Capítulo 4

Acordo, assustada e perdida, com Katy me chacoalhando sem parar, abro os olhos ainda sonolenta, sem saber o que está acontecendo. 

— Acorda, Megan, acorda logo. — Recebo um tapa forte em minha testa, me fazendo levantar irritada.

— O que foi, Katy? Que saco. Por que me bateu? — pronuncio nervosa com uma das mãos na testa.

— Qual é a daquele guarda-roupa ambulante na porta do nosso quarto? — pergunta irritada.

— Como assim? Que guarda-roupa? Não estou entendo nada. — Olho perdida para ela.

— Tem um homem de plantão na porta do nosso quarto, moreno alto, cabelos raspados, terno e óculos escuros. — Ela põe as mãos na cintura como se fosse óbvio.

Depois de alguns minutos me lembro que estou casada com Airon Markcross e é óbvio seus seguranças estão atrás de mim.

— Oh merda! Você está brincando, né? — pergunto indignada.

— Não, vá ver com seus próprios olhos. — Ela me empurra da cama, quase me fazendo cair.

Levanto rapidamente e abro a porta, dando de cara com o homem descrito por Katy.

Ele é enorme, alto e muito musculoso, sua pele morena é linda e seus olhos são levemente puxados, ele é charmoso com os cabelos raspados na máquina zero, mas, sejamos sinceros, como cabe tantos músculos em uma só pessoa? Estou abismada. Olha o tamanho desses braços, ele é extremamente forte e deve ter uns dois metros de altura.

— Oi — o cumprimento, sem jeito.

— Olá, senhora Markcross, sou o William. A partir de hoje, sou seu segurança pessoal, a mando do Sr. Markcross.

O encaro boquiaberta.

Senhora Markcross? Eu ouvi direito? Ele me chamou mesmo de senhora?

Fico chocada com o que está acontecendo. Que raiva. Por que me casei com esse canalha mesmo? Ah claro, porque eu sou uma idiota e não me lembro de nada.

— Não, Willian, você pode dizer ao seu chefe que não preciso de segurança algum atrás de mim, com todo o respeito — digo para que não se sinta ofendido, afinal, ele não tem culpa de nada.

— Me desculpe, senhora, este é o meu trabalho e não posso desobedecer às ordens impostas pelo senhor. — Sua expressão séria não se suaviza.

Claro que não poderia! Reviro os olhos irritada.

— Obrigada, William. — Sorrio, tentando ser simpática.

— Senhora?! — ouço Willian me chamar.

— Willian, sem formalidades, me chame apenas de Megan — falo o mais calma possível.

— Como desejar! — Ele faz uma leve reverencia. — O Sr. Markcross pediu para que eu a leve até o hotel onde está hospedado.

— Diga ao seu chefe que não vou e que já tenho planos mais importantes —falo irritada.

Entro com raiva no quarto. É claro que não tenho planos, mas Katy com certeza tem. Vou esperar para ver o que ela planeja e, sinceramente, espero que seja algo magnífico.

— Quais são os planos para hoje? Não quero ver o Sr. gostosão esta noite, ele me chamou para sair — simplifico a notícia que acabei de receber.

— Balada, balada e balada, senhora Markcross — ela repete rindo.

— Zombe mesmo, se porventura do destino ele tiver um amigo lindo, eu não vou te apresentar. — Katy me mostra a língua rindo.

Minha única opção é sair com Katy, senão terei que ficar neste quarto me lamentando. Não estou com paciência psicológica o suficiente para enfrentar o Sr. bonitão hoje.

Eu odeio a minha vida.

Tomo um banho rápido e me arrumo, opto por um vestido curto vermelho bem agarrado e, para acompanhar, saltos agulha preto. Esfumo bem a maquiagem em meus olhos e mantenho os contornos de meus lábios bem marcados, para finalizar, cubro meus ombros com um casaco preto na altura dos joelhos, já que as noites em Vegas estão frias e um sobretudo nessa ocasião é sempre bem-vindo.

Katy está quase pronta e, como sempre, fico sentada esperando sua imensa lerdeza.

Escuto alguém bater na porta e imagino ser Willian querendo dar algum recado, então abro despreocupadamente e sinto meu coração saltar totalmente surpreendido por um magnata sexy no corredor.

Como ele consegue ser tão lindo com este terno preto feito sob medida? Seus ternos caros marcam seu corpo musculoso e definido, suas sobrancelhas grosas e cílios longos deixam a cor azul dos seus olhos mais ressaltados, e sua barba por fazer destaca seus lábios que sejamos sincera, enlouquecem qualquer um.

Nesse momento, minha vontade é morder aquela boca e beijá-lo ardentemente. Sei que isso é loucura, mas ele sabe ser bonito e isso eu não posso negar.

Sou tirada dos meus pensamentos indecentes por sua voz rouca.

— Para quem quer o divórcio esses olhos desejosos pedem por outra coisa. — Sorri de lado me encarando com volúpia.

— O que faz aqui? — minha voz alterada não o intimida.

— Não vai me convidar para entrar? — pergunta sério.

Penso um pouco e abro a porta dando passagem a ele que, ao passar, deixa seu perfume inebriante invadir todo o local. Esse homem exala sensualidade, despertando todos os meus sentidos e prazeres.

— O que quer? — pergunto impaciente, e o vejo analisar meu corpo.

— Você negou o meu pedido, então decidi vir te buscar pessoalmente. —Demonstra uma calma irritante.

— Já tenho planos. — Encaro seus olhos azuis sérios e sedutores.

— Você vem comigo — declara impaciente.

— Não, não vou. — Bato o pé contra o piso.

— Não é um pedido, estou ordenando que venha comigo. — Seu jeito arrogante me tira do sério.

— Desde quando você manda em mim a ponto de ordenar algo? — Ergo uma sobrancelha.

Por um momento, ele entra em um conflito interno, buscando por uma resposta.

— Desde o momento em que nos casamos. — Seu ar de superioridade me faz querer xingá-lo.

— Não vi papel algum que comprove nosso casamento, e mesmo que isso aconteça, você nunca irá m****r em mim. Tenho livre arbítrio, estamos no século XXI. — O encaro vitoriosa. — Além disso, casamento é uma união construída por respeito, amor e carinho.

— Bom, nós pulamos essa fase certo? — Ele faz uma careta.

Sou obrigada a me calar e concordar com ele, pois é a mais pura verdade. Pulamos todas as fases de um relacionamento saudável.

— Eu sei que você tem muitas perguntas a fazer, eu também tenho, Megan, mas de alguma forma precisamos fazer isso dar certo pelo menos por um momento, afinal, tenho uma imagem a zelar — diz, um tanto quanto decepcionado e aturdido assim como eu.

— E o que quer que eu faça quanto a isso? — Cruzo os braços esperando sua resposta.

— Tenho algumas propostas a lhe oferecer e um possível acordo...

— Um acordo? — pergunto pensativa.

— Sim.

— E por que eu aceitaria um acordo com você? — Não sei se é o que realmente quero.

— Bem, você não tem muitas opções, pode ouvir o que tenho a dizer ou não deixarei que consiga o divórcio facilmente. Mesmo que encontre o melhor advogado, posso lhe garantir uma coisa, o meu será melhor e não deixará brecha perante a lei para que obtenha o seu tão desejado divórcio. — Seu sorriso convencido se estende me deixando chocada.

Pondero todas as situações que se encontram em meu alcance e em todas elas ele sai vitorioso, o que me deixa muito irritada.

— Você pode tirar conclusões precipitadas ou me ouvir pacificamente e assim podemos, juntos — enfatiza —, tentar chegar a um acordo. Não posso manchar a imagem da empresa que custei a construir. — Seus olhos estão frios, mas suplicantes.

Airon realmente não facilitará as coisas para mim e, infelizmente, não posso me expor dessa maneira aos noticiários. Acho que não nos resta outra saída. Infelizmente, ele venceu essa discussão, não adianta tentar fugir, preciso resolver esse assunto o mais rápido possível.

— O que é essa gritaria toda? — Katy sai do banheiro pronta e faz uma careta surpresa quando o vê parado de costas à sua frente, me esperando.

Olho para ela com um pedido de desculpas explicito no olhar, pois não poderei acompanhá-la essa noite.

Katy faz um sinal de joia para mim e lhe lanço um olhar de repressão. Ela para de gesticular com as mãos o quão lindo ele é assim que ele se vira para observá-la.

Rapidamente, ela toma uma postura séria e rígida, a mesma que costuma usar quando se prepara para me ou se defender.

Apenas tenho vontade de rir da sua mudança repentina de humor, mas consigo me segurar.

— Olhe aqui, seu riquinho de merda, se você fizer minha irmã sofrer, chorar ou se não cuidar dela de modo adequado, eu arranco isso que você chama de bolas, estamos entendidos? — Katy pronúncia seriamente, apontando um dedo em seu rosto.

Fico boquiaberta com suas palavras e posso ver a surpresa estampada no rosto dele, assim como no meu.

— Entendidos! — seu tom de voz sai extremamente arrogante, mas ele sustenta um sorriso irônico.

— Acho bom, não estou brincando — ela ameaça, — Venha até aqui, Meg. —Faz um sinal com as mãos, me chamando.

Sigo até ela com um sorriso no rosto. Só mesmo Katy para enfrentá-lo dessa forma. Ela me abraça fortemente, sussurrando em meu ouvido.

— Se ele tentar algo me ligue imediatamente, mas sei que não seria louco, ele tem uma imagem a zelar, mas se tentar... juro que acabo com a raça dele! — Sua raiva está presente em cada palavra pronunciada.

Me despeço dela com mais um abraço, saindo do quarto com Airon, ele segura minha mão incomodado, me fazendo erguer uma sobrancelha ao encará-lo por seu ato inesperado.

— Sua amiga tem uma língua afiada — fala calmamente.

— Você não viu nada. — Rio do seu comentário, o seguindo calada sem causar algum tipo de discussão por ele segurar minha mão, afinal, isso não é o fim do mundo.

Ele me guia até seu lamborghini preto estacionado em frente ao hotel. Não me surpreendo com o carro luxuoso, não esperaria menos de alguém com um status semelhante ao dele.

Ele dirige o carro e fico olhando para o lado de fora da janela, sem saber o que dizer. Sua postura relaxada mostra que ele se sente confortável com a minha presença, mas diferente dele, não consigo manter essa calma toda.

Airon se mantém em silêncio e prefiro continuar assim por não saber o que dizer ou simplesmente para evitar uma possível discussão entre nós dois.

No fundo, eu torço para que nossa conversa seja pacífica, apesar da minha mente dizer que eu vou me dar mal. Quero me aproximar dele e saber o que está escondido embaixo de toda sua brutalidade e arrogância.

Em toda minha vida, apenas Katy me defendeu e se preocupou comigo, e se seus pais não tivessem me adotado, não sei o que seria de mim hoje. Talvez nem aqui eu estivesse, o que seria bem provável dependendo do meu tio.

Meus pensamentos são interrompidos por sua voz grossa.

— Você não é de falar muito. — Me analisa, pensativo.

— Na verdade, não sei o que dizer — admito.

— Poderia me dizer o que está pensando? — Fico desconcertada pela intensidade de seus olhos azuis sobre mim.

— Não é nada demais, estou apenas pensando em como tudo isso irá acabar — minto, desviando o olhar, e vejo um certo nível de decepção passar por sua expressão.

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