Esposa por Acidente
Esposa por Acidente
Por: Shayla HArt
Capítulo 1 Shayla
“SRA. HART?”

Eu pisco e olho vidrada para o homem mais velho sentado na minha frente, me encarando, pacientemente esperando que eu responda a sua pergunta. Eu estudo sua aparência, cabelo grisalho, mas não completamente branco. Ele tem mechas escuras correndo pelos fios, seus olhos têm um verde impressionante, e são frios e gloriosos. Para um homem mais velho, ele era bonito. Ele tem uma barba cinzenta, ele é literalmente uma raposa cinzenta. Eu me mexo na cadeira e cruzo as pernas, me ajeitando, esperando que isso dê a ele a impressão de que sou uma mulher confiante e resolvida.

“Eu acredito que minha maior qualidade é ser obstinada. Enquanto alguns podem considerar isso um defeito, isso significa que eu nunca desisto, não importa o quão difícil é a tarefa que tenho que fazer. Quando eu foco em algo, eu não paro até conseguir o que quero" , eu digo com confiança, olhando para ele diretamente nos olhos. Ele lentamente acena com a cabeça, fixando seu olhar em mim antes de inclinar-se para a frente, e seus lábios retorcem ligeiramente.

“Eu gostei dessa resposta. Tudo que eu ouvi o dia todo foi que são confiantes, ambiciosos e confiáveis", ele diz e se apoia na cadeira, deixando cair sua caneta na mesa. “Eu gostei de você, Senhorita Hart. Você pode começar amanhã?” Eu resisto a vontade de gritar e pressiono meus lábios. Eu sorrio educadamente.

Você pode gritar quando sair, Shay. Mantenha-se firme!

“Sim, senhor.”

“Excelente, venha segunda-feira às nove em ponto e Heather vai te guiar e te colocar no sistema”, ele diz, se levantando da cadeira e estendendo sua mão. Eu me levanto e o cumprimento, apertando sua mão gentilmente.

“Muito obrigada! Eu aprecio a oportunidade, Sr. Hoult”, eu digo, pegando minha bolsa. Ele me leva até a porta de vidro de seu escritório.

“Seja bem-vinda ao nosso time, Senhorita Hart” Eu sorrio educadamente, agradeço e saio do escritório. Ao sair, dou um suspiro de alívio. Eu consegui o emprego. Eu vou trabalhar para uma das mais prestigiadas firmas de arquitetura do mundo. Admitida como assistente executiva do chefe executivo. Eu vou trabalhar pra caralho, aprender o que eu puder com ele, e concluir minha graduação. Algum dia, eu vou mostrar para eles que eu tenho o talento e a habilidade para ser arquiteta de uma de suas firmas.

Após alguns meses, as coisas estão finalmente ficando boas para mim. Ter que largar a universidade, sem condições de pagar as taxas escolares, prover meu irmão e minha mãe tem sido desafiador. Eu tive que colocar minha carreira em segundo plano, para tomar conta da minha família. Nós perdemos meu pai em um acidente de carro onze anos atrás, logo após meu 16° aniversário, e eu sou a única provedora desde então. Eu tenho um irmão mais velho, Sam, mas ele não consegue se manter empregado por muito tempo devido ao seu TDAH e problemas para controlar a sua raiva. Ele até tenta, mas não consegue se concentrar por muito tempo, o que o leva a ter um baixo rendimento. Minha mãe não saí de casa desde que meu pai morreu. Ele era o amor da vida dela, e quando ele se foi, nós perdemos uma enorme parte de nossa mãe também. Ela tem medo de sair de casa e não conseguir encarar o mundo sem ele.

Eu tenho uma sensação boa, minha vida está para ficar mais fácil.

Eu corro escada acima para o apartamento que compartilho com minhas duas melhores amigas, Jo Sinclair e Aimee O’Connor. Elas são a minha salvação, e eu sou muito feliz por tê-las em minha vida. No momento em que eu coloco a chave na fechadura, a porta já está praticamente escancarada, e as duas estão paradas ali, com os cabelos em coques bagunçados para trás, ambas vestindo moletons grandes demais, me encarando ansiosamente, com os olhos arregalados.

“Então?” Elas perguntam em uníssono.

“O quê?” Eu pergunto, olhando para elas. Eu sei que elas estão morrendo para descobrir como foi a minha entrevista, se as quinze chamadas na caixa postal e as cinquenta mensagens que eu recebi servirem de indicação.

“E aí, vadia, como foi a entrevista?” Aimee profere após engolir um pouco de cereais.

“Foi tudo bem”, eu respondo, tentando entrar, mas elas bloqueiam a minha passagem. “Nos conte mais...” Jo diz, estreitando seus olhos cor de mel em escrutínio. Eu suspiro e encolho os ombros.

“Bem, ele parecia interessado, mas tinham vários outros candidatos mais adequados lá e com mais experiência, então...” Eu observo os rostos decepcionados das duas, e eu luto contra a vontade de sorrir.

“Bem, o problema é deles, porque você é incrível, sua vadia”, Jo diz, envolvendo seus braços em volta dos meus ombros e me acompanhando pelo apartamento. “Alguma outra coisa vai aparecer, eu sei disso", ela acrescenta positivamente, como a boa amiga que é. Eu olho em volta do nosso apartamento aconchegante. Três quartos de tamanho decente. Uma sala comum, uma cozinha pequena à esquerda e um banheiro com tamanho decente e um chuveiro. Nosso apartamento, convenientemente localizado na cidade de Londres, não é chamativo de maneira alguma, porém é próximo de tudo. Eu o amei, e amo viver com minhas amigas. Se eu não tivesse conseguido o emprego, eu teria que me mudar de volta para casa com minha mãe e meu irmão, e eu não queria isso. Eles são a única família que eu tenho. Meus pais me educaram em uma casa bem rígida. Eles eram pessoas orgulhosas, eles valorizavam tradições, respeito, e cultura acima de tudo, e instilaram essas virtudes em mim e em Sammy enquanto crescíamos.

“Bom, acredito que vocês não vão ter que encontrar outra inquilina para se mudar para o meu quarto, afinal de contas”, eu digo a elas, enquanto tiro meu casaco e o coloco no sofá.

“Não diga isso. Algo vai aparecer — espera aí, você disse que não teríamos o quê?” Aimee murmura, colocando a tigela de lado. Eu sorrio, e os olhos dela ficam arregalados. “Você conseguiu. Você con...— VOCÊ CONSEGUIU O EMPREGO?” Eu aceno, e as duas gritam, se jogam em cima de mim, e nós caímos no sofá em um amontoado de braços e pernas.

“Eu consegui o emprego! Vocês vão ter que continuar me aguentando, suas vadias” Eu rio, enquanto elas me cutucam, fazendo cócegas até eu chorar de rir.

Jo se levantou, pulando, “nós vamos sair hoje para celebrar, eu não quero ouvir desculpas, nós vamos!” Ela diz, correndo pelo corredor até seu quarto com seus pés vestidos com meias, escorregando pelo chão de madeira. Aimee a segue, e eu fico deitada no sofá, olhando para o teto branco. O nó que eu tinha no meu estômago por meses finalmente sumiu.

“Sua vaca, tira esse rabo desse sofá, nós vamos detonar!” Eu ouço Jo gritar de seu quarto. Rindo, eu levanto do sofá e fico cara a cara com Aimee, que saiu do quarto. Nós duas olhamos para a porta do banheiro e nos olhamos de volta, antes de sairmos correndo. Eu empurro a Aimee fora do caminho com meu quadril, antes de deslizar para o banheiro e fechar a porta rapidamente. Eu rio, quando a ouço me amaldiçoar do outro lado da porta.

“Toda vez a mesma coisa! Maldição!”

“Eu tenho pernas mais longas que as suas, Aimee”, eu provoco enquanto tiro a roupa para entrar no chuveiro.

“Sim, e eu te odeio por isso. Se apresse, e não se esqueça de depilar sua perereca”.

“Você sabe muito bem que minha perereca está depilada, e eu estou satisfeita com minhas “teias de aranha” muito obrigada.” Eu pego uma garrafa vazia de xampu e jogo contra a porta, quando a escuto cacarejar do outro lado. “Sai! Me deixe tomar banho em paz”.

Muitas horas e três garrafas de ‘Prosecco’ depois, nós fomos para um bar chamado “Luxe”, no centro de Londres. As garotas me forçaram a vestir um mini vestido vermelho que envolve minhas curvas de maneira gentil e natural. Meu cabelo cacheado, longo e escuro está solto e livre. Jo e Aimee também usam vestidos. Aimee escolhe um vestido de lantejoulas prateadas que mostra seus seios, enquanto Jo estava em um tubinho branco sem alças. A atmosfera estava demais, música tocando alto, a batida da música vibrava sobre meu corpo todo. Nós nos dirigimos ao bar e pedimos três doses de tequila, e depois outras, seguida de mais quatro rodadas de martinis 'Pornstar' Jo manteve a promessa de nos deixar doidonas.

Enquanto estou dançando com a Jo, meus olhos se deparam com um par de atraentes olhos verdes olhando para mim. Merda! Ele é o homem mais lindo que eu já vi. Seu olhar em mim é intenso e ele bebe seu líquido cor de âmbar no copo. Ele e seus amigos têm garotas à volta deles como enxames. Eu vejo uma loira alta sentar ao lado dele e cochichar algo em seu ouvido, mas seus olhos estavam diretamente sobre mim. Afasto meu olhar dele, me viro e continuo dançando com a Jo.

Aimee chega até nós com três doses de bebida de maçã verde. “Beba isso, sua vadia!” Nós brindamos e bebemos as doses. Eu tremo enquanto a bebida me queima por dentro. 'Despacito' de Justin Bieber começa a tocar nos alto-falantes. Estou rindo e cochichando com a Jo, quando sinto algo quente e firme. Os olhos da Jo vão longe quando ela vê quem está atrás de mim. Eu olho para ela desconfiada, e ela pressiona os lábios e sorri, indo para trás.
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