A Horta

- Certo, parece que meu destino aqui está nas tuas mãos, pelo menos por enquanto.

- Não se preocupe, não sou nenhuma psicopata.

- Não disse isso, mas que estou perdido nessa cidade e você parece conhecer mais Balneário Camboriú e Camboriú do que Joinville.

- Ah... mais ou menos isso, em Joinville, meus amigos e conhecidos são a sua maioria ligados a minha família e por isso tudo o que eu faço cai no ouvido dos meus pais e irmãos. Aqui eu sou apenas eu, e minha família são os Exilados, por isso posso ser eu mesma o tempo todo.

Mesmo curioso para saber a respeito dos amigos de Kátia, Edgard muda de assunto:

- Fiquei surpreso com esse lugar, chega a ser mais bonito que o próprio restaurante.

- É a horta da Tia Marta. Mas a muitos anos foi convertida nesse cantinho secreto.

Edgard olha mais uma vez ao redor, nos canteiros altos, alfaces, beterrabas, cenouras, couve, rúcula e outras verduras e legumes estavam plantados, tinham também canteiros com temperos, hortelã, manjericão, salsa, coentro e cebolinha.

Do outro lado, ervas medicinais e também algumas flores. Tudo organizado com visível cuidado e carinho. O chão, recoberto por lajotas de concreto permitia que se caminhasse pela horta de forma tranquila e segura, mesmo em dias de chuva.

Ao centro a grande mesa onde eles estavam que era proteguida por um grande toldo que lembrava um gazebo, junto a parede do restaurante, uma cozinha gourmet simples, com churrasqueira, fogão e forno a lenha, além de uma pia de granito preto e um grande armário de madeira, um telhado protegia a cozinha, o que permitia seu uso confortável a qualquer hora.

- Quando você falou em horta, não imaginei um espaço assim.

- O Tio fez esse espaço para quando ele quer se reunir com os amigos dele sem usar o restaurante, assim mesmo que o restaurante esteja fechado pro público, ele ainda pode receber os amigos a qualquer hora com total privacidade. Os amigos do Tio em sua maioria são comerciantes e quando se juntam aqui vem depois do expediente.

Ela respirou fundo lembrando da conversa com os Exilados a alguns minutos atrás.

- Edgard, você vai ver a nossa mesa privativa, é linda! E tem tudo do bom e do melhor que o Tio pode preparar, já, já, o Clovis deve vir chamar a gente.

A conversa continua sobre as observações de Edgard sobre a cidade até que Clovis aparece na horta e avisa que a mesa está pronta.

Kátia e Edgard então vão até uma sala e entram, a sala comporta uma mesa de canto alemão com duas cadeiras, a toalha de tecido é diferente das do restaurante, assim como o galheteiro, um prato com mini torradas também está lá.

Nas paredes fotos de universitários e de um casal de noivos, além de uma prova de faculdade com a nota 8,0 e uma declaração de conclusão do curso de controle da raiva.

Kátia entra e senta bem a vontade, e sorri.

- Essa é a nossa mesa exclusiva. Somente para os Exilados e convidados. Aqui a exceção do cardápio principal tudo é diferente.

Nessa hora Edgard sente que está imerso no mundo dessa mulher.

- Kátia, afinal o que são esses Exilados que você tanto fala?

Clovis então b**e na porta e pergunta o que eles vão querer, Kátia responde pelos dois.

- Vamos apresentar pro Edgard a comida mais gostosa da Tia, traz o ensopado de peixe primeiro, depois aquele arroz de ervas que só ela sabe fazer com o grelhado e salada, Clovis se for salada da horta é melhor ainda, de sobremesa, a oficial dos Exilados.

Clovis fez um sinal de positivo e saiu.

- Qual foi a sobremesa que você pediu?

- Sorvete de baunilha com calda de chocolate, castanhas de caju e cerejas. Por que não gosta?

- Acho que nunca comi tudo isso junto.

- Então está mais que na hora de experimentar.

- Kátia, quem são os Exilados? Esse nome é triste.

Kátia deu uma gargalhada.

- Não, não pense assim, o nome completo é Exilados no Paraíso. Deixa que eu te explico.

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