Capítulo 5

Àsgar entrou acompanhado de Filanthe e Kaly, se reuniu com eles e comentaram sobre as descobertas. Após isso, Kaly chamou na porta por Faleey.

- Olá senhorita Kaly, precisa de algo?

- Vocês leram livros sobre isso? Sobre esta espécie?

- Apenas um. Eu e Kasphio lemos, mas era detalhando mais a lenda do que a espécie de fato.

- Eu li sobre elas. - disse Kaly. Faleey arregalou os olhos.

- No castelo de Borag?

- Sim, eu tive todos os livros que pude ler. A sorte é que eu amo ler. Então li sobre estas espécies. Talvez eu possa desenhar e escrever sobre as demais espécies das quais eu li. As que achamos que estavam extintas. Porque era num livro de espécies extintas que li, não acredito que você leu sobre ela.

- Eu gostaria muito. Será de grande ajuda. Li sobre ela na biblioteca do castelo em que moro. Já lhe contei sobre ele. O castelo e a biblioteca. - Eles caminharam por entre as barracas, se afastando de onde estavam. - São mágicos. Pensei até em escrever um livro, tenho até o nome, as crônicas de uma biblioteca viva.

- Seria maravilhoso. Tem ideia de quais histórias colocaria?

- Falaria sobre os livros raros que aparecem às vezes. Gostaria de saber de onde eles vêm e para onde vão quando não estão na biblioteca ou sendo lidos. Colocarei a história do castelo em primeiro plano.

- E qual é a história dele?

- O ele foi criado com pedaços de outro castelo. Não sabemos muito bem de onde vieram essas partes, geograficamente, mas meus ancestrais receberam parte dele como pagamento por alguma benfeitoria, foram divididos em três partes, uma que ficou em seu local original, a segunda que infelizmente está no fundo do mar, por causa que os navios foram pegos em uma tempestade e um afundou e a terceira parte, o segundo navio que conseguiu chegar até a minha ilha e foi ali que levantaram nossa pequena cidade. Quando houveram as guerras contra Borag pediram ajuda do rei vigente na época, ele ajudou mas se manteve o direito de salvaguardar nossa ilha. Não sabíamos na época que Borag era afetado pela água de nosso planeta.

Talvez tivéssemos salvo mais Elementais e bruxas como você e sua mãe. É uma pena que não se atentaram a isto.

- Sim, mas então, como ele seria vivo? Acha que é produto de um feitiço?

- Não sabemos. Só estando lá para entender. Ele nos ouve, sabe tudo o que pensamos e precisamos. Acordei diversas vezes com vontade de ler algo diferente e lá estava, na mesinha ao lado da minha cama, um livro antigo e extremamente raro. Certa vez eu pensava sobre bruxas e seus poderes, adormeci e quando acordei o Leabhar Hecate estava em cima da minha mesa. Foi inspirador. Mal sabia que sua mãe é quem o receberia e o absorveria. Estava escrito em sua página final, quando terminei a leitura, que ele seria possuído por uma bruxa especial. Estava escrito que " Merecedora e leal ela seria, então Leabhar Hecate ela absorveria" em língua antiga "Tha i airidh agus dìleas gum biodh i, agus mar sin bhiodh Leabhar Hecate a ’gabhail a-steach". E foi assim que quando soube da bruxa de Àsgar e o quanto ela estava sofrendo e sobre sua lealdade mas medo de fazer você sofrer, eu soube imediatamente que o leabhar Hecate pertencia a ela. Quando o vi pela primeira vez e o devolvi, eu disse a biblioteca, que me desse quando chegasse a hora do livro ir para sua dona. Pensei em Filanthe ao falar com Àsgar e logo, ele voltou a minha mesa, antes de eu partir para as ilhas flutuantes. O resto você sabe.

- Incrível. E qual a sua dedução sobre este mistério? Da vida da biblioteca e do castelo?

- Deduzo que há algum espírito que foi imortalizado nas pedras biblioteca em seu castelo original e quando meus descendentes foram presenteados com seus componentes, esse espírito ficou dividido. Talvez os livros raros e nunca lidos por nós venham deste local e ele leve de um lado a outro. Por algum tipo de portal, no espaço tempo. Talvez ele até viva em outra dimensão e não seja apenas um espírito. Ou algo parecido.

- Você já tentou perguntar de algum modo para esse suposto espírito quem ele é, onde vive?

- Sim, de diversas formas diferentes. Sempre tentei arrumar respostas, até que passei a apenas a conviver com isso. Nunca obtive a resposta que procurei.

- Seria um prazer recomeçar a arrumar jeitos de saber sobre, tentar encontrar as respostas.

- Você viajaria comigo e ficaria lá para me ajudar a descobrir?

- Com toda a certeza. Seria uma honra investigar junto com você. - disse Kaly entusiasmada. - Gostaria de fazer uma pergunta rei Faleey. Posso?

- Sim, claro. Somos amigos não?

- Sim. Então. Você, tocou sua música para tentar achar sua companheira depois que conversamos sobre isso?

Ele a encarou, surpreso com o interesse dela.

- Não, ainda não o fiz. Muitos seres, e eu não quero que seja uma atração de barraca de festival. Gosto de privacidade. Preciso de privacidade para isto.

- Porquê? - Ela perguntou interessada.

- Bem, porque quando eu tocar, será um passo sem volta, e a minha companheira sentirá tanto desejo por mim, quanto eu por ela, quando nossos olhos se encontrarem. Então, nós faremos amor por dias. Os Faunos têm uma peculiaridade. - fez uma pausa e Kaly pensou que ele seguiria falando sobre, mas ele não falou. - Mas como estamos em meio a uma viagem que se provou perigosa por duas vezes.. Seria um tanto quanto imprudente de minha parte. Não acha?

- Oh, sim. Tem razão. - Ela disse. Ficou pensativa. Precisava descobrir qual era a peculiaridade dos Faunos.

- Então senhorita Kaly, o que poderia nos dizer sobre as espécies?

- Ah sim! Divagamos tanto que me esqueci disso. Elas, as sereias peixe vieram da rainha Tamanis que se transformava em peixe. Até que um rei a pediu em casamento, e ela não aceitando pois perderia sua liberdade em terra firme foi amaldiçoada por ele e nunca mãos tornar-se fêmea humana, ela, para ganhar sua clemência, deitou em sua cama, o seduzindo e depois matando. Ela continuou a ser amaldiçoada mas teve filhos dele, gêmeos. Após isso ela ficou com raiva de humanos de outras espécies, ela sempre seduzia e matava diversos marinheiros, trazendo ao mundo filhos e mais filhos. Os dois machos saudáveis e cruéis, seus primogênitos, brigaram por seu reino e suas irmãs já haviam procriado com outros seres. Umas das partes não os matava e como elas davam muito prazer a eles, sempre eram visitadas. Tiveram até mesmo romances e seus filhos e filhos de seus filhos e filhas, foram ficando mais e mais com aparência humana. Um dos irmãos, filhos primogênitos de Tamanis, revoltados pela traição das sereias, que não matavam, enviaram elas para longe. Assim temos duas raças, as sereias peixe e os que são como Tarwin e suas sereias. Ambos têm suas fisiologias iguais, a não ser pelas bolsas de veneno, que por não ser mais usadas pelos tritões e sereias atuais, foram naturalmente eliminadas de seus organismos. Isso é o que eu sei.

- Fascinante!

- Sim, não sei de onde vieram os livros. Muitos deles eu li clandestinamente, havia duas bibliotecas, uma para mim em minha parte do castelo e uma outra. Descobri que se eu pedisse livros de outros locais do castelo, a elfa que trazia a comida pegava para mim. Ela aparentemente estava enfeitiçada para fazer as minhas vontades.

- Uma tristeza isso a que vocês foram submetidos. Apesar de você ter sido educada como filha, por algum motivo, você também foi enfeitiçada. E enganada. Sinto muito.

- Tudo bem. Isto está no passado e só preciso viver o presente. Aproveitar esta viagem em seus momentos de descanso e paisagens lindas. Me precaver sempre dos perigos, estar atenta e trabalhar em prol de todos. Temos um objetivo. Vamos cumpri-lo. Não é?

- Você é uma mulher admirável senhorita Kaly. Sabe disso?

- Não, não sou. Apenas.. - Ela olhou para longe, onde os navios estavam atracados. - O que é aquilo?

Faleey olhou na direção que ela apontava e tirou uma pequena corneta do bolso.

- Tampe os ouvidos. - Ele disse e ela obedeceu, ele assoprou. Dela, saiu um som altíssimo que arrepiou os pelos do corpo de Kaly, mesmo com ela tampando os ouvidos.

- O que está acontecendo?

- Furacão!

- O quê!? O que faremos?

- Temos que nos abrigar em cavernas na floresta. Já temos algo assim preparado. - disse ele mostrando a cornetinha e correndo com ela. - Por isso que tenho isto. Estamos em região de tornados. Vamos pessoal, vamos. Sigam os reis. Corram.

Ele não largou a mão dela e foi empurrando as pessoas para dentro da floresta.

Todos que estavam espalhados pelo acampamento foram rapidamente atrás de Faleey e Àsgar.

Ouvia-se mais e mais cornetas sendo tocadas. Um tumulto de seres entrando na caverna e a correria de todos se sentando e dando espaço para mais pessoas sentarem. Uma das cavernas se encheu e a outra dos fundos foi sendo ocupada.

- Estamos seguros aqui. Mantenham-se sentados e tranquilos. Os que estavam nos navios já foram encaminhados para outro local na encosta. Faremos a chamada e gostaríamos que todos prestassem atenção para responder prontamente quando chamar seus nomes. - Disse Àsgar.

Começaram a chamada e cada um foi levantando a mão e respondendo ao seu nome. Quando chegaram ao final apenas quatro faltavam. Ásgar saiu para procurar. Como ele era um dragão, era mais difícil que o furacão o levasse por causa do seu tamanho e força. Zarin e Zenit foram junto. Se transformaram na praia e voaram chamando pelos nomes que faltaram.

Os barcos balançavam com a força dos ventos e os três quase não enxergavam por causa da nuvem de areia e água que fustigava seus rostos. Gritaram e gritaram por Soant, Farig, Jania e Marim. Nada. Não os viram e nem ouviram. Quando o furacão alcançou a ilha Àsgar, Zenit e Zarin estavam longe. Não haviam conseguido voltar pela violência do furacão. As árvores se batiam e muitas foram arrancadas de suas raízes. Havia raios e trovões e muitos estavam apavorados. Uma das cavernas, a que abrigava Filanthe, havia sido selada com magia e alguns estavam do lado de dentro olhando para fora na esperança de ver os sete voltarem mesmo que em meio ao furacão. Passaram mais de trinta minutos isolados até que ouviram a calmaria e após, o bater de asas.

Filanthe, que não havia saído da porta nem por um segundo, olhou para o que conseguia ver do céu, desfez a magia e abriu a entrada da caverna. Ainda chovia fracamente e pingavam gotas robustas das árvores mais antigas que haviam permanecido. Caminhou devagar até a parte de fora examinando tudo, preocupada por algo que pudesse cair da montanha. Ouviu algo se mexendo nas folhagens e viu Zenit e Zarin carregando Àsgar. Ela correu até eles.

- Àsgar! O que houve? - ela perguntou desesperada. Os três estavam feridos e sangrava, Àsgar sangrava profusamente em um lado da cabeça.

- O que aconteceu!? - Perguntou Sírius correndo ajudar a carregar Àsgar, Kaeidh pegando do outro lado. Fayne, Kasphio e outros se apressaram a ferver água para limpar e examinar as feridas. Sidarta e Faleey se aproximaram já dentro da caverna.

Zarin e Zenit finalmente sentaram ao lado de Àsgar e explicaram.

- Tivemos que nos desviar do furacão e demos a volta na parte de trás da ilha, O local onde não havíamos chegado ainda, na volta fomos atingidos por um rebote do furacão, quando vimos, árvores caíram do céu em cima de nós. Àsgar foi atingido na cabeça. Caiu e não sabemos sua situação. Apenas mergulhamos atrás dele. Ele caiu desmaiado, se transformou enquanto caía. Não achamos Soant, Farig, Jania e Marim. Nos desculpem!

- Não foram culpados, arriscaram suas vidas para encontrá-los. Nos resta torcer para que estejam bem e seguros.

Sidarta examinava Àsgar e seu rosto era grave.

Filanthe olhava para ela e para Àsgar. Seus olhos repletos de lágrimas. Kaly segurava sua mão.

- Ele está muito ferido. Terei que abrir um buraco em seu crânio. Ele está sangrando. Tenho a permissão da família? - Ela disse olhando para Zenit e Zarin.

- Filanthe é quem deve dizer, ela é a família dele agora Sidarta. Não nós.

- Por favor, ele nunca me disse nada. Decidam, é o correto.

- Ele nos disse. Você decide Filanthe, é nossa rainha. Sabemos disto.

- O salvará? - Perguntou ela aflita.

- Sim. Teremos a chance de salvá-lo.

Ela olhou para todos.

- Então faça.

Após isso, Faleey ajudou Sidarta ao segurá-lo na posição que ela necessitava para perfurar o crânio de Àsgar. Sangue jorrou do círculo perfeito, feito com a furadeira para ossos. Depois de haver feito o procedimento, Sidarta focou em onde sangrava e reparou o sangramento. O examinou novamente pelo corpo e foi costurando pequenas e grandes feridas. Suturando enquanto Faleey fazia o mesmo em Zenit e Zarin. Os dois choraram ao ver Àsgar suspirar.

- Façam este alimento por favor e coloquem estas folhas de zalarin e duas pitadas de calcita. Ele precisará tomar este caldo a cada duas horas. Eu o examinare de hora em hora. Por enquanto ele está fora de perigo.

- Obrigada Sidarta. - disse Kaeidh. - Pessoal, vamos nos dividir em cinco grupos e realizar buscas por Soant, Farig, Jania e Marim, quem poderia se voluntariar?

- Eu irei.

- Eu

- Também irei senhor.

Tarwin foi separando os voluntários em grupos de

Um por um, foram se oferecendo para percorrerem a ilha a procura dos desaparecidos.

Todos tinham cornetas, assim se achassem algo tocariam de um jeito, se aparecesse outro tornado, eles tinham um outro jeito de avisar.

Saíram e caminhar cada grupo em uma direção.

Os que permaneceram na caverna estavam preparando as comidas e arrumando as coisas para atender os feridos.

Depois de algumas horas de busca encontraram os seres, um na beira da praia, outro acima da montanha, outro ainda vivo estava preso no topo de uma árvore completamente machucado e o último estava agarrado a uma das árvores eternas amarrado com um cinto, mas tinha o braço quebrado. Os carregaram até a caverna e eles foram rapidamente atendidos por Sidarta e Faleey.

Haviam saído para colher frutos do mar no banco de corais e na floresta para suprir as necessidades de todos. Quando ouviram as cornetas estavam longe demais para chegar a tempo de se abrigarem, de volta ao acampamento.

- Não devem ter visto o furacão, só quando foi tarde demais. - disse Leigh ajudando a deixar Farig e Marim mais confortáveis. Haviam tomado o caldo e água para se fortalecerem. E agora iriam plantar Jania e Soant, devolvendo-os de volta à terra.

Tarwin e seus tritões e sereias haviam nadado até os navios para ver os estragos que foram feitos, já que da praia só se via metade de um e o outro estava flutuando mas, cheio de destroços.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo