Capítulo 2: Colin

Fui transferido da universidade do Arizona onde eu estava feliz vivendo minha vidinha pacata, jogando meu melhor basquete junto com o meu ex time,  os Wildcats. Vim parar nesse estranho mundo dos Bruins onde um cara louco como o Logan é quem comanda.

Perdi meus amigos, dois ficantes gostosos com quem eu me relacionava quando não tinha nada melhor para me satisfazer, e principalmente, estou mais longe dos meus pais. 

Adoro os meus pais. A minha mãe Rose e o meu pai Thomas tem uma confeitaria lá em Tucson, e quando eu consegui entrar para a universidade local, eles ficaram extremamente felizes porque eu não iria para tão longe e também poderia ajudar com o trabalho no meu tempo de folga.

Nem sempre as coisas saem como queremos, infelizmente!

Quando meu pai me disse que um dia meu temperamento explosivo iria me trazer graves consequências, eu imaginei ser preso por briga em festas ou bares, ou quem sabe brigar com meu patrão no meu futuro emprego. Nunca me passou pela a minha cabeça que eu seria transferido de universidade. 

Poxa! Estou com muita raiva do meu ex técnico, o Frank. Muita. Raiva. Mesmo!

Só porque eu tive dois, peraí… dois não, uns três desentendimentos com o pessoal do meu time em tipo... três meses durante o curso, o cara me corta assim do nada!!! 

Dá para acreditar?!

O meu problema com Paolo começou em um jogo. Eu estava perto do garrafão e o cara simplesmente fez um passe errado e culminou em nossa derrota. Quem não brigaria depois disso, quem em sã consciência não discutiria e exigiria mais comprometimento com o time? Discuti, briguei com ele, e Frank não gostou, assim como boa parte do time de basquete.

"Somos um time, somos uma família, se perdemos todos são culpados…" Ele me disse aos gritos. "Tá, entendi." Foi só isso que eu respondi. Falar mais o que? O técnico está mais do que certo, ele é o líder e não eu! E ele tinha toda a razão.

Depois foi a vez de George. Ele é um tremendo babaca. Flertou comigo uma vez em uma festa da universidade, e como eu não perco uma chance de transar, não esperei pela segunda cantada para agir. Nos agarramos bem no meio da pista de dança e só paramos de nos beijar quando chegamos em seu dormitório. Até aí, tudo bem e tudo certo, pois todos sabem quem são os gays no time, e ninguém se importa. 

A questão foi porque George achou que seríamos um casal, e que ficaríamos presos um ao outro em um relacionamento sério por causa de uma noite de foda. Não sou desse tipo que gosta de namorar, de sair de mãozinhas dadas, passeando em shoppings e tomando sorvete. Definitivamente essa coisa de romance não é para mim. 

Ele chegou no treino na segunda-feira de manhã, e veio tomar posse de mim, como se fosse meu dono, e quando eu lhe dei um fora, ele não gostou. Ficou todo histérico no vestiário. O que eu poderia ter feito diante de uma situação dessas? Sinceramente não sei. Acabei perdendo o pouco de bom senso que tenho, mas na verdade eu não tenho nenhum, e fiz chacota dele. 

A partir disso dá para imaginar o que aconteceu. George se sentiu humilhado, e armou contra mim. Colocou laxante em meu ponche de frutas em uma festa, no dia anterior a uma partida, e acabei faltando ao treino e consequentemente ao jogo. Tenho certeza que foi ele, pois George estava na minha cola a festa inteira e com certeza batizou o meu copo.

Tudo bem, a gente nunca está bem todos os dias, e uma hora ou outra acontece algo nos impedindo de jogar, mas o pior foi o boato que foi espalhado depois desse incidente. Disseram que eu menti, que eu quis faltar, e que eu faltei para ficar com um cara, transando no dormitório dele. Como se eu tivesse tido escolha a não ser ter ficado sentado na latrina por horas suando frio, e colocando minha alma para fora. 

Para variar, reagi mal mais uma vez, né! Sou péssimo em resolver situações difíceis.

Quando voltei para as aulas, dei um soco naquele palhaço. Mesmo estando certo, o meu ato foi mal interpretado, e mais uma vez, Frank interveio. Só que foi pior, ele me deu um ultimato.

"É a sua última chance, Colin. Ou você melhora seu comportamento ou está fora!" Ele esbravejou. 

Como não ouço conselho, me meti em mais uma confusão. Vi George rindo de mim no vestiário, na hora não fiz nada, mas na quadra… ahhh… na quadra. Sem querer acertei a bola na cabeça dele e ele caiu desmaiado no chão. Chamaram uma ambulância para levar George até o hospital mais próximo. Essas coisas às vezes acontecem em um jogo ou treino, mas todos viram que foi por querer, pois eu nunca erraria feio assim. 

E desta vez, Frank não foi legal comigo. Disse que eu passei dos limites, que eu sou irresponsável e que poderia ter sido pior o meu ataque de fúria contra George. Então, ele falou que ser um bom jogador não limpará a minha fama ruim, e que eu não vou conseguir ficar nem na segunda divisão da liga. Pela primeira vez eu me calei ao ser xingado, pois ele me pegou em meu ponto fraco, o basquete. 

"Basquete é minha vida, é isso que eu nasci para fazer, é nisso que sou bom. Se me tirarem a única coisa que sei fazer… tudo terá sido em vão." Eu respondi para ele depois que ele terminou de falar.

Frank me olhou nos olhos, ficou em silêncio por um tempo, e deu sua última resposta.

"Me procure amanhã, à tarde. Vou ter uma alternativa para você!" Frank disse sério, como jamais o vi falar, e justamente para mim, me deixando extremamente preocupado. 

E foi assim que vim parar em Los Angeles a setecentos e oitenta quilômetros de distância da casa de mamãe e papai. Não tive alternativas, tive que vir, era a minha última chance, e meus pais também concordaram com isso, e me disseram que Frank tinha razão.

Na primeira conversa que tive com Logan ele me disse suas regras e reforçou o que Frank havia me dito: Esta é a minha última chance. Eu prometi à minha mãe que iria mudar, me comportar, deixarei o passado para trás. Vou me agarrar a essa oportunidade, vou me empenhar, ser o melhor que algum dia eu fui. Jogar o meu melhor jogo, e no final realizar o meu maior sonho, ser um jogador da NBA. Nem que para isso eu tenha que ficar mais na minha, na encolha, sem confusões e sem noitadas com os amigos. 

Bom, vamos abrir um parênteses aqui, pois essas foram as promessas que eu fiz antes de vê-lo pela primeira vez.

O cara é lindo, simplesmente fascinante. Cabelos negros como a noite, olhos azuis da cor do mar do Caribe, tão alto quanto eu, boca vermelho sangue. Fiquei com uma vontade enorme de morder seus lábios só para ver o que aconteceria, se ele iria gemer em meus braços ou se seria um daqueles caras que parte para o ataque, tentando dominar o beijo, cedendo aos seus impulsos, me agarrando e arrancando a minha roupa.

Foi por causa desse pensamento que eu não ouvi porra nenhuma daquele discurso patético de Logan. O cara se acha, mas quem sou eu para dizer qualquer coisa para ele. Morderei a minha língua quantas vezes forem necessárias antes que saia da minha boca qualquer palavra ofensiva.

"Esta é a minha última chance." Meu novo mantra que eu repito sem cessar e que me ajuda a manter o foco.

Fiquei observando aquele deus grego o tempo todo no vestiário, e quando ele passou por mim, não resisti, tive que dar uma conferida no material. Um bumbum empinadinho e redondinho, delícia! Babei! E quando ele me olhou desconfiado, disfarcei, é claro! 

Demorei um pouco para chegar na quadra para me juntar aos outros, pretendia chegar e achar todos treinando, mas por azar, digamos assim, não estavam. Quando Logan autorizou, comecei a correr o meu normal, que era acima da média dos meus outros colegas de time, e pelo visto daqui do Bruins também.

Não sei o porquê, mas posso imaginar, pois meu radar não falha nunca, mas o gostosinho do vestiário queria me acompanhar na corrida. Todas as vezes que ele tentava me ultrapassar, mais veloz eu me tornava, e quando fomos fazer as flexões, é que fiquei sabendo pelo menos seu sobrenome.

"O' Connor."

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