Capítulo 05.

Hoje é dia de educação física. Sun não podia estar mais frustrada do que já está. Todo o esforço que fez durante a semana pra não revelar sua heterocromia, foi em vão. As regras do Professor Carlos são bem claras e práticas.

1. Equipamento branco ( desde a camisa, calça, meias e sapatilhas )

2. Nada de brincos, pulseiras, colares e tudo que fizer parte desse grupo. Válido pra os dois genros.

3. Garotas prendam seus cabelos num rabo de cavalo bem alto. O cabelo dos garotos não pode passar da orelha.

4. Sem mimi, a não ser que tenha um atestado médico e a confirmação do encarregado de educação.

5. Eu mando, vocês obedecessem.

De cabelo preso, Sun se sentia um peixinho fora da água. Seus colegas a olhavam como se estivessem vendo Moisés. Não era pra menos, o nível de anomalia e estrangeiros em Malvo era muito baixo. Sun sentia a vontade de sair correndo, o professor estava demorando, seus colegas não escondiam sua curiosidade. Outros mas atrevidos até se aproximavam pra a olhar de perto.

— Isso não é lente de contacto?

— Tenho a certeza que é, é impossível alguém ter olhos tão diferentes. 

— Se for o professor vai brigar com ela. Ele disse, nada de mimi.

Cochichavam, riam, especulação pra tudo que era canto. Sun estava ficando louca, quando achou que ia desabar. Duda que chegou atrasada por ter acordado tarde. Tendo a visto de costas, correu e saltou nós ombros dela. Não tinham nenhuma intimidade, mas ela não conseguia evitar. Sua espontaneidade fugia do controle.

— Oi, Sun. — deu um beijo em seu bochecha e ficou na sua frente — Você está linda.

Sun agradeceu internamente por ela ter ficando na frente dela, assim alguns de seus colegas focaram seu olhar em outra coisa e outros mas ousados continuaram as encarando.

— Menina, você tá transpirando, tá com febre?

— Não, eu estou bem.

— Não parece — desconfiada Duda olhou em volta e notou o clima tenso, bufando cuspiu — preconceituosos de merda. — desde cedo seus pais a educaram a saber respeitar os diferentes. Tem um tio com SD seus pais a sepultarião se ela demostra-se atitudes preconceituosas. Quem não respeita os diferentes. Não respeita a si mesmo. — Vamos aquecer!

— O que?

— Vamos aquecer, vamos se solta. O professor de educação física, gosta quando nos encontra já prontos pra o exercício — Duda disse começando os movimentos de alongamento

— DUDAAAAA — sua amiga Biatrís que também havia se atrasado a chamou assim que entrou na quadra.

— Atris bom dia — Duda respondeu com um sorriso sem parar de se exercitar. Seu irmão que também havia chegado com ela, está com o seu grupo. Apesar dela ficar com o dinheiro de lanche dele, nem sempre andavam colados.

— Sua irmã não se cansa ? — um dia amigos perguntou vendo ela incentivando suas amigas a se exercitar. Ela faz aquilo desde o fundamental.

— Lhe pergunta pessoalmente!— Daniel disse começando a se movimentar.

Sun apesar de ser desastrada e conter um corpo bem preenchido. Seios fartos, ancas e tudo mais. Ela conseguia muito bem dominar seu corpo, então com facilidade conseguia seguir o ritmo delas. Mas não podia exagerar se não teria um crise de asma.

Estava cada vez mas difícil ignorar as palavras de Duda. Ela é tão impertinente que ou você suporta ou sucumbe. Sem perceber havia soltado algumas gargalhadas. O professor de educação física ao ver seus olhos, entrou em choque, esfregou a cara. Mas tentou esconder suas expressões. Não queria parecer preconceituoso. Então somente ignorou o fato de uma de suas alunas ter heterocromia.

A conversa amistosa que havia se formando entre as três, fluía tão naturalmente que quando se deram por si estavam caminhando  juntas pra casa. Só que Biatrís vivia no outro bairro. Sun e Duda no mesmo em quarteirão diferentes, o primeiro era da Duda e de seguida da Sun.

Sun se esqueceu de todas suas preocupações, na medida que fazia sua higiene, se alimentava pra voltar a escola. Mais sua harmonia foi abalada quando entrou a sua sala. Quando entrou, todos deixaram de conversar pra a encarar. Ela estava com o olho amarelo coberto. Mesmo assim seus colegas insistiam em a encarar. Fingindo não notar seu olhar, ela foi se sentar em sua carteira.

Na esperança que seus olhares reduzissem, ela sentou-se na carteira e não saiu nem pra o intervalo. Gostaria de poder sumir, ser devorada pelo tempo e espaço ou mesmo que a parede a enguli-se.

Duda por vezes trocava algumas palavras com ela. Mas como se tivesse voltado a estaca zero. Suas respostas eram curtas e vagas.

— Sun mostra pra elas — não pensou que o assunto da sua heterecromia duraria, até o dia seguinte. Ela já tinha vivido isso uma fez, podia até detalhar como aconteceu. A sensação de déjà vù era tão forte que ela se sentia sufocada.

Sun não respondeu a garota parada a sua frente, que queria mostrar pra suas amigas de outra classe o olho diferente dela.

— Não custa nada tirar a mecha né? Se quiser eu ti ajudo — era um grupo de três garotas, liderados por Rosa sua colega de classe

— Não toque em mim.

— Viram, o bichinho fala — elas riram — parece um experimento de laboratório com essa voz de brinquedo partido. — voltaram a rir.

— Acho que ela precisa de ajuda pra tirar — trocaram olhares maliciosos. Sun é calma de mas pra armar um barraco. Ela tem uma baixa autoestima que a impede de se defender. 

— Opa! Tô aqui pra isso — Rosa esticou sua mão. Sun estava com o olhar baixo, queria que ela acabasse com isso logo, com o passar dos anos ela descobriu que resistir era dar ânimo pra seus abusadores. — Aí — Rosa grunhiu, sua mão estava a centímetros do cabelo dela. Ela choramingou quando sentiu seu cabelo sendo puxado. — Quem fez isso...— ficou em palavras quando viu Daniel com um olhar assombroso a encarando.

— O que pensa que está fazendo?— Daniel voltou a puxar o cabelo dela pra trás. É de mencionar que ele não é muito gentil nem cortes. A regra de que não se b**e em mulheres não se aplica pra ele. Se for uma vadia, vai levar porrada.

— Aí, você está me machucando. 

— Dani para com isso — uma das garotas tentou intervir mas ele segurou no braço dela e apertou. A outras outras conhecendo a fama dele deram fuga. Duda havia saindo com Biatrís da sala, Daniel estava de papo furado com seus amigos. Ele viu quando Rosa intimidou Sun. Apertando o cabelo de uma e o braço da outra. Deu uma rápida olhada pra Sun que mesmo perplexa estava de cabeça baixa. Puxou as duas garotas pra fora.

— Se voltarem a tocar nela, vão se arrepender entendem? — as duas já estavam com lágrimas nos olhos. Daniel não maneira nós seus apertos. Parece que sua gentileza era contabilizada.

— Seu estúpido.

— Idiota.

— Diz isso de novo se tiver coragem.

Choramingando elas se retiraram jurando vingança em seu íntimo. Por um estante os que estavam na sala, ficaram em silêncio observando aquilo. Na sua volta ele pensou em falar com Sun, mas ela estava tão encolhida que parecia ter medo dele. Bufando voltou-se pra seu assento.

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