Capítulo 3

Apesar do susto do dia anterior as coisas estavam fluindo bem na empresa de advocacia. Como eu tinha uma audiência em poucos minutos deixo Brenda encarregada das minhas coisas enquanto seguia para sala do Juiz Vasconcelo.

Sempre fazíamos isso, quando uma tinha uma audiência a outra se encarregava de cuidar dos pertences enquanto a audiência não acabava, afinal Vasconcelo era exigente com a questão de aparelhos celulares em suas audiências e isso era um verdadeiro saco.

- Vou aproveitar para ir no centro buscar aquele vestido que te falei semana passada. -Brenda sorri retocando seu batom vermelho que combinava bem com sua pele morena claro.

-Tudo bem, mas não se atrase, você sabe que Rogério odeia quando atrasamos para entregar os relatórios.

-É rapidinho, já deixei separado na loja, só havia esquecido meu cartão.

Concordo analisando mais uma vez os papéis que apresentaria ao Juiz, não podia deixar nenhum detalhe passar.

***

Bato o pé contra o piso quase tendo um colapso nervoso enquanto vejo as horas se arrastarem e Brenda não aparecer com minhas coisas.

Pior, ela estava com meu celular e eu nem podia ligar para xinga-la e dizer quão irresponsável ela era. Após dez minutos de espera ouço uma buzina e vejo Brenda acenar para mim de dentro de um Uber.

Como meu carro estava no concerto as passagens de Uber estava sendo nossa salvação. Suspiro caminhando em sua direção e ela entrega minhas coisas sorridente.

-Entra logo, você não sabe o que eu achei. -Comenta com um papel nas mãos mais do que animada.

-Nem vem com essa, você está mais de dez minutos atrasada. -Deixo claro meu descontentamento no tom da minha voz.

-Cala boca que eu tenho a solução para os seus problemas com padrinho bem aqui. - Ela balança o papel rindo.

-Deixe-me ver? -Entro no carro pegando o papel de sua mão e arregalo os olhos surpresa.

-Isso existe mesmo? - Pergunto chocada ao ver o anúncio de aluguel de acompanhante para uma noite.

-Não sei, mas enviei uma mensagem do seu celular para o celular indicado aí. - Ela aponta com a cabeça.

-Você ficou maluca? -Lhe acerto um tapa. -Acompanhante para uma noite Brenda, isso aqui é garoto de programa. –Pouco importo se o motorista do Uber estava ouvindo.

-A noite pode ser negociada amiga, tudo que ele quer é dinheiro. É só você conversar e ver se ele aceita ser um padrinho por algumas horas, nada que uma boa conversa não resolva, sem contar que ele deve ser bonito, geralmente esses homens que fazem essas coisas são lindos. -Afirma sorrindo.

- Eu não vou aceitar isso. -Falo por fim.

-Fica quieta Helena, você não se desprende de Rafael e André e agora fica criando caso quando arrumo uma solução para o seu problema. Lá custa conversar com o homem e ver se ele pode te ajudar? Talvez seja uma pessoa legal e se não for é só dispensar, você não está casando com ele ou algo do tipo, só marque um encontro e converse numa boa. - Ela cruza os braços irritada bufando.

Solto um pesado suspiro e pondero tudo o que ela falou sabendo que de certa forma ela não estava errada.

Eu não iria me envolver com o homem sentimentalmente, então apenas precisava explicar a ele a situação e ver se concordava em me acompanhar.

-Tudo bem, darei uma chance. -Afirmo e ela sorri. -Ótimo, anote na sua agenda que você deve ligar caso ele não responder à mensagem.

-Ok. -Pego minha agenda fazendo uma nota e coloco o papel e a caneta juntos deixando sobre o banco do carro. -Assim não me esquecerei.

-Viu pelo menos uma coisa você aprendeu comigo. - Sorri cheia de si, por ter sido ela a me ensinar a usar uma agenda e anotar cada passo da minha vida.

Confesso que assim se torna muito mais fácil organizar o dia e não me esquecer exatamente de nada.

-Exibida. -Acabo rindo. -Brenda você pode entregar meu relatório ao Rogério? - Pergunto olhando o relógio vendo que estava quase no horário do almoço.

-Claro, mas porquê? -Pergunta confusa. -Achei que iríamos almoçar juntas hoje.

-Tenho que passar do hospital visitar o Jonathan, eu disse que iria. -Faço uma careta.

-Verdade, o moço atropelado. - Ela apoia a mão na testa fazendo uma careta. -Tudo bem, pode ir que eu entrego o relatório, falando nisso ele é bem bonito né? -Sorri batendo o cotovelo em minha costela.

- Ele é careca. -Faço uma careta rindo.

-E daí? O que isso tem haver? -Brenda me olha como se eu fosse de outro planeta.

-Nada, só gosto de cabelos uai. -Me defendo fazendo ela gargalhar alto.

- Você é demais. -Nega enxugando os olhos enquanto o motorista do Uber estaciona em frente a empresa de advogados e Brenda desce apoiando a mão na barriga por ainda rir do meu comentário.

Aceno em despedida e início uma nova corrida no aplicativo do Uber para que me levasse ao hospital e sem demora já estávamos em movimento novamente.

Em todo o caminho meus pensamentos são voltados para o tal acompanhante de aluguel que Brenda havia encontrado e quando menos espero estou olhando as mensagens do celular para ver se havia alguma resposta, mas não tinha nada. 

Faço uma careta por estar ansiosa com algo tão descabido e quando vejo já estamos em frente ao hospital.

Pago a corrida, desço do carro e sigo para a recepção para me informar se ele já havia tido alta, mas por sorte ainda aguardava o resultado dos últimos exames que havia feito.

Subo até o terceiro andar e novamente bato na porta segurando minha agenda e minha bolsa em mãos. Assim que ouço a voz grossa liberar minha entrada, abro a porta receosa e vejo aqueles olhos castanhos intimidadores fixos em mim.

Não que olhares como aqueles me desconcertassem, afinal era acostumada a enfrentar todo tipo de situação dentro do tribunal, mas sim, aquele homem tinha algo que de alguma forma me deixava constrangida e exposta demais perante sua intensidade.

Ele era charmoso, com uma aparecia bruta, de homem sério e pouco amigável, mas quando sustenta um sorrisinho sacana meio de lado consegue prender minha total atenção e para ser sincera a falta de cabelos cai bem nele, era simplesmente um charme a mais.

Meus olhos se voltam para um segundo homem parecido com ele encostado na parede olhando fixamente para mim.

-Me desculpe não queria incomodar. -Afirmo ainda parada na porta.

- Que isso Eric, já estava de saída. -Jonathan observa o homem ao seu lado com um olhar duro e irritado.

-Mentira, eu não estava não, ele que é insuportável e não aceita umas boas verdade jogada na cara. -O outro diz de braços cruzados e eu permaneço em silêncio entre o fogo cruzado.

- Acho que deveria voltar em outro momento. -Começo a fechar a porta, mas o tal Eric me impede.

- Que isso, pode entrar moça. - Ele sorri mostrando seus lindos dentes brancos alinhados. -Fique à vontade, isso é apenas troca de farpas de irmãos. -Indica a cadeira ao lado da maca e eu entro, mas permaneço em pé.

-Só queria ter a certeza de que você estava bem. -Volto minha atenção para Jonathan.

- Obrigada pela preocupação, estou melhor, meu pé dói um pouco, mas nada que alguns analgésicos e uma muleta por alguns dias não resolva. - Um pequeno sorriso surge em seus lábios e solto ar aliviada.

-Por Deus, você me deu um baita susto. -Apoio a mão no peito sorrindo.

-Desculpe, foi imprudência da minha parte atravessar a rua sem olhar.

-Tudo bem, acontece, mas graças a Deus você está bem, quando te vi caído no chão imaginei o pior. Entrei em desespero achei que havia matado uma pessoa. -Falo com sinceridade e ele acaba rindo.

- Estou bem moça, me desculpe esqueci seu nome.

-Me chame de Helena, por favor.

-Claro, Helena. -Maneia a cabeça em concordância, mas volta sua atenção para o irmão que estava ao seu lado. -Eric, poderia buscar uma água para mim por favor.

- Porque não bebe a que tem do seu lado. - Ele indica o recipiente deixado pelas enfermeiras.

-Sabe que não gosto do gosto que essa água tem. -Franzir o nariz.

-Pode deixar que eu busco. -Me disponibilizo.

-Que isso senhorita, pode deixar. -Eric se desencosta da parede.

-Tudo bem, por favor, deixa que eu busco. Vocês já recusaram o dinheiro que ofereci para pagar os custos do hospital. O mínimo que posso fazer é comprar uma água. -Coloco minhas coisas sobre a poltrona pegando minha carteira dentro da minha bolsa. -Retorno em instantes. -Saio do quarto e peço informações a alguns enfermeiros que me explicam como chegar ao refeitório para comprar uma garrafinha de água. 

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