CONHECENDO ANGEL DE OLIVEIRA

Uma fina linha de suor escorria sobre seu abdômen musculoso, era difícil ficar parado sem algum tipo de proteção. Ele caminhou até o velho armário em seu quartinho e abriu uma gaveta que rangia de tão velha. Uma pilha de camisetas brancas exatamente iguais, estavam ali dobradas ao lado de uma pilha de calças jeans extremamente largas. Gabriel balançou a cabeça em reprovação com as calças tão largas, ele nunca as usariam. Pegou uma camiseta branca e a vestiu enquanto continuou com seu jeans apertado e surrado, tirou suas botas e colocou a bota que ganhara no hospital, sua perna ainda doía. Ele olhava a longa lista de tarefas a sua frente e debochava, pensando que o reverendo estava imaginando que ele iria fazer todas as obrigações. Depois de um longo suspiro, se jogou na pequena cama ao seu lado. Ela era horrível, nada comparado a sua imensa cama box. Gabriel já estava decidido, ele voltaria logo pra casa.

Pouco tempo depois de fechar seus olhos para um cochilo, ele ouviu um barulho ensurdecedor. Se levantou rapidamente caminhando até o estábulo, onde uma égua estava estirada no chão relinchando de dor. Ele não sabia o que estava acontecendo, ele nem sequer tinha visto um cavalo em toda a sua vida. Quando era criança, as poucas vezes que conseguiu assistir televisão na casa do seu velho vizinho Will, via um programa com um grupo enorme de cavalos lindamente maravilhosos correndo sobre um monte verde. Era o sonho do garotinho ter um igual. Tinha uma égua em sua frente, gemendo de dores e ele não sabia o que fazer. Tratou logo de correr o mais rápido que podia enquanto mancava, até o telefone na cozinha. Ele discou o número do Pr. de Oliveira cinco vezes ou mais, mas não obtia respostas. Ninguém atendia. Ele ligou para um número da lista que dizia "Se a vaca for pro brejo ligue para mim. José.", ele não fazia ideia de quem era, mas definitivamente a vaca tinha ido pro brejo. Uma voz alegre atendeu a ligação e Gabriel respondeu desesperado.

"Alô? A égua do Pr. de Oliveira está machucada e eu não sei o que fazer"

"Quem está falando?" — José respondeu.

"Foda-se quem está falando, eu só quero saber o que fazer antes que aquela maldita égua morra. Eu não quero mais sangue nas minhas mãos" — a voz fria de Gabriel fez o cara da outra linha se calar por uns segundos.

"Tem uma veterinária na cidade, vá até lá e traga-a até a fazenda. Você deve ser o garoto problemático que o velho Daniel disse, não ligo com jeito que você fala comigo, criança. Tenha um bom dia"

O homem do outro lado da linha, que quando atendeu tinha uma voz alegre, agora era vazia e triste. Gabriel não se importou, ele desligou o telefone e tentou falar com Pr. de Oliveira novamente. Sem respostas, ele decidiu pegar a moto e ir até a pequena cidade. Sua perna doía muito mais agora. Ele queria logo que aquela dor passasse, não só essa, ele ainda sentia algo no peito quando lembrava da noite passada. O céu que antes estava ensolarado, agora estava acinzentado e com nuvens negras. Talvez uma chuva cairia mais à noite. Assim que chegou na casa do pastor, ele viu que não tinha ninguém lá. Bateu palmas e nenhuma alma viva apareceu, ele girou a maçaneta e viu que a porta estava destrancada. No momento em que pisou no velho assoalho, lembrou da pequena amostra do paraíso que teve mais cedo. Aquela mulher era algo que ele nunca tinha visto igual, apesar de ter experimentado tantas outras. Gabriel gritou o mais alto que podia.

— Pr. de Oliveira? Você poderia parar um pouco o seu divertimento aí em cima e descer aqui? — Gabriel dizia rindo quando imagens da garota em cima do velho veio a sua cabeça. Ele balançou-a tentando m****r aquelas informações para longe. — Que nojo! — disse de costas se dirigindo para a porta.

— Pois não? — a voz aveludada que ele tanto amou, estava se direcionando a ele.

O garoto virou rapidamente para olhá-la, um belo par de pernas e um corpo extremamente delicado mas com um toque de sedução descia as escadas. Ela era maravilhosa. Seus cabelos já secos desciam sobre seu rosto até quase chegar na cintura. Sua face um tanto angelical, lábios inchados e perfeitos, mas o que mais viciara ele foram os olhos. Um brilho forte e uma chama provocativa, saía daquele olhar que agora o olhava de volta.

A garota nunca tinha visto algo igual antes, ela nunca tinha visto um homem em sua frente com uma beleza tão perfeita como a dele. Cabelos negros bagunçados, o rosto marcado e os olhos de um tom azul acinzentado quentes como o inferno a olhava sem desviar. Respirou fundo tentando achar algo em que podia se apoiar. Ela observou uma última vez suas pernas musculosas se mostrando em pequenos pedaços da calça jeans rasgada.

— O seu marido está aí? — a voz sexy e rasgada de Gabriel saiu como se fosse um deus do rock cantando uma canção quente. A garota se ajeitou no lugar e engoliu seco, Gabriel percebeu que ela estava sem jeito. Ele ainda não conseguia imaginar que ela era mulher daquele velho.

— Desculpa, marido? Acho que você está na casa errada, eu não tenho marido. — a voz doce da garota em sua frente foi como se ele estivesse nas nuvens, ele queria chegar mais perto, ele queria tocá-la. Um sorriso estampou seu rosto quando ele se deu conta de que a garota tinha falado, ela não era casada.

— Pr. de Oliveira, eu procuro ele. — Gabriel disse com um sorriso malicioso no seu rosto.

— Ah! Meu pai! — Gabriel arregalou os olhos espantado, ela não podia ser filha dele.

— Droga! — ele resmungou baixo, mas a garota conseguiu ouvir.

— O que você disse? — ela terminou de descer os degraus, mas incapaz de se aproximar do rapaz. — O que você quer com o meu pai?

— É... a égua dele, quer dizer, a égua da fazenda está machucada. — o garoto mal fechou a boca e a menina abriu a boca assustada.

— Hanna? Hanna está machucada?

— Eu não sei o nome da maldita égua, eu só quero que ela pare de relinchar. Será que você podia avisar seu velho pra dar um jeito nela? Sei lá, só não quero passar a noite ouvindo os berros dela. — Gabriel disse insensível enquanto a garota chorava. Ele se aproximou dela. — O que foi que eu disse? Não chora, é só uma égua.

— É a minha égua, minha mãe me deu ela antes de... deixa pra lá. Ela não vai morrer vai? — A menina engolia seco tentando não chorar.

— Olha só, lindinha, eu não sou um veterinário pra saber se ela vai morrer ou não. Você sabe onde é o consultório da doutora?

A garota balançou a cabeça concordando, então Gabriel virou as costas e abriu a porta. Ele percebeu que a garota nem se mexeu.

— Você não vai me mostrar onde é?

Ela concordou e se virou indo até um telefone na sala. Seus dedos finos discaram algum número que em poucos segundos a atendeu. Ela falava tão baixo que ele mal conseguia ouvir o que ela dizia. Depois de desliga-lo, a menina voltou caminhando lentamente até a porta.

— Meu pai me deixou ir com você até a veterinária. Ele disse que você deve levá-la até lá.

— Quantos anos você tem? Sete? — Gabriel disse indignado. Ele não conseguia entender como uma garota grande como ela ainda tinha que pedir permissões para o pai.

Ele balançou a cabeça rindo e se sentou na moto. Pegou seu capacete e estendeu para a garota, que permaneceu imóvel.

— Não trouxe outro capacete, mas pega o meu. — a menina não se moveu. Gabriel arqueou as sobrancelhas para ela como se perguntasse o que tinha acontecido.

— Eu vou andando e você me segue.

— O quê? — Gabriel riu tentando entendê-la. — Você é maluca.

A garota caminhou alguns poucos passos e Gabriel ligou a moto indo até ela.

— Sobe logo, santinha. — ela continuou se movendo sem ao menos olhar para ele. Respirando fundo ele desligou a moto e desceu dela. — Se você não vem por bem, você vem por mal. — Gabriel agarrou suas mãos firmes sobre a cintura fina da menina e a puxou até estar sentada em sua moto. Ele nunca deixava ninguém sentar nela, somente ele podia pilotá-la.

A garota não retrucou, ficou sentada imóvel enquanto Gabriel colocava seu capacete nela. Ela respirava de uma forma pesada e com dificuldade. Os dedos do desconhecido a tocando gerava arrepios e Gabriel percebeu isso. Um sorriso de malícia apareceu no seu rosto, ele sabia que ela também o queria. Subiu na moto com facilidade, ele já nem se lembrava de seu pé. Segurou as mãos frias e delicadas e as puxaram em volta de seu abdômen enrijecido. Ele se virou tentando olhá-la e percebeu suas bochechas vermelhas, ele gostava disso.

— Pode apertar, eu gosto assim. — Gabriel terminou de dizer apertando os braços da garota em sua volta, ela nem se mexeu.

XXX

Depois de dar voltas e voltas no mesmo lugar, Gabriel já estava ficando nervoso. A garota não sabia onde ficava a clínica e eles se perderam.

— Essa cidade tem o quê? Três ruas! Três ruas e você conseguiu se perder? — Gabriel dizia um pouco exaltado.

Ele mal sabia que a garota sabia exatamente onde a clínica ficava, mas ela estava concentrada demais naquilo em que ela estava agarrada. Ela nunca havia andado de moto e muito menos com um cara como Gabriel, ela só queria aproveitá-lo.

— Acho que é ali. — a menina disse envergonhada enquanto apontava para um pequeno lugar.

Ela desceu da moto com cuidado e chamou diversas vezes, ninguém a atendia. Depois de muito chamar, ela voltou pra moto.

— A Dra. Jones não está aqui. Acho que vou ter que ir dar uma olhada na minha égua.

— Você é algum tipo de especialista no assunto por acaso? — Gabriel disse, a analisando subir na moto um tanto desajeitada.

— Faço faculdade de Veterinária, acho que posso ajudar. Você me leva? — era impossível negar algo para a dona da voz mais sexy e doce que Gabriel já tinha escutado. Ele podia passar horas a ouvindo falar.

— Com certeza, lindinha. — Gabriel podia ver sua cor passar de branco para vermelho. Ela estava tão envergonhada e ele gostava do que via.

— Meu nome não é lindinha e muito menos santinha. Meu nome é Angel, Angel de Oliveira. — a garota disse apertando o abdômen de Gabriel.

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