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 *Luan' Pov.*

 - Allana, você está vermelha! - me virei quando ouvi o nome dela ser dito alto.

Ela estava parada a alguns metros de mim, um pouco para trás de suas amigas que a olhavam com dois grandes sorrisos vitoriosos.

 - Você gosta dele!

 Uma felicidade se estendeu pelo meu corpo e, eu apenas sorri de canto. Satisfeito com a noticia.

 - Vão se fuder! - Allana gritou, antes de marchar para a sala dela.

 Nunca a tinha visto furiosa antes, mas tenho que admitir que ela fica linda assim.

Me transferi de escola no começo do ano. Uma questão de qualidade de ensino e blá, blá, blá... Os garotos eram fáceis de formar amizades e, no meu primeiro dia um grupo de quatro garotos me chamou para me enturmar com eles. Não poderia dispensar aliados em território desconhecido. Eles me levaram para a quadra da escola, onde filas já se formavam para esperar uma falação sem graça da diretora. Me encontrei na fila da minha sala, o sinal soou e todas as filas estavam ali, formadas e bonitinhas.

Por mais que eu quisesse não simpatizei muito com o povo dali. Todos iguais, certinhos, alguns cowboys e patricinhas, mas nada que me chamasse atenção. Até que ela entrou na quadra com apenas uma alça da mochila sobre o ombro. A diretora parou de falar enquanto todos olhavam para a atrasada.

 - A escola é muito grande. - ela explicou alto - Me perdi.

 - Claro. - respondeu a diretora no microfone - Nos últimos cinco anos também.

Os alunos deram risadinhas abafadas e ela deu de ombros, indo para junto de suas amigas que balançavam a cabeça em desaprovação, mas mantinham sorrisos abertos. Não demorei a coletar informações sobre ela. Se mantinha na mesma panelinha há tempos, gostava de assustar os alunos do quinto ano, marcava presença constante na biblioteca da escola... Parecia o tipo de pessoa que, se você não mexer, fica na dela. Então claro, passei a frequentar os mesmos lugares que ela ia, ali na escola.

Foi quando ela também começou a me notar. Varria o local com os olhos, como se sentisse que eu a estava observando, até me encontrar. Primeiro ela apenas enrugava a testa, talvez pensando o porquê eu a secava - como se ela não pudesse ver o motivo obvio - despois passou a trancar o maxilar e fechar suas mãos em punhos ao lado do corpo. Nessa fase, já estava certo de que ela viria tirar satisfações comigo. Não o fez. Tomou uma atitude que eu nunca esperei: desviava os olhos de mim e saia para qualquer outro lugar. Como se minha presença a incomodasse.

 Fiquei muito intrigado, mas ela sumiu. Dois meses sem sair da sala. Seria por minha causa?

Hoje eu vi que sim. Sempre me mantinha escorado ao lado de fora da porta da minha sala, assim podia ver a porta da sala dela no fim do corredor. Hoje ela saiu arrastando os pés atrás das amigas e, foi direto para o banheiro feminino. Dei uma desculpa qualquer para os garotos e a segui. Me apoiei em uma parede estratégica em frente ao banheiro, querendo que ela me notasse. Demora infernal foi essa, eu cruzei meus braços impaciente. Foi quando eu a vi tirando a cabeça para fora da porta para espiar para fora. Seu olhar caiu direto em mim, como eu planejei. Com os olhos arregalados e o rosto levemente corado ela voltou para dentro do banheiro.

Sorri, satisfeito. Ela ficou engraçada corando. Ficou muito linda corando. Mordi meu lábio inconsciente, enquanto pensava nela, e duas garotas me olharam com luxúria. "Como eu queria ser esse lábio." Uma delas falou, nem notei qual. Desde que cheguei minha vida amorosa tem estado superfaturada. Conseguia uma garota diferente a cada dois dias. Nenhuma prestava, claro. A que eu mais queria fugia de mim, o oposto das outras. Por quê?

Sorri para elas e deixei aquela parede. Mudaria meu ponto para algum lugar escondido no corredor apinhando de alunos. Pouco depois eu a vi deixar o banheiro olhando para os próprios pés. Ri com o pensamento de que ela estaria evitando me olhar.

Tão logo a ideia me surgiu, a pus em prática. Comecei a andar em sua direção, ela ia olhar para mim querendo ou não. Um, dois, três passos e ela colidiu com força em meu peito, perdendo o equilíbrio e ameaçando cair para trás. Por reflexo, abracei a cintura dela com minha mão direita e a puxei pelo pulso com a esquerda, a trazendo para mim e a abraçando em seguida. Não pude evitar rir dela, tão desastrada. Nada a ver com o modo como os outros a viam.

- Cuidado. - a alertei, aproximando sem querer de seus cabelos. O perfume veio até mim aguçando meus sentidos. Era doce e pesado ao mesmo tempo. A cara dela.

Olhei para seu rosto e ela mantinha os olhos fechados com força. Com cuidado os abriu, percorrendo cada centímetro de meu rosto. Os lábios dela se separaram enquanto corava.

- O... Obri... Obrigada. - Era óbvio que ela estava se obrigando a dizer alguma coisa e sair logo dali. Estava louca para fugir de mim como nos outros dias, só que eu não ia facilitar tanto assim.

 - Disponha. - respondi sem oferecer a libertação dela.

Logo senti seus punhos em meu peito. Me empurravam com sutileza, como alguém que não quer machucar.

Sem querer realmente o fazer, a soltei lentamente. Aproveitei o momento até o final, quando aproveitei que minhas mãos estavam cada uma de uma lado de sua cintura e a apertei. Queria a marcar, fazê-la se lembrar de quando esteve em meus braços.

Em um suspiro involuntário ela praticamente correu para longe de mim, indo ter com as suas amigas que, olhavam pasmas para mim até ela chegar perto. Mudando seu alvo descaradamente.

Abri um largo sorriso, dando dois passos para trás e depois seguindo meu caminho. Claro, até eu ouvir a declaração pública de uma das amigas dela. "Você gosta dele!”. Essa frase soou na minha mente até o fim do dia.

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