03.

Mackenzie não tinha ido à escola durante toda a semana, ficou muito gripada e estava sem condições de sair de casa. Vivi todo dia visitava a amiga, lhe contava sobre o que acontecia na escola, passava os deveres para ela, e a ajudava no que fosse preciso. Ficava praticamente a tarde inteira na casa dela. Cada dia, ela se surpreendia com Jensen. A forma que ele tratava a irmã era linda, cuidava, dava remédios na hora exata, brincava com ela. Vivi realmente estava ficando completamente encantada por aquele rapaz.

Nesse dia, especificamente, Vivi não foi à casa de Mackenzie à tarde porque tinha muitos deveres da escola para fazer.

Vivi ajudava a mãe a com a louça do café da tarde. Verônica lavava, e ela enxugava.

- Mãe, depois que eu terminar posso ir visitar a Zie? – perguntou enquanto enxugava um talher.

- Claro que pode, eu vou com você também – Verônica respondeu, lavando o último prato. – Vou tomar banho e nós vamos. – saiu da cozinha, indo direção ao andar de cima da casa, e Vivi ficou na cozinha terminando o seu serviço.

- Aiiiiiiii! – Vivi gritou, sacudindo uma das mãos.

Verônica estava no seu quarto vestindo a blusa, quando ouviu algum barulho e logo depois um grito. Saiu do cômodo, descendo rapidamente as escadas e indo em direção à cozinha, de onde o grito vinha. Viu Vivi com sangue nas mãos.

- Oh, Meu Deus, o que aconteceu? – Verônica falou desesperada, indo em direção à filha.

- Mãe – Vivi falou com muita dor. – O copo ia cair, fui segurar e ele quebrou. e eu cor... – ela não conseguiu terminar de falar e começou a chorar.

- Está tudo bem, querida – disse, pegando um pano para estancar o sangue.

- 'Ta doendo muito, mãe – Vivi gemia de dor.

- Deixe-me ver isso – tirou o pano e levou Vivi até a pia para lavar sua mão, para conseguir ver o ferimento mais claramente.

- Não! Vai doer – puxou a mão para si.

- Não vai filha, eu prometo – falou, tentando passar confiança para Vivi. - Meu Deus – Verônica disse preocupada.

- Que foi? – Vivi perguntou e foi olhar como estava o ferimento.

- Esse corte está muito profundo, filha. Você precisa ir para o hospital – enrolou a mão dela no pano.

Vivi não conseguia parar de chorar, a dor era insuportável e para piorar a situação, o carro de Verônica estava no mecânico, não tinha como levar a filha para o hospital, e Ricardo não atendia ao telefone. Então, ela foi até a casa dos vizinhos pedir ajuda. Batia na porta desesperada, Vivi estava do seu lado, chorando compulsivamente.

Donna abriu a porta rapidamente quando ouviu Verônica gritando pelo seu nome.

- Verônica, você está bem? – ela perguntou preocupada, olhou para Vivi e viu o sangue. – O que aconteceu?

- A Vivi cortou a mão e preciso levá-la para o hospital, mas estou sem meu carro e eu preciso – Verônica estava desesperada e trocando as palavras.

- Entre – Donna falou. E as duas o fizeram.

Jensen, que estava sentado no sofá, ouviu a gritaria e foi ver o que estava acontecendo.

- Vivi – ele disse quando viu a menina chorando e com a mão enrolada em um pano ensanguentado. – O que aconteceu? – perguntou indo em direção à ela.

- Eu cortei minha mão... 'ta doendo muito – falou chorando.

- Calma, vai ficar tudo bem – ele tentou acalmá-la.

- Mas 'ta doendo – Vivi não conseguia parar de chorar.

Jensen não sabia o que fazer para ajudá-la, ele queria fazer algo, só não sabia o quê.

- Josh! – Donna gritou pelo filho, que veio correndo ver o que estava acontecendo. - Leve as duas para o hospital, não posso deixar a Zie sozinha, a febre pode voltar – ela disse, entregando as chaves do carro para ele.

- Muito obrigada, Donna – Verônica agradeceu.

- Não é nada, agora vá com o Joshua – falou, indicando com a mão para Verônica, que obedeceu.

- Eu vou junto – Jensen disse, indo atrás do três.

- Me dê notícias, filho - ela pediu.

- 'Ta certo, mãe – falou, assim que Joshua deu partida no carro.

Chegaram no hospital. Jensen desceu do carro e abriu a porta para que Verônica saísse com Vivi, que agora estava mais calma. Seguiram em direção à entrada de emergência. Joshua foi estacionar o carro.

Assim que entraram no hospital, Vivi paralisou.

- Vamos filha, os médicos estão esperando – Verônica disse, olhando para ela, que não disse nada.

- Vivi, você está bem? – Jensen se agachou e perguntou.

- Eu não... – ela não teve tempo de responder, porque tudo ficou preto e sentiu o corpo mole.

- Meu Deus, alguém ajuda! – Verônica gritou quando viu a filha desmaiando e Jensen a segurando.

Vivi estava deitada na cama do hospital quando acordou. Jensen e Verônica começaram a conversar com ela para distraí-la, porque os médicos estavam fazendo curativos em sua mão.

- Mas o que aconteceu? – perguntou, pois não lembrava de como chegou ao quarto em que estava.

- Você desmaiou – Verônica disse, fazendo carinho na filha.

- Ah... – Vivi ainda estava tentando entender o que estava acontecendo quando virou a cabeça para o outro lado e viu os que os médicos faziam, ficou assustada e fez um movimento para tirar sua mão dali.

- Vivi – Jensen falou chamando sua atenção. – Você lembra quando a Zie teve aquele pesadelo e eu disse que ela não precisava se preocupar porque eu estava lá para protegê-la?

- Lembro – respondeu olhando para ele.

- Eu estou aqui, Vivi. Não vai doer – ele falou, segurando sua mão.

- Você promete? – ela perguntou com medo.

- Prometo – respondeu sorrindo.

Jensen ficou o tempo todo segurando a mão de Vivi, dando o apoio que ela precisava. Verônica ficou ao lado dos dois, admirando o apoio que aquele garoto de apenas dezesseis anos dava à sua filha.

Os médicos terminaram os curativos.

- Já? – ela perguntou olhando para um deles, que fez sinal de positivo com a cabeça.

- Doeu? – Jensen questionou olhando carinhosamente para ela.

- Não – Vivi respondeu sorrindo. - Foi como você prometeu.

- Eu prometi que não ia doer – ele falou dando um beijo na testa dela.

- É, você prometeu. – Vivi falou sorrindo para ele.

Ricardo entrou no quarto e viu a filha na cama, conversando com Jensen. Verônica estava sentada na poltrona.

- O que aconteceu, meu bebê? – ele perguntou, indo em direção à filha.

- Eu me cortei, pai. Mas já estou bem agora – ela respondeu enquanto Ricardo a abraçava.

- Eu fiquei tão preocupado quando sua mãe me ligou – disse olhando para a mão de Vivi.

- Ela vai ficar bem, Senhor Ricardo. Vivi é uma garota muito forte – Jensen falou, sorrindo para os dois. - Jensen nos ajudou demais, meu amor – Verônica colocou a mão nos ombros do garoto.

- Obrigado, meu filho, nem sei como te agradecer – Ricardo disse, indo abraçá–lo. - E me chame apenas de Ricardo.

- Não precisa agradecer, Ricardo. Agora vocês me dão licença que eu preciso ligar para a minha mãe, para avisá-la que Vivi já está bem.

Jensen saiu do quarto e avisou sua mãe, que ficou mais tranquila sabendo que Vivi estava melhor.

Ricardo disse que ele podia ir embora com Joshua, porque levaria Vivi e Verônica embora. Ele concordou, se despediu das duas e se foi com o irmão.

Vivi teve alta naquela mesma noite, e foi embora com os pais. Chegou em casa, tomou banho e foi direto para cama. No dia seguinte, Jensen foi com os seus pais e irmãos visitá-la, para ver como ela estava. Vivi ficou muito feliz com a presença deles, percebeu que era muito querida por todos. Ricardo e Verônica não se cansavam de agradecer por tudo que eles fizeram e continuavam a fazer. E ainda fariam muito, só que nem sabiam disso.

Vivi estava com quatorze, e fazia dois anos que Jensen havia ido embora para Los Angeles, tentar a carreira de ator. Ela sentia muita falta dele, pois se tornaram grandes amigos. Conversavam sobre tudo, brincavam um com o outro e se ajudavam quando precisavam. Ele adorava conversar com Vivi, e ela com ele. Amava ouvir sobre as histórias que ele contava dos bastidores do trabalho que ele fazia, e tinha muita curiosidade de saber como funcionava tudo.

Essa distância entre eles, fazia Vivi sentir que faltava algo, ela não sabia o quê, mas sentia–se diferente longe dele, e quando ele ligava avisando que estava indo para casa, seus olhos brilhavam, mal podia esperar para reencontrar seu grande amigo, e lhe contar tudo o que acontecia enquanto ele estava fora.

Só que, infelizmente, o pior aconteceu quando ele não estava por perto para ajudá-la.

Era sábado de manhã, Verônica e Ricardo chamaram a filha para fazer compra com eles, mas ela recusou o convite, pois tinha combinado com Mackenzie que iriam passear com Nina.

- Você gosta dele Vivi, pode confessar – Mackenzie disse com olhar desafiador para a amiga.

- De quem? – se fez de desentendida, mas sabia muito bem de quem ela estava falando.

- Ah, um tal de Jensen, conhece? – disse rindo.

- Como você é besta, Zie – falou, dando um tapa no ombro de Mackenzie. – Qual o problema de pessoas do sexo oposto serem amigos? – perguntou curiosa.

- Nenhum, só que – Mackenzie não terminou de falar, Vivi a interrompeu. - Você está com ciúme, né? – perguntou rindo.

- Ciúme do quê? – questionou intrigada.

- Da minha amizade com seu irmão, mas não se preocupe, você sempre será minha melhor amiga – envolveu a outra com um dos braços.

- Você é muito boba, Vivi. Se não quer assumir, eu que não vou insistir – Mackenzie disse enquanto pegava a guia de Nina. - Seus pais voltam que hora? – perguntou.

- Nem sei. Aqueles dois quando saem para fazer compras, não têm horário para voltar – respondeu.

- Quer almoçar lá em casa? – Mackenzie perguntou quando Nina parou para fazer as necessidades caninas.

- É claro que quero – Vivi respondeu sorrindo.

- 'Ta certo então.

As duas caminharam bastante naquele dia, conversavam animadamente que nem perceberam as horas passando, e foi quando Mackenzie olhou no relógio.

- Nossa, já está na hora do almoço, vamos embora.

- Sério? Passou tão rápido...

Foram para suas casas. Vivi combinou que tomaria um banho e já ia para à amiga. Ela descia as escadas quando ouviu alguém batendo na porta e foi abrir. Eram dois policiais.

- Olá, boa tarde, em que posso ajudá-lo? – ela perguntou curiosa.

- Senhorita Viviam Lavigne? – um deles perguntou a ela.

- Sim, sou eu, por quê?

- Aconteceu um acidente com seus pais, eles foram levados ao hospital, preciso que nos acompanhe até lá – ele finalmente disse.

- Hã? – Vivi sentiu o coração disparar. – Não, tem algum engano, meus pais estão no supermercado fazendo compras.

- Isso mesmo, e na volta eles sofreram um acidente de carro – o policial repetiu, percebendo que ela não estava acreditando.

- Vocês tem certeza que foram meus pais? – perguntou espantada.

- Seus pais são Ricardo e Verônica Lavigne, não são? – interrogou.

- É, são eles – respondeu e uma lágrima caiu de seu olho.

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