Nove

A mulher volta para dentro da salinha.

— Vestidos? — pergunto. — Posso ver?

— Claro. Vou buscá-los.

Ela entra na salinha e eu olho as blusinhas da arara.

— São ótimas peças. — Claude diz, observando as roupas. — Na França, ela faria um sucesso.

— Ela faria um sucesso em qualquer lugar.

— Voltei. — Gabei diz. — Sobre o que falavam?

— De você.

Ela faz careta e coloca os vestidos em cima do balcão. Eram todos do mesmo modelo. Alcinhas finas, tecido liso, que batia na altura do joelho.

— Que coisa linda. — digo.

— Desenho meu. — ela morde o lábio. — Senhora Aflen adorou e o fez.

— Sério? Quero levar. Dois.

— Jura?

— Claro! — ergo o vestido vermelho. — É tão lindo. E foi você quem desenhou.

— Você é demais.

— Você que é! — pisco pra ela. — Quero esse e hmm... que cor eu levo?

Olho para Justin e Claude.

— Hmm... — Justin pega o amarelo — Combina com você.

— Mas o roxo também. — Claude diz.

— Vocês ao invés de me ajudar, me embolam.

— Escolhe, mulher! — Justin ri.

Olho para os vestidos na mão dos dois.

— Decidi! — pego os vestidos. — Vou levar os três.

Gabei abre a boca.

— Quem pode, pode! — Justin zomba.

Pego meu cartão e entrego a Gabei. Ela o passa e depois de embrulhar os vestidos, me entrega.

— Obrigada mesmo. — ela me abraça. — Esse é o melhor tipo de apoio que existe.

— Eu sei. E é como Claude disse. Você tem futuro nisso.

Ela suspira e sorri.

— Eu sempre acreditei que sim e vocês me fazem ver que é mesmo verdade.

— Você só sonha pequeno. — Justin diz.

— Não, eu sonho muito alto. Só tenho os pés no chão.

— Quero que desenhe para mim. Sabe o meu gosto e só comprarei roupas aqui. A não ser que precise ir naquelas festas de gala com os meninos.

— Eu te amo, Cat! — ela me abraça de novo. — Obrigada por tudo.

— Que isso! Até mais tarde.

Beijo seu rosto.

Justin e Claude fazem o mesmo, e nós saímos da loja.

— Vamos para lados opostos. — Justin informa. — Mas pode pegar o primeiro táxi.

— Obrigada, amorzinhos.

Faço sinal para o carro que logo para.

— Vá ver o Nate! — Justin diz. — E me avise de tudo.

— Pode deixar.

Me despeço dos dois e entro no carro. Depois de dizer o endereço de casa, fico nas nuvens, cheirando aquelas rosas.

[...]

Assim que chego em casa, largo as bolsas no sofá e corro para pegar um vaso. Encho o vaso com água e coloco as rosas nele. Deixo-o em cima da mesinha e me estico no sofá.

Eu me sentia cansada ultimamente. Não aguentava andar por muito tempo e me deixava sem ar.

Ligo a TV e coloco em um canal aleatório. Fico olhando para as rosas e pensando em Nate.

Eu iria ao seu apartamento, para ouvir ele pedir desculpas por uma briga idiota. E depois? A última coisa que eu queria, era que nosso relacionamento se baseasse em brigas e desculpas. Eu sou completamente apaixonada em Nate.

Muito.

Escuto meu celular apitar e o pego. Era uma mensagem de Zion.

Zion: Um certo loiro pediu pra perguntar, se você recebeu as rosas.

Eu: Diga ao certo loiro que sim, que amei. E que me espere para jantar hoje.

Me levanto, pego nas bolsas e vou para o quarto. Tiro os vestidos da bolsa e deixo apenas o vermelho em cima da cama. Vou até o closet, guardo os outros e aproveito para pegar uma sandália de tiras na mesma cor do vestido e uma jaqueta jeans. Deixo tudo em cima da cama e vou para a janela. Coloco fones de ouvido. Enquanto não chega a hora de ver Nate, fico ouvindo música, e no twitter, o que eu aprendi a amar.

[...]

— Vai dormir lá? — Zion pergunta.

— Por que sempre pergunta isso?

Gabei ri.

— Só curiosidade. — ele diz.

— Zion, eu não escuto os gemidos de vocês. Relaxa. Eu uso fones. E não sei se volto. Eu ligo pra avisar. Beijinhos.

Eles acenam para mim e eu saio do apartamento. Já havia um táxi me esperando na frente do prédio. Digo o endereço de Nate e em menos de meia hora, eu chego ao meu destino. Pago a corrida e pulo do carro.

— Boa noite senhorita. — o porteiro diz.

— Boa noite.

Sorrio para ele e entro no elevador.

Antes que ele parasse no andar de Nate, sinto meu estomago revirar. Respiro fundo e saio do elevador.

Toco a campainha e mais um enjoo.

— Cat! — Nate sorri.

— Sai.

O empurro e corro para o banheiro. Antes que eu pudesse chegar no vaso sanitário, o vômito sai, sujando todo o banheiro.

— Ai meu Deus! — Nate exclama. — O que você tem?

— Sai daqui!

— Não! — sinto suas mãos em meus cabelos. — Vou cuidar de você.

— Nate, sai daqui. Por favor.

— Não vou! Fica quieta.

Ele me puxa para cima e me encosta na pia. Nate molha minha boca.

— Sente vontade de vomitar mais?

— Não. — era verdade.

Ele pega em uma escova de dentes e coloca um pouco de pasta.

— Escove os dentes! — diz me entregando a escova. — E vai pra lá, pra eu limpar isso.

— Nate...

— Sai fora. — ele me empurra para fora do banheiro.

Vou para o seu quarto e termino de escovar os dentes. Jogo um pouco de água na boca e cuspo.

Olho para a minha imagem no espelho.

Pálida.

Legal.

Respiro fundo e prendo meu cabelo em um coque. Retiro a jaqueta e a jogo na cama, assim que volto para o quarto.

O que está acontecendo comigo?

Me sento na cama e escondo meu rosto nas mãos. Fico quieta, parada no silêncio por um tempo, até Nate aparecer.

— Você está bem? — sua mão pousa em meu pescoço.

— Agora sim. Obrigada.

— Já sentiu isso antes?

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