3. SURPRESAS

(Gabriela) 

Hoje é dia de fazer os exames, passamos o dia fora até mais ou menos quatro da tarde, ela ainda está cansada, pergunto se está sentindo alguma coisa e ela diz que não, mas cada dia que se passa mais preocupada fico.

Também liguei para Nanda, após um pequeno desgaste ela concordou em ajudar para que a mãe não precise mais trabalhar, ela tem condições, sei disso. Jamais faria isso se não tivesse certeza de que ela pode muito bem ajudar, afinal é pelo bem da nossa mãe. Falei com Duda também, ela ficou mais preocupada que Nanda e prometeu ajudar mais, entrarmos em acordo sobre valores e falamos com Beth. 

Talvez fosse bom eu procurar um segundo emprego a noite, mas seria impossível sobreviver sem tempo para dormir. Decidi continuar as horas extras, tudo vai ficar bem.  Preparo um café reforçado para ela quando chegamos da rua.

A noite vou até a casa de Ali, o encontro dela rolou no sábado passado, ela queria me contar tudo. Assistimos um filme na TV de cinema que tem no quarto dela, com direito a pipoca, refrigerante, chocolates e sorvete. Ali sempre prepara tudo quando venho para cá. 

— Não acredito que perdi duas horas da minha vida.  — Ela senta na cama quando o filme termina, gargalho alto enquanto permaneço deitada abraçando as almofadas.

O mocinho morreu deixando sua amada triste e desolada. 

— Só porque não gostou do final não quer dizer que o filme seja ruim. 

— Quer dizer sim!  — Ela levanta e põe em um canal qualquer, sentamos no chão e tomamos sorvete. 

Jogamos conversa fora por um tempo. Ali vai colocar as taças e o sorvete na cozinha. Fico sozinha no quarto por alguns minutos, sou tão feliz por Ali ter conseguido pessoas boas para adotá-la.

 Não tenho inveja dela nem de ninguém, mas as vezes imagino como deve ser crescer rodeada de pessoas que te amam. Sonho acordada com o dia que vou poder estudar, será que iria me casar um dia? Uma parte de mim morreu junto com o último relacionamento, como uma praga ouço meu celular vibrando no chão.

"Hoje foi um dia lindo. Só não foi perfeito porque não consegui te ver. Você está cada dia mais linda, Gabi." 

Bloqueio a tela do telefone e o aperto tentando acalmar as batidas do meu coração. Se não conseguiu me ver quer dizer que tentou, hoje é minha folga... Ele foi no meu trabalho. Ele sabe onde eu trabalho. O celular vibra de novo. 

"Não acredito que está solteira, além de linda, leva uma vida tranquila, ainda é uma boa garota. Vamos nos ver novamente?" 

É Marcelo, não tenho mais dúvida. Não são as megeras da loja, essa não é uma brincadeira. Ele está me observando de verdade. Deixo o celular de lado, eu devia chamar a polícia? E se eu der de cara com ele na rua? Marcelo vira um monstro quando recebe um "não" e eu não tenho resposta diferente disso para dar. Bloqueio o número, vou esquecer isso, depois aciono a polícia. 

Ali volta e assistimos um desenho, depois vamos nos sentar na varanda que é cercada com placas de vidro. A vista é linda, o condomínio fica há duas ruas da praia e Aline mora no décimo terceiro andar, dá para ver o mar, as luzes dos outros prédios e casas ao longe, a noite ainda está linda nos presenteando com a vista da lua cheia e estrelas.

Observo o vai e vem das ondas enquanto estou sentada em um dos bancos da varanda, Ali está de frente para mim sentada em outro banco. Apoio a cabeça no ferro que está acima da placa de vidro e é parte da decoração. 

— E o encontro? — Puxo assunto. Ela sorri enquanto o vento passa bagunçando seus cabelos ruivos. 

— Foi bom, ele meio que me segue na faculdade agora. Ligou segunda e ontem de novo.  

— Ele gostou de sair com você. 

— Acho que sim. O restaurante que ele me levou é maravilhoso. Depois fomos ao planetário. 

— Planetário? – Aline ama planetário. Ele é esperto, subiu um pouquinho no meu conceito. — Ele pesquisou. 

— Acho que sim. – Seus ombros se encolhem e depois voltam ao normal, indicando que ela não sabe ao certo.— Foi muito bom, Gabi. Ele me disse um monte de coisas bonitas.

Ela revira os olhos mas está sorrindo um pouco.

— E você acreditou? 

— É meio difícil não acreditar quando estou vendo toda essa transformação diante dos meus olhos né? Eu estou ferrada. — Ela cobre o rosto com as mãos.

— Por quê?

— Por que estou a ponto de acreditar em um homem, Gabi. Tem algo pior que isso? – Ela gesticula com a mão que antes cobria o rosto. 

— Talvez não seja tão ruim assim. — Digo fazendo careta porque a frase parece absurda até para mim. 

— Nem você acredita nisso. — Sua sobrancelha está levantada e me permito rir. É verdade, não acredito mesmo. 

Olho toda a extensão da vista, amo ver as pequenas luzes da cidade, cada ponto de luz me passa a sensação de vida, imagino várias vidas acontecendo de formas diferentes. Cada pequeno pontinho é uma realidade diferente. A vida continuando em seu ciclo, acontecendo.

— Na verdade eu não acredito nisso. – Afirmo. 

— Em que, no que acabou de dizer? 

— Não. Que todos são iguais. Não acredito que todos os homens são iguais. – Aline fica em silêncio e acho que está surpresa. 

— É claro que acredito que a maioria é imprestável e tudo mais, traidores, mentirosos, cafajestes, imaturos... Mas acho que existem exceções. Devem estar por aí, não é? 

— Espero que sejamos uma dessas sortudas que vão encontrá-los. – Trocamos um olhar. 

— Hmm. Podem ser caras comuns, desses que antes é um babaca mas que depois de uma lição da vida se torna o cara certo. — Sorrio para ela. Ali me contou a história de Breno.

Ele era o típico líder da turma de idiotas da faculdade, vivia de farra em farra, trocando de namorada como trocava de roupa, tirando péssimas notas. Tinha atitudes horríveis na universidade, preconceituoso, orgulhoso, convencido e tudo que há de ridículo.  

De dois meses para cá uma tragédia aconteceu, ele e os pais sofreram um acidente de carro terrível. O pai de Breno ficou paraplégico, segundo ela havia chances de voltar a andar mas seria difícil. Breno ficou afastado da faculdade por três semanas, e quando voltou já não era mais o mesmo. Deixou a galera, não era mais o pegador de antes, ele simplesmente mudou radicalmente.

Chegamos a conversar sobre a mudança radical dele algumas vezes. 

Nas últimas semanas se aproximou de Ali, a convidou para sair duas vezes e levou dois nãos. Mas Ali aceitou na terceira tentativa e saíram no sábado. "Sem expectativas" 

— Eu tenho medo de ser iludida. Já o vi fazendo coisas bem ruins, Gabi. Sei que ele mudou, e bem, a mudança foi antes dele se aproximar de mim. Mas ainda assim sinto receio.

— Entendo. – Ajeito uma mecha de cabelo.

— Ele disse que o acidente mudou a mente dele, que viu como o pai precisou da mãe quando recebeu a notícia de que estava paraplégico.  Viu os amigos próximos se afastarem, mas também viu o quanto a mãe não o abandonou, ela cuida dele. Disse que não sabia o que era amor até ver os pais após o acidente.

— O que mais ele disse? — Pergunto.

— Que quer ter o que os pais tem, que quer amar e ser amado de verdade porque o amor é capaz de nos fazer superar até os momentos mais difíceis.

— Uh, profundo. – Provoco. 

— Profundo até demais. Parece um irmão gêmeo dele. — Segundo ele, não quer me assustar, só quer que eu saiba o que aconteceu dentro dele após o acidente para justificar a mudança e que está disposto a se comprometer com alguém. Achei isso legal. Ele disse tudo  mas deixou claro que não há pressão. Pode ser eu, pode não ser. Ele vai continuar tentando.  Isso é bom, é leve.

— Está apaixonada. — Murmuro. 

— Claro que não, Gabi! — Ela me olha brava, o momento romântico se quebra e voltamos a realidade enquanto eu gargalho de sua reação. — Só estamos conversando. 

Meu celular começa a tocar, olho para dentro do quarto e o avisto ainda no chão. Lembro da mensagem que recebi agora há pouco, será que é Marcelo?  Levanto rápido e quando olho o visor vejo que é Beth. 

— Oi mãe, daqui a pouco vou embora.  

— Gabriela? — Não é Beth, é Duda. Sua voz está trêmula. Meu coração aperta no mesmo instante. 

— Duda? Cadê a Beth? Ela está bem?  

— Não, ela teve um infarto. Estamos no hospital. 

— Ai meu Deus! — Começo a tremer, meus olhos enchem de lágrimas.— Qual hospital?  

Vejo Ali se aproximar, ela parece estar ouvindo há algum tempo pois pega papel e caneta, Duda diz o endereço e eu repito para Ali anotar. 

— O que aconteceu? — Ela pergunta assim que desligo a chamada. 

— Beth infartou. Está no hospital. 

Tudo acontece muito rápido. Ali chama um carro e vamos correndo para o hospital. Adentro pelos corredores com os olhos embaçados, as lágrimas descem pelo meu rosto enquanto ando com pressa com Aline ao meu lado, avistamos Duda. 

— Como isso aconteceu? — Me aproximo dela, sua expressão está ansiosa, fechada. 

— Não sei... Não estava em casa na hora, quem trouxe ela foi a senhora Marta. — Engulo seco. A vizinha socorreu ela. Eu devia estar em casa, não devia ter saído. 

— Teve alguma notícia?  — Ela balança a cabeça para indicar que não, ela não chora, mas parece em choque. 

— Pediram para aguardar. — Concordo silenciosamente e me sento ao lado de Ali. 

— Vai ficar tudo bem. — Ela murmura.

Mais de uma hora se passa avistamos Fernanda andando em nossa direção. O marido não veio com ela.

— Onde estava quando ela passou mal?  – Ela diz de forma rude quando se aproxima, está alterada. Me levanto, odeio quando ela fala comigo assim mas não tenho coragem de responder. 

— Ela estava comigo, flor. — Aline se levanta, ela está atrás de mim e usa o mesmo tom para falar com ela. Fernanda olha para Ali, mas logo volta a focar em mim. 

— Beth já disse mil vezes que você não trabalha quinta feira, por que não estava em casa?!  Devia estar lá quando ela precisou de você! – Ela explode lançando seu veneno para cima de mim. 

— Eu estive lá quando ela precisou muito mais vezes que você, Fernanda.— Dou um passo a frente e ela faz o mesmo.

Logo uma médica se aproxima e nos viramos para vê-la, é Heloá, uma conhecida nossa. 

— Como ela está, dona Helô? —  Duda foi a primeira a perguntar, esqueci a presença de Fernanda rapidamente. 

— Ela está estável. Vai ficar em observação por um tempo e vamos avaliando a melhora. Não é bom que entre muita gente, mas ela tem direito a um acompanhante. 

— Eu fico.  — Eu e Fernanda falamos juntas, ela me encara e eu devolvo o olhar. 

— Eu vou ficar, vim até aqui para isso. — Desisto de protestar, Fernanda mora longe, veio preparada para ficar e faz muito tempo que não vê Beth, por falta de vergonha na cara mesmo pois nunca vi ficar tanto tempo sem ver a mãe sem nenhuma justificativa plausível. Quem sabe ver Beth fragilizada não toque no coração dela assim como o acidente tocou o coração de Breno. 

Ali me diz para irmos para a casa dela, aceito sua oferta de dormir lá, Beth está bem e é isso que importa, vou vir amanhã no horário de visita para vê-la. 

 (Ryan) 

Já estou habituado a nova rotina, trabalho de manhã, fico em casa a tarde, as vezes me permito sair a noite para esvaziar a mente, geralmente vou para o bar. O importante é o tempo que estou passando com minha mãe, Helena insistiu em me ensinar a preparar alguns pratos, descobri que um furacão fazendo sua trajetória em uma cidade com casas de madeira e eu tentando cozinhar qualquer coisa causamos o mesmo estrago. 

Comecei a assistir as novelas com ela, entendo melhor a trama e consigo acompanhar seus comentários sobre cada capítulo, virou rotina tomar o café da tarde na varanda do apartamento, enquanto aproveitamos a brisa fresca. 

Também visitamos a praia já que ela não ia há muito tempo, fomos a um shopping e nesse dia o café da tarde foi em uma confeitaria por lá, além disso visitamos o ateliê de costura preferido dela. Há alguns dias ela decidiu ir ao salão de beleza, sua reação ao olhar o espelho no fim do processo aqueceu meu coração de uma forma que nunca havia sentido, toda a experiência de passar tempo com ela é nova, cada dia é novo. Cada tarde tem gosto de melancolia e despedida, tristeza e saudade em diferentes tons. Por que nunca fiz isso antes? Por que ninguém define suas verdadeiras prioridades sem que haja a pressão de uma despedida?  

Jantamos no restaurante preferido dela, mas uma crise de dor se iniciou e tivemos que voltar mais cedo. Fomos em um parque natural e fizemos um piquenique, visitamos um sítio.   

Como ela mesma me ensinou ao mostrar albuns de fotos, cada momento está sendo cuidadosamente guardado por mim na memória e também em registros fotográficos. 

Hoje é um daqueles dias difíceis, a enfermeira informou que as dores começaram de manhã enquanto eu ainda estava na empresa e foram necessários vários remédios, o resto do dia ela passou apagada, e consequentemente sem se alimentar. Não vi minha mãe de olhos abertos hoje. 

Por volta das sete da noite resolvo esquentar a sopa que Jamily havia deixado pronta e levar no quarto para tentar alimentá-la. Abro a porta com a bandeja na mão, ela parece sentir minha aproximação e abre os olhos lentamente, me sento no chão ao seu lado depois de pousar a bandeja no criado mudo, seus lábios pálidos se erguem em um sorriso discreto ao me ver. 

— Chegou, filho. — Ela murmura, sua voz está lenta e a pronúncia enrolada, provavelmente efeito dos remédios. 

— Sim, mãe. Já anoiteceu. — Ela franze as sobrancelhas em uma careta. 

— Dormi o dia inteiro? — Concordo em um aceno. 

— Vamos tomar a sopa. — Ela nega. 

— Não estou com fome.  — Solto todo o ar dos meus pulmões. 

— Mãe, por favor. Apenas um pouco.  

— Amanhã me alimento melhor, prometo.  — Nego de forma enérgica. 

— Não, mãe. A senhora tem que comer. Faz isso por mim? Por favor.  — Encaro seus olhos azuis, ela pensa por alguns minutos, sinto que consegui tocá-la. 

— Estou cansando você, filho. — Lágrimas surgem em seus olhos, eles tem um brilho de tristeza. Me aproximo para pegar sua mão e olhar em seus olhos. 

— Não, mãe. Por que está dizendo esse absurdo? A senhora não me atrapalha nunca.

Ela funga. 

— Sou um peso na sua vida filho, eu que estou doente e você parou de viver por minha causa.  – Ela afirma me apunhalando, meu coração erra duas batidas. 

— É claro que não. Não é nada disso. — Uma lágrima escorre de seus olhos e pinga no travesseiro. Acaricioseu rosto. — Não quero que pense assim, isso não é verdade. 

Respiro fundo depois de engolir o nó na garganta, não sei se as crises de dores físicas são piores do que isso.

— É sim, Ryan. Você só trabalha e fica aqui comigo, quase não te vejo mais sair com seus amigos ou com alguma moça. Como vai conhecer uma mulher boa para se casar desse jeito? 

— Estou aqui para cuidar de você assim como cuidou de mim, não se preocupe mãe eu não quero me casar. — Asseguro mas sua expressão parece pior.

— Mas eu quero que você se case, meu filho. É o meu sonho, sabe disso, não sabe?  – Fico em silêncio, não sei o que dizer. Olho para a sopa, a fumaça não está mais subindo, logo vai estar fria. 

— Filho? Olha para mim. – Atendo seu pedido. 

— Não precisa dizer nada, eu sei que não vou durar muito. — Meu peito arde com o choque das palavras dela. Como ela descobriu? Abro a boca para tentar desmentir mas sou interrompido.  — Eu sinto isso, meu corpo diz que está esgotado, não estou bem. Também sinto seu esforço para aproveitar nossos momentos juntos.

Abaixo a cabeça, tem como ficar ainda pior? 

— Ah, mãe. — Desisto de tentar ser forte. Deixo tudo escapar em forma de lágrimas, em todos os meses que passamos por esse inferno eu posso contar nos dedos as vezes que chorei. Nunca para ninguém, nem mesmo Bernardo, sempre sozinho. 

Mas agora me sinto como uma criança, de repente me torno aquele menino de novo, o que precisava da mãe e que logo não a terá nunca mais. Eu a abraço com cuidado e choro em seus braços, ela me deixa, não me interrompe, não me censura. Ainda sinto sua mão delicada acariciar meu cabelo, seu carinho se move até minhas costas. 

Não sei quanto tempo fiquei ali, mas quando decido levantar a cabeça e encará-la ela tem um leve sorriso no rosto, a mesma paciência e doçura de sempre. E acaricia meu rosto. 

— Eu tenho um desejo, filho. Um sonho, na verdade. Me pesa saber que meus olhos nunca verão acontecer.  — Franzo as sobrancelhas. 

— O que? – A risada curta dela se mistura a minha, ela nega depois de alguns segundos. A luz da lua cheia ilumina uma parte do quarto que está com a luz baixa e a brisa entra pela varanda balançando a cortina. 

— Meu sonho é que você tenha o que eu nunca tive.  — Helena sussura como se fosse um segredo. — Quero ver você se casando meu filho, e sendo feliz no amor como nunca fui. 

Seu olhar para mim é intenso, cheio de expectativa, emoção, melancolia, súplica e amor. 

— É o meu último desejo. — Ela sorri. 

Sou incapaz de dizer qualquer coisa por alguns segundos. É difícil absorver o que acabo de ouvir, me pergunto por que não fiz isso antes?  Por que nunca me apaixonei a ponto de querer me casar? Será que sou incapaz de me apaixonar exatamente como meu pai? Poderia ter procurado alguém que me fizesse sossegar e que minha mãe gostasse, mas nunca o fiz. Poderia ter dado netos a ela. Com certeza Helena deve querer netos. Mas agora isso é impossível, segundo o doutor temos apenas seis meses. O fato é que duvido que eu seja capaz de me apaixonar a ponto de me comprometer com uma mulher só pelo resto da vida. 

Meu coração parece bater mais forte diante da loucura que estou prestes a fazer, mas sou incapaz de dizer não, sei que nada a faria mais feliz e foi o que me propus: Fazê-la feliz até o fim. 

— Eu vou pensar nisso, vou estar... aberto para as possibilidades.  — Beijo sua mão. 

— Promete que vai sair mais? Eu prometo dormir mais cedo e tomar os remédios para que você vá tranquilo. – Arqueio a sobrancelha, agora dona Helena quer tomar os remédios?  — Promete que vai procurar uma mulher boa para se casar, meu filho. Não viva sua vida como se não houvesse um amanhã no qual você pode querer e até precisar de uma família. 

Será que algum dia vou querer isso? 

— Se eu não tivesse você nem sei o que seria de mim, Ryan. — Aceno afirmando, entendo onde ela quer chegar.  

— Eu... — Suspiro antes de pronunciar minha sentença. — Prometo, mãe. — Ela me mostra um sorriso que não vejo há muito tempo, enfim desisto de tentar fazê-la comer. Saio do quarto após desejar boa noite, derrotado.

Não posso simplesmente me casar, muito menos dar meu sobrenome para alguma aproveitadora, está cheio de mulheres assim por aí. Eu jamais traria  uma qualquer para casa, por outro lado o tipo de mulher ideal para agradar Helena é totalmente contrário ao que me agrada, a missão que ela me deu é impossível, casado e feliz. 

Sorrio com ironia, em alguns meses ou eu estaria casado, ou feliz. Para que ela esteja feliz eu tenho que estar casado, não preciso estar apaixonado e essa baboseira toda. Só preciso encontrar a garota certa e me casar de uma vez, é claro que tenho que oferecer algo em troca, uma boa moça não vai querer se casar com um homem como eu de graça. 

Sem essa de compromisso, nada de sentimentalismo, ilusão de romantismo ou comunhão de bens. Tem que ser um contrato, um contrato de 1 ano. Ainda tenho fé que Helena demore a me deixar ou até que não me deixe. 

Amanhã mesmo terei uma conversa com meu advogado e o farei preparar os papéis o mais rápido possível. Quanto a garota... Bem, será um pouco mais difícil, talvez precise de Bernardo, não sou exatamente um imã para moças boas e descentes. 

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