CAP 2

...Eu subi as escadas correndo e toda afobada e quando eu entrei na minha sala eu roubei a atenção de todos para mim. Ótimo, eu odeio ser o centro das atenções!

 -Atrasada mais uma vez senhorita Santos, da próxima vez e melhor não vir porque desse jeito você atrapalha a minha aula, querida!- Daniela, uma das professoras disse assim que ela me viu enquanto me olhava com uma certa ironia.

- Mas a aula ainda nem começou, a senhora ainda está sentada.- eu falei confusa.

A Daniela desviou o olhar dos papéis que estavam em suas mãos, ela olhou para mim e ela sorriu sutilmente.

 -A aula começa no instante que eu entro nessa sala, querida e você já deveria saber disso. Não é a primeira vez que você se atrasa e isso é uma falta de respeito com os alunos que pagam caro pra estudar já que você é bolsista... É exatamente por isso que eu sou totalmente contra cotas já que metade desse povo não sabe valorizar nada que venha de graça!- A Daniella falou com desdém.

A Daniela é com toda a certeza do mundo a pessoa mais ríspida que eu já conheci em toda a minha vida, ela parece ser do tipo de pessoa que ama humilhar quem vive ao seu redor só por prazer e eu não consigo entender como ela consegue ser assim. Pra mim ela é assim por conta da sua idade já que ela é pouca coisa mais velha do que os alunos e eu sinto que por isso ela se sente melhor que todo mundo!

Eu já cheguei a bater boca com a Daniela muitas vezes por conta da sua grosseria, mas hoje em dia eu já não olho nem em sua cara, imagina responde-la.

Eu decidi não perder o meu tempo com ela, fui direto para o meu lugar que fixo e me sentei ao lado de uma das meus amigos, o Leonardo.

 - Bom dia!- eu o comprimentei tentando não ser mal educada ou rude.

Eu sou do tipo de pessoa que odeiau que as pessoas descontem todas as suas frustrações, mágoas ou raivase m mim, então eu tento ao máximo não ser esse tipo de pessoa.

 - Bom dia? Como é que alguém consegue ter um bom dia com uma jararaca dessas como professora!- O Léo exclamou quase espumando com os seus olhos sobre a Daniela.

Eu até estava com raiva, mas assim que o Léo abriu a boca um sorriso se formou involuntariamente em meus lábios... O Leonardo é uma das únicas pessoas que eu tenho contato aqui na classe porque eu sei que o todo o resto da turma não gosta de mim pelo fato de eu ser ter ganhado uma bolsa e por estar aqui por cota racial, pra eles eu sou apenas mais uma neguinha burra que só entrou na faculdade por uma esmola do Estado.

- Deixa esse assunto pra lá, é melhora gente focar nessa prova porque essa nota é crucial para esse semestre.- eu falei já mudando de assunto.

Eu sou mulher, sou negra, gorda e periférica, então eu já sofri todo o tipo de preconceito nessa vida e hoje em dia eu sei quem me olha com maldade no primeiro momento, mas eu já não deixo isso me afetar porque eu sei que ódio só faz mal a mim, então eu deixo a minha cabeça erguida porque eu sei que não há nada de errado comigo, já com eles eu não tenho certeza!

Apesar do momento constrangedor o horário passou bem rápido e todos os outros horários também e quando eu me dei por mim a aula já estava no fim.

- Você já começou aquele trabalho de psicopatologia?- O Léo perguntou enquanto a gente andava no corredor em direção a saída da faculdade.

 - Aham, falta apenas eu corrigir alguns erros de português... Eu tive que aproveitar esses dias eu estava em casa pra dar uma adiantada nas matérias e nos trabalhos porque eu tenho muita fé que eu vou conseguir esse novo trabalho e aí eu mal vou ter tempo de estudar.- eu contei para ele. 

O Léo me olhou de lado com uma feição engraçada em seu rosto e no segundo segundo ele começou a rir me deixando confusa.

- Qual é a graça?- eu perguntei já rindo mesmo sem saber do que ele estava rindo.

O Léo é aquele tipo de pessoa tão engraçada que eu começo a rir antes mesmo dele terminar de contar uma piada.

- Não é nada, eu só acho engraçado essa vocação para cuidar das crianças dos outros... Eu sou aquele tipinho de pessoa que pega as crianças no colo por cinco minutos e depois já devolve logo pra mãe.- ele disse me fazendo rir.

É engraçado ouvir o Léo falando assim, mas eu realmente tenho uma vocação com crianças e bebês já que eu trabalho de babá desde os meus quatorze anos de idade, eu comecei com nesse ramo na favela mesmo, eu olhava os filhos de algumas vizinhas que precisam trabalhar e aos poucos eu fui gostando e aperfeiçoando meu modo de trabalhar, eu tenho até um curso e hoje em dia eu já trabalho em casas de pessoas bem ricas, a última família que eu trabalhei morava em um castelo e o povo limpava a bunda com dinheiro de tanto dinheiro que eles tinham, infelizmente meu patrão recebeu uma proposta de trabalhar na Europa, a família se mudou e eu fiquei desempregada, desde então eu estou a procura de um emprego e essa semana eu recebi uma ligação de uma agência me recomendando para uma entrevista e eu tenho muita fé que eu vou conseguir, muita fé mesmo!

- Ahhh, eu gosto muito de crianças, eu acho o trabalho leve e o serviço é muito bem pago.- eu o respondi.

- Me tira uma dúvida, você já teveu m patrão bem gato? Tipo o Thor ou o Cristian Grey.- O Léo me perguntou e eu só conseguir rir.

Eu realmente não sei qual é o tipod e filme que o Leonardo anda vendo, mas na vida real geralmente as coisas são bem diferentes dos filmes ou dos musicais da Broadway... Aqui na vida real grande parte dos patrões são bem velhos, ranzinzas e antipsicóticos.

Eu respondi o Léo sendo sincera e eu acho que aquele assunto aguçou sua imaginação porque ele me veio com mil e uma perguntaz e eu tive que responder todas.

- Na maioria dos casos os patrões mal tem contato com as babás, eles só pag...- eu comecei a explicar para ele, mas enquanto eu o exclicava um certo alguém me chamou a atenção.

Marcos, o meu noivo, está parado do outro lado da rua encostado em seu carro, ele tem um sorriso largo em seu rosto e os seus olhos estão sobre mim.g

- A gente vai ter que deixar essa conversa pra outro dia meu amigo. Eu preciso ir agora, a gente se vê na segunda, certo?

O Léo acompanhou o meu olhar e assim que ele viu meu noivo ele me entendeu.

- Okay, está certo... A gente se vê na segunda!- ele disse por fim, me deu um abraço se despedindo de mim e eu já fui atravessando a rua e indo ao encontro do Marcos.

Eu me aproximei dele envolvendo as minhas mãos em seu corpo e lhe dando um abraço bem apertado... O Marcos trabalha como caminhoneiro e ele vive viajando, então a gente fica semanas sem se ver e quando ele está na cidade é bom porque a gente pode passar um tempinho juntos, o que é muito raro hoje em dia.

- Por que você não me avisou que já estava de volta? Eu senti a sua falta!- eu falei enquanto saia do seu abraço.

Continua... 

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