Capítulo 03

Beatriz Castelli

Ainda estou em choque com a revelação de meu pai ao me dizer que daqui há seis meses iria me casar e já estava tudo acertado com o meu futuro sogro, pai do meu noivo, e o pior não é nada! Ele me vendeu a esse homem como se eu fosse um simples objeto, ou melhor, uma mercadoria de muito valor sem me consultar ou pedir minha opinião sobre esse casamento.

Me encontro completamente sem chão, minhas lágrimas não param de descer pelo meu rosto de tristeza por saber que em breve ficarei longe da minha mãe. Eu queria saber porquê? Ele me odeia tanto ao ponto de me vender a um desconhecido? Sem se importar com nada, meu pai sempre foi tão frio comigo que nunca demostrou uma forma de carinho ou amor de sua parte, às vezes sentia que ele me odiava e me desprezava. 

Pois, sempre foi muito mais atencioso com minha irmã Dalila. É horrível saber que vou me casar com um homem 15 anos mais, velho que eu, deve ser um, cara nojento e feio aposto que é isso, para ter que precisa comprar uma mulher que o aceite, nem o conheço mas já odeio com todas as minhas forças , ou melhor, o desprezo, sempre sonhei em me casar com alguém que eu fosse amar não assim com um estranho que mal conheço, jamais vou perdoar o que meu pai estar fazendo comigo, não sei como vai será  minha vida daqui para frente, o que vou enfrentar, tentaria fugir, contudo não iria muito longe. 

Os capangas do meu pai me pegariam do mesmo jeito e ainda levaria uma bela surra por fugir, ouço batidas na minha porta e digo para que entre, vejo minha mãe entrando com os olhos marejados e o semblante triste me abraçando e confessando triste.

— Filha, eu sinto muito! Tentei conversar com seu pai, mas ele está irredutível. Me disse que não vai retroceder e nem perder dinheiro, pois o homem pagou um valor bem justo e vantajoso como dote por você…  — meu sorriso é amargo ao lhe responder limpando minhas lágrimas!

— Imagino mãe! Não se preocupe, já estou aceitando isso, mesmo contra a minha vontade. Odeio meu pai, às vezes penso que ele tem desprezo por mim, esse hematoma no seu rosto? Aposto que foi o próprio que o fez, não é mesmo? 

Ela vira a cara com raiva ao lembrar de algo e confessa enojada.

— Sim, foi ele filha! Tudo porque foi exigir que ele não fizesse isso com você, então me agrediu sabe filha eu também odeio o seu pai. Nunca foi minha vontade me casar com ele, fui forçada para que Luka não matasse minha família, sempre foi um homem ruim e cruel, mas nunca o amei, à verdade Beatriz é que ele não é seu pai, apenas pai de Dalila, por isso que Luka te odeia. — levantei perplexa a encarando com aquela revelação  e perguntei  curiosa.

— Como assim mãe? Então isso explicaria todo esse desprezo por mim! Agora mais do que nunca eu o odeio mãe, aposto que ele fez isso só para que você sofresse!

— Exatamente, meu amor!Luka, nunca se conformou de você não ser filha dele e para se vingar de mim, resolveu te vender num contrato de casamento. Foi um mau dia de sorte você está no jardim naquele dia, ele estava tentando casar Dalila com o filho desse homem, porém o homem se interessou por você, quando te viu naquele jardim cheirando as flores! Afirmo que você seria perfeita para o filho dele, seu futuro sogro achava Dalila muito nova para se casar.

— Mas, ela é mesmo! Só tem 15 anos, devia estar desesperada como eu. Mãe nem sei, se esse meu futuro noivo vai gostar de mim, ou vai me tratar mal, tenho um mau pressentimento que não serei feliz. —  ela me abraça e me responde triste e chorosa.

— Entendo minha filha! A culpa é minha, porém não tive escolha Luka iria te mandar para ser acompanhante desses velhos nojentos! Que fazem negócios com ele, pensei ser mais prudente que você se casasse e bem melhor do que essa vida de acompanhante de luxo, Luka é um monstro, vejo o que essas outras mulheres que são escravas dele passam nas suas mãos, por isso quero que aceite isso Beatriz! Vamos rezar para seu futuro esposo ser um homem bom e que cuide de você…  — engoli em seco e perguntei a observando.

— Eu posso te fazer uma pergunta, mãe? Se for possível me responde!

— Claro, filha! Se eu soube lhe responder.

— É o quê aconteceu com o meu pai? Luka fez mal a ele? —  percebi que minha mãe ficou tensa, mas respira fundo relembrando e se pronuncia.

— Luka, acredito que deu um jeito de sumir com ele ou de matar! Nunca mais tive notícias dele, ele ainda convenceu meu pai a me casar com ele, Luka sempre foi obcecado por mim Beatriz! Contudo, jamais o correspondia do mesmo jeito, tinha medo e nojo , seu jeito mal me dava pânico filha.

— Esse homem é um louco! Espero que meu pai esteja vivo, um dia quero conhecê-lo. Quem sabe ele não possa nos ajudar a sair desse inferno.  — ela continua a me contar, relembrando seu passado. Posso perceber como é doloroso fazer isso.

— Quando Luka descobriu que eu estava com seu pai! Me disse que iria me arrepender amargamente  por não ter lhe escolhido, e acredite paguei caro por isso e ainda sou castigada, principalmente quando ele descobriu que você não era filha dele…

Vendo a expressão sofrida de minha mãe e, ao mesmo tempo, um semblante de uma mulher madura e fria que se tornou ao longo dos anos percebo o quão forte ela é. Lembro que ouvia muitas vezes ela gritar quando Luka a agredia e minha babá sempre me avisava para ficar quieta , observei ela tirar um papel e me entregar, olhando sempre para os lados e disse.

— Guarda! Esse papel muito bem, esse é o endereço recente que descobri que talvez seja do seu pai biológico, porém, não tenho certeza. Uma amiga me ajudou se for verdade o procure e fale de mim, diga á ele que eu nunca o esqueci, sei que ele reside talvez em Nova Iorque, guarde isso bem.

— Claro, mãe! Prometo que vou dar um jeito de te livrar do Luka. Cedo ou tarde o mal vai cair e não será diferente com esse demônio. — minha mãe me deu um abraço e respondeu limpando as lágrimas me dói  tanto vê-la dessa maneira.

— Tomara! Porquê só me vejo livre dele morta. Bom vou indo tenho que dar as ordens para o que vão servir para o jantar! Descanse um pouco vai te fazer bem…

— Ta! Bom, vou tomar um banho quando estiver tudo pronto, mande me chamar. 

Ela concordou e se retirou me deixando sozinha com os meus pensamentos agora entendia porquê Luka me odiava tanto não deve ser fácil olhar para um filho que podia ser seu, ser de outro, preciso ser cautelosa quando chegar em Nova Iorque. Irei procurar por meu pai e livrar minha mãe desse cretino, coloquei o papel dentro de um livro que gosto de ler e guardei no meio das minhas coisas. 

 Não sei o que espera desse casamento arranjado, mais de uma coisa tenho certeza Luka ainda vai me pagar por tudo até mesmo pelo sofrimento que causou à minha mãe todos esses anos. Odeio esse nojento com todas as minhas forças, sempre acreditei que a justiça divina chegar para todos e no caso dele não seria diferente! Uma hora a conta vem e as consequências de se pagar são bem altas.

Decidir tomar meu banho e espantar aqueles pensamentos ruins para longe! Preciso começar a aceitar de uma vez o que me espera, porém nem sempre é fácil! Principalmente quando você pensar que sua vida está indo bem e recebe um balde de água fria e descobre que vai se casar com um desconhecido que mora do outro lado do planeta, me pergunto se um dia esses casamentos arranjados contra nossa vontade vão acabar e podemos escolher nossos verdadeiros amores. É triste viver dessa forma o que apenas resta para mulheres como eu e sonhar e acreditar que dias melhores virão.

Quando terminei meu banho coloquei um vestido leve e me deite ligando a TV e procurando algum programa de tevê interessante até a hora do jantar!mas não conseguia ter concentração em nada a notícia sobre o meu casamento com o grifo estrangeiro havia me abalado e não conseguia conter as lágrimas! Sentia muito medo de que meu futuro esposo fosse uma pessoa mal como Luka era, só eu sei o quanto ela já sofreu nas suas não e não queria a mesma coisa para mim.

Limpei minhas lágrimas e fui até a varanda da janela observar o pôr do sol! Me pegando a um fio de esperança que meu futuro noivo me tratasse com muito amor e carinho e não como um verdadeiro monstro, me agarraria na minha fé! Pois era a única coisa que me restava.

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