que sim...

Cássio termina de cantar a canção, o tempo todo olhando para ela.

— Canta muito bem, senhor Durant.

— Obrigado.

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