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“E nós dois rimos”

Sério que você acreditou nisso diário? SÉRIO MESMO?

Thomas tentou dar uma risada, mas o que saiu mais parecia um “Isso não teve graça, mas não vou deixar a maluca perceber” e eu me engasguei. Isso mesmo, ME ENGASGUEI!

– ÁGUA! ÁGUA! NINA TRAZ AGUA AQUI POR FAVOR – ELE GRITAVA.

– OH MEU DEUS ELA TA FICANDO ROXA! – Gritava uma voz feminina e fina.

– NÃO MESMO, TA FICANDO VERDE! – Gritava a outra.

Era tanto grito que até me perdi.

Thomas pegou o copo de água de uma bandeja e me deu para beber, depois me quase quebrar minhas costas.

Quando consegui voltar a respirar normalmente olhei para Thomas e para as quatro garçonetes que estavam atrás dele, uma delas era ruiva estava carregando uma bandeja na mão, provavelmente a Nina, entreguei o copo para ela e com o pouco de fôlego que tinha disse ”Obrigada”.

– De nada, tome mais cuidado.

– Você tem certeza que está bem? – Perguntou Thomas – Ainda bem, se você morresse minha irmã me mataria.

– Por que ela te mataria? – Limpei algumas lágrimas que haviam caído há pouco tempo com a manga do blusão.

Michelle, Thomas e eu só nos falamos três vezes. A primeira foi quando Michelle me acordou na aula e se apresentou, a segunda foi no intervalo quando ela me chamou para me sentar com eles e a última foi quando ela pediu meu e-mail.

– Ela gosta de você – deu os ombros – E do seu irmão, principalmente.

– Imaginei – revirei os olhos – Nesse caso seria melhor se você tivesse me deixado morrer, Lucca me odeia.

– Isso é verdade? – Seus olhos me diziam que ela estava surpreso por mais que tentasse se manter com a aparência.

– Acho que sim – novamente dei os ombros e peguei o cardápio – Uou, eu com certeza quero experimentar esse hambúrguer com queijo cheddar extra e de preferência com um milk-shake de flocos e muuuuuuuuuita batata frita.

– Você é um saco sem fundo por querer comer tudo isso, quero ver aguentar.

– Quer apostar? – Ele pareceu interessado na aposta - Se eu aguentar tudo você me paga churros, se eu perder eu te pago um.

– Aceito – respondeu sem hesitar.

Depois de fazermos os pedidos para Nina ficamos em silêncio, mas não o tipo “bom’’ de silencio foi do tipo “Me arrependo de ter vindo pra cá com alguém tão sem assunto”.

Depois que a Nina voltou com os lanches resolvi dizer algo.

– Entããão – disse quebrando o gelo – Você gosta de ervilhas? – dei um gole no milk-shake.

– Seu irmão é gay? – Cuspi o milkshake na cara dele que pareceu nem perceber.

– O QUE? – passei o guardanapo ao redor da boca limpando ela enquanto ele fazia o mesmo só que com sua cara.

– Bem, é que a minha irmã tá afim dele então resolvi perguntar logo de uma vez.

– Lucca? Meu irmão, gay? – comecei a rir descontroladamente – Não, não, ele com certeza não é gay – Você saberia disso se ouvisse o barulho da cama dele se mexendo quando morávamos na outra cidade, completei mentalmente – Ele só gosta de se fazer de difícil, diz pra Michelle que ela tem muitas chances com ele, mas eu pessoalmente não acho que ele é o tipo dela – coloquei algumas batatas fitas de baixo do pão do hambúrguer.

– Por que você acha isso? – ele colocava ketchup no seu hambúrguer.

– Vamos dizer que meu irmão é do tipo galinha e ela do tipo “pessoa que eu quero como minha amiga”, não quero que ele a magoe – dei os ombros e mordi meu maravilhoso hambúrguer com cheddar extra e batata frita.

– Entendo.

Comemos por mais algum tempo conversando sobre coisas como o tempo, como a professora Chase conseguia namorados sendo uma psicopata e sobre nossa única coisa até o momento em comum: O ódio mortal por líderes de torcida.

– Pensei que só eu estava enjoada de tanto ver elas girando no ar, quer dizer – bebi meu milkshake – Já deu para entender que elas conseguem pular, saltar e os ‘baralho’ a quatro tudo não precisam mais se mostrar.

– Baralho? Você não fala palavrão?

– Tô tentando parar – fui beber novamente meu milkshake quando notei que já havia bebido tudo, comido todo meu hamburguer e minha batata-frita – MAIS QUE ‘BORRA’! ACABOU MEU LANCHE!

– Você comeu tudo mesmo, acho que te devo churros.

– Deve mesmo, e eu vou querer ele com granuladinho colorido.

Rachamos a conta e fomos comer o churros.

Thomas é legal fora da escola, quando estamos naquele inferno disfarçado ela é quieto está sempre ouvindo música ou dormindo e nunca fala com ninguém além da Michelle.

– O que você estava fazendo aqui mais cedo quando me achou?

– Eu tinha deixado a Mi na aula de violino e estava indo para casa jogar Katsu*. E você, o que fazia aqui?

– Eu estava em busca de algo comestível já que a minha mãe deu uma de cientista maluca e criou cupcakes assa... ESPERA! Você j**a Katsu? – disse boquiaberta.

– Jogo, por quê?

– Eu jogo Katsu. Não acredito nisso, você tem um lado nerd!

– Ei, mantenha isso em segredo nem a Mi sabe – disse olhando em volta em busca ou não de algum conhecido.

– Af, tá’ certo, mas se você precisar de ajuda com algum boss – peguei o lápis de olho que estava no bolso do meu blusão e escrevi no braço dele Ann – Esse é meu user, é só me chamar.

– Ok, Ann – olhou para o celular – Melhor eu ir buscar a Mi, até segunda.

– Tchau.

E ele se foi.

Peguei meu celular e liguei numa música qualquer da playlist, por coincidência, ou não, foi Boulevard Of broken Dreams do Green Day. Fui andando na rua e assim como na música, sozinha.

“Eu ando em uma estrada solitária

A única que eu conheci

Não sei até onde ela vai

Mas é um lar para mim e eu ando só”

Chegando em casa encontrei minha mãe jogada no sofá sala com um pote de sorvete na mão.

– Mãe você está comendo sorvete? – perguntei surpresa pois ela vive de dieta.

– Seu pai disse que meus cupcakes são um lixo Liz, b**e nele.

– Mãe eu não posso bater no meu pai – disse sentindo uma gota imaginária atrás da minha cabeça.

– Pode sim, eu autorizo.

– Acho melhor você pedir isso pro Lucca mãe, ele faria com certeza – Antes que ela pudesse dizer algo para argumentar fui voando pelas escadas para o meu quarto.

Meu lindo espaço quadrado cheio de posters de bandas, animes e desenhos. Meu cantinho especial com livros e mangas para todos os cantos e acho que uma pizza perdida em algum lugar.

Liguei meu computador e abri o jogo, enquanto ele carregava troquei de rouba e vesti um pijama de ursinhos.

Quando voltei loguei no meu usuário e entrei no jogo.

KATSU!

Esse é, para mim, o melhor jogo do universo. Jogava ele com meus amigos nerds da outra cidade onde morava.

Em Katsu você pode ser o que quiser: uma fada, um mago, um espadachim, um samurai, um ninja, um assassino ou

até mesmo um dominador de dragões ou elementos

No meu caso, era uma Assassina Retalhadora, o tipo considerado mais fraco por aqueles que não sabem usar.

Diferente de mim, é claro.

Ann está online

Frankstein19: Impossível! Você está on depois de uma semana fora Ann!

Ann: Diferente de vocês que só pensam em pornô e games eu tenho uma vida social ativa, ok?

Food4me: Ahan sei. Lançou novos animes, né?

Ann: OS ANIMES DESSA TEMPORADA ESTÃO INCRÍVEIS!

Frankstein19: Merda, te devo cinco pratas.

Food4me: MUHAHAMUHA Eu disse, a nossa pequena Julieta nunca vai mudar nem em outra cidade.

Ann: O que vocês querem dizer com isso?

Food4me: Você sabe, sempre vai preferir animais e animes a seres humanos.

Ann: Isso não é verdade! E também prefiro comida KKKKKK.

Frankstein19: Você morou aqui por mais de quatorze anos e só tem nós de amigos.

Ann: Esqueceu a Mary e o Marco.

Food4me: Ninguém te contou?

Ann: Contou o que?

Frankstein19: Você fez amigos aí?

Ann: Contou o que? ²

Food4me: Responde primeiro a pergunta do Frank.

Ann: Por que? Eu fiz a minha antes!

Frankstein19: Porque eu sou mais bonito que você –sou foda emote –

Ann: Fiz alguns eu acho, por quê?

Food4me: Alguma nova paixão ou ainda gosta do Marco?

Ann: O que isso tem a ver?

Food4me: Se você não fosse tão lerda já teria se tocado.

Frankstein19: Deixa quieto, Gustav.

Ann: O que vocês estão dizendo?

Ann: É o que eu tô pensando?

Food4me: Foi só você ir embora pra eles começarem a namorar.

Frankstein19: Gustav cala a boca, a gente concordou que eles iam falar isso para ela.

Food4me: E você acha que eles iriam falar? Eles namoram escondidos dela há uns dois anos e nunca falaram nada

Frankstein19: GUSTAV!

Meu status no chat do jogo era online, se meus pais me vissem na frente do computador pensariam que eu estava assim vidrada no jogo, viciada como sempre, meu corpo pálido continuava na frente do computador, uma mão no mouse a outra sobre o teclado mas minha mente, ah a minha mente essa é um enigma.

Não sei pra onde ela foi nessa hora, talvez tenha ido para outro planeta, outra galáxia, para a Soul Society talvez, ou para Nárnia. Quem sabe. Só sei que quando dei por mim, estava chorando e a única coisa que vai me animar agora é um bom toddynho gelado ou uma noite inteira chorando pela traição sobre meu travesseiro. O porquê de eu chamar isso de traição te digo após morrer de desidratação .

– Quem dera Goku acertasse uma Genki Dama em todos que me magoam.

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