Pressão Arterial

— Você está bem? 

— É que eu tento ser legal com sua mãe, acho que ela nunca vai me aceitar. — tento sorrir de canto, fracassando. 

Victor me toma nos braços em um abraço apertado, escuto as batidas do seu coração e inalo seu cheiro ainda com o copo em mãos e uma lágrima correndo pelo rosto. 

— Não, ela logo vai superar isso! Sabe por quê? Porque eu te amo. 

— Ela disse, disse outra vez Victor, que eu vou ser sua destruição. Lembra na vez que você foi me apresentar a eles? Ela me olhou como um animal vulgar, disse que eu seria sua ruína, destruição, que acabaria com você. 

— Você sabe bem que não é verdade, você só me trouxe alegrias e amor até agora, ela só é exagerada! Está grávida de mim! E isso deixou a dona Nahomi feliz por dentro, só não quer admitir que uma Portuguesa sedutora enfeitiçou o coração do filho dela, só isso. 

Sorrio e beijo seus lábios, por alguns minutos ficamos apenas assim, abraçados escutando a música e até mesmo a calmaria entre seus pais. Nahomi apenas tem preconceito pelo fato da esposa do filho ser uma portuguesa e não uma americana de uma grande família como ela esperava. É só isso, ela vai ter que lidar. Rio comigo. 

Estava totalmente envolvida no calor do meu marido e naqueles risos familiares, até que a campainha tocara e ele desgrudou nossos corpos abruptamente. 

— Só pode ser o Hector. 

— Seu amigo?

— Sim, meu melhor amigo. Vou atender. 

Ele deixa a cozinha. Eu bebo um gole do copo de água que segurava, absorvo uma última vez as palavras da mãe de Victor “Essa mulher será a destruição do meu filho.”  respiro fundo e digo a mim mais uma vez: eu vou provar que não serei! 

Apago as luzes ainda levando o copo comigo. Atravesso a sala com os meus colegas dançando e rindo, principalmente Renata que simplesmente me agarra em um abraço ao me ver. 

— Já estou a aguentar nas canetas! Mas não quero parar! 

— Oras! Você bebeu demais, não foi? 

— Só um pouquinho! — ela faz um gesto com o polegar e o indicador, em seguida bagunça sua própria franja

Escuto uma voz grossa e mansa, diferente de tudo ao ponto de me deixar curiosa, arrepiar e estranhar, logo percebo que vem do corredor. Era o amigo que tanto Victor falava, meu coração se aquece em saber que ele está contente e a voz do homem apenas me deixa curiosa. 

— Amor, venha conhecer o Weyne! — Victor chama e continua a falar com o amigo imaginando que eu não havia escutado. 

— Vamos, vamos... Eu irei com você, hm! —Renata anuncia me abraçando. 

— Tá tabom... Mas não beba mais! 

— Olha Felipe estás  insuportável, tou a te falar que casamentos são horrores! — Renata, bêbada me contava no ouvido, até que chegamos no corredor e aquela voz atraiu minha atenção outra vez e é então que eu tiro os olhos da minha amiga e levo juntamente para Victor que logo abre espaço para seu amigo me ver e o copo que eu segurava estilhaça no chão com a surpresa. 

Não escuto Renata a princípio, ela apenas se afasta do copo e reclama, mas as íris dos meus olhos admiram em poucos segundos aquele homem. É inevitável não dizer que era o cara mais lindo que já vira. Está sem o terno preto, sim! O cara da farmácia!!! O choque atravessa cada parte do meu corpo, meu sangue bombeia tão forte que posso sentir a pressão arterial se elevar. 

Ele está de óculos escuros e assim que me vê, tira rapidamente fazendo-me prender a respiração com aquele olhar. Talvez esteja surpreso também. Usa uma blusa cinza, pollo e de marca. Uma das mãos também estava no bolso. Vi seus músculos, podia até perceber o abdômen forte e definido que tocava o tecido da blusa. A calça preta de marca, o cabelo bem arrumado para trás e escuro como a barba rala, uma tatuagem no pescoço que não dera tempo de perceber antes estava a vista, escrito King com uma letra bem desenhada e atraente, seria demais dizer que seu perfume masculino era tão forte que era impossível não sentir e apreciar? 

— Deixa que eu cuido disso! Mas que caparro!!! — escuto a voz de Renata, quando olha para o mesmo homem. 

De toda sua beleza eletrizante e bruta, seus olhos de um azul escuro e opressor parecia me scanear assim como fiz com ele, toda essa análise em menos de seis segundos passou por minha cabeça. 

— Bom, esse é o Weyne amor. Hector, essa é a mulher da minha vida. 

Volto a realidade correndo para abraçar o meu marido, beijo seu rosto e sua pele de ébano, então finalmente volto a atenção para aquele homem enorme, aquele reencontro incomum. Seus olhos me desconcertam, e a maneira analisadora de me olhar também, no entanto mesmo assim eu sorrio, estico minha mão em comprimento para ele:

— Prazer, Sabrina Marques! 

— Prazer... — ele diz quase em sussurro com aquela voz nada aveludada. Ele simplesmente ignorou minha mão, fazendo-me baixá-la e voltou toda sua atenção ao amigo. 

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