CAP 4

... Quando o ônibus parou em frenteao condomínio Eldorado eu enfiei o meu celular no fundo da bolsa, ergui a minha cabeça e decidi focar no meu futuro e deixar o meu passado de lado por alguns momentos.

- Bom dia, eu posso te ajudar?- O porteiro me questionou assim que eu parei na guarita do condomínio.

- Sim, eu vim para uma entrevista

na casa dos Álvares... Eu já falei com

a dona Flávia.- eu o respondi.

O homem negro, alto, de cabelos grisalhos e bigode desviou o seu olhar de mim pegando o seu telefone.

- Alô? Dona Flávia, tem uma moça aqui na guarita dizendo que tem uma entrevista aí na mansão... Qual é o seu nome mocinha?- ele me questionou me fitando novamente.

- Angeline!- eu o respondi sorrindo.

Ele desviou o seu olhar de mim mais uma vez e voltou a falar no celular me deixando de lado.

- Isso, o nome dela é Angélica! Pode deixa-la entrar? Okay, muito obrigado e boa tarde!- ele falou e logo depois deslizou a ligação.

Eu não consegui segurar a risada

ao ouvi-lo errando o meu nome, isso

já é algo comum pra mim. As pessoas me chama de Angélica, Ângela e mil outros nomes, é hilário!

O meu pai escolheu esse nome para mim e antes eu confesso que eu tinha asco desse nome, mas hoje em dia eu amo e acho tão diferente.

- Pode entrar, Angélica... A Flávia já está te esperando.- ele falou abrindo o portão e eu logo entrei pelo mesmo.

Eu me despedi do porteiro que eu acabei descobrindo que se chama Leandro e em seguida eu fui direto para a mansão dos Álvares, eu devo ter andando por volta de uns quinze minutos ou mais... Eu não fazia ideia que esse condomínio era tão grande e que essa mansão dos Álvares era uma verdadeira fortaleza, esse povo deve ter no mínimo cinco filhos pra ter uma casa desse tamanho.

Quando eu cheguei na porta da casa uma senhora branca, de cabelos loiros e sorriso meigo já esperava por mim e ela me recebeu calorosamente, essa é a senhora Flávia, ela é a governanta da casa e pelo que ela me disse é ela quem "governa" tudo nessa casa e da as ordens.

- Nossa, essa casa é linda! Quantos cômodos são?- eu a questionei assim que a gente entrou na sala de estar.

A Flávia olhou em volta e logo em seguida ela se virou para mim me lançando um sorriso amigável.

- Olha Angeline, para ser sincera contigo eu não sei quantos cômodos são ao todo, mas eu sei que tem seis quartos, sala de tv, brinquedoteca, sala de estar, copa, sala de jantar e "mil" outros cômodos.- ela contou em um tom divertido.

Eu olhei em volta assustada com

o tamanho dessa casa e também com

a quantidade de cômodos. Eu tenho pena de quem limpa essa casa, deve gastar uma semana inteira sem parar!

- O Senhor Eduardo gosta de casa grande, a outra casa era tão grande quanto essa... Mas é melhor a gente mudar de assunto porque nós não estamos aqui para falar dessa casa e sim da oportunidade de emprego.- ela falou já indo para o assunto principal.

Eu desviei o meu olhar de um dos quadros que estava na parede e eu a encarei dando um sorriso fechado.

- Okay!

A Dona Flávia acenou para uma cadeira que estava vazia, eu logo me sentei e ela se sentou de frente para mim... Ela me ensinou como a rotina da casa funcionava e também como é a rotina da criança, eu confesso que eu fiquei assustada ao saber só tem uma criança na casa, eu imaginei que eram no mínimo três, mas pelo jeito eu estava enganada.

- A Alícia é uma criança tranquila,

ela é obediente e muito doce, então

seu trabalho será bem fácil porque com ela eu garanto que você não terá problemas.- ela me contou.

Ela me contou mais sobre a Alícia

e o seu temperamento e eu cheguei a conclusão que se ela for realmente assim o meu trabalho será bem fácil porque essa mulher está descrevendo um anjinho, mas quando é assim eu já tenho as minhas desconfianças.

- Mas como irá funcionar a minha carga horária de trabalho? Eu estudo pela manhã, então eu não terei esse horário disponível.- eu logo contei a ela.

- Sem problemas, a Alícia está na escolinha pela manhã e você só irá iniciar o seu trabalho a tarde.- Flávia logo.

Eu acenei com a minha cabeça imediatamente já ficando bem animada com a possibilidade de trabalhar para essa família... Esse emprego está me saindo melhor do que encomenda!

- Mas há um porém, você terá que dormir aqui no trabalho.- ela falou e eu desanimei imediatamente.

A minha rotina já é pesada demais

e dormir aqui só vai me deixar ainda mais cansada... Eu realmente queria trabalhar aqui, mas se for assim não dá pra mim.

- Assim fica difícil pra mim, eu já tenho uma vida muito corrida e bem puxada, assim fica quase impossível pra mim!- eu a respondi com toda a minha sinceridade.

Eu bem que queria trabalhar aqui, mas ficar a semana inteira longe da minha família é algo que eu não farei de maneira alguma, nunca!

- O salário que o senhor Álvares

esta disposto a pagar é de quatro

mil e quinhentos reais e ele pagará por horas extras, viagens e também por fim de semana e trabalhados.- ela falou logo em seguida.

Sabe aquelas cenas de desenho ou filme que o olho do personagem salta para fora de tanta surpresa? O meu olho fez exatamente isso nesse exato momento!

- Eu aceito!- as palavras saíram da minha boca sem a minha permissão

e eu falei sem pensar... Parece que o meu olho grande falou bem mais alto que a minha razão.

Um sorriso de orelha a orelha se fez presente no rosto da Flávia, ela se pôs de pé na minha frente e estendeu sua mão para mim.

- Então o trabalho é seu! Você tem

um currículo ótimo e eu posso te dar certeza que o Senhor Álvares não vai se opor... Você vai amar a Alice e vai amar trabalhar aqui.- ela falou muito eufórica.

Eu sorri me contagiando com a sua alegria e ela logo me puxou pela mão para me mostrar toda a casa e o meu novo quarto também... Segundo ela eu já estou contratada e só falta assinar as papeladas e preparar um contrato para mim.

- O Senhor Álvares tem algumas regras para os funcionários e eu espero que você não se importe.

As babás são obrigadas a usar um uniforme, geralmente é um conjunto preto e sapato social... Ahh, você terá que fazer um coque no cabelo todos os dias e também não poderá usar tons fortes na maquiagem.- A Flávia começou a falar as regras eu comecei a me arrepender de ter aceito essa sua proposta.

Ela me deu um livro de regras que

eu terei que seguir a risca e só de ler

a primeira frase eu me arrependi de ter vindo a essa entrevista... Eu como funcionária entendo que o patrão tem o direito de colocar regras, mas esse cara quer se meter em qual o tom do esmalte eu vou passar nas unhas. Oi? Isso não é algo normal!

- No mais, é isso! Eu acho que eu já

te passei todas as regras, mas caso eu me lembre de algo eu te falo...- ela me disse enquanto sorria sutilmente.

Eu apenas acenei com a cabeça com aquele sorriso congelado exposto em meu rosto e eu pedi a Deus para ela não se lembrar de mais nada porque as que ela me passou já estão de um bom tamanho, são até demais!

- Cert...- eu até comecei a falar, mas bem no meio da palavra a porta da copa foi aberta e um homem enorme entrou pela mesma acompanhado de uma menininha com uma carranca estampada em seu rosto.

O homem que acabou de entrar

deve ser o Senhor Álvares e olha

que eu pensava que ele era um velho carrancudo, mas ele está bem longe de ser velho... O senhor Álvares é um homem alto, ele deve ter no mínimo uns um metro é oitenta, seus cabelos são loiros e alinhados, ele é barbudo, o seu rosto parece ter sido esculpido de tão bonito e assimétrico, seus olhos são em um tom de verde escuro e seu corpo é forte, grande e robusto.

- QUANDO É QUE VOCÊ VAI PARAR

DE ME DAR TRABALHO, ALICIA? SE EU TIVER QUE VOLTAR DE NOVO NA SUA ESCOLINHA EU VOU TE MANDAR PRA UM COLÉGIO INTERNO NO PAÍS MAIS DISTANTE DO BRASIL!- ele falou aos gritos com a menina e eu acordei do meu transe.

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