Capítulo 6: Colin

Depois de uma caminhada de quase meia hora, eu finalmente chego ao Ucla Lanches. Eu poderia ter vindo de Uber, que seria o melhor a se fazer, mas como vou me empanturrar de comida, uma caminhadinha é bem vinda. 

O lugar é bem estiloso, tem as cores azul, amarelo e branco, como as cores do nosso uniforme. E mesmo sendo uma quinta-feira, está lotado, cheio de estudantes rindo alto e se divertindo com suas turmas ou somente com seus namorados e namoradas, em volta de dois carros, um deles está com as portas abertas, tocando uma música em um som bem alto. Acho que a regra de não ficar em baladas ou festas não se aplica a esse pessoal.

Isak não quis vir comigo, disse que iria se encontrar com sua namorada. Não me importei de modo algum, se eu tivesse um parceiro do qual eu gostasse, também iria querer ficar sempre ao lado dele. Pararia com todos os casos, com todos os flertes desnecessários e me dedicaria àquela pessoa sem pensar duas vezes.

Eu sei ser fiel, eu não nasci um safado sem vergonha que não sabe manter um relacionamento sério. Longe disso! Eu só escolhi não fazê-lo, pois gosto da minha liberdade de sempre descobrir novos sabores, ter novas experiências, novas aventuras… Gosto daquela sensação de descobrir algo novo ao beijar uma boca diferente sempre que sinto vontade.

O risco iminente é o outro cara se apaixonar por mim, então sempre busco o tipo de pessoa que tenha uma personalidade parecida com a minha. E é aí que a psicologia vem a calhar. 

Eu descobri que queria ser psicólogo depois que minha carreira de jogador de basquete acabasse, por causa dessa minha qualidade de saber ler direitinho o meu oponente. Sempre quando me aproximo de alguém, e a gente dá o primeiro beijo, já começo a observar qual o tipo de pessoa ele é. 

Do tipo que supera fácil o término de um relacionamento, do tipo inseguro que gruda feito chiclete, do tipo largado que fica com qualquer um, ou do tipo "Estou com você mas se amanhã a gente não estiver mais juntos, tudo bem!" Que é meu tipo preferido. Então, o meu eu com dezesseis anos, diante de inúmeros cursos para se escolher, decidiu pela psicologia. 

Mas esta noite, eu vim aqui só para comer, encher a minha barriga de gordura e refrigerante. Se rolar uma conexão, seria por pura sorte. Sei que sou gostoso, e atraio muitos olhares, e vir a um lugar assim a noite, posso acabar saindo acompanhado.

Entro na lanchonete, e vou logo para o balcão. Não quero ocupar uma mesa só para mim, é solitário demais. Lá em Tucson, eu tinha os meus amigos, eu não andava sem companhia. Assim que eu me sento, pego o cardápio e já faço o meu pedido.

_ Boa noite. O que vai querer? - Um senhor de cabelos grisalhos me pergunta.

_ Boa noite. Quero um especial da casa.

_ É pra já.

Enquanto espero pacientemente pela minha comida, dou uma olhada na agenda do time, que está no e-mail que Logan me enviou. Nós temos um jogo amistoso em poucos dias, e meus companheiros devem estar ansiosos por isso. Devem… pois eu ainda não tive a oportunidade de fazer amizade com nenhum deles ainda e não sei nada a respeito deles.

Talvez por causa da minha fama de bad boy horrorosa que me acompanha desde a minha cidade natal, ou pelo fato de eu ter acabado de chegar e estar assumindo uma posição principal no time. Pelo menos foi o que Logan me disse, que eu estaria assumindo o lugar do último pivô, um tal de Chris. 

Sei que rola um ciúme desnecessário dentro dos times. Uma bobagem sem tamanho, pois se vencermos, todos inclusive os reservas vencem. Só que durante um campeonato, o time sempre roda, todos acabam jogando. Acontecem lesões ou o cansaço excessivo dos jogadores, pois uma partida pode ser bem mais desgastante do que parece.

Acabei me distraindo olhando atentamente para o meu celular, e de repente, de canto de olho, percebo a presença de alguém ao meu lado. Sorrio ao ver Tyler parado fazendo o seu pedido. Assim como eu, ele pede:

_ Um especial da casa. 

O atendente olha para ele e acena com a cabeça, confirmando que entendeu o que ele quer.

Ele ainda não olhou para mim, e eu nem sei como ele ainda não me viu. Um cara desse tamanho sentado aqui no banco da lanchonete sozinho, é meio impossível de não se ver. Aproveito para dar uma boa conferida em meu colega. Fico grato em perceber que eu não estava enganado, ele é o meu tipo de cara. Só não sei ainda se ele é daqueles de se apega ou não. Mas logo vou descobrir. Não resisto mais, e puxo uma conversa. 

_ E sobre as regras… você também as quebrou nesta noite?

Tyler se assusta e olha para mim como se tivesse vendo um fantasma. 

_ Co-Colin! - Eu simplesmente adoro quando ele gagueja. - O que você está fazendo aqui? 

Tyler me pergunta um pouco sem jeito, e ao olhar para ele, percebo o seu rosto corado de vergonha. E posso dizer que estou louco  para vê-lo refletir as sete cores do arco íris, enquanto eu o fodo com força. Está legal, acho que estou sendo apressado demais. Talvez ele não goste de ser passivo.

_ O mesmo que você. - Nesse exato momento meu lanche é servido para mim. - Vim comer hambúrguer, batatas fritinhas, e tomar um refrigerante bem geladinho.

Ele me olha e engole a sua saliva. Seu pomo-de-Adão se movimenta, e é bem chamativo. Me deu até vontade de sugar a pele bem ali. Não sei se ele está com fome ou só está pensando no mesmo que eu. 

_ Hum! Vim tomar um sorvete, acabei não resistindo. Aqui serve o melhor hambúrguer que eu já comi.

Outro fato que estou amando descobrir sobre Tyler, é a sua capacidade quase zero em esconder as suas reações. 

_ Legal. Então vim ao lugar certo. 

Coloco algumas batatas em minha boca e aponto para o banco vazio ao meu lado. Se vamos comer, porque não fazermos isso juntos? Só por eu estar interessado em transar com ele, não quer dizer que não possamos ser amigos.

_ Senta aí! 

_ Ó! Não tem ninguém sentado aqui? Algum… - Tyler pigarreia, já até sei o que ele vai dizer. - Algum acompanhante?

_ Não, de modo algum. - Lanço para ele o meu melhor sorriso sacana. - Ainda não tive a oportunidade de… de conhecer alguém... melhor.

Parece que o que eu digo, surpreende imediatamente  O'Connor. Será que eu não inspiro nem um pouco de confiança sobre ser um cara boa pinta, que fica na sua, sem muitos casos aleatórios? Bom, pelo olho arregalado demonstrando o quanto Tyler está surpreso, eu acho que não.

O seu pedido também chega, e meu colega de time finalmente se senta para comer. Ficamos calados durante alguns minutos. Assim como eu, Tyler é bom de prato. Come rápido, devorando o lanche rapidamente. Não dizemos nada um para o outro, só… comemos.

Às vezes sinto que ele me olha com o canto de seus grandes olhos azuis. Ele está curioso. Eu sei que está. Depois do nosso banho de hoje, eu sei que ele quer mais. Ele quer ver o que pode rolar entre nós, eu sei que quer. Ele quer me beijar, tanto quanto eu também quero isso. Mas já percebi pela sua resistência de hoje mais cedo que talvez terei um pouco de trabalho ao domar esse gato selvagem.

Praticamente terminamos juntos o nosso lanche, e após bebermos nosso refrigerante, pagamos nossas contas e saímos de lá lado a lado. Amanhã teremos aula, e apesar de não ter treino, precisamos acordar cedo para enfrentarmos um dia cheio de aulas cansativas.

_ Bom, a gente não se falou muito.

Eu digo a ele, enquanto caminhamos pela calçada. 

_ Acho que a fome foi um empecilho. - Ele responde.

_ Verdade. Estava com muita fome mesmo.

Arrastamos os nossos  pés, deslizando os tênis no chão, e quando chegamos perto de um carro preto parado no estacionamento ao lado da lanchonete, Tyler me diz:

_ Este é meu carro. Por acaso você… veio a pé? 

_ Ah! Sim. - Olho na direção em que está meu alojamento. - São só poucos minutos de caminhada. 

Tyler olha de um lado para o outro, e posso ver que ele está pensativo. Ele parece estar se decidindo sobre algo. 

_ Você quer… quer uma carona? - Ele me pergunta hesitante.

Puts… se eu quero uma carona? Claro que quero! Mas não pelos motivos óbvios. Respiro fundo, para não entregar o que estou pensando. Eu digo sem expressar nada em meu rosto:

_ Acho… que pode ser legal se pudéssemos andar um pouco. Conversar… 

Tyler me olha, olha ao redor. Chega a olhar até para as estrelas, e eu aguardo tranquilamente. Sei ser paciente, ainda mais quando o que me reserva pode ser uma sobremesa bem saborosa. Então ele suspira e responde:

_ É! Eu também acho!

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