Capítulo 1.1

Ó céus não posso cometer nenhum erro perante esses olhos críticos que me encaram sedentos e desafiadores.

-Sente-se. –Sua voz autoritária não deixa brechas para discussões ou apresentações desnecessárias.

Rapidamente faço o que foi ordenado para aquela situação não ficar ainda mais constrangedora do que já estava. Ele me observa sem dizer uma única palavra e aquilo só me deixa ainda mais constrangida e inquieta, encarar aqueles olhos selvagens é a mesma coisa de se jogar dentro de uma fornalha ardente e em chamas.

Automaticamente desvio o olhar encarando a réplica de uma Harley Davidson que fica praticamente escondida atrás dos diversos livros de sua prateleira.

A decoração da sala é impecável e masculina, no canto esquerdo uma grande estante com seus diversos livros e ao lado direto um sofá chaise de veludo preto com madeira entalhada a mão, as poltronas vinho a frente quebra um pouco a seriedade do local e a mesinha de centro fica encantadora sobre o tapete felpudo bege. Logo ao lado um bar com vários banquinhos reserva uma grande quantidade de bebidas alcoólicas principalmente vinhos e champanhes.

Um pigarrear chamando a minha atenção novamente e me surpreendo ao vê-lo com um óculo de grau que me leva a lembrar dos murmurinhos pelos corredores.

-Srta. Ravallo estou lhe oferecendo um ótimo cargo como minha secretaria pessoal. Acho importante ressaltar que até o momento todas as candidatas falharam, então realmente espero que as coisas sejam diferentes. O que você tem a me oferecer? –Ele se recosta na cadeira ajeitando o óculo no rosto. 

Sua postura cansada e indiferente me incomodado, ele parecia estar fazendo aquela entrevista por pura obrigação sem esperanças de que isso desse certo e automaticamente me sinto instigada a mostrar que posso surpreende-lo.

-Sr. Drevitch a única coisa que posso lhe dizer é que o senhor só saberá tudo o que posso lhe oferecer assim que presenciar o meu trabalho pessoalmente. –Minha voz firme e sem resquícios de duvidas me deixa atordoada.

Como pude dar essa resposta a ele? Não seria mais fácil ter selecionado alguns pontos e oferecido? Porque fui instigada a desafia-lo tão de repente? 

Na verdade, sabia o porquê, mas simplesmente não poderia ignorar o fato de que ele estava me tratando apenas como mais uma possível reprovada que não conseguiria o emprego. 

Deus, não posso perder meu emprego. Deus, não posso perder meu emprego. Repito essa frase como um mantra sagrado.

Vejo um pequeno sorriso se formar em seus lábios e sinto que esse será meu último dia nessa empresa. Eu simplesmente deveria ter recusado essa proposta e me mantido quieta nos dois primeiros andares, para que subir ao último afinal? Totalmente desnecessário.  

Quando vou me desculpa sua voz grossa rompe o silêncio da sala fazendo meu coração saltar em expectativa e medo.

-E esse trabalho pessoal inclui um jantar sexta à noite? Seria maravilhoso presenciar seus serviços de uma maneira especial. –Sua voz rouca e sensual envia um calafrio por todo o meu corpo, mas me encontro tão abismada com aquela oferta indecente de sexo explícito que tenho vontade de lhe acertar o rosto com um tapa.

-O mínimo que eu esperava de um homem com seu status era respeito, mas vejo que seu poder e influência lhe sobem a cabeça. -Respondo seca o encarando com irritação. 

Seus olhos surpresos se arregalam e um pequeno sorriso surgem em seus lábios me tirando completamente do sério.  

-Fui selecionada para ser sua secretaria pessoal e não seu objeto de sexo. Se o senhor está procurando algo mais quente acredito que deva contratar outra pessoa, pois jamais aceitaria esse tipo de oferta. Jamais me submeteria a algo tão baixo para crescer dentro de uma empresa, se for para subir que seja com o meu próprio esforço e não com o meu corpo. –Me levanto irritada com toda aquela baboseira e a passos largos me encaminho em direção porta. 

Quando toco a maçaneta sinto meus olhos queimarem pelas lágrimas ao perceber que estaria no olho da rua e mais uma vez me desdobraria para conseguir um emprego, mas quando estou dando um passo para fora da sala escuto meu nome ser chamado em um tom áspero, rude e autoritário.

Onde merdas está o chefe maravilhoso que escuto pelos corredores dessa empresa? Isso só pode ser brincadeira.

Me viro lentamente olhando para ele com um certo receio, talvez assim eu não perca meu emprego.

Será que eu devo me jogar no chão e implorar por misericórdia?

Talvez essa seja uma ótima ideia.

Como vou comprar os remédios da Daisy?

Eu sou a pior mãe que pode existir, aqueles olhos analíticos me encaram silenciosos enquanto observa meu desespero.

-Srta. Ravallo você está contratada. -Se limita em dizer e naquele momento me sinto tão chocada que simplesmente continuo o encarando sem ter uma resposta.

-Quero você amanhã na minha sala as sete da manhã para passarmos toda a agenda desse mês a limpo. –Ele me olha por cima do óculo com um sorriso vitorioso no rosto. –Parabéns, você foi a única a recusar minha oferta, me sinto grato por isso e de maneira alguma queria lhe ofender.

Meus olhos se arregalam ao ouvir o que diz e naquele momento meu coração estava tão acelerado que eu poderia jurar que enfartaria a qualquer momento. 

Ainda não consigo acreditar que fui aceita.

-Obrigada, prometo que o senhor não irá se arrepender. –Fecho a porta rapidamente sem esperar uma segunda resposta com medo que ele reconsidere.

Começo a pular de felicidade no corredor da empresa reprimindo meus gritos de felicidade, eu vou ganhar extremamente bem. A recepcionista me observa com uma sobrancelha erguida como se eu fosse uma louca.

Tento conter a felicidade dentro de mim, mas é difícil quando se estava passando por dificuldades e necessidades dentro de casa. Corro para o andar em que trabalhava para contar a maravilhosa notícia para os meus colegas de trabalho.

Da mesma maneira que estava aflita, eles também estavam aflitos esperando o resultado da reunião. Quando cheguei com a notícia que havia sido aceita eles ficaram felizes, mas ao mesmo tempo tristes e decepcionado por saber que seria transferida para outro andar.

Andar esse que poucos tinham acesso. 

O final do expediente foi animado e cheio de fofocas sobre o senhor Drevitch, todos me perguntavam como ele realmente era e não consegui mentir ao dizer que aquele estranho apelido era falso em minha concepção.

Sinceramente ele não se parecia em nada com um nerd, mas charmoso já era uma realidade bem explicita aos olhos da humanidade.

Os murmurinhos e fofocas correrão solto, mas tento ao máximo me manter imparcial sobre todas as perguntas, afinal trabalharia pessoalmente com ele e não seria elegante da minha parte comentar sobre sua personalidade para outros funcionários.

Ao sair da empresa sigo animada para o ponto de ônibus e não vejo a hora de chegar em casa com a maravilhosa novidade a Ellen e Daisy. Elas com certeza ficarão radiantes e animadas com a nova notícia.

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